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sexta-feira, 20 de abril de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, SEXTA 30 DE MARÇO DE 2012


Matérias de Hoje
  • Mais um erro em nota de redação > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Alunos de pós cruzam os braços > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • MEC divulga lista dos livros que serão distribuídos às escolas em 2013 > Jornal do Commercio - Recife PE
  • Em dez anos, atendimento de crianças na pré-escola cresce 55% > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • GDF diz não poder remanejar verba para repassar a professores > Portal G1
  • Enade: baixa participação dos estudantes é desafio > Folha Dirigida - Rio de Janeiro RJ

Editoriais, artigos e opiniões
  • Atrasos da formação técnica > Correio Braziliense - Brasília DF


Matérias
> Estado de Minas, 30/03/2012 - Belo Horizonte MG
Mais um erro em nota de redação
Glória Tupinambás
Nova discrepância na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mais de quatro meses depois da aplicação da prova. Uma estudante mineira, de 19 anos, conseguiu na Justiça ter acesso ao teste corrigido e constatou uma diferença de 840 pontos nas notas dadas pelos avaliadores na redação. Paula Campos Pereira havia recebido nota final de 120 pontos, numa escala de zero a mil, e, inconformada, moveu ação contra o Ministério da Educação (MEC) para ter direito de conferir os critérios da correção. Graças a uma liminar da Justiça Federal, Paula teve acesso aos dados e constatou que o primeiro corretor havia dado a ela nota de 960 pontos. Em uma segunda avaliação, o resultado foi de 640 pontos. Mas, numa terceira correção, Paula recebeu 120 pontos, que passou a valer comonota final. Segundo o MEC, está previsto no edital do Enem que, todas as redações serão avaliadas por dois corretores e, em caso de diferença de mais de 300 pontos entre as notas, a redação será submetida a uma terceira correção e valerá a última avaliação.

Segundo o advogado de Paula, Cândido Antônio de Souza Filho, a estudante ainda vai decidir sobre a possibilidade de continuar com a ação judicial para reverter o resultado da redação. Mesmo com a nota baixa, Paula conseguiu ser aprovada no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no curso de ciências socioambientais. “Na época da divulgação do resultado, ela ficou inconformada com a nota e pediu a alguns professores do cursinho que avaliassem a prova.
Na opinião deles, a nota dela não poderia ser inferior a 800 pontos. Por isso, ela decidiu questionar o MEC na Justiça. Ainda aguardo uma posição final da família para definir sobre a continuidade da ação”, disse o advogado.

HISTÓRICO Em janeiro, um outro estudante de Belo Horizonte conseguiu reverter a nota zero na redação do Enem. Depois de protocolar reclamação no MEC, o resultado passou a ser de 440 pontos. No mesmo mês, um candidato de São Paulo teve o desempenho alterado de zero para 880. Os problemas na correção da prova levaram mais de 70 candidatos a recorrer à Justiça para ter acesso à cópia da redação em todo o país, sendo que cerca de 30 pediram que a nota fosse revista.
> O Estado de São Paulo, 29/03/2012 - São Paulo SP
Alunos de pós cruzam os braços
Mestrandos e doutorandos fazem greve por um dia para cobrar reajuste nas bolsas
Carlos Lordelo e Juliana Deodoro, Especial para o Estadão.edu
O engenheiro Alan Godoy Mello, de 27 anos, rejeitou proposta de emprego do Google, morar na Califórnia e ganhar US$ 6 mil. Preferiu continuar o doutorado na Unicamp, com uma bolsa de R$ 1,8 mil. "Acredito que estou fazendo algo de importante para meu País. Quero ser professor universitário. Mas toda hora que aparece uma oportunidade eu fico na dúvida se vou ou não." Alan hesita principalmente quando pensa no valor do auxílio que recebe da Capes, uma das agências de fomento à pesquisa do governo federal - a outra é o CNPq. "Tenho quase 30 anos e preciso pedir ajuda aos meus pais de vez em quando", reclama. Nesta quinta-feira, 29, ele participou da paralisação nacional dos pós-graduandos, cujo objetivo era pressionar o governo a reajustar as bolsas, congeladas há quatro anos em R$ 1,2 mil (mestrando) e 1,8 mil (doutorando). A greve foi convocada pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), que cobra aumento de 40% no valor das bolsas. "Conseguimos mobilizar universidades importantes em todo o País, com atos simbólicos muito significativos", avalia a presidente da entidade, Elisangela Lizardo, de 32. Ela faz doutorado em Educaçãona PUC-SP. Segundo a estudante, até a situação dos orientadores está complicada. "Está difícil segurar orientando com uma bolsa nesse valor", diz Elisangela. "E a gente não considera justo comparar o aumento na quantidade de bolsas para justificar o congelamento dos auxílios, porque o pesquisador precisa receber decentemente para se dedicar com mais afinco às suas atividades."

O doutorando em Ciências Agrárias Anderson de Carvalho Silva, de 28, também cruzou os braços nesta quinta. Para ele, o investimento em estudantes com um nível de instrução mais elevado está "aquém do necessário". "E às vezes a gente ainda precisa usar a grana da bolsa para arcar com custos da pesquisa", conta Anderson, bolsista da Capes na Universidade Estadual de Feira de Santana. Victor Guimarães, de 24, não parou a pesquisa porque, segundo ele, o movimento nacional foi "mal divulgado" na Federal de Minas Gerais (UFMG). "Se eu soubesse da greve, com certeza apoiaria. O bolsista precisa fazer gambiarras para sobreviver", afirma. Ele faz mestrado em Comunicação e divide apartamento com outros dois amigos mestrandos. "Talvez não
conseguiria morar sozinho. O salário mínimo sobe todo ano, o custo de vida também, e as bolsas não sobem."

Foi justamente com a hashtag #MinhaBolsaNaoAumentou que os pós-graduandos fizeram um twittaço nesta quinta, para chamar a atenção da sociedade. A palavra-chave chegou a ficar entre os assuntos mais comentados do Twitter. Solidariedade. Na USP, onde grande parte dos pós-graduandos é bolsista da Fapesp - e recebe um pouco mais do que seus colegas financiados por agências federais - os alunos do Instituto de Química paralisaram as atividades nesta tarde. Segundo o doutorando Bruno Queliconi, de 25 anos, cerca de 40 pessoas se reuniram para discutir o incentivo à pesquisa no País e pedir à direção do IQ que interceda pelos estudantes nos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. "Não dá para um mestrando viver em São Paulo ganhando R$ 1.200,00. Ele teria de morar em república e comer em bandejão", diz Bruno. "Considerando que nos últimos anos a inflação não foi baixa, fica difícil alguém mais pobre fazer pós com esse salário.''
> Jornal do Commercio, 30/03/2012 - Recife PE
MEC divulga lista dos livros que serão distribuídos às escolas em 2013
O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta quinta-feira (29) a lista das 125 obras selecionadas para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2013. Os livros vão compor o Guia do Livro Didático, que será apresentado às escolas para que elas escolham quais títulos irão receber no próximo ano letivo. Este guia contém resenhas das coleções para ajudar na escolha. Em 2013, oprograma irá distribuir novos livros de ciências, matemática, alfabetização e letramento, língua portuguesa, história e geografia. O processo de seleção das obras que farão parte do PNLD obriga as editoras a inscrevem os títulos que são submetidos a uma avaliação pedagógica feita por universidades públicas, observando as diretrizes e critérios do MEC. Os avaliadores emitem um parecer e caso o livroseja aprovado é incluído no guia. As escolas selecionam as obras com que desejam trabalhar no próximo ano, o governo faz a compra dos livros e os exemplares são enviados para as escolas. O processo de escolha deve levar em consideração quais são os títulos, dentre os disponíveis para 2013, que mais se adaptam ao projeto pedagógico da instituição de ensino. Agência Brasil
> O Globo, 29/03/2012 - Rio de Janeiro RJ
Em dez anos, atendimento de crianças na pré-escola cresce 55%
Mas ainda há 1,1 milhão fora das salas de aula, segundo o Todos pela Educação
Agência Brasil
BRASÍLIA - Nos últimos dez anos, a taxa de atendimento das crianças de 4 e 5 anos na escola cresceu 55,8%. Em 2000, pouco mais da metade (51,4%) da população nessa faixa etária tinha acesso à educação, patamar que chegou a 80,1% em 2010. Entretanto, mais de 1,1 milhão de crianças entre 4 e 5 anos não frequentam a escola, de acordo com levantamento do Movimento Todos pela Educação.O desafio do país é incluir esse contingente de alunos nas redes de ensino até 2016. Uma emenda constitucional aprovada em 2009 estabelece que a pré-escola é etapa obrigatória no país, assim como o ensino médio. Até então, a matrícula era compulsória apenas no ensino fundamental (dos 6 aos 14 anos). Isso significa que no prazo de quatro anos as redes municipais terão que oferecer vagas nas escolas a todas as crianças entre 4 e 5 anos – e os pais terão de matriculá-las. Para a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, o crescimento da pré-escola na última década é uma conquista importante e indica que o país tem dado mais atenção à educação infantil. “Na última década, houve um aprofundamento e uma proliferação de estudos que comprovaram o impacto da educação infantil no futuro da criança. É um investimento muito rentável do ponto de vista cognitivo, do desenvolvimento social eeconômico. Quanto mais cedo a criança entra na escola, maior é o retorno daquele investimento. Esses estudos tiveram espaço nas políticas públicas”, acredita Priscila.

O baixo atendimento no início da década estava ligado, inclusive, a fatores culturais: muitas famílias não consideravam importante mandar os filhos para a escola antes do ensino fundamental, já que a pré-escola era vista apenas como um espaço para a criança brincar. Apesar dos avanços, Priscila avalia que o esforço das redes municipais para incluir 1,1 milhão de crianças terá que ser maior. “Elas são justamente as crianças mais difíceis de serem incluídas. São aquelas que vivem em local de mais difícil acesso, ou tem alguma deficiência, ou não podem ir para a escola porque são hospitalizadas, ou seja, aquelas que vivem algum tipo de vulnerabilidade”. A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, avalia que será “muito difícil” para as redes municipais cumprir a meta de universalização da pré-escola se não houver mais investimento. Para isso, ela destaca a importância da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê um aumento dos recursos para a área, inclusive com a participação da União. O projeto está há mais de um ano em análise na Câmara dos
Deputados.

De acordo com Cleuza, o principal problema para ampliar o atendimento é a infraestrutura. “Quando falo em infraestrutura, é a construção de prédios mesmo. Os problemas vão desde encontrar um terreno para a construção, até a prefeitura conseguir bancar o custeio das escolas de educação infantil”, explica. Os dados do Movimento Todos pela Educação são de 2010, o que significa que as crianças de 4 e 5 anos que estavam fora da escola naquele ano provavelmente já estão matriculadas no ensino fundamental e muitas chegaram a essa etapa sem cumprir a pré-escola. As prefeituras têm o movimento demográfico a seu favor, já que a tendência é que a população de 4 e 5 anos diminua nos próximos anos. Há previsão de uma queda de 22% da população nessa faixa etária entre 2010 e 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os estados, apenas o Ceará e o Rio Grande do Norte têm taxas de atendimento na pré-escola superiores a 90%. Na outra ponta, Rondônia e o Rio Grande do Sul têm menos de 60% das crianças de 4 e 5 anos matriculadas. No total, 14 unidades da Federação têm índices de atendimento inferiores à média nacional.
> Portal, 30/03/2012
GDF diz não poder remanejar verba para repassar a professores
Sindicato quer que governo use R$ 285 milhões do Fundo Constitucional. Greve completa 17 dias nesta quarta; GDF diz que não vai entrar na justiça
Do G1 DF
A secretária de Planejamento em exercício do Distrito Federal, Wanderly Costa, disse nesta quarta-feira (28) que o governo não pode remanejar recursos do Fundo Constitucional para reajustar o salário dos professores da rede pública, como reivindica o sindicato da categoria. A entidade quer que o GDF use R$ 285 milhões do fundo para conceder o aumento. O diretor jurídico do Sindicato dos Professores, Washington Dourado, contesta as explicações do governo. Segundo ele, o GDF está usando os R$ 285 milhões para outras áreas. Segundo ele, o sindicato pode ir até a Justiça se for necessário. “Basta uma decisão política do governo para o fim da greve”, disse. Segundo Wanderly , a proposta é ilegal, porque a verba faz parte das despesas de custeio e é usada parapagar auxílio-alimentação e auxílio-creche a servidores. Segundo a secretária, já foram gastos este ano R$ 46 milhões desses recursos para o pagamento dos benefícios. Ela disse que os gastos são enquadrados como despesas obrigatórias, previstas em lei, e que o governo é obrigado a cumprir. “Retirar dinheiro dessas despesas significa que os próprios professores deixariam de receber auxílio-alimentação e auxílio-creche”, afirmou. A secretária disse ainda que a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Distrito Federal determina que os recursos do Fundo Constitucional sejam computados na receita corrente do DF. Segundo ela, se o recurso for retirado das despesas de custeio para despesas de pessoal, a receita do DF cai. “Esse ano não tem nenhum centavo para qualquer categoria”, disse.De acordo com o porta-voz do GDF, Ugo Braga, o governo está aberto a conversar todo dia com a categoria mas não tem encontro agendado. Ele disse que o secretário de Educação, Denilson Bento, pode receber uma comissão da categoria nesta quinta, quando os professores fazem um ato público na frente da Secretaria de Educação. Justiça - O porta-voz também descartou neste momento uma eventual ação judicial do GDF contra a greve dos professores. "Não existe nenhum risco de judicializarmos a greve." O GDF também divulgou nesta quarta os números sobre adesão da categoria ao movimento. De acordo com o governo, nas 14 regionais de ensino a adesão é de 37%, o que significa que, dos 20,5 professores da rede pública, 7,6 mil estão parados.
> Folha Dirigida, 29/03/2012 - Rio de Janeiro RJ
Enade: baixa participação dos estudantes é desafio
Joyce Trindade
No último dia 14, o Ministério da Educação anunciou mudanças no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). O MEC resolveu alterar a faixa de universitários habilitados para prestar o Enade após suspeita de que a Universidade Paulista (Unip) estaria selecionando apenas os melhores alunos para a prova. Agora, além dos formandos, estão obrigados também a responder às questões do Exame, estudantes que tenham expectativa de conclusão do curso até agosto de 2013, assim como aqueles que tiverem concluído, até o término das inscrições, mais de 80% da carga horária mínima do currículo do curso da instituição de educação superior.

Enquanto representantes das instituições públicas têm ressaltado que o MEC está no caminho certo, no setor privado, as críticas têm sido frequentes à mudança. Mas, pelo menos em um ponto os dois segmentos parecem concordar: na necessidade de criar meios para incentivar os estudantes a fazer a prova. "A prova do Enade é mais uma oportunidade de valorização do currículo do aluno. Se o estudante não faz a prova ele também é prejudicado, não só a instituição", declara Sintia Said Coelho, pró-reitora Acadêmica da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Para Mônica Romitelli de
Queiroz, pró-reitora de Ensino de Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), é necessário manter um canal de diálogo com os universitários, não apenas para esclarecer as dúvidas com relação ao exame, mas para comprometê-los com o processo de melhoria da qualidade da educação superior brasileira.

"Afinal, além da formação profissional, em bases científicas e tecnológicas, as instituições de ensino têm como objetivo formar cidadãos conscientes do seu papel transformador da realidade, em busca de uma vida melhor para todos. Ao analisar as mudanças recentes divulgadas pelo MEC, a pró-reitora da UCP defendeu que alterar as regras de aplicação do Enade de forma imediata, como propôs o ministério, pode gerar mais erros. "A questão é se a regra precisava ser alterada, se houve estudo suficiente para prever as consequências dessas alterações e se estas serão eficazes nos efeitos desejados", afirma. Para ela, com o volume de trabalho dos gestores e do próprio Ministério, não é prudente alterar regras de forma tão imediata, sob pena de ocorrerem mais problemas. Segundo a especialista, "há que se pensar nos cursos Tecnológicos, pois com duração em média de dois anos, os concluintes, ao fazerem a prova,
estariam cumprindo uma parcela pequena da matriz curricular", alerta Sintia Coelho.

Já a pró-reitora do IFRJ não vê problemas com a mudança. Mônica Romitelli acredita que esta é mais uma portunidade de a instituição mostrar sua capacidade em agregar conhecimentos e formar bons profissionais. "Não há nada a temer com as mudanças propostas". Para ela, as alterações são necessárias ao aperfeiçoamento dos processos, especialmente quando identificadas irregularidades. "Ao ampliar a expectativa de conclusão de curso até julho do ano seguinte, além do aumento quantitativo de estudantes avaliados, permite-se a participação de mais de uma turma no exame, o que, provavelmente, equilibrará possíveis diferenças entre elas", afirma Mônica de Queiroz. Esse ano deverão prestar o exame alunos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comunicação Social, Design, Direito, Psicologia, Relações Internacionais, Secretário Executivo e Turismo. As habilitações em Tecnologia das áreas de Gestão Comercial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing e Processos Gerenciais também deverão participar da avaliação.
Editoriais, artigos e opiniões
> Correio Braziliense, 29/03/2012 - Brasília DF
Atrasos da formação técnica
A intenção do governo de melhorar os cursos profissionalizantes esbarra em problemas como falta de professores
Paula Filizola
Promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi lançado há quase um ano e enfrenta dificuldades para cumprir a meta de oferecer 8 milhões de vagas no ensino profissionalizante até 2014. No ano passado, foram ofertadas apenas 617 mil vagas, segundo balanço parcial do Ministério da Educação (MEC). O governo federal também enfrenta atraso nas obras de expansão dos institutos federais e dificuldades na contratação de professores. Especialistas em recrutamento e seleção apontam outro problema do programa. Segundo eles, muitas vezes a qualidade dos técnicos formados não é compatível com as exigências do mercado. Para o coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica, William Carvalho, a expansão da rede federal de educação profissionalizante — iniciada com a construção de câmpus em 2008 — está ocorrendo sem estrutura.

“Quem quer expandir tem que prever as mudanças. O sindicato não é contra esse aumento no número de redes, mas ele nos leva a questionamentos. O processo não atende, principalmente, quem está na ponta”, argumenta. Ele ainda defendeu a contratação de mais professores. Atualmente, é comum em institutos federais professores ministrarem mais de uma matéria por falta de pessoal. A carência de docentes foi, inclusive, o motivo da greve da categoria em 2011. Professor do Instituto Federal da Paraíba, José Araújo Pereira concorda que a expansão das
redes federais não foi proporcional ao aumento de professores, o que, para ele, pode comprometer a qualidade dos cursos. O câmpus de Cajazeiras, onde o docente dá aulas de construção civil, é um dos nove paraibanos criados com a expansão. A previsão para 2014 é de 562 novas unidades federais, em 512 municípios, com capacidade para 600 mil alunos. Atualmente, são 38 institutos federais em funcionamento, que totalizam 405 câmpus. Dados do MEC indicam que 77 escolas estão com obras em andamento e 10, paradas por conta de problemas com as empresas contratadas. As restantes encontram-se nos estágios de obtenção e posse do terreno, em elaboração de projeto ou em processo licitatório.

Burocracia - Na opinião do professor Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos Pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), um dos maiores problemas ainda é a burocracia da área pública. “Isso é um reflexo de que o país não se planejou para o crescimento econômico nem para essas obras. Uma simples creche chega a demorar dois anos para ser construída”, critica o especialista. A urgência alardeada pelo governo federal é uma resposta a um dos principais gargalos apontados pela indústria brasileira: a falta de mão de obra especializada. Por isso, a presidente Dilma prometeu recorrentemente durante a campanha eleitoral expandir a educação técnica. Só na ampliação do número de institutos federais foram investidos R$ 300 milhões. Segundo o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi,
essa área é uma das principais apostas do Brasil para o crescimento dos próximos anos. “Dos estudantes do ensino público que concluem o ensino médio, somente 10% vão para a universidade. E os 90% restantes? Eles precisam de oportunidades. O ensino técnico é a matriz educacional dos países desenvolvidos. É uma agenda importante para juventude, e para o Brasil ter competitividade”, justifica.

Apesar da necessidade, especialistas de recrutamento e seleção ouvidos pelo Correio afirmam que a formação técnica ainda é deficiente. A consultora de recursos humanos Marilac Castro diz que hoje está com 108 vagas abertas em Brasília, mas não consegue preenchê-las. “Eles (os candidatos) não recebem a prática de mercado e muitas vezes o lado comportamental é ruim. Esses candidatos ainda têm muito a cultura do assistencialismo, uma postura passiva em relação ao mercado”, critica. A psicóloga Bruna Lunardi, da empresa Diferencial, concorda: “Isso é algo perceptível. A parte técnica desses candidatos ainda é muito defasada”, garante. Parceria - Um dos braços do Pronatec é a qualificação oferecida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi). No ano passado, o Sistema S ofereceu quase 13 mil vagas pelo Pronatec. A previsão é de que, neste ano, a oferta seja de 400 mil. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os setores mais aquecidos até 2014 serão de construção, automoção, fabricação de alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos, entre outros.

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