No último dia 14, o Ministério da Educação anunciou mudanças no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). O MEC resolveu alterar a faixa de universitários habilitados para prestar o Enade após suspeita de que a Universidade Paulista (Unip) estaria selecionando apenas os melhores alunos para a prova. Agora, além dos formandos, estão obrigados também a responder às questões do Exame, estudantes que tenham expectativa de conclusão do curso até agosto de 2013, assim como aqueles que tiverem concluído, até o término das inscrições, mais de 80% da carga horária mínima do currículo do curso da instituição de educação superior.
Enquanto representantes das instituições públicas têm ressaltado que o MEC está no caminho certo, no setor privado, as críticas têm sido frequentes à mudança. Mas, pelo menos em um ponto os dois segmentos parecem concordar: na necessidade de criar meios para incentivar os estudantes a fazer a prova. "A prova do Enade é mais uma oportunidade de valorização do currículo do aluno. Se o estudante não faz a prova ele também é prejudicado, não só a instituição", declara Sintia Said Coelho, pró-reitora Acadêmica da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Para Mônica Romitelli de | Queiroz, pró-reitora de Ensino de Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), é necessário manter um canal de diálogo com os universitários, não apenas para esclarecer as dúvidas com relação ao exame, mas para comprometê-los com o processo de melhoria da qualidade da educação superior brasileira.
"Afinal, além da formação profissional, em bases científicas e tecnológicas, as instituições de ensino têm como objetivo formar cidadãos conscientes do seu papel transformador da realidade, em busca de uma vida melhor para todos. Ao analisar as mudanças recentes divulgadas pelo MEC, a pró-reitora da UCP defendeu que alterar as regras de aplicação do Enade de forma imediata, como propôs o ministério, pode gerar mais erros. "A questão é se a regra precisava ser alterada, se houve estudo suficiente para prever as consequências dessas alterações e se estas serão eficazes nos efeitos desejados", afirma. Para ela, com o volume de trabalho dos gestores e do próprio Ministério, não é prudente alterar regras de forma tão imediata, sob pena de ocorrerem mais problemas. Segundo a especialista, "há que se pensar nos cursos Tecnológicos, pois com duração em média de dois anos, os concluintes, ao fazerem a prova, | estariam cumprindo uma parcela pequena da matriz curricular", alerta Sintia Coelho.
Já a pró-reitora do IFRJ não vê problemas com a mudança. Mônica Romitelli acredita que esta é mais uma portunidade de a instituição mostrar sua capacidade em agregar conhecimentos e formar bons profissionais. "Não há nada a temer com as mudanças propostas". Para ela, as alterações são necessárias ao aperfeiçoamento dos processos, especialmente quando identificadas irregularidades. "Ao ampliar a expectativa de conclusão de curso até julho do ano seguinte, além do aumento quantitativo de estudantes avaliados, permite-se a participação de mais de uma turma no exame, o que, provavelmente, equilibrará possíveis diferenças entre elas", afirma Mônica de Queiroz. Esse ano deverão prestar o exame alunos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comunicação Social, Design, Direito, Psicologia, Relações Internacionais, Secretário Executivo e Turismo. As habilitações em Tecnologia das áreas de Gestão Comercial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing e Processos Gerenciais também deverão participar da avaliação. |
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