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quinta-feira, 22 de março de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, TERÇA 20 DE MARÇO DE 2012



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Matérias
> Estado de Minas, 20/03/2012 - Belo Horizonte MG
MEC vai reforçar a fiscalização do Fies
Brasília– O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou ontem que a pasta vai reforçar a fiscalização das universidades particulares credenciadas no programa de Financiamento Estudantil (Fies). Com o auxílio da Polícia Federal, o ministério investiga denúncias de que o grupo União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo (Uniesp) tem praticado preços mais altos para os estudantes do Fies. Essa é a segunda denúncia neste ano envolvendo o benefício ofertado pelo MEC. Se confirmadas, as instituições vinculadas à Uniesppodem ser descredenciadas.

O MEC também enfrenta resistência das universidades particulares, insatisfeitas com as mudanças anunciadas semana passada no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Segundo o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, as alterações descumprem a lei do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que prevê apenas a participação de alunos ingressantes e concluintes na prova. O MEC decidiu tornar o
Enade obrigatório para os alunos do penúltimo semestre. Mercadante descartou rever as mudanças. “O que incomoda? Quem quer ver como o curso efetivamente é seguramente vai apoiar a iniciativa”, justificou. O ministro anunciou ainda a criação de uma prova nacional para medir o grau de alfabetização de crianças de 7 e 8 anos. O exame, a ser aplicado a partir do ano que vem, será uma ampliação da Provinha Brasil, que atualmente avalia o estágio de alfabetização e de conhecimentos básicos em matemática de estudantes do 2º ano do ensino fundamental. (PF)

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> Estado de Minas, 20/03/2012 - Belo Horizonte MG
Governo cancela contratos
Paula Filizola e Bruno Silva
Brasília e São Paulo – Depois de uma denúncia de fraude em licitações no hospital pediátrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Ministério da Saúde decidiu suspender nos hospitais federais os contratos ainda em vigor com as empresas Locanty Soluções, Toesa Service, Bella Vista Refeições Industriais e Rufolo Serviços Técnicos e Construções, acusadas de participação em um esquema de desvio de dinheiro público em acordos para a prestação de serviços como jardinagem e locação de ambulâncias. De acordo com nota divulgada, a determinação da pasta é de que estabelecimentos federais com autonomia administrativa, como o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), realizem auditoria em todos os contratos que envolvam as quatro empresas, que estão entre as maiores fornecedoras do governo federal. As irregularidades também levaram o governo do Rio de Janeiro e a prefeitura da cidade a cancelar os contratos com as entidades.

Durante um evento em São Paulo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que as provas de corrupção são “irrefutáveis” e reforçam a posição do governo federal de usar o pregão eletrônico. Segundo ele, a modalidade é uma
forma de centralizar as licitações. A implantação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal criada para gerir os contratos feitos pelos 26 hospitais ligados às universidades federais, facilitaria esse processo. Segundo o titular da pasta, essa é uma forma de aumentar a transparência e reduzir os gastos com licitações. “O sistema realmente vai contribuir para que a gente possa eliminar essas práticas tão nefastas da administração pública. Os indícios são que não acontece só ali, que é uma prática que está se disseminando em outras repartições públicas, não só na área da saúde”, apontou o ministro.

As medidas foram tomadas pelos governos federal e fluminense após a exibição de uma reportagem no Fantástico, da TV Globo, em que representantes de companhias aparecem oferecendo propina a funcionários para obter benefícios em licitações do hospital da UFRJ. Com o conhecimento do diretor e do vice-diretor da instituição médica, um profissional da emissora se passou pelo novo gestor de compras do hospital universitário e, com isso, pôde acompanhar as negociações e contratações de serviços. O esquema revela ainda uma união das empresas que disputam a licitação para praticar as fraudes. A vencedora no processo paga uma porcentagem do total do
contrato às demais, que entram na concorrência com orçamentos combinados.

O caso também está sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Segundo o delegado Victor Poubel, a PF abriu quatro inquéritos para investigar as empresas pelos crimes de fraude em licitação, corrupção e formação de cartel. Já o Ministério da Saúde vai realizar uma auditoria em contratos de outras empresas que prestam serviços aos hospitais. “A pasta vem intensificando ações de controle e transparência para combater o desperdício de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz trecho da nota divulgada ontem. ASSINATURAS Parlamentares da oposição começaram a recolher ontem as assinaturas necessárias para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue os esquemas de corrupção. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), defendeu ontem a aprovação de um projeto de lei que endurece a punição a empresas que fraudam licitações. Segundo ele, a proposta deve ser votada em caráter terminativo ainda neste mês na comissão especial criada para apreciar a matéria. Não havendo recursos para a votação em plenário, o texto seguirá para o Senado.
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> Folha de São Paulo, 20/03/2012 - São Paulo SP
Faculdade terá que devolver valor indevido
Segundo ministro, Uniesp será obrigada a ressarcir cobrança a mais se ficar provado que houve fraude no uso do Fies. Grupo cobra até três vezes mais de alunos com financiamento estudantil; instituição nega irregularidade
VANESSA CORREA DE SÃO PAULO
A Uniesp terá que devolver os valores cobrados a mais de alunos custeados pelo Fies (financiamento estudantil), se ficar provado que houve fraude no uso dos recursos. O anúncio do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, vem após reportagem da Folha no sábado que mostrou como o grupo de faculdades cobra mensalidades até três vezes mais caras de alunos do Fies e usa parte desses recursos para pagar dízimo a igrejas que indicam estudantes à instituição. "Não haverá nenhuma tolerância a qualquer indício de fraude em relação ao Fies", disse o ministro. O MEC também estuda descredenciar todas as faculdades da Uniesp do financiamento estudantil, em medida cautelar, pois há indícios de que a instituição usou cursos cadastrados no Fies para conseguir financiamento para alunos de curso que não estavam habilitados no programa. A pasta investiga ainda se há irregularidades na publicidade, que anuncia que pagará o financiamento de alunos com bom desempenho: ou seja, promete oferecer o curso gratuitamente. Mercadante disse ainda que o MEC vai oferecer todas as informações que tem à CGU (Controladoria-Geral da União), à Polícia Federal e ao Ministério Público. A Uniesp poderá sofrer processo civil e criminal caso as denúncias se comprovem.Segundo o ministro, há um mês foi publicada portaria que obriga que faculdades particulares exponham, em todos os guichês de atendimentos e sites, de forma visível, os preços dos cursos. Nesses avisos, deverá ficar claro que alunos do Fies não podem pagar mais. Mercadante também anunciou que irá intensificar a fiscalização sobre o uso do Fies. Questionada como é feita a fiscalização e o que vai mudar, a pasta informou que é feita pela Secretaria de Ensino Superior, sem dar detalhes. Disse que, em caso de suspeita de irregularidades, é instaurado processo administrativo. O órgão não especificou de que modo essa fiscalização será intensificada. Segundo o MEC, há cerca de 100 mil contratos do Fies em vigor. A Uniesp nega que cobra a mais dos alunos.

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> O Estado de São Paulo, 19/03/2012 - São Paulo SP
MEC anuncia avaliação nacional da alfabetização
Ministério vai ampliar Provinha Brasil para, a partir de 2013, analisar desempenho de todos estudantes aos 7 e aos 8 anos de idade
Estadão.edu
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou na tarde desta segunda-feira a criação de uma prova nacional para medir o grau de alfabetização de crianças de 7 e de 8 anos. O exame, que será aplicado para todos os estudantes a partir do ano que vem, será uma ampliação da Provinha Brasil, que avalia o estágio de alfabetização e de conhecimentos básicos de matemática de estudantes do 2º ano do ensino fundamental. “A Provinha Brasil é amostral. Nós faremos um exame nacional para ver a qualidade do letramento”, disse Mercadante, que participou de um debate promovido pelo Lide, Grupo de Líderes Empresariais, na zona sul de São Paulo. No evento, o ministro disse que a garantia de alfabetização na idade correta, até 8 anos, é a grande prioridade da sua gestão. “O exame será para todas as crianças. Tem custo? Tem. Mas é muito menor que o da ignorância.”

Mercadante quer usar o desempenho dos estudantes no exame de alfabetização no Escola Sem Fronteiras, programa que vai oferecer bolsas de estudo em colégios privados de referência, como o Pedro II, do Rio, para professores cujos alunos de destacaram na avaliação. O outro indicador para selecionar professores do Escola Sem Fronteiras será o desempenho no
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O ministro disse que professores com desempenho excepcional podem ganhar bolsas de estudo no exterior. “Já recebemos uma proposta da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e estamos discutindo com secretários de Educação, porque isso tem de ser feito em parceria. Quem administra a rede são Estados e municípios”, disse Mercadante. “Estamos chamando os secretários para participar do desenho do programa, da modelagem. Na quinta-feira haverá uma oficina dos secretários para que em conjunto a gente consiga fechar a proposta.”

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> O Estado de São Paulo, 19/03/2012 - São Paulo SP
Mercadante descarta rever mudanças no Enade
Universidades particulares reclamam de nova regra, que obriga alunos do penúltimo semestre a fazer a prova
Estadão.edu
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, descartou nesta segunda-feira a hipótese de rever as mudanças anunciadas na semana passada no Enade, criticadas por universidades particulares. O Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular reclamou que a lei que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) prevê apenas a participação de alunos ingressantes e concluintes na prova e, portanto, qualquer mudança deveria ser feita na própria legislação e não por meio de portaria. "Todos os pedagogos e especialistas em avaliação apoiaram a medida", disse o ministro. Para Mercadante, a medida é necessária para reduzir o risco de instituições retardarem a conclusão de curso dos alunos para tirá-los do Enade, selecionando apenas os melhores estudantes para fazer o exame. "Eu não entendo a dificuldade de uma instituição colocar os alunos que vão concluir o curso no próximo semestre para fazer o exame. O que incomoda? Quem quer ver avaliado como o curso efetivamente é seguramente vai apoiar a iniciativa."
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> O Estado de São Paulo, 19/03/2012 - São Paulo SP
Universidades dos EUA adotam avaliações
Tem crescido no país o número de instituições que testam alunos no 1.º e no último ano para medir aprendizado
AP - O Estado de S. Paulo
WASHINGTON - Está ocorrendo, nas universidades dos Estados Unidos, um aumento de iniciativas de avaliação de alunos de primeiro e último anos. O objetivo é medir o aprendizado do momento em que se entra no ensino superior até a formatura. Mais de cem instituições de ensino publicaram voluntariamente os resultados desses novos testes, oferecendo a pais, possíveis futuros alunos e a órgãos reguladores do governo uma medida do valor que as universidades adicionam às habilidades de pensamento crítico e aquisição de conhecimento. Uma dessas instituições é a Universidade do Texas, que criou há oito anos uma prova nesses moldes, chamada Collegiate Learning Assessment (CLA). Um dos fenômenos observados é de que os alunos em geral vão bem nessa prova, mas os formandos não tiram notas muito superiores às dos calouros. Os gestores da universidade usam esses dados para buscar melhorar o ensino. A Universidade do Texas é uma das poucas instituições de ensino superior dos EUA que exigem que o CLA seja feito. Outras escolas aplicam, esse teste - e também outros dois, o Collegiate Assessment of Academic Proficiency e o Proficiency Profile - de maneira voluntária, e os resultados normalmente não são publicados. O movimento de avaliações de alunos universitários começou como mero exercício interno. Mas isso mudou radicalmente no ano passado, quando dois sociólogos - Richard Arum, da Universidade de Nova York, e Josipa Roksa, da Universidade de Virgínia - usaram os resultados do CLA para criticar o nível do ensino superior americano. Depois de aplicar o teste em 24 faculdades privadas e públicas, a dupla de especialistas concluiu que somente 36% dos alunos mostraram ganhos de aprendizado significativos. Méritos. Diretores das escolas se dividem quanto aos méritos da avaliação. Muitas adotaram os testes como uma ferramenta entre várias para medir os resultados dos alunos. "Acho que foi uma revelação", disse Jeff Albernathy, presidente do Alma College, uma escola de artes em Michigan. "É difícil ter dados sobre o aprendizado dos alunos em todas as disciplinas." Há alguns anos, o Conselho de Faculdades Independentes organizou um consórcio de escolas privadas para aplicar o CLA e compartilhar suas conclusões. Chegaram a participar 57 instituições, disse Richard Ekman, presidente do conselho. Mas a iniciativa foi encerrada. Poucas instituições privadas publicam os resultados da avaliação. Mas 144 universidades públicas informaram as notas no site collegeportraits.org, com base no Voluntary System of Accountability, lançado em 2007 por duas associações de universidades públicas.
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> O Estado de São Paulo, 19/03/2012 - São Paulo SP
China quer dobrar o ensino de português em universidades
Sílvio Guedes Crespo
A China quer dobrar o número de universidades com curso de português, informa o jornal lisboeta “Público“. Atualmente, o país asiático tem 15 universidades com esse curso e planeja chegar a 30 “nos próximos anos”.A informação foi dada pela vice-reitora da Universidade de Lisboa, que esteve na China e conversou com o vice-ministro chinês da Educação, Hao Ping. Segundo ela, “quem fala português tem emprego garantido” na China por causa da escassez de profissionais com essa habilidade. A professora afirma, ainda, que em contrapartida a China quer expandir o ensino de seu idioma oficial em países de língua portuguesa.

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> UOL Educação, 20/03/2012
Ministério inicia pesquisa sobre consumo de pescado nas escolas
Da Agência Brasil, em Brasília
O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcello Crivella, informou que a partir de hoje (19) será feito um levantamento detalhado em parceria com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) sobre o consumo de pescado nas escolas públicas brasileiras. Crivella disse que o objetivo é reduzir os preços desses produtos, igualando-os aos do frango, “para que as pessoas possam consumir mais”. “Com a pesquisa, queremos levantar os dados de custos também. Não só os custos do pescado, mas se eles [os consumidores] têm geladeira para guardar, se é mais fácil para eles [comprar] o produto industrializado ou in natura”,disse o ministro à Agência Brasil. Crivella acrescentou que a pesquisa se destina especialmente aos nutricionistas e responsáveis técnicos pela alimentação escolar. Os profissionais devem acessar o site do FNDE ou o do Ministério da Pesca e responder ao questionário disponível até o dia 30 de abril. De acordo com o ministro, as respostasvão permitir identificar as causas do baixo consumo de peixe na merenda escolar. “[Queremos saber se essas causas estão relacionadas ao] preço, ao transporte, ao armazenamento do produto ou se é a forma de preparo”.

Para Arilda Avelar, professora de uma escola pública do Distrito Federal, a adoção de pescados na alimentação é “muito importante”. Segundo ela, a medida fará com que a alimentação seja mais saudável nas escolas. “Na escola onde eu trabalho, uma vez por semana, as crianças comem peixe”, contou. Segundo Arilda, ela já deparou com crianças que chegavam às escolas em que lecionou com muita fome por não terem um alimento de alto valor nutritivo em casa. Maria de Jesus, diretora de uma escola da rede pública no Riacho Fundo, nos arredores de Brasília, disse que a adesão ao consumo de peixe no seu colégio é grande. “Aqui nós temos muitas crianças carentes que, muitas vezes, não têm a
oportunidade de comer peixe em casa. Então elas [as crianças] aproveitam bastante”,contou.

Segundo Maria de Jesus, há uma nutricionista que periodicamente visita a escola para verificar se o cardápio enviado pela Secretaria de Ensino do Distrito Federal é cumprido. “Somos muito rigorosos com a alimentação”,ressaltou ela. O ministro da Pesca reforçou que o aumento da alimentação de peixe nas escolas beneficia todo o país. “Se essas crianças tiverem o hábito de se alimentar uma vez por semana com peixe, todo o país vai se beneficiar.” Crivella disse que, ao estimular o consumo de pescados nos colégios, a cadeia produtiva será beneficiada porque mais empresários vão se dedicar ao setor, estimulando a geração de empregos e aumentando a produção. “[Com tudo isso] o pescado vai ficar mais barato e as crianças vão ajudar não só no seu próprio crescimento, mas também a popularizar o alimento”.
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Editoriais, artigos e opiniões
> Estado de Minas, 20/03/2012 - Belo Horizonte MG
Evasão universitária
Indaga-se o que ocorrerá nas instituições públicas, em decorrência de políticas como a de cotas raciais, bônus, incentivo à abertura de vagas noturnas e outras
Jacques Schwartzman - Professor aposentado da UFMG
Em dezembro de 2007, a imprensa informou em reportagens que habvia caido o número de formados na rede pública, referindo-se aos concluintes do ensino superior das instituições federais, estaduais e municipais. No pico da série sobre concluintes estava o ano de 2004, com 202.2 mil. Nos dois anos seguintes o número caiu para 195,5 mil e 183 mil. Em março de 2012, matéria sobre o mesmo assunto informava que em 2010 os formados eram apenas 178,4 mil estudantes. Ao mesmo tempo, o setor privado, que detém 75% das matriculas no ensino superior, estava diplomando 650, 8 mil alunos, isso é, mostrando mais “eficiência” do que o setor publico. De fato, o setor privado tem três vezes mais alunos do que o público e forma 3,6 vezes mais. É de se indagar por que isso acontece. Trata-se primeiramente de um processo de evasão, isso é, de alunos que abandonam seus cursos, o que ocorre com mais frequência nos primeiros anos dos cursos e tem a ver com a dificuldade de acompanhar o curso, seja por uma deficiência acadêmica, seja por necessidade de trabalhar, o que não lhes permite uma dedicação maior às atividades acadêmicas.

No setor privado as causas da evasão são semelhantes, mas as consequências são diferentes. Na área pública os alunos podem fazer o curso em mais anos, pois não precisam pagar mensalidade. Essa estratégia permite mais tempo para estudar e sanar eventuais deficiências. A reação das universidades públicas, quando
existe, é criar regras de jubilamento que levam ao desligamento do curso aqueles que ultrapassem prazo máximo de conclusão ou tenham sido reprovados sucessivamente em alguma disciplina. A imediata substituição desses alunos no setor público, via processos mais simplificados que o vestibular, como as transferências, permite que se mantenha uma baixa taxa de evasão se considerarmos apenas o número de formados num ano sobre os ingressantes de cinco anos atrás, que é a fórmula mais utilizada. Mas não porque as causas da evasão foram erradicadas e sim porque se mantêm cheias as salas de aula, já que os evadidos tendem a ser repostos rapidamente. Já para o setor privado uma elevada taxa de evasão é um drama, já que a substituição é bem mais difícil, bastando lembrar que o volume de vagas ociosas chega a mais de 1,3 milhão no setor privado. Assim, cada evasão corresponde a uma receita a menos, podendo-se chegar até a inviabilização financeira da instituição. O governo federal, ao conceber o programa Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) colocou como uma de suas metas formar a cada ano 90% dos alunos que ingressaram cinco anos antes. Assim, se a entrada há cinco anos foi, por exemplo, de 40 alunos, 36 devem se formar no presente ano. No entanto, não se trata necessariamente da mesma turma de alunos, como vimos acima. Esse método não diminui a evasão, nem identifica suas causas, mas ao menos pode aumentar o número de formandos. Indaga-se o que ocorrerá daqui para frente, nas instituições públicas, com os índices de evasão. Se os critérios de promoção não se alterarem (para facilitar a vida dos estudantes com exigências mais fracas, baixando o nível de ensino) a tendência é de elevarem-se os índices de evasão nos estabelecimentos públicos. Isso decorre das recentes políticas adotadas: cotas raciais, bônus, incentivo à abertura de vagas noturnas (outra meta do Reuni), elevação do número de instituições federais e de câmpus promovidas no governo Lula. Com elas tende-se a diminuir a qualidade média dos alunos, pois as novas formas de ingresso, cotas e outras reduzem a dedicação média dos estudantes (que precisam trabalhar , por exemplo, clamando por medidas de nivelamento). Assim, as universidades federais que aderiram ao Reuni terão a difícil tarefa de diminuir a evasão, ao mesmo tempo que recebem um número maior de alunos com menos preparo e dedicação. Em relação ao setor privado os resultados das políticas públicas podem ser diferentes devido ao Programa Universidade para Todos (Prouni), que exige nota mínima no Enem para ingresso no programa, geralmente mais alta do que a média dos alunos do setor privado, assim como o crescimento do Fies (crédito educativo), com regras semelhantes ao Prouni, que geram para os tomadores dos empréstimos uma pressão para a conclusão mais rápida de seus cursos e de suas dívida.
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> Folha de São Paulo, 20/03/2012 - São Paulo SP
É a educação, estúpido!
Eliane Cantanhêde
BRASÍLIA - Ok, o Brasil caminha para ser a quinta economia, depois de ultrapassar a França. Mas convém conter a euforia, como mostram duas reportagens do domingo. Folha: "Brasil é o país que menos cresce na América do Sul". O "pibinho" de 2,7% em 2011 não é só menor do que a média de toda a América Latina (em torno de 4%), mas também menor do que o crescimento do PIB na Argentina, no Chile, na Venezuela, no Peru, na Bolívia. Sem falar em outros países emergentes, particularmente China e Índia. Entre os motivos para esse desempenho pífio, segundo os analistas, estão a questão pontual do combate à inflação e a questão estrutural da defasagem de investimentos. Aí entra a reportagem do jornal "O Globo", comparando 17 países da região: "Brasil, um dos últimos da AL em trabalho produtivo". Ou seja, o quociente entre bens e serviços produzidos no país e o pessoal ocupado mostra que a produtividade do trabalhador brasileiro é muito baixa diante, novamente, de Argentina, Chile, Venezuela e por aí afora.

O Brasil, pois, é tratado como um sucesso, mas ainda falta muito para ser realmente um sucesso. Falta investir com energia em infraestrutura e em produtos de valor agregado e, sobretudo, falta tratar a educação como prioridade
das prioridades. Presidentes, governadores e prefeitos, todo político capricha na defesa da educação -sobretudo durante as eleições-, mas a realidade é bem diferente. E resistente. Folha de ontem: "Gasto com servidores põe Estados em alerta". O pagamento do funcionalismo e da burocracia cresce mais do que a arrecadação em 16 Estados (e no DF) e quase tanto na maioria. E daí? Daí não sobra dinheiro para investimento e nem mesmo para um piso nacional decente para os professores. Sem professor, não há educação. Sem educação, não há produtividade. Sem produtividade, não há crescimento. Fica só o oba-oba.
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> Gazeta do Povo, 20/03/2012 - Curitiba PR
Depois do Enem, agora o Enade
Wanda Camargo
A possível solução deveria estar centrada em duas questões: a seriedade do ensino e o preparo do aluno. Afinal, o interesse da instituição é transmitir conhecimento, formar o bom profissional e cidadão, ou unicamente estar bem ranqueada? Ainda longe de resolver os inúmeros problemas logísticos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação pretende aumentar o contingente de alunos que prestarão o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), voltado ao ensino superior. Como a imensa quantidade de estudantes que presta tais exames é, em grande parte, a responsável pelas dificuldades de sua organização, a decisão não parece oportuna. Em declaração recente, o ministro revela essa decisão e a intenção de implementá-la ainda neste ano. A sistemática atual do Enade é a convocação para exame de alunos de determinados grupos de cursos superiores (plenos e tecnológicos), a cada três anos, num sistema de rodízio que contemplará neste período a avaliação de todos os cursos brasileiros. São convocados estudantes do início e do último período, com o objetivo de aferir o conteúdo apreendido pelos alunos e o agregado a eles pela instituiçãoespecífica, o efeito-escola, considerando a denominada “diferença de desempenho”entre alunos ingressantes e concluintes, em relação à média nacional.

A ideia agora proposta é a convocação também dos alunos de penúltimo período. O motivo seria a prática de algumas universidades de reter os alunos mais fracos dos cursos programados para exame, impedindo-os de fazer a prova por não estarem cursando o período final quando da sua realização. O teste seria aplicado novamente para aquele curso apenas depois de três anos, ocasião em que aqueles alunos já estariam formados. Evidentemente, em breve, nas instituições pouco sérias serão aprovados no antepenúltimo período apenas aqueles mais fortes, e assim sucessivamente, transferindo-se o problema apenas de posição no curso, e possivelmente criando um “semestre maldito”, ou seja, aquele em que muitos serão reprovados, em detrimento daqueles outros em que se aprovará massivamente, independente de aprendizagem. A possível solução deveria estar centrada em duas questões: a seriedade do ensino e o preparo do aluno. Afinal, o interesse da instituição é transmitir
conhecimento, formar o bom profissional e cidadão, ou unicamente estar bem ranqueada?

A questão da reprovação em todos os níveis educacionais é muito séria e tem sido motivo de controvérsias. A possível consideração é que a aprovação ou não de estudantes deve seguir o padrão da instituição que frequentam. Cada escola considerará o aluno apto à progressão, e mesmo à formatura, de acordo com a sua aspiração de qualidade, e pelos resultados, bons ou maus, de sua prática, será julgada pela sociedade. Não é aceitável que universidades estabeleçam níveis de exigência diferentes dos que seguem habitualmente para alunos apenas de determinado período, seja ele qual for, motivadas pelo desejo de não serem avaliadas com fidedignidade em um sistema que, se não é perfeito, avalia o sistema educacional com a isenção possível, na busca de melhoria da qualidade do ensino. No entanto, dificilmente a solução virá do simples aumento do número de alunos a realizar o exame, o que pode provocar mais conflitos em sua gestão e segurança. Afinal, ninguém gostaria de repetir no Enade os problemas ainda irresolvidos do Enem.

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