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> Terra Educação, 18/03/2012Destaque de gestão, escola do TO tem índice zero de defasagem | ||
Gincanas pedagógicas, oficinas, projetos temáticos e acompanhamento da frequência escolar. Propostas como essas enriquecem o aprendizado e a convivência na escola, além de tornar a instituição exemplo a ser seguido. No ano passado, a Escola Estadual Presidente Costa e Silva, no Tocantins, recebeu o título de Destaque Brasil do Prêmio Gestão Escolar, concedido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). O prêmio aponta as melhores gestões em boas práticas pedagógicas em escolas do País. Foram 10 anos de tentativas e aperfeiçoamento até receber a compensação. "A gente sabia que estava progredindo. Participar é uma política da escola", conta a diretora Adriana Pereira Aguiar. Os 349 alunos, estudantes das séries finais do ensino fundamental (5º ao 9º ano), participam de projetos como a Gincana Cultural Aquarela Costa e Silva. As turmas são divididas em cores e avaliadas em diversos quesitos, desde o rendimento até as relações interpessoais. "A rotina deles é monitorada na escola e pontuada para a turma", explica Adriana. Ao final do ano, os alunos que tiverem melhor desempenho na gincana são premiados com uma viagem cultural, dentro do próprio Estado. Um dos mecanismos usados para acompanhar o desempenho dos estudantes é a agenda escolar, implantada em 2007. Nela são carimbados, diariamente, selos que indicam a conduta do aluno em sala de aula e a assiduidade na entrega das tarefas. "O retorno tem sido muito positivo. É um meio de comunicação entre a escola e a família, pois os pais também podem verificar se o professor oferece a devida atenção a seu filho", esclarece a diretora Adriana. Outro ponto que contribui para essa relação é que todos os 12 professores são exclusivos da escola. A agenda ainda é utilizada como suporte ao projeto Uma Visão Social no Combate à Evasão Escolar, uma vez que controla a frequência do aluno. "Detectada a infrequência, a gente faz contato por telefone com a família, ou visitas domiciliares", diz a gestora da escola. Nos últimos três anos, conforme Adriana, a escola atingiu índice zero em defasagem escolar. Em 2009, a instituição obteve 5,1 na medição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O número é superior à meta projetada para aquele ano (4,3) e à média nacional observada (4,0). A média estadual (3,9) também foi superada. O projeto Lan House | Monitorada também se beneficia da agenda escolar. A gente trabalha muito com diagnóstico, sempre buscando o porquê. Notamos que muitos alunos deixavam de vir à escola para frequentar a lan house, analisa Adriana. Para contornar a situação, a saída foi ampliar o atendimento no laboratório de informática da escola. Mas o uso não é totalmente livre. "O aluno recebe carimbos de positivo e negativo na agenda. A partir daí, ele adquire bônus para usar no laboratório no turno inverso", detalha. Em sala de aula, contudo, os alunos utilizam aparelhos do programa Um Computador Por Aluno para acompanhar as atividades pedagógicas. Interdisciplinaridade e atenção a alunos especiais garantem destaques regionais - Além da escola Destaque Brasil, todo ano, cinco instituições recebem o título de Destaque Regional. Em uma das agraciadas em 2011, localizada na capital Boa Vista, Roraima, os alunos da Escola Estadual Princesa Isabel trabalham durante quase todo o ano no Projeto Expressão. Segundo a vice-diretora da instituição, Maria do Socorro Mota Mendes, são trabalhadas várias habilidades, como dança, culinária, teatro e pintura - a oferta pode variar de acordo com a temática escolhida. "Os alunos escolhem a oficina que querem fazer", explica Maria do Socorro. As preparações são feitas em horário extraclasse, geralmente às quintas-feiras, das 11h às 11h50. O projeto, que existe desde 2006, conta ainda com o engajamento da comunidade escolar. "Trabalhamos com parcerias. Às vezes pode acontecer de um pai ter uma habilidade e se oferecer para ensinar, ou ainda um artista local", destaca a professora responsável pelo projeto, Valdenise Cardoso. Neste ano, os alunos preparam um especial sobre o Centenário de Luiz Gonzaga. O resultado das oficinas é conferido anualmente na Mostra Brasil Cultura, que costuma acontecer no segundo semestre, fora da escola. Já em Bela Vista de Goiás (GO), a professora Roberta Martins de Lima, ex-diretora da Escola Estadual José Pontes de Oliveira, é creditada como uma das responsáveis pela classificação da instituição como Destaque Regional. Projetos dessa gestão são preservados e dão seguimento à proposta pedagógica até hoje. A atual diretora, Sirlene Divina de Couto Gonçalves, explica que a principal atividade pensada pelos | professores ao longo do ano é um projeto temático interdisciplinar. Este ano, a proposta Cidade quer repetir o sucesso dos anos anteriores, quando foram explorados temas como leitura e escrita - que levaram os alunos a produzirem livros baseados em obras clássicas, com direito à sessão de autógrafos - e família - no projeto intitulado Minha Vida, Minha História. A simulação da realidade é trabalhada no Shopping da Matemática. Cédulas de brinquedo são exibidas aos alunos para ensinar, de forma lúdica, noções de preço e quantidades. O aprendizado é assimilado em uma feira de faz de conta. "Montamos barraquinhas e eles trazem comida, material escolar. Compram e vendem de mentirinha", conta a diretora Sirlene. "Assim, eles aprendem com prazer", afirma. Alunos com deficiência auditiva têm atenção especial. Segundo Sirlene, a escola possui quatro professores de inclusão e dois professores intérpretes, que transmitem os conteúdos na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ao todo, 14 estudantes com essa condição frequentam a escola. Prêmio Gestão Escolar - Criado em 1998, o Prêmio Gestão Escolar tem como objetivo reconhecer as boas práticas desenvolvidas nas escolas. A 13ª edição está com inscrições abertas até o dia 1º de junho. Para concorrer, é preciso cadastrar-se no site do concurso: http://www.consed.org.br/pge. Na primeira fase, uma escola por estado recebe o título de Destaque Estadual. Após, seis instituições são elevadas a Destaque Regional - uma delas, a grande vencedora, é designada como Destaque Brasil. Os prêmios são de R$ 6 mil, R$ 10 mil e R$ 30 mil, nas respectivas categorias. No ano passado, foram realizadas 1.610 inscrições. Segundo a secretária-executiva do Consed, Nilce da Costa, as expectativas são de que esse número seja ampliado nesta edição, chegando a 5 mil escolas concorrentes. A diretora da instituição Destaque Brasil do ano passado, Adriana Pereira Aguiar, garante que a participação serve de apoio para saber o que está dando certo ou não na escola e o que pode ser melhorado, além de poder converter a escola em exemplo a outras instituições de educação. Durante os 10 anos que participamos, a gente respeitou muito as pontuações dos comitês. As evolutivas apontam o que a escola poderia implementar. Foram 10 anos de muito aprendizado, avalia Adriana. |
Terra - Quais eram suas principais metas à frente do Inep? Foi possível concluir alguns dos programas e ações que a senhora iniciou nesse curto período?
Malvina - Em primeiro lugar, com a Associação dos Servidores do Inep (Assinep), tivemos um fórum para repensar o instituto. Em março de 2011, discutimos as bases do Inep e definimos que ele precisava fortalecer os estudos e as pesquisas. O Inep já tem muitos procedimentos importantes de levantamentos quantitativos, que são fundamentais, e precisava dar o passo seguinte, para a análise em relação a esses dados. Ao final do ano, fizemos um segundo fórum, justamente para apresentar a totalidade do trabalho e definir uma minuta de reestruturação a ser apresentada ao ministro Haddad. Uma das coisas importantes feitas também foi a criação de uma unidade de operações logísticas no Inep. Nós não tínhamos controle da aplicação do Enem. Tínhamos controle até o momento em que fazíamos as provas, a matriz de referência, a capacitação dos profissionais, a elaboração dos itens, dos exames, mas não havia uma unidade no Inep de operações logísticas. Credito a essa unidade de operações logísticas o êxito do Enem na sua aplicação durante o ano de 2011.
Terra - A senhora falou sobre a implementação da unidade de operações logísticas. Que mudanças foram feitas?
Malvina - Tivemos uma aproximação com as instituições de educação superior, principalmente as públicas, com reuniões que definiam e implementavam ações. Anteriormente, os itens do exame eram elaborados somente por uma chamada pública, onde cada profissional das instituições se apresentava voluntariamente e era selecionado por critérios do Inep. Mantivemos essa medida, mas acrescentamos uma que consideramos bastante importante e que já era uma reivindicação dessas instituições, que foi o lançamento de um edital para a elaboração de itens não mais somente em caráter voluntário, mas com "o selo" das universidades. Para isso, houve uma capacitação de cerca de 900 colaboradores, de quase 60 instituições de educação superior públicas. Por que nós fizemos isso? Por conta do número ainda insuficiente de itens no Banco Nacional de Itens (BNI), pois o Enem é um exame recente e ainda não tem itens em quantidade suficiente, e para que pudéssemos capacitar profissionais das universidades para a elaboração de itens. Fizemos isso em 2011, com previsão de continuidade neste ano. A previsão é de termos cerca de 28 mil itens até o fim de 2012, se continuar nessa progressão e com essa proposta.
Terra - A ampliação desses itens contribui para estabelecer um padrão de prova?
Malvina - Quanto maior o banco de itens, maior a garantia de sigilo. A Teoria de Resposta ao Item (TRI) necessita que um percentual de questões de cada uma das quatro áreas do exame seja pré-testado para haver a calibração, ou seja, saber se é uma questão fácil, média ou difícil. Quanto mais itens tivermos, qualificaremos mais a utilização da TRI.
Terra - No início do ano foi feito o anúncio de que haverá apenas uma edição do Enem e não duas, como estava previsto para 2012. A senhora defendia a realização de mais edições ao longo do ano. Isso é viável? Por que não acontecerá agora?
Malvina -Continuo defendendo com a mesma veemência e repetiria o que disse assim que assumi o Inep: temos que fazer mais de uma edição do Enem. Quando nós discutimos isso, e não foi uma ação isolada, foi uma definição de grupo, havia a hipótese da realização de dois exames no ano. Um exame seria em outubro, como foi realizado, e o outro em abril. Como foi noticiado, uma das ações do Ministério da Educação foi a contratação de uma empresa de controle de riscos. Essa empresa, a Módulo, a pedido do ministro, fez um relatório, uma análise de todo o processo, e deixou claro que o exame de 2011 foi exitoso, mas que precisa de aperfeiçoamentos, de refinamentos em algumas áreas, e que isso traria maiores riscos se fosse imediatamente agora, em abril. Não era impossível fazer. Era viável, mas traria mais riscos. A decisão do MEC foi não fazer uma segunda edição antes de aperfeiçoar algumas questões. Não tenho dúvida que, em 2013, isso acontecerá. Foi uma precaução, um cuidado que o ministério teve para não fatigar mais o processo.
Terra - Esses riscos seriam quanto à qualidade do teste ou quanto à segurança, à logística?
Malvina - A logística deu certo. A imprensa acompanhou, como tem que fazer mesmo, e noticiou todo o processo. Não houve nenhum problema de logística no ano de 2011. Mas precisamos ter aperfeiçoamentos. Precisamos rever algumas questões, como as correções das redações, os consórcios e a questão do aprimoramento dos aplicadores. Um concurso para a ampliação do quadro de servidores do Inep (130 pesquisadores) já está garantido, e essa foi uma conquista importante do ano passado. Isso tudo não seria impedimento para fazer a segunda edição do exame. Mas o MEC optou por fazer o refinamento já apontado necessário e fazer só uma edição nesse ano.
Terra - A senhora acredita que o incidente das correções das redações teve um peso na decisão de não ter duas edições ainda este ano?
Malvina -Não, porque a metodologia pode ser modificada, e ela certamente será modificada. Deixamos algumas indicações para o aperfeiçoamento da correção. A equipe que elabora, que é responsável, que coordena o Enem, tem uma proposta para isso, que deve estar sendo discutida com a nova presidência e com o novo ministro.
Terra - Apesar de ter sido negada, há quem associe sua saída do órgão ao vazamento de questões na última edição do Enem. Como a senhora avalia isso?
Malvina - Não foi. Isso é um equívoco. Não utilizo a palavra vazamento, e não por uma questão de palavra, de significado, mas o que aconteceu foi uma questão de falta de ética. Não é falta de segurança. Agora, isso aconteceu em 2010. Poderia ter até acontecido no ano de 2011, mas não aconteceu. Na gestão 2011, não tivemos nenhum problema de logística. Esse pré-teste foi utilizado em outubro de 2010. A escola ou o professor que fez mal-uso disso premeditou, guardou durante um ano algumas das questões dos cadernos do pré-teste e utilizou. Isso não pode ser imputado ao Inep e, muito menos, à minha gestão. Então, minha saída não está ligada de nenhuma forma a essa questão e, sim, a uma escolha do novo ministro, de sua própria equipe.
Terra - A senhora havia deixado a reitoria da UniRio para assumir o Inep. Como se sentiu quando ficou sabendo que seria substituída? Frustrada? Injustiçada?
Malvina -Não, de forma nenhuma. Quando fui convidada, me senti honrada, porque fui convidada por ser uma educadora, por conta da minha trajetória profissional. Mas como é um cargo de confiança do ministro, eu sabia que a qualquer momento poderia não estar mais à frente do Inep. Essa era uma realidade. Se eu tivesse que escolher, sabendo que sairia um ano depois, escolheria outra vez viver a rica experiência que tive no Inep, junto a profissionais extremamente capacitados e pesquisadores de primeira linha. É um orgulho para qualquer professor. O meu sentimento é de saudade, e a gente só tem saudade daquilo que gosta. Tenho saudade dos colegas, dos contatos que fazíamos com profissionais lá no chão da escola. Mas são momentos da nossa vida profissional, e a cada instante existem novos desafios. Em 2012, devem se apontar outros desafios importantes também. Isso faz parte da nossa vida.
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