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sexta-feira, 20 de abril de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, QUINTA 29 DE MARÇO DE 2012


Matérias de Hoje
  • Alunos da São Marcos fazem protesto e acusam MEC > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Cai nº de leitores no País e metade não lê > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Deficiente visual é o maior usuário das bibliotecas em SP > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Segredo é se misturar com crianças, diz jovem contadora de histórias > Portal G1
  • Pesquisa mostra que 30% das escolas públicas não têm espaço para educação física > UOL Educação
  • Ceará vincula piso dos professores ao nacional > IG Educação
  • Faculdade admite que estudantes antigos do Fies não tem desconto > IG Educação


Editoriais, artigos e opiniões
  • A escola e a necessária autoridade > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Tolices curriculares > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Pela unificação das carreiras de professor > O Tempo - Belo Horizonte MG



Matérias
> O Estado de São Paulo, 28/03/2012 - São Paulo SP
Alunos da São Marcos fazem protesto e acusam MEC
Ministério fechou universidade e determinou transferência de estudantes, mas ninguém sabe como será processo
Estadão.edu
Cerca de 400 alunos da São Marcos fizeram nesta quarta-feira à noite um protesto num dos câmpus da universidade, no Ipiranga, contra o fechamento da instituição, determinado pelo MEC na semana passada. Eles querem que o ministério reveja a medida e o acusam de omissão na crise que levou ao descredenciamento. Nova manifestação foi marcada para esta quinta-feira na Avenida Nazaré, Ipiranga, com apoio da União Nacional dos Estudantes. As primeiras denúncias sobre a situação da São Marcos foram enviadas formalmente ao MEC há seis anos pela Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp). Em setembro, a São Marcos sofreu intervenção judicial e em dezembro a universidade foi desalojada de um dos seus câmpus, no Ipiranga, por falta de pagamento. “No despejo, notas dos estudantes foram jogadas em sacos de lixo. Como o MEC deixou a situação chegar a esse nível?”, criticou Laís Gouveia,vice-diretora regional da UNE. “A São Marcos precisa continuar, com um novo modelo de gestão. Pode se tornar uma universidade comunitária, gerida pelos professores.”

“Vamos até o fim. Começamos um abaixo-assinado e, se for preciso, iremos ao Conselho Nacional de Educação em Brasília”, disse Gabriella Nemi, de 26 anos, que colou grau este mês em Recursos Humanos pela São Marcos. Segundo Gabriella, a direção da São Marcos desistiu da luta para manter a universidade aberta depois de uma reunião realizada na segunda-feira no MEC. “Eles disseram que os alunos vão ser transferidos e sugeriram as universidades Anhanguera e Uniban (que se tornaram parte do mesmo grupo em setembro, quando a primeira comprou a segunda).”

A Proteste Associação de Consumidores alertou em boletim
eletrônico que cabe ao MEC garantir que os cerca de 2 mil estudantes da São Marcos tenham garantia de transferência para outra instituição sem perda do semestre. A entidade lamentou que o ministério não tenha descredenciado a instituição “antes do início do período letivo, quando os danos aos estudantes seriam menores”. “Na avaliação da associação, o MEC não deveria ter permitido que a São Marcos aceitasse a matrícula de alunos sendo que a universidade estava sob intervenção judicial”, afirma a Proteste. A entidade recomendou aos alunos que procurem o Ministério Público Federal e entrem com ação coletiva para que possam dar ser transferidos nas mesmas bases contratuais firmadas com a São Marcos. “Estudantes que se sentirem prejudicados podem também pleitear na Justiça os danos materiais e morais causados pelo fechamento.”

> O Estado de São Paulo, 28/03/2012 - São Paulo SP
Cai nº de leitores no País e metade não lê
Parcela da população que se diz leitora passou de 55% em 2007 para 50% em 2011
Maria Fernanda Rodrigues
A terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a ser apresentada hoje na Câmara, revelou que a população leitora diminuiu no País. Enquanto em 2007 55% dos brasileiros se diziam leitores, hoje esse porcentual caiu para 50%. São considerados leitores aqueles que leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa. Diminuiu também, de 4,7 para 4, o número de livros lidos por ano. Entraram nessa estatística os livros iniciados, mas não acabados. Na conta final, o brasileiro leu 2,1 livros inteiros e desistiu da leitura de 2. A pesquisa foi feita pelo Ibope Inteligência por encomenda do Instituto Pró-Livro (IPL), entidade criada em 2006 pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional de Editores e Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares. "É no mínimo triste a gente não poder comemorar um crescimento", disse Karine Pansa, que acumula a direção do IPL e da CBL. Ontem, o Estado mostrou que 75% dos brasileiros nunca pisaram em uma biblioteca.

Participaram da apresentação representantes de entidades
livreiras e do poder público, entre eles a ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Ela destacou a importância do estudo para o direcionamento das políticas públicas do Minc e do Ministério da Educação. "Temos de ter um olhar da cultura que vai além do ensino e que abra os olhos para outras dimensões. O livro é que vai permitir a formação da cidadania", disse a ministra. O levantamento foi realizado entre junho e julho de 2011, com 5.012 pessoas de 315 municípios, com 5 anos ou mais, em suas próprias casas. Todas as regiões do País foram incluídas e a margem de erro é de 1,4%. Questões diversas. Para compor o mapa da leitura, questões diversas foram analisadas. Os principais motivos que mantêm leitores longe de livros são falta de tempo (53%) e desinteresse (30%). O livro digital, novidade deste ano, já é de conhecimento de 30% dos brasileiros e 18% deles já os usaram. A metade disse que voltaria a ler nesse formato.

A mãe não é mais a maior incentivadora da leitura, como aparecia na pesquisa passada.
Para 45% dos entrevistados, o lugar é ocupado agora pelo professor. A biblioteca é o lugar escolhido para a leitura de um livro por apenas 12% dos brasileiros - 93% dos que leem o fazem em casa. Ter mais opções de livros novos foi apontado por 20% dos entrevistados como motivo para frequentar uma biblioteca. Porém, para 33% dos brasileiros, nada os convenceria a entrar em uma. Entre o passatempo preferido, ler livros, periódicos e textos na internet ocupa a sexta posição (28%). Na pesquisa anterior, o índice era de 36%. Assistir à televisão segue na primeira posição (85%) - em 2007, era a distração de 77% dos entrevistados. Dos 197 escritores citados, os mais lembrados foram Monteiro Lobato, Machado de Assis, Paulo Coelho, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade. Já os títulos mais mencionados foram a Bíblia, A Cabana, Ágape, O Sítio do Picapau Amarelo - que não é exatamente título de nenhum livro de Lobato - e O Pequeno Príncipe. Best-sellers como Crepúsculo, Harry Potter e O Monge e o Executivo também aparecem.


> O Estado de São Paulo, 28/03/2012 - São Paulo SP
Deficiente visual é o maior usuário das bibliotecas em SP
Sérgio Luiz Florindo já pegou emprestado 533 audiolivros na Biblioteca São Paulo
Edison Veiga e Paulo Sandaña
Sérgio Luiz Florindo, de 51 anos, já pegou de empréstimo 533 livros na Biblioteca São Paulo, zona norte da capital. É o associado que mais obras leu nos dois anos do equipamento. "Os livros me levaram a lugares que eu nem imaginava existir", diz ele, que é deficiente visual de nascença. Mantida pela Secretaria de Estado da Cultura, a Biblioteca SP tem um grande acervo de audiolivros - além de filmes, CDs, gibis, jogos, computadores com acesso à internet e até os tradicionais livros em papel. Levado pela filha Larissa, de 25 anos, Florindo descobriu o mundo dos audiolivros. Além dos autores favoritos, já tem até sua lista de melhores narradores - Drauzio de Oliveira é o primeiro, seguido de Carlos Campanelli.

Florindo se tornou um devorador de obras. No áudio do DVD da sua casa, chega a ouvir três livros em um dia. A biblioteca permite que ele
pegue dez obras de cada vez, ele nunca pega menos que isso. "O cego constrói a imagem na mente e o escritor faz isso pra ele. Descreve a fisionomia, o lugar, fornece a imagem e eu vou construindo", conta ele. A primeira obra que pegou foi Brumas de Avalon (de Marion Zimmer Bradley). Acabou com os quatro volumes em dois dias. Só falta O inferno para que termine a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Mas seus livros prediletos são: Dom Quixote, de Cervantes, e toda obra de Jorge Amado.

O entusiasmo de Florindo com os livros deve-se muito pela segregação a que foi submetido a vida toda. Nunca aprendeu a ler em braile. Estudou praticamente todo o ensino fundamental omitindo à escola que era deficiente visual. Contava com a ajuda de colegas. No ensino médio, um professor entendeu que sua deficiência traria
problemas à classe e ele teve de abandonar a escola. "Ficava muito sozinho, só um amigo peruano que me ajudava mesmo. Graças a ele, eu até dirigi um carro uma vez." Aos 21 anos, trabalhou por um tempo no estoque de uma perfumaria. Com ajuda do irmão, o chefe também não sabia que ele era deficiente. Após a descoberta, teve de sair. Foi seu único emprego. Casou, teve uma filha. Quando Larissa tinha 10 anos, a mãe sumiu. Florindo cuidou da filha, ajudou-a com as lições da escola. Ainda hoje Florindo mora em com a mãe. "Eu fiquei por anos sem fazer nada em casa. Às vezes cansa não enxergar porque a gente perde muita coisa. Para mim, os livros foram a fuga", diz. Florindo também gosta de cinema e tem sua musas preferidas, a partir das descrições de amigos. "Minha preferida é a Kim Basinger. Porque é loira e tem olhos claros", diz ele. "Sou cego mas não sou bobo."


> Portal G1, 28/03/2012
Segredo é se misturar com crianças, diz jovem contadora de histórias
Depois de fazer um curso Anne Caroline conta histórias como voluntária. Projeto que atende adolescentes no ABC visa estimular a leitura.
Vanessa Fajardo do G1, em São Paulo
Anne Caroline Silva da Costa, de 17 anos, adora contar histórias. As próprias e as dos livros infantis. Ela desenvolveu técnicas para atrair a atenção das crianças quando participou do projeto Contando História, da Fundação Criança, autarquia da Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC, onde mora. Na sua casa, no Jardim Calux, estão suas principais ouvintes, suas “cobaias”, como ela define: as duas irmãs, Sofia, de 2 anos, e Julia, de 4. “Nunca conto uma história sem antes treinar com elas. O segredo para contar uma boa história é se misturar com as crianças, se dispor a sentar no chão e contar de coração aberto, porque a criança é pura”, diz Anne. Segunda ela, as meninas adoram os contos e interagem com as histórias.

Para garantir a "audiência" dos pequenos, Anne diz que valem fantoches, fantasias ou trilha sonora. "Tudo isso ajuda a chamar a atenção da criança, principalmente aquelas que não estão próximas de você durante a contação. Cada pessoa tem o seu artifício." Anne lembra que uma "isca" para atrair as crianças menores são os livros com imagens coloridas, em autorrelevo ou com
sons. Segundo Anne, a arte exige paciência porque, para garantir a atenção das crianças e chamá-la para dentro da história, antes é necessário ganhar sua confiança. “No começo, elas estranham um pouco, mas depois se rendem e pedem as histórias de princesas, dragões e outras.” Apesar de já ter concluído sua temporada no projeto que atende cada jovem por, no máximo, um ano, Anne vai continuar contando histórias nas bibliotecas das escolas infantis de São Bernardo. Mas agora como voluntária. A atividade voluntária é necessária para que ela consiga bolsa de estudo no curso de letras em uma universidade particular de São Caetano do Sul, na qual ingressou neste ano. Filha de uma dona de casa e enteada de um metalúrgico, Anne diz que, no bairro onde vive, é comum ver jovens em festas regadas a álcool e drogas. “É a ‘vibe’ dos jovens”, diz. Para ela, esses jovens não têm orientação sobre qual caminho seguir. “Há oportunidade para todos, mas o futuro depende do caminho que eu vou tomar. Meus interesses poderiam ter sido diferentes, se não fosse o projeto.”

Carreira de escritora - Anne também gosta de escrever. Desde
os 13 anos, escreve contos, além de gostar de ler obras de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Aloísio de Azevedo e Clarice Lispector. A garota conta que, quando entrou no projeto, aos 16 anos, o gosto pela leitura estava “escasso”, mas as atividades nas bibliotecas e os livros a ajudaram a resgatar o gosto. “O projeto é simples, é puro, mas tem uma influência muito grande. É claro que tem muita gente que vai pela bolsa, mas eles te oferecem um leque muito grande de cultura que depois é difícil largar.” O projeto - O Contando História atende adolescentes com idades entre 15 e 17 anos durante um ano com o objetivo de estimular a leitura. Neste período, os participantes recebem uma bolsa de R$ 200 mensais, uniforme, seguro de vida e vale transporte bancados pela Prefeitura de São Bernardo. O projeto foi criado em 2007 ejá atendeu cerca de mil jovens. Em contrapartida, os participantes atuam como contadores de histórias nas bibliotecas infantis das escolas municipais de São Bernardo. Os jovens têm aulas de formação em técnicas de leitura, comunicação e expressão e contação de história; confecção de bonecos com materiais reciclados e teatro.


> UOL Educação, 29/03/2012
Pesquisa mostra que 30% das escolas públicas não têm espaço para educação física
Gustavo Franceschini do UOL, em São Paulo
Uma pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada nesta quarta-feira mostra que 30% das escolas públicas brasileiras não possuem espaço destinado para a educação física. O estudo, que ouviu professores e diretores de 458 escolas pelo país, ainda identifica a falta de um programa de ensino de qualidade para a disciplina, considerada fundamental para o desenvolvimento do esporte educacional. A pesquisa foi encomendada pela ONG Atletas pela Cidadania, pelo Instituto Ayrton Senna e pelo Instituto Votorantim. Por telefone, o Ibope entrevistou um professor e o diretor das instituições em questão, que aponta uma margem de erro de 5%. “Alguns sinais aparecem neste estudo. A primeira é a da infraestrutura, que é deficiente em áreas rurais e no Nordeste. A segunda se refere à disciplina na prática, que não tem um objetivo claro e pode ser aprimorada. O lado positivo é que os professores são jovens e estão altamente satisfeitosem suas funções, o que é muito bom”, disse Ana Moser, diretora da Atletas pela Cidadania e experiente na questão do esporte educacional.

De acordo com a metodologia do Ibope, o “espaço para educação física” não é apenas uma quadra poliesportiva, o que pode explicar o número considerável de escolas sem a estrutura adequada. Na área rural, só 50% das escolas têm o local adequado para disciplina, enquanto no Nordeste esse índice cresce para 51%. A carência fica mais evidente na análise da formação dos professores, considerada adequada no cenário global, já que 44% dos docentes têm pós-graduação e outros 36% pelo menos uma licenciatura no ensino superior. Cerca de 6%, no entanto, têm apenas o ensino médio completo. Entre esses professores com baixa formação, 82% trabalham na área rural e 72% no Nordeste. O contentamento em trabalhar com educação física, no entanto, contagia quase todos os
professores. Segundo a pesquisa, 72% dos entrevistados dão notas entre 8 e 10 quando perguntados se gostam de sua profissão, sendo 0 a nota para “muito insatisfeito” e 10 para “muito satisfeito”.

Se o estado de espírito dos professores não preocupa, o mesmo não se pode dizer do que é feito em sala de aula. Embora apontem como objetivos da educação física desenvolver nos alunos “atitudes para uma vida saudável” e “habilidades de colaboração e comunicação nos alunos”, 78% dos entrevistados dizem avaliar os alunos pelo desempenho nos exercícios físicos. “A pesquisa é uma fotografia que a gente precisava ter de como estão as escolas públicas no Brasil. Nós sempre cobramos muito investimento, mais insumo, mas podemos também trabalhar melhor a metodologia dos professores”, disse Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.


> IG Educação, 28/03/2012
Ceará vincula piso dos professores ao nacional
Projeto do governo aprovado por deputados torna o reajuste salarial do magistério automático
Daniel Aderaldo, iG Ceará
Os deputados estaduais do Ceará aprovaram nesta quarta-feira (28) um projeto de lei que vincula o salário-base dos professores da rede estadual ao piso nacional do magistério. O ganho será retroativo ao mês de janeiro e contemplará 6.894 professores ativos e inativos. Com a nova legislação, o reajuste dos vencimentos da categoria no Estado passará a acompanhar de forma automática os valores estabelecidos anualmente pelo Ministério da Educação (MEC). A lei federal do piso de 2008 prevê o custo por aluno do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundec) comoparâmetro para o reajuste.

Há um mês, o MEC divulgou o novo valor do piso salarial nacional para os professores de educação básica neste ano passa a ser R$ 1.451 para a jornada de trabalho semanal de 40 horas. Isso representa um acréscimo de 22,22% em relação a 2011, quando o piso era R$ 1.187. Falta o governo do Ceará cumprir o item da lei do piso que estabelece 1/3 da jornada de trabalho do professor para atividades extraclasse. Pela negociação com a categoria, esse item só será cumprido a partir do segundo semestre deste ano. Ano passado,
o Ceará enfrentou uma greve de dois meses dos professores. Eles cobravam o cumprimento do piso nacional. O movimento foi marcado por manifestações que terminaram com violência e também por declarações polêmicas, como a frase do governador Cid Gomes (PSB) de que professor deveria trabalhar por amor e não por dinheiro. O projeto ainda seguirá para a sanção do governador Cid Gomes (PSB). Segundo a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), o Estado já pagava um piso de R$ 1.270,09, acima do que era estabelecido pelo MEC antes do reajuste deste ano.


> IG Educação, 28/03/2012
Faculdade admite que estudantes antigos do Fies não tem desconto
Famene, da Paraíba, diz que obrigatoriedade dos descontos coletivos a alunos com financiamento começou este ano, mas regra é de 2007
Priscilla Borges, iG Brasília
A Faculdade de Medicina Nova Esperança (Famene), de João Pessoa, garante que todos os novos contratos fechados com alunos beneficiários do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) incluirão descontos por pontualidade. A informação foi publicada em nota enviada ao iG nesta quarta-feira, após reportagem publicada no sábado mostrar reclamação de um estudante do 3º ano do curso que diz não receber nenhum abatimento sobre os 25% da mensalidade que paga. De acordo com a nota, a faculdade concede desconto de 5% no valor da mensalidade desde que pago até o dia 5 de cada mês "para os discentes que contam com o financiamento do governo federal, através do Fies, por força da Portaria Normativa/MEC nº. 2, publicada em fevereiro/2012, bem como para os demais alunos matriculados nesta IES". Eles garantem que os descontos valem para os "aditamentos e contratos realizados a partir do primeiro semestre de 2012".Em outro trecho da nota, no entanto, a faculdade reconhece que iniciou a "política igualitária de descontos" para os alunos do Fies desde a publicação da Portaria nº 2, em fevereiro deste ano. "Oportuno esclarecer, que a Famene implementou esta isonomia mesmo antes do prazo de adequação estipulado às instituições (que seria 01 de março do corrente) pelo Ministério da Educação", diz a nota. O problema é que a referida normativa não "regulamenta a antecipação e o pagamento em dia das mensalidades nas instituições de ensino superior", como pretende dizer a Famene. A portaria em questão foi editada pelo Ministério da Educação para garantir que as políticas de descontos coletivos e as regras do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fies fossem expostas em murais e sites das instituições. A proposta é aumentar o controle dos próprios alunos sobre regras já antigas dos programas. A decisão foi tomadaapós denúncia feita pelo iG de que uma instituição baiana cobrava o dobro do valor da mensalidade para bolsistas do Prouni.

De acordo com a lei que criou o Prouni, no parágrafo 4º do artigo 1º da Lei 11.096 de 2005, as bolsas parciais (de 50%) deverão ser concedidas “considerando-se todos os descontos regulares e de caráter coletivo oferecidos pela instituição, inclusive aqueles dados em virtude do pagamento pontual das mensalidades”. A mesma regra vale para o Fies, conforme determina a Lei nº 11.552 de 2007, no artigo 4º: "os encargos educacionais deverão considerar todos os descontos regulares e de caráter coletivo oferecidos pela instituição, inclusive aqueles concedidos em virtude de seu pagamento pontual". Portanto, a mudança na política de descontos já deveria estar sendo cumprida pela Famene muito antes da publicação da Normativa nº 2, de fevereiro deste ano.


Editoriais, artigos e opiniões
> Estado de Minas, 29/03/2012 - Belo Horizonte MG
A escola e a necessária autoridade
Marco Antônio Silva- Professor de história e doutorando em educação pela UFMG
Tenho ouvido relatos de professores de várias partes do país, sobretudo de escolas públicas, sobre as constantes agressões verbais e até físicas que vêm sofrendo. Isso não é sem razão. Quem não se lembra do estudante que agrediu a socos e pontapés a diretora de uma escola em Contagem? Quem não viu as cenas lamentáveis de uma aluna esbofeteando a professora no Vale do Aço? Há algumas semanas o Estado de Minas mostrou que professores, funcionários e vizinhos de algumas escolas de Belo Horizonte vivem acuados diante das ações de vandalismo promovidas por muitos estudantes. Essa situação é o resultado de uma combinação perversa: ausência de regras claras, crise de autoridade e impunidade. Em espaços democráticos é perfeitamente viável discutir, rediscutir, refazer e readaptar as normas. Entretanto, não é possível a convivência social sem regras estabelecidas. Em muitas escolas brasileiras, em nome de uma suposta inclusão social, a permissividade excessiva vem imperando. Prevalece o “tudo é permitido, nada é proibido”. Assim, crianças e adolescentes não encontram nenhuma referência de limites para as suas ações.

Além de regras claras, é preciso que existam autoridades respeitadas que consigam administrar os conflitos de interesse e garantir o bem-estar e a
convivência fraterna de todos. Entretanto, muitos pais, gestores, pensadores da educação, membros de conselhos tutelares e até professores parecem não entender a diferença entre exercício da autoridade e a prática do autoritarismo. No período da ditadura civil/militar ou no modelo de família patriarcal que predominou até pouco tempo não tivemos bons exemplos de autoridade democrática. Nas três esferas de poder do Estado, certas autoridades, que não são bons exemplos de probidade e respeito aos interesses da maioria, vêm estampando os noticiários. Entretanto, em função disso, não podemos abolir toda e qualquer autoridade. Em nossos tempos, precisamos de homens e mulheres que exerçam autoridade reconhecendo e se desculpando quando erram, aceitando críticas e estando abertos às mudanças quando necessário, mas que não sejam negligentes perante os desafios que a função lhes exige.

Essa crise está presente em toda a sociedade. Encontramos cotidianamente pessoas que não sabem respeitar ou exercer a autoridade. Em muitas famílias os pais parecem incapazes de estabelecer limites necessários para que seus filhos aprendam a viver de forma equilibrada e respeitando o semelhante. Por isso convivemos com tantos jovens incapazes de aceitar a rejeição das
suas vontades e despreparados para enfrentar as frustrações que a vida nos reserva. No caso específico da escola, os educadores que tentam exercer autoridade precisam de muita disposição e coragem para combater esse tipo de comportamento. Isso sem contar com as pressões dos defensores de um sistema que, mesmo falido, tem seus arautos de plantão. Numa sociedade sem regras claras e com carência de autoridades, a punição justa quase não existe. Punir não é castigar por castigar. A convivência em grupos, seja na família, nas escolas ou nas empresas, traz muitos benefícios e exige renúncias de cada um. Ninguém pode fazer o que lhe convém, quando e onde quiser, sem pensar nos demais. Punir os que desrespeitam normas de convivência coletiva é um ato de justiça e que leva o infrator a refletir sobre o sentido de suas ações. É mostrar que ninguém pode estar acima dos interesses dos demais, e serve de exemplo para desencorajar os que pretendem fazer o mesmo. Os problemas pessoais que atingem a cada um não devem servir de justificativa para atitudes de desrespeito e violência com os demais. Evidentemente, aquele que erra, sobretudo o estudante, merece o perdão, um tratamento psicológico e a assistência pedagógica quando for o caso. Entretanto, isso não o isenta da punição.


> O Estado de São Paulo, 29/03/2012 - São Paulo SP
Tolices curriculares
Editorial
Há dois meses, o Conselho Nacional de Educação (CNE) baixou a Resolução n.º 2/12, definindo as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, que é considerado desvinculado da realidade social e econômica do País, quando comparado aos programas do ensino fundamental e superior. Elaborada com base num extenso parecer aprovado uma semana antes pelo Ministério da Educação (MEC), a Resolução tem 23 artigos, muitos deles caracterizados por uma retórica vazia. A Resolução, por exemplo, propõe a incorporação, como conteúdo obrigatório do currículo do ensino médio, "do reconhecimento e atendimento da diversidade e diferentes nuances da desigualdade da exclusão na sociedade brasileira". Também recomenda "a valorização dos direitos humanos, mediante temas relativos a gênero, raça e etnia, religião, orientação sexual, pessoas com deficiência". E enfatiza a importância de "práticas que contribuam para a igualdade e enfrentamento de todas as formas de preconceito, discriminação e violência" e de "atividades intersetoriais de promoção da saúde física e mental, saúde sexual e saúde reprodutiva e prevenção do uso de drogas".

Não são apenas esses os parágrafos da Resolução tautológicos ou ininteligíveis. "O trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como
realização inerente ao ser humano e como mediação no processo de produção de sua existência" - diz o § 1.º do inciso VIII do artigo 5.º da Resolução. "A organização curricular deve oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades que permitam itinerários formativos opcionais diversificados, a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes", determina o inciso XI do artigo 14. "O projeto político-pedagógico, na sua concepção e implementação, deve considerar os estudantes e professores como sujeitos históricos e de direitos, participantes ativos e protagonistas na sua diversidade e singularidade" - reza o § 2.º do artigo 15 da Resolução. E vai por aí afora.

Além disso, a Resolução do CNE impõe ao currículo do ensino médio quatro áreas de conhecimento e nove matérias obrigatórias, chamadas de "componentes curriculares com especificidades e saberes próprios e sistematizados", subdivididas em doze disciplinas. O novo currículo vai na contramão dos países desenvolvidos, onde o ensino médio não tem um programa mínimo obrigatório. A diversificação é vista naqueles países como forma de adequar melhor o ensino à realidade cultural, econômica e social dos estudantes. Não são de estranhar, portanto, as críticas que têm sido feitas à Resolução n.º 2/12. "O Brasil não diversifica e mantém a ideia de que todo mundo tem de fazer a mesma coisa", diz
João Batista Araújo e Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, depois de classificar o texto da resolução como "erudição boba". "É uma montoeira de matérias. O resultado é que ninguém aprende, só decora. No resto do mundo, há segmentação", afirma o economista Cláudio Moura Castro. "Acredito em soluções mais individualizadas e segmentadas, porque há muitas diferenças", assevera Priscila Cruz, do movimento Todos pela Educação.

Além das altas taxas de evasão, o ensino médio esbarra no despreparo dos alunos - por exemplo, 85% dos estudantes desse ciclo ingressam na 1.ª série da rede pública com um nível de conhecimento equivalente ao da 5.ª série do ensino fundamental. Segundo o MEC, 50,9% dos jovens de 15 a 17 anos não estão matriculados no ensino médio, onde o índice de reprovação é de 13,1%. Dos estudantes que completam as três séries do ciclo, metade obtém média inferior a 4 na prova objetiva do Enem. Ao justificar a Resolução n.º 2/12, alguns membros do CNE alegaram que ela foi um "resultado de opções" e que "nem todo mundo pensa a escola do mesmo jeito". O que eles não conseguiram explicar é por que, em vez de definir diretrizes mais objetivas e realistas, optaram por um palavrório tolo e sem sentido, e por medidas inócuas, que só poderão aprofundar a crise do mais problemático dos três níveis de ensino.


> O Tempo, 29/03/2012 - Belo Horizonte MG
Pela unificação das carreiras de professor
MODESTA TRINDADE THEODORO Pedagoga e professora aposentada
O movimento pela unificação de carreiras de professores nas redes pública e particular de ensino em Belo Horizonte é legítimo. Mesmo que a educação infantil seja uma das etapas mais caras do ensino, os governantes concordam com a unificação desde que o MEC se responsabilize pelo repasse, pois são muitos os municípios que não podem arcar com as despesas. A greve na educação infantil tem como objetivo principal a unificação das carreiras. A consequência da unificação é a equiparação salarial, ou seja: para a mesma função,salário semelhante.

Em 1991, depois de muita luta, professoras do início do ensino fundamental da prefeitura tiveram seus salários equiparados aos dos demais professores. No caso da unificação de carreiras, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) vai mais longe. A pretensão é unificar as carreiras de professores e funcionários. Segundo a CNTE, "uma merendeira da rede pública que tiver o diploma de nível técnico em nutrição escolar
terá o direito de ganhar o mesmo que um professor formado no magistério do ensino médio. A diferença serão as gratificações pagas a professores com nível superior e outros títulos ou o tempo de trabalho, mas o salário-base, que precisa constar num plano de carreira nacional, tem que ser o mesmo de acordo com a formação do trabalhador". Desde 2003, há no Senado um projeto de lei que trata do assunto. Nos serviços essenciais, a morosidade para resolver impasses dessa natureza é fatal.

Um comentário:

  1. Fernando, estamos pedindo que todos/as assinem a petição pública para unificação das carreiras. Já temos 630 assinaturas. Auxilie-nos na divulgação, caso possa. Servirá para todo Brasil. Abraços!

    http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2012N23660

    Abaixo-assinado UNIFICAÇÃO NAS CARREIRAS DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
    Venho solicitar a UNIFICAÇÃO NAS CARREIRAS DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA : Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio.

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