Em dezembro de 2007, a imprensa informou em reportagens que habvia caido o número de formados na rede pública, referindo-se aos concluintes do ensino superior das instituições federais, estaduais e municipais. No pico da série sobre concluintes estava o ano de 2004, com 202.2 mil. Nos dois anos seguintes o número caiu para 195,5 mil e 183 mil. Em março de 2012, matéria sobre o mesmo assunto informava que em 2010 os formados eram apenas 178,4 mil estudantes. Ao mesmo tempo, o setor privado, que detém 75% das matriculas no ensino superior, estava diplomando 650, 8 mil alunos, isso é, mostrando mais “eficiência” do que o setor publico. De fato, o setor privado tem três vezes mais alunos do que o público e forma 3,6 vezes mais. É de se indagar por que isso acontece. Trata-se primeiramente de um processo de evasão, isso é, de alunos que abandonam seus cursos, o que ocorre com mais frequência nos primeiros anos dos cursos e tem a ver com a dificuldade de acompanhar o curso, seja por uma deficiência acadêmica, seja por necessidade de trabalhar, o que não lhes permite uma dedicação maior às atividades acadêmicas.
No setor privado as causas da evasão são semelhantes, mas as consequências são diferentes. Na área pública os alunos podem fazer o curso em mais anos, pois não precisam pagar mensalidade. Essa estratégia permite mais tempo para estudar e sanar eventuais deficiências. A reação das universidades públicas, quando | existe, é criar regras de jubilamento que levam ao desligamento do curso aqueles que ultrapassem prazo máximo de conclusão ou tenham sido reprovados sucessivamente em alguma disciplina. A imediata substituição desses alunos no setor público, via processos mais simplificados que o vestibular, como as transferências, permite que se mantenha uma baixa taxa de evasão se considerarmos apenas o número de formados num ano sobre os ingressantes de cinco anos atrás, que é a fórmula mais utilizada. Mas não porque as causas da evasão foram erradicadas e sim porque se mantêm cheias as salas de aula, já que os evadidos tendem a ser repostos rapidamente. Já para o setor privado uma elevada taxa de evasão é um drama, já que a substituição é bem mais difícil, bastando lembrar que o volume de vagas ociosas chega a mais de 1,3 milhão no setor privado. Assim, cada evasão corresponde a uma receita a menos, podendo-se chegar até a inviabilização financeira da instituição. O governo federal, ao conceber o programa Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) colocou como uma de suas metas formar a cada ano 90% dos alunos que ingressaram cinco anos antes. Assim, se a entrada há cinco anos foi, por exemplo, de 40 alunos, 36 devem se formar no presente ano. No entanto, não se trata necessariamente da mesma turma de alunos, como vimos acima. Esse método não diminui a evasão, nem identifica suas causas, mas ao menos pode aumentar o número de formandos. | Indaga-se o que ocorrerá daqui para frente, nas instituições públicas, com os índices de evasão. Se os critérios de promoção não se alterarem (para facilitar a vida dos estudantes com exigências mais fracas, baixando o nível de ensino) a tendência é de elevarem-se os índices de evasão nos estabelecimentos públicos. Isso decorre das recentes políticas adotadas: cotas raciais, bônus, incentivo à abertura de vagas noturnas (outra meta do Reuni), elevação do número de instituições federais e de câmpus promovidas no governo Lula. Com elas tende-se a diminuir a qualidade média dos alunos, pois as novas formas de ingresso, cotas e outras reduzem a dedicação média dos estudantes (que precisam trabalhar , por exemplo, clamando por medidas de nivelamento). Assim, as universidades federais que aderiram ao Reuni terão a difícil tarefa de diminuir a evasão, ao mesmo tempo que recebem um número maior de alunos com menos preparo e dedicação. Em relação ao setor privado os resultados das políticas públicas podem ser diferentes devido ao Programa Universidade para Todos (Prouni), que exige nota mínima no Enem para ingresso no programa, geralmente mais alta do que a média dos alunos do setor privado, assim como o crescimento do Fies (crédito educativo), com regras semelhantes ao Prouni, que geram para os tomadores dos empréstimos uma pressão para a conclusão mais rápida de seus cursos e de suas dívida. |
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