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sexta-feira, 16 de março de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, TERÇA 13 DE MARÇO DE


Matérias de Hoje
  • Enem pode ter vazado em mais escolas > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Meta é assinar 200 mil novos contratos do Fies este ano > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Entidade convoca greve nacional de professores em defesa do piso > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Dilma promete dobrar para 30 mil número de escolas de período integral > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Sindicatos dizem que 17 Estados não pagam o piso salarial dos professores > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Prefeitura do Recife anuncia aumento salarial e kit de livros para professores > Portal G1
  • Nova lei pode liberar xerox de livro inteiro > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Alunos cobram explicação do Mackenzie por adoção do Enem > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Estamos desperdiçando talentos”, diz especialista em superdotados > IG Educação
  • Pisa irá avaliar 25 mil estudantes brasileiros em maio > IG Educação

Editoriais, artigos e opiniões
  • Leitura e aprendizado > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • O piso nacional do professorado > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • O impacto do estágio > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Piso para professores > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Creche de marmanjo > Folha de São Paulo - São Paulo SP

Matérias
> Correio Braziliense, 12/03/2012 - Brasília DF
Enem pode ter vazado em mais escolas
Diario de Pernambuco
O procurador da República Oscar Costa Filho, do Ministério Público Federal do Ceará (MPF-CE), disse nessa sexta-feira que os cadernos do pré-teste do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicados em 2010, podem ter sido vazados em outros colégios. As investigações revelaram que em uma reunião ocorrida no Colégio Santo Inácio, em Fortaleza, a representante da Fundação Cesgranrio contratada para coordenar a a realização do pré-teste entregou os malotes com os cadernos aos coordenadores de aproximadamente 30 escolas, sem autorização legal. Nessa etapa, os colégios apenas cedem o espaço físico e os alunos, ficando a cargo da Cesgranrio aplicar as provas, com supervisão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem. Ao entregar os malotes aos coordenadores das escolas, abriu-se a possibilidade de vazamento das questões. Para Costa Filho, agora é preciso saber se o crime se repetiu em outros colégios. “Como não existia logística para aplicação dos pré-testes, a representante da Cesgranrio entregou os malotes aos coordenadores. Temos comprovação de que o Colégio Christus copiou o conteúdo e distribuiu aos alunos. Agora, precisamos saber se outras escolas também agiram da mesma forma. Vamos pedir à Polícia Federal quecontinue as investigações, agora ampliando o foco”, afirmou o procurador.

Costa Filho coloca também em xeque o pré-teste aplicado na capital cearense em 2011, pois não há garantias de que o problema não se repetiu. Para ele, a postura do Ministério da Educação (MEC) e do Inep foi de acobertar a extensão real do vazamento. O procurador acredita que o grande impacto do vazamento dos pré-testes só foi possível porque o Banco Nacional de Itens não conta com um número mínimo de questões para garantir a segurança do Enem. Na sua opinião, enquanto esse problema não for resolvido, não há condições para realização do exame.

O MEC e o Inep causaram tudo isso quando insistiram fazer uma prova sem os requisitos exigidos, como a implementação de um banco de itens significativo. A quantidade de itens é que dá segurança. Em um concurso dessa natureza, com essa logística irresponsável, não há como garantir de que não vai vazar. Mas o vazamento não teria a consequência que teve se o banco fosse realmente grande.” Na quinta-feira, o MPF-CE denunciou cinco pessoas pelo vazamento de questões do pré-teste, sendo dois representantes do Inep, um da Cesgranrio e dois do Colégio
Christus. Os membros do instituto foram acusados de falsidade ideológica ao negarem ser possível obter os cadernos de questão. Já a funcionária do Cesgranrio cometeu crime ao entregar os malotes aos coordenadores sem autorização legal. E um professor e um coordenador do Colégio Christus foram denunciados por uso e divulgação indevida do material.

Sem comentários - Procurado pela reportagem, o Colégio Christus disse que ainda não tinha sido informado sobre a decisão. Já o Ministério da Educação (MEC) afirmou, em nota, que não vai comentar a denúncia do MPF pela imprensa. A representante da Cesgranrio não trabalha mais para a fundação. Em outubro, alunos do Colégio Christus confirmaram ter recebido um material que continha questões idênticas ou parecidas com as que haviam caído no Enem. Segundo a escola, as questões fariam parte de um banco de perguntas que o colégio recebe de professores, alunos e ex-alunos para promover simulados. O MEC constatou que a escola distribuiu os cadernos nas semanas anteriores ao exame, com questões iguais e uma similar às que caíram nas provas realizadas no Enem e cancelou as provas feitas pelos 639 alunos do colégio.

> Correio Braziliense, 12/03/2012 - Brasília DF
Meta é assinar 200 mil novos contratos do Fies este ano
Ascom Mec
O programa de Financiamento Estudantil (Fies) teve em 2012, até o início de março, 75 mil contratos firmados com instituições privadas. Em 2010, o programa financiou 75.603 estudantes e, no ano passado, 152.406. As facilidades para obter o financiamento do curso de graduação têm atraído cada vez mais estudantes. A meta para este ano é de 200 mil novos beneficiados. A diretora de políticas e programas de graduação da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, Paula Branco de Mello, explica que a adesão das instituições privadas de ensino superior ao Fies é voluntária e, portanto, são elas que determinam o valor de bolsas a serem financiadas. “Chegado aolimite de financiamento daquela instituição, o estudante deverá procurar outra que ofereça o mesmo curso”, esclarece. Atualmente, 1.400 instituições em todo o Brasil participam do Fies.

Para informar os jovens sobre as facilidades do novo Fies, o Ministério da Educação está no ar com campanha institucional veiculada nas rádios de todo o país até 15 de março. A campanha tem o objetivo de tornar conhecido o Fies e permitir que estudantes com dificuldades financeiras possam ingressar na faculdade ou terminar o curso em que estão matriculados. É o caso da aluna Glauce Mendes Nogueira, que cursa o quinto semestre de pedagogia na
Universidade Estácio de Sá e diz estar em dificuldade financeira para concluir o curso. O prazo de pagamento do Fies é o triplo do tempo de utilização do financiamento mais 12 meses, com 18 meses de carência. Ou seja, para um curso com duração de quatro anos, o estudante terá 14 anos e meio para pagar a dívida. Os juros são de 3,4% ao ano e é possível financiar 100% da mensalidade. Os estudantes de licenciatura e medicina que se dispuserem a trabalhar nas redes públicas de educação e saúde amortizam sem dispêndio 1% da dívida consolidada por mês de trabalho.


> O Estado de São Paulo, 12/03/2012 - São Paulo SP
Entidade convoca greve nacional de professores em defesa do piso
Docentes da rede pública do Distrito Federal já paralisaram as atividades nesta segunda-feira
Estadão.edu, com Agência Brasil
Os professores da rede pública do Distrito Federal entraram em greve nesta segunda-feira, 12. Eles exigem equiparação salarial com outras carreiras de ensino superior do governo do DF. A paralisação mobiliza cerca de 12 mil docentes e não tem data para acabar. O governo alega que não pode conceder aumento de salário para não ultrapassar o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Os professores do DF recebem o piso salarial da categoria, ao contrário de seus colegas de 17 Estados, segundo mostrou levantamento divulgado hoje pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Para exigir de governos estaduais e prefeituras o cumprimento da Lei do Piso do magistério, professores vão paralisar as atividades de quarta-feira, 14, a sexta-feira, 16.O presidente da CNTE, Roberto Franklin Leão, destaca que o movimento pode ser ampliado, por tempo indefinido, conforme as assembleias da categoria em cada Estado. “Os professores farão atos públicos e passeatas em vários Estados brasileiros. A chamada da CNTE é de três dias para fazer uma avaliação, se continuará ou não com a greve. Cada Estado tem autonomia de fazer uma avaliação e ver a situação, decidindo se deve (manter) a greve”, disse Leão, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, que foi ao ar hoje. Leão destacou ainda que o piso salarial em vigor no País – que é de R$ 1.451 – não atende às necessidades dos profissionais em educação. Segundo ele, pelos cálculos da CNTE, o ideal é fixar um piso de R$ 1.937.Os governadores e prefeitos em vez de buscarem formas de pagarem sem questionar, não, eles questionam o critério e o valor de reajuste. E, nós não aceitamos esse tipo de coisa e essa paralisação tem essa finalidade”, disse Leão. Levantamento feito pela Agência Brasil publicado na semana passada aponta que nove Estados ainda não pagam o valor do piso aos professores: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Piauí, Ceará, Bahia, Alagoas, Amapá e Tocantins. De acordo com o presidente da CNTE, atualmente muitos Estados e municípios não conseguem provar o que investem em educação. Pela Constituição Federal, no mínimo 20% do total arrecadado em impostos pelo Estado devem ser aplicados em educação.


> O Estado de São Paulo, 12/03/2012 - São Paulo SP
Dilma promete dobrar para 30 mil número de escolas de período integral
Segundo presidente, programa que oferece aulas de manhã e à tarde vai beneficiar 5 milhões de estudantes 
Agência Brasil
A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira, 12, que mais de 30 mil escolas em todo o País vão ter aula em tempo integral ainda em 2012. Segundo ela, o Programa Mais Educação, que oferece atividades em tempo integral aos estudantes do 1.º ao 9.º ano, deve beneficiar 5 milhões de estudantes – inclusive em escolas rurais. “O Programa Mais Educação é responsável por uma grande transformação que já estamos fazendo em 15 mil escolas do ensino fundamental de todo o País. Hoje, 2,8 milhões de estudantes do 1º ao 9º ano já ficam na escola o dia todo. Eles participam de atividades orientadas, que vão desde o acompanhamento das tarefas escolares até a prática de esportes, aulas de arte einformática”, explicou. No programa semanal Café com a Presidenta, Dilma ressaltou que a meta de 30 mil escolas com ensino fundamental em tempo integral era esperada para 2014 e que o novo número definido para o último ano de governo passou a ser de 60 mil escolas integradas ao Mais Educação.

Elas (as crianças) ficam na escola, no mínimo, sete horas por dia. Lá, recebem um lanche pela manhã, almoçam e depois, à tarde, fazem novo lanche. E o que é importante: têm reforço em matemática, português, ciências, praticam esportes, têm aula de arte e ainda fazem informática”, disse. O Ministério da Educação está com inscrições abertas até o próximo dia
30 para novas adesões das prefeituras ao Mais Educação. Ao todo, o governo deve investir R$ 1,4 bilhão este ano no programa. Têm prioridade escolas onde estudam beneficiários do Bolsa Família e também as que tiveram baixa avaliação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “As atividades complementares podem contribuir muito para melhorar a qualidade da educação das nossas crianças”, disse a presidenta. “É uma forma de superar desigualdades, permitir que todas as crianças tenham uma boa educação e acesso a atividades que serão muito importantes para o seu futuro”, concluiu Dilma.


> O Estado de São Paulo, 12/03/2012 - São Paulo SP
Sindicatos dizem que 17 Estados não pagam o piso salarial dos professores
Docentes vão paralisar atividades por três dias para exigir cumprimento da lei
Estadão.edu
Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) diz que 17 Estados não pagam o novo piso nacional dos professores, de R$ 1.451, e 18 não respeitam a jornada extraclasse, que prevê que 33% do tempo de trabalho dos docentes sejam utilizados para atividades como correção de provas, preparação de aulas, formação profissional, entre outras. De acordo com a entidade, os únicos Estados que cumprem a Lei do Piso são Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco e São Paulo, além do Distrito Federal. Os sindicatos filiados à CNTE, responsáveis pelo balanço, não conseguiram levantar informações sobre o salário no Amazonas e no Rio de Janeiro. O levantamento é diferente de outro divulgado na semana passada pela AgênciaBrasil, baseado em informações das secretarias estaduais de Educação. A reportagem apontou que são nove os Estados cujos docentes não vão receber na folha de pagamento de março valor igual ou superior ao definido pela lei. Para cobrar o pagamento do novo piso, professores da rede pública devem paralisar as atividades de quarta (14) a sexta-feira (16). Nesta terça (13), a CNTE e suas entidades filiadas dão início à mobilização com um "twittaço" usando a hashtag #Opisoelei.

A Lei do Piso foi sancionada em 2008 e determina um valor mínimo que deve ser pago aos professores da rede pública com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais. Pelas regras, o piso deve ser reajustado anualmente a partir de janeiro, tendo 
como critério o crescimento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Entre 2011 e 2012, o índice foi 22% e o valor passou de R$ 1.187 para R$ 1.451. Para a CNTE, no entanto, o piso para este ano deveria ser de R$ 1.937,26. A entidade considera, entre outros critérios, a atualização monetária em 2009 (primeiro ano de vigência efetiva da lei) e a incidência de 60% para pagamento dos salários dos educadores, decorrente das complementações da União feitas através das Medidas Provisórias 484/2010 e 485/2010. Os sindicatos também cobram a adequação dos vencimentos dos docentes à Lei do Piso. A remuneração, embora em alguns casos seja maior que o piso, reúne gratificações e outros benefícios pagos aos professores.


> Portal G1, 12/03/2012
Prefeitura do Recife anuncia aumento salarial e kit de livros para professores
Aumento segue orientação do MEC e será retroativo a janeiro. Kit contém 35 livros, entre obras técnicas e literárias
Katherine Coutinho do G1 PE
Os professores da rede municipal de educação do Recife ganharam uma boa notícia no dia do aniversário de 475 anos da cidade. A Prefeitura anunciou nesta segunda-feira (12) o reajuste do piso salarial do Magistério, que vai para R$ 1.451, obedecendo à determinação do Ministério da Educação. O aumento será retroativo ao mês de janeiro de 2012. Além do reajuste de 22,22% em relação ao salário de 2011, os professores vão receber um kit com 35 livros. “A primeira coisa que uma cidade tem que pensara é na educação. Os livros dados aos professores vão desde a área técnica para auxiliar o professor na hora de elaborar aulas e compreender seus alunos, à área da literatura”, detalha a secretária de Educação, Esporte e Lazer da cidade, Ivone Caetano.

A medida se une à contratação de 650 novos professores aprovados no último concurso municipal, que compareceram à cerimônia e
receberam o kit de livros simbolicamente. “Eu estudei em escola pública e hoje sou professora. Quero mostrar aos nossos alunos que eles podem vencer como eu venci, mesmo vindo de escola pública”, discursou a professora recém-empossada Laudecir Gondim. Com essas nomeações, todas as vagas da rede pública municipal passam a ser ocupadas por professores. “Não queremos mais precisar ter estagiários trabalhando no lugar de professores nas salas de aula. A expectativa de crescimento atualmente é ligada à informação, tecnologia e educação. Você só produz informação e inovação tecnológica se tiver uma educação de qualidade”, pondera o prefeito João da Costa.

Apesar do aumento, o prefeito admite que o salário dos mestres ainda está aquém do esperado. “Sabemos que os salários que pagamos ainda não são justos, mas eles já são atrativos. O salário dos
professores no Brasil todo precisa aumentar, mas é preciso fazer isso com viabilidade econômica, não podemos quebrar as prefeituras”, lembra João da Costa. Os professores contam também com um plano de carreiras, outra medida que a Prefeitura ressalta na valorização dos profissionais. “O piso salarial é só para o professor de nível médio, normalista. Esses são minoria, cerca de 200 em um universo de 6 mil. Quando ele tem uma faculdade, uma titulação, chega a receber 43% mais”, explica Ivone. “Nós temos valorizado a titulação, para incentivar nossos professores a fazerem mestrado e dourado. Já temos doutores na rede municipal de educação”, comemora o prefeito. Além dos kits entregues aos professores, as escolas municipais vão receber 500 livros para as bibliotecas, além dos livros que os alunos já recebem no kit Manuel Bandeira, que contém livros de literatura.


> O Estado de São Paulo, 12/03/2012 - São Paulo SP
Nova lei pode liberar xerox de livro inteiro 
Projeto do Ministério da Cultura também prevê uso digital e educativo das obras
Mariana Mandelli
Uma possível mudança na lei de direitos autorais, em análise na Casa Civil, vai facilitar a vida dos estudantes que sofrem para pagar o preço exigido pelos livros e apelam até para o scanner na hora de copiar textos. Caso o projeto seja aprovado no Congresso, o xerox de uma obra inteira, que é proibido hoje, será liberado para uso não comercial. Atualmente, só é permitido copiar algumas páginas e capítulos - apesar de não ser difícil encontrar papelarias que fotocopiem o livro todo. O anteprojeto de lei, construído pelo Ministério da Cultura (MinC) nos últimos anos por meio de consultas públicas, pode ser avaliado ainda neste semestre, segundo Marcia Barbosa, diretora de direitos intelectuais da Secretaria de Políticas Culturais da pasta.

Além da possibilidade da cópia do livro original na íntegra para uso privado - até mesmo para meios digitais -, as alterações da lei preveem a possibilidade de uso educativo das obras. "É o uso didático de um livro em sala de aula. O professor pode mencionar o livro, mostrá-lo e fazer citações pequenas." As possíveis mudanças com a revisão da Lei dos Direitos Autorais preocupam a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR). O advogado Dalizio Barros, representante da ABDR, diz que permitir a cópia do livro inteiro pode fazer a situação sair do controle. "Não pode haver fins lucrativos. Então, a cópia não pode ser feita numa copiadora, que teria lucro com isso. Tem que ser por conta própria e não vale cópia da cópia", explica. Barros afirma que a maior preocupação da associação hoje é a pirataria 
digital. "As mídias eletrônicas são ignoradas pela lei. Um PDF num e-mail vai para todo mundo em questão de minutos - é uma pulverização muito grande." Segundo ele, alguns livros são caros porque são importados. Além disso, afirma, as bibliotecas deveriam ser melhor aparelhadas. 

Com os altos preços dos livros e a proibição de tirar cópias de obras inteiras, os universitários se viram para economizar e, ao mesmo tempo, não deixar de estudar. As ideias vão além da famosa "pasta do professor", em que o docente deixa os textos das aulas disponíveis para cópia na sala de xerox da faculdade - prática condenada pela ABDR. Algumas infringem a lei, como pegar livros da biblioteca da faculdade e fotografar as páginas - para depois enviar para os colegas de sala, por exemplo. Opções. Há quem prefira os livros usados. Lucas Filippelli, de 21 anos, estudante de Engenharia de Produção de uma universidade particular do ABC, compra as obras que seus veteranos de curso utilizaram nos anos anteriores. "Paguei R$ 200 em três. O preço de um só novo é R$ 250", conta. "Seria melhor se os livros fossem mais baratos. Prefiro gastar R$ 150 em um novo do que R$ 90 em xerox, que pode vir com folhas e letras faltando."

A internet também facilita a busca. "Alguns artigos encontro no Google Acadêmico ou no Google Books. Quando não acho, alguém da sala escaneia partes ou o livro todo e gera um PDF", afirma a estudante de Design de Moda Camila Regis, de 20 anos. A atual legislação é criticada pelos estudantes. "É inútil por ser de difícil controle - seja pelo xerox, seja por meios 
digitais", afirma Paulo Amarante, de 26, estudante de Engenharia. Alguns alunos não acreditam que as mudanças na lei vão alterar o cenário. "Haverá apenas a manutenção do sistema, em que só parte da população tem condições de comprar livros", afirma Julio de Souza Neto, de 23 anos, aluno de Geografia. Ele calcula que gastaria R$ 2,5 mil por semestre se comprasse todos os livros da bibliografia do curso. Os professores que lecionam em faculdades e universidades destacam ainda mais um problema: muitos livros - alguns clássicos e essenciais para os cursos de ensino superior - têm edições esgotadas. 

"Existem livros que só se consegue pela fotocópia. Isso dificulta inclusive no planejamento das aulas, por exemplo", afirma Caroline de Mello Freitas, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e da Faculdade Santa Marcelina. PARA ENTENDER: Legislação é de 1998 - A reprografia de obras literárias foi um dos sete temas que receberam atenção na revisão da Lei de Direitos Autorais. Um anteprojeto de lei foi elaborado em 2010 e submetido à consulta pública. Depois de passar por revisão do Ministério da Cultura, encontra-se na Casa Civil. Não há prazo legal para que siga ao Congresso. A lei de vigente (n.º 9.610) é de 1998. De acordo com a legislação, são protegidos os textos de obras literárias, científicas, conferências, sermões, ilustrações, cartas geográficas, músicas (com ou sem letra), desenhos, pinturas, esculturas e arte cinética, entre outras.


> O Estado de São Paulo, 12/03/2012 - São Paulo SP
Alunos cobram explicação do Mackenzie por adoção do Enem
Universidade preencherá metade das vagas do vestibular de inverno com prova de 2011
Cedê Silva - Estadão.edu
A adoção do Enem 2011 pelo Mackenzie para preencher parte das vagas do próximo vestibular tem causado polêmica entre os estudantes. Publicado na semana passada, o edital usará "como único instrumento de classificação e de convocação de candidatos" o desempenho na prova aplicada em 22 e 23 de outubro - exceto para os cursos de Arquitetura e Design, que também terão provas específicas. As inscrições estão abertas até 16 de abril, e no dia 18 deverá ser divulgado o edital do vestibular convencional, para preencher as vagas restantes. Em cursos como Direito e Jornalismo, por exemplo, metade das vagas será oferecida via Enem. "Então o Mackenzie decidiu acabar com a várzea do seu vestibular e adotar a várzea nacional, também conhecida como Enem? Que beleza!", publicou um estudante da USP no Twitter. "Mackenzie é Enem agora? Aff, tô grilada!!", escreveu uma aluna."Ainda bem que já tô lá dentro", twittou outra. O Centro Acadêmico do curso de Direito publicou nesta segunda-feira carta aos professores da universidade, informando que solicitou uma reunião para esclarecer dúvidas dos alunos. Procurada pela reportagem nesta tarde, a Assessoria de Imprensa do Mackenzie informou que professores da comissão de processos seletivos só poderão dar entrevistas amanhã.

Segundo Rodrigo Rangel, estudante de 23 anos e presidente do C.A. de Direito, o edital com Enem foi uma surpresa. "Gerou grande repercussão, e queremos saber os motivos da mudança - se vai melhorar a seleção dos alunos, se houve algum estudo." A dúvida, diz ele, é se a nova medida vai trazer benefício para os estudantes ou é apenas uma decisão de mercado. Ele conta que o curso de Direito já está tendo problemas de
infraestrutura. A criação de um laboratório de engenharia e de um novo banheiro já custaram algumas salas do prédio, e, mesmo assim, uma nova turma de manhã foi aberta no último vestibular. Um prédio novo deve ficar pronto só em 2015.

Para Rodrigo, a concorrência via Enem será menor, já que apenas quem fez a prova no passado estará autorizado a participar. "Já num vestibular, todos disputam contra todos." Ele ressalta que o C.A. não tomará posição sobre o assunto enquanto a questão não for esclarecida com a universidade. Histórico. O Mackenzie já usou o Enem como vestibular antes. Em 2009, 20% das vagas de cada curso estavam reservadas a candidatos do Enem isentos do pagamento da taxa de inscrição e que tivessem obtido média de 50 pontos ou mais (quase 80%) nas provas de 2006, 2007 ou 2008.


> IG Educação, 12/03/2012
Estamos desperdiçando talentos”, diz especialista em superdotados
Psicóloga alerta que muitas crianças com altas habilidades são diagnosticadas erroneamente. Estudantes precisam de atenção especial
Marina Morena Costa, iG São Paulo
Cristina Paulino Colavite cresceu vendo a mãe, professora de escola pública, quebrar a cabeça para estimular os alunos mais inteligentes de suas turmas. “Ela contava que alguns aprendiam mais rápido do que outros e sentia que precisava oferecer algo a mais a eles”, lembra. E por que alguns alunos aprendiam mais rápido do que outros? Em busca da resposta e fascinada pelos diferentes níveis e graus de aprendizagem dos seres humanos, Cristina resolveu se especializar em crianças com altas habilidades, os superdotados. Psicóloga com pós-graduação em Psicologia Clínica, especializada em Educação Especial para alunoscom capacidade acima da média, ela atuou na educação básica durante 20 anos. “Na minha concepção, deveria haver professores e psicólogos nas escolas. Educar significa dar amparo emocional também”, afirma.

Apesar de terem o rótulo de “gênias” e “superhomem”, Cristina destaca que as crianças superdotadas são em geral incompreendidas e sofrem. Muitas recebem diagnóstico errado de hiperatividade, déficit de atenção e são medicadas sem necessidade. Para orientar professores a trabalhar com esses alunos em sala de aula, Cristina dará um curso a
partir do dia 15 de março no Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP). Hoje, Cristina é membro do Conselho Brasileiro para Superdotação (CONBRASD), da Associação Brasileira para Altas Habilidades/superdotação (ABAHSD) e atende crianças, jovens e adultos em uma clínica particular. “Tenho recebido muitos pacientes com diagnóstico errado de hiperatividade e TDA (Transtorno do Déficit de Atenção). Crianças que estão tomando Ritalina aos 8 anos de idade, sem necessidade”, alerta. Leia a entrevista concedida ao iG:
iG: Como identificar a criança com superdotação? A quais sinais os pais e professores devem estar atentos?
Cristina Colavite: É muito complexo, porque são crianças heterogêneas. Geralmente elas têm uma facilidade muito grande de aprendizado em diversas áreas do conhecimento, profundidade na percepção de mundo, nas sensações, nas observações, nos detalhes e um senso de justiça, ética e moral muito aguçado. São crianças que ficam indignadas com a injustiça e têm uma necessidade absurda de conhecimento, de desafio. Tem facilidade para fazer analogias, associar desde muito cedo o que veem, leem e ouvem. A memória é maravilhosa e elas conseguem organizar as informações. Uma criança comum passa por um menino de rua passando fome e repara. Mas, se logo na sequência há uma vitrine de brinquedos, ela esquece o menino. O superdotado não, ele quer saber por que a criança está lá, quem vai cuidar dela, se ela vai à escola, se ela tem família, e não para de fazer perguntas. Eles se envolvem com os assuntos. Na sala de aula, elas acabam ficando com rótulos negativos. Porque o que o professor fala, para elas não é o suficiente e às vezes completamente banal. Então elas não prestam atenção e fazem bagunça, ou se fecham no seu mundo interno. São crianças desde muito cedo incompreendidas.

Esses sintomas podem ser confundidos com distúrbios emocionais?
Cristina Colavite: Sim. Erroneamente muitas crianças com altas habilidades são classificadas ou como apáticas, ou hiperativas e déficit de atenção. Elas sofrem e ficam com uma sensação de impotência fora do comum diante das injustiças, dos problemas sociais e políticos do País, por exemplo. Se não são orientadas, se fecham em uma redoma e muitas vezes não conseguem lidar com a frustração. Seu desenvolvimento cognitivo não é compatível com seu desenvolvimento emocional. Os superdotados têm ideais e profundidade no fazer acontecer, mas muitas vezes acabam sendo desestimulados pelos pais e professores, que dizem coisas do tipo “isso não é para a sua idade”, “quando você ficar mais velho vai entender”, “chega de tantas perguntas”, etc. Tenho recebido muitas crianças com diagnóstico errado de hiperatividade e TDA (Transtorno do Déficit de Atenção), que estão tomando Ritalina aos 8 anos de idade.

Como eles devem ser tratados na escola?
Cristina Colavite: Não se deve segregar. Eles devem conviver com as diferenças e devem ser geradas oportunidades para que eles encontrem seus pares. O ideal é ter um espaço extraclasse, com profissionais capacitados, no qual eles possam ter acesso a tudo o que necessitam para seu desenvolvimento pleno, inclusive cursos. Na minha concepção, deveria haver professores e psicólogos nas escolas. Educar significa dar amparo emocional também. O ideal é ter essa parceria, porque os psicólogos vão orientar como as crianças lidam com a aquisição do conhecimento, como se relacionam enquanto os professores vão transmitindo o conhecimento.

Mas são poucas escolas com esses profissionais. O que os professores podem fazer para estimular esses alunos?
Cristina Colavite: Não é uma coisa fácil e é por isso que estou dando este curso. Os professores precisam ter estratégias na elaboração de projetos para esses alunos. Cada uma vem com uma demanda. Eles têm que estar preparados para não minar essas crianças, e sim para estimulá-las. O papel é orientar essa demanda. Não pode falar “não” o tempo todo. “Agora não pode perguntar”, “isso você vai ver o ano que vem”. É direito da criança portadora de necessidades especiais ter um trabalho específico para seu desenvolvimento. Os superdotados também estão nesta classificação, pois a lei de diretrizes e bases diz que é necessário dar amparo específico.

Estima-se que 5% a 10% da população seja superdotada. Isso significa que em praticamente toda classe há cerca de dois alunos superdotados. Estamos desperdiçando talentos?
Cristina Colavite: A Organização Mundial de Saúde fala em 12% da população. Eu acho que este índice varia de 5 a 8% e acredito que em cada sala a gente tenha pelo menos um estudante com alta habilidade perceptível. Sem dúvida, estamos deixando de despertar nossos melhores políticos, administradores, matemáticos, cientistas, artistas, pesquisadores.

Os superdotados tem um perfil emocional distinto? São tímidos, sofrem bullying, tem problemas emocionais, dificuldades de expressão ou isso varia muito de criança para criança?
Cristina Colavite: Depende de cada criança. A maturidade significa desenvolver os recursos internos emocionais para lidar com as situações adversas do mundo. A criança não sabe fazer isso. Mediante a uma percepção de mundo muito aguçada, o desenvolvimento emocional estará sempre aquém. O desenvolvimento emocional tem que estar muito bem amparado para segurar essa percepção de mundo intensa. Educadores e pais têm que ouvir a criança, entender a demanda dela e não minar. Tentar entender suas necessidades. Olhar para a criança sem preconceito, sem a ideia de que todas são iguais. E procurar supri-las.


> IG Educação, 12/03/2012
Pisa irá avaliar 25 mil estudantes brasileiros em maio
Avaliação internacional é a principal ferramenta de comparação do aprendizado de jovens para mais de 60 países
iG São Paulo
Neste ano, 25,7 mil estudantes brasileiros com idades entre 15 a 16 anos de idade irão participar do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), prova trienal aplicada pela Organização de Cooperação dos Países Desenvolvidos (OCDE) aos seus membros e nações consideradas parceiras comerciais que se dispõem a participar. A avaliação compreende provas escritas de leitura, matemática e ciências, e uma parcela dos estudantes responde também a testes eletrônicos de leitura e resolução de problemas matemáticos. As provas vão acontecer entre os dias 2 a 31 de maio, em 902 escolas públicas e particulares, rurais e urbanas, das 27 unidades da Federação. Pela regra do Pisa,participam neste ano alunos nascidos em 1996 que estejam cursando do sétimo ao nono ano do ensino fundamental ou de qualquer série do ensino médio. Em 2009, o Pisa foi aplicado em 65 países e o Brasil ficou em 54º lugar. Apesar de estar entre os "lanterninhas", o Brasil está entre os países que mais aumentaram a média das notas nas três áreas na última década, segundo a OCDE. De 2000, quando foi avaliado pela primeira vez, até 2009, o desempenho do País cresceu 33 pontos.

Custo - O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que coordena o Pisa no país, estima que a execução do programa custará R$ 2,8 milhões.
Os recursos serão aplicados em seleção e treinamento de recursos humanos, infraestrutura de treinamento, digitalização das provas e questionários e armazenamento do material. O exame terá 27 coordenadores estaduais, 902 aplicadores (um por escola) e 902 coordenadores indicados pelas unidades participantes, entre outros profissionais da educação. A cada edição do Pisa a ênfase recai sobre uma das áreas do conhecimento avaliadas. Em 2012, será matemática. Na última avaliação, o Brasil teve o pior desempenho justamente nesta disciplina, e ocupou a 57º posição . Em ciências, o País ficou em 53º e em Leitura, em 48º lugar.


Editoriais, artigos e opiniões
> Estado de Minas, 13/03/2012 - Belo Horizonte MG
Leitura e aprendizado
Como formar cidadãos críticos que lutem por seus direitos se o primeiro passo para isso é compreender um texto?
Nilce Rezende Fernandes - Professora e escritora
Um expressivo número de adolescentes, incluindo os alunos de tradicionais colégios da rede particular, apresentam dificuldade de compreensão de texto, o que é detectado pelas respostas vagas, inconsistentes, sem coerência, coesão e com graves erros de ortografia. Esses fatos se devem, na maioria das vezes, à falta de hábito aliado ao prazer da leitura. Há algumas décadas, a maioria dos jovens na faixa dos 14 aos 17 anos devorava os clássicos da literatura brasileira e até estrangeira, mesmo antes da tão propagada globalização. Havia uma intimidade entre leitores e autores como Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Erico Verissimo, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Carlos Heitor Cony, Fernando Sabino, Clarice Lispector e Guimarães Rosa, entre tantos outros. As obras eram motivo de discussão entre os amigos, que até simulavam um julgamento para condenar ou inocentar Capitu, personagem da obra-prima Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Dostoiévski, George Orwell, Hemingway, Tolstoi, Proust, Gabriel García Márquez, entre vários, também faziam parte das leituras juvenis. Ler bastante era considerado tão natural quanto dominar a tecnologia nos dias atuais. Foi dessa forma que os adolescentes aprenderam a interpretar textos, argumentar, expressando-se com clareza e no português padrão exigido. O antigo Colégio Estadual Central, famoso pelo corpo docente, era o mais disputado para essa turma amante dos livros, que após o ensino médio ingressava na UFMG com sucesso. É lamentável que atualmente alunos do curso médio e superior escrevendo “xampu” com sh e
quis” com z, influenciados pelas palavras inglesas “shampoo” e “quiz”, mesmo sendo o significado da segunda completamente diferente. O x dá lugar ao ch em “xícara”, “mexer” e “vexame”; o inverso ocorre em “ chuchu”, “enchimento” e “pichação”. Devido à semelhança do som, o j de “gorjeta” é trocado pelo g, assim como o s por z em “paralisar”, “alisar” e “puser”.

A língua portuguesa é complexa e as regras com uma série de exceções não contemplam cada termo, por isso a leitura é uma importante ferramenta de aprendizagem. Seria injusto jogar a culpa no novo acordo ortográfico, uma vez que as palavras citadas não sofreram nenhuma alteração em função dele. O Estado de Minas publicou (Opinião, 23/2/2012) o artigo “Quando a tecnologia provoca involução”, assinado por Carlos Eduardo Guilherme, afirmando que tamanhos avanços tecnológicos provocam o distanciamento dos jovens em vez de aproximá-los e proporcionam dificuldades de se relacionar em grupo. Fala que “o consumismo excessivo, o uso exagerado do computador, dos jogos eletrônicos, da TV e a superproteção dos pais têm criado situações de isolamento”. Em outro trecho diz que “nos colégios e clubes, mesmo após meses de convívio, eles têm dificuldade de se aproximar dos colegas. São, na grande maioria, garotos individualistas e egocêntricos, vivem em mundos separados da realidade”.

Infelizmente, a tecnologia e tudo mais apontado pelo professor podem também ser responsáveis pelos resultados caóticos na língua portuguesa por um grande número de alunos. Passando horas diante
de uma tela nas redes sociais, cultivando amizades virtuais ou com jogos intermináveis, são incapazes de descobrir a viagem mágica no mergulho da boa leitura, assim como da convivência saudável pela prática de esporte.
Como formar cidadãos críticos, que cumpram seus deveres e lutem por seus direitos se o primeiro passo a ser dado para isso é compreender um texto? Somente há a possibilidade de tomar uma atitude contra ou a favor de determinado tema em pauta tendo acesso a informações precisas. A tecnologia deveria ser uma parceira em vez de contribuir para a alienação dos jovens. Como ensinar redação a estudantes sem argumentos para defender seu ponto de vista? É imprescindível enfatizar a necessidade da leitura para redigir com clareza, no português padrão, usando um vocabulário rico e adequado, de forma coerente, concisa e sem repetição de ideias. O contato dos bebês com os livros emborrachados durante o banho, evoluindo para os contos de fadas contados pelos pais antes de os filhotes pegarem no sono e depois os propícios a cada faixa etária, contribui para que na adolescência já se tenha solidificado amor e intimidade com o romance, conto, crônica ou poema. Aí, certamente, haverá prazer de ler Machado de Assis, Ignácio de Loyola Brandão, Marina Colasanti, Adélia Prado, Nélida Piñon e muitos outros. Sem restrição alguma da substituição do livro impresso pela leitura digital. Afinal, por mais que os contumazes leitores valorizem o papel, na era da tecnologia é fundamental uma flexibilização para incentivar o ato de ler da garotada. Se, pelo contrário, optar-se por uma imposição, provavelmente, o tiro sairá pela culatra, e assim muitos jovens vão preferir ignorar a leitura.


> O Estado de São Paulo, 12/03/2012 - São Paulo SP
O piso nacional do professorado
Quando a lei que instituiu o piso nacional dos professores da rede pública entrou em vigor, em 2008, as entidades que defendem os interesses dos Estados e municípios advertiram que prefeituras e Estados não teriam condições financeiras de implementá-la, sob o risco de levar as finanças públicas ao colapso. A medida foi concebida no primeiro mandato do presidente Lula pelo então ministro da Educação, Tarso Genro, e o projeto foi defendido pelo líder do governo no Senado, Aloysio Mercadante. Na época, ambos garantiram que o governo federal ajudaria os Estados e municípios a pagar o piso, mediante repasses de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação. Hoje, os fatos mostram que estavam com a razão as entidades que representam os interesses dos Estados e municípios. Quando o novo ministro da Educação, Aloysio Mercadante, autorizou um aumento de 22,22% no piso do professorado, retroativo a janeiro, o Conselho Nacional de Secretários de Educação advertiu que a maioria dos 27 Estados teria dificuldades para pagar o aumento. Na semana passada, muitos prefeitos e dez governadores foram ao Congresso pedir mudanças urgentes na fórmula de reajuste do piso nacional do magistério, por causa de seu impacto sobre as contas públicas. Segundo eles, se fosse feito com base no INPC, o reajusteseria de apenas 6,08% - bem abaixo dos 22,22% concedidos por Mercadante. 

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 32% das 5,5 mil prefeituras do País estão pagando abaixo do piso. A entidade estima que o custo do reajuste de 22,22% será de R$ 7 bilhões. "A favor do piso, todo mundo é. O problema é a fórmula do reajuste. Para cumprir a lei, vamos tirar dinheiro das escolas, da merenda e do transporte escolar", disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. Só oito Estados estão conseguindo dar aos seus docentes a remuneração mínima aumentada pelo MEC para R$ 1.451, para o regime de 40 horas. Os salários mais altos são pagos pelo governo do Distrito Federal, onde os docentes recebem R$ 2.315. Entre os Estados que descumprem a lei do piso, o Rio Grande do Sul é um dos que pagam os salários mais baixos do País - R$ 791. Há uma semana, os professores daquele Estado ameaçam entrar em greve e a primeira instância da Justiça gaúcha determinou ao governador Tarso Genro o pagamento retroativo de todas as diferenças a que os professores da rede estadual têm direito, desde 2009, e a inclusão da previsão de pagamento do piso no orçamento de 2013. As autoridades educacionais estaduais anunciaram que irão recorrer da decisão e, para tentar evitar a greve, apresentaram aos docentes um cronograma de
reajustes, em que o salário básico continua abaixo do valor nacional. A proposta foi rejeitada. 

Além disso, Tarso Genro criticou os critérios usados pelo ministro Mercadante para reajustar o piso do professorado. Segundo o governador, o máximo que o ministro da Educação poderia ter feito era autorizar o repasse da inflação. Ao conceder aumento real, ele teria interferido indevidamente no orçamento dos Estados. "Piso é um valor constante, atualizável pela inflação. Para que não haja nenhuma dúvida, o piso é uma grande conquista, pela qual me empenhei muito como ministro da Educação. A opinião de Mercadante é totalmente furada, do ponto de vista jurídico, e não tem respaldo na realidade jurídica do País nem nas relações federativas", disse Genro. Ele também afirmou que os aumentos reais do piso devem ser decididos apenas por negociações coletivas, e não concedidos por simples portarias ministeriais. "Permitir que portarias substituam negociações é destruir o pacto federativo. A menos, é lógico, que a União ponha dinheiro na mesa para bancar aumentos acima das possibilidades e capacidades dos Estados." O piso nacional foi uma iniciativa importante para valorizar o magistério público, mas acabou sendo implementado de forma açodada para favorecer eleitoralmente o PT.


> Folha de São Paulo, 13/03/2012 - São Paulo SP
O impacto do estágio
Estagiários não são 'escraviários': 64% acabam efetivados; o alto desemprego entre jovens e a bolsa-auxílio fazem do estágio uma grande oportunidade
Ruy Martins Altenfelder Silva
O jovem Edmilson Guimarães Nascimento conseguiu realizar um sonho que ninguém de sua família havia atingido. Venceu o vestibular para a Universidade Federal do Maranhão, localizada na cidade de Imperatriz, a 12 quilômetros do município de João Lisboa, onde vivia. Com a ajuda dos avós -que já sustentavam sua mãe e seus três irmãos com um pequeno roçado-, tinha o dinheiro do ônibus. Precisava ainda cobrir parte da distância de bicicleta e mais um quilômetro a pé, tanto na ida quanto na volta da faculdade. Assim mesmo, até o quarto semestre, ele conta que capinava terrenos para completar o custo do transporte. Chegou a pensar em desistir de tudo para trabalhar em uma fazenda no Mato Grosso. Sua história mudou quando foi aprovado para um estágio em uma empresa em Imperatriz, recebendo a bolsa-auxílio obrigatória, que até ajudou no orçamento familiar. Em um ano, assumiu as tarefas de um superior que mudou de emprego, foi efetivado como celetista e saiu para abrir o seu próprio negócio, um escritório de contabilidade em sociedade com um colega que conheceu no estágio.

Hoje, casado e com três filhos, planeja trazer sua mãe para morar em Imperatriz. Qual o crédito do estágio nesse case de sucesso? "Afinal, 70% de tudo que aprendi na minha profissão foi como
estagiário." A história de Edmilson, disponível emwww.ciee.org.br, não é a única que comprova o valor do estágio como uma eficaz modalidade de qualificação de futuros profissionais, ao completar o aprendizado teórico com a indispensável experiência prática exigida pelo mercado de trabalho. Histórias similares se multiplicam aos milhares há quase meio século. Uma pesquisa do instituto TNS InterScience comprova o peso do estágio no acesso a um primeiro emprego formal: 64% dos estudantes são efetivados ao final do primeiro ou segundo período de estágio.

Esse número ganha mais expressão ainda se comparado à taxa de desemprego jovem levantada pelo IBGE: enquanto a média nacional de desemprego beira os 6%, o índice chega a 12,6% na faixa etária dos 20 aos 24 anos -e é ainda maior no segmento dos 15 aos 17 anos, com 22,9%. Assim, a análise dos benefícios do estágio para a formação de novos talentos não pode partir de uma visão apenas laboral, até porque um jovem inexperiente não poderia ser avaliado como um profissional formado. Tal análise deve levar em conta que o estágio é uma atividade pedagógica, reconhecida e disciplinada por lei, que define os direitos e os deveres do estagiário. E, nessa condição, tem efeitos pedagógicos (está alinhado ao
currículo escolar) e de desenvolvimento de habilidades pessoais e profissionais requeridas pelo mercado de trabalho, tais como disciplina, espírito de equipe, aprendizado contínuo etc.

Por tudo isso, constitui uma fonte de recrutamento muito utilizada por empresas de todos os portes e segmentos. Pois, como diz José Pastore, reconhecido especialista em relações de trabalho: "As organizações observam bem esse futuro profissional, analisam seu talento e sua competência, investindo, na medida do possível, em seu treinamento para acabar integrando essa pessoa no quadro definitivo. Esse é o indicador muito forte da eficiência do estágio." Um detalhe que desmente a ideia do chamado "escraviário": a média da bolsa-auxílio concedida a estagiários de nível superior no Maranhão é de R$ 494, enquanto a renda per capita em João Lisboa, onde Edmilson capinava terrenos para pagar o transporte até a faculdade, é de R$ 346 -números que falam por si sobre o impacto social do estágio nas condições de vida de estudantes, em especial os que vivem em regiões de menor renda. RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA, 72, é presidente do conselho de administração do CIEE-SP (Centro de Integração Empresa-Escola) e do conselho diretor do CIEE Nacional


> Folha de São Paulo, 13/03/2012 - São Paulo SP
Piso para professores
Editorial
Levantamento feito por esta Folha no final de 2011 indicava que 17 Estados não obedeciam às determinações da lei, sancionada há quase quatro anos, que estipula piso salarial para professores. Onze unidades da Federação, segundo reportagem publicada na semana passada, não têm nem sequer uma previsão de quando ou como poderão pagar o valor do piso, pouco mais de dois mínimos. A legislação chegou a ser contestada no Supremo Tribunal Federal, que confirmou sua constitucionalidade no ano passado. Novas pressões por mudanças no diploma surgem agora, em decorrência do reajuste -de 22%- determinado pelo governo federal para os vencimentos dos professores.

Essa elevação do piso do magistério, de R$ 1.187 para R$
1.451, representa um impacto orçamentário que de fato não é desprezível. Para evitar imprevistos desse tipo, Estados e municípios defendem a aprovação de um projeto de lei, em análise no Congresso, que estabelece a correção do valor pela inflação anual, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Tal dispositivo impediria, com efeito, saltos de remuneração difíceis de serem acomodados pelas previsões orçamentárias. Mas representaria um golpe no espírito da lei, que se propõe justamente a garantir remunerações crescentes aos professores, como contrapartida por sua maior qualificação.

Ainda que avanços nessa área não dependam unicamente do nível de renda do magistério, baixos salários
afastam da carreira os melhores quadros e são um desestímulo para o aperfeiçoamento profissional. É importante, portanto, que todos se adaptem ao piso. O Ministério Público tem atuado, nos diversos Estados, para garantir o cumprimento da lei. Como as restrições orçamentárias em muitos casos são reais, seria razoável que se buscassem acordos, por meio de termos de ajuste de conduta, em que os Estados se comprometessem a cumprir, em prazo determinado, o que manda a lei. É de esperar que as unidades recalcitrantes -beneficiadas pela inexistência de punição para a desobediência- se disponham a providenciar os ajustes necessários, fazendo da valorização do professor mais do que uma simples prioridade retórica.


> Folha de São Paulo, 13/03/2012 - São Paulo SP
Creche de marmanjo
Cheias de atividades, escolas se tornaram depósitos de filhos usados por pais ocupados demais
Rosely Sayão
Se há um tipo de estabelecimento que cresce nas cidades é o depósito. Há depósitos para aquilo que não queremos mais por perto, que não usamos mais. Poderiam ser chamados de depósitos de lixo, mas nem sempre é lixo o que eles guardam. O mundo do consumo fez crescer vertiginosamente o descarte: descartamos o aparelho de telefone celular quase novo porque saiu um outro com novíssimas funções. Descartamos o computador recente e em pleno funcionamento porque saiu um modelo menor e mais leve; descartamos o sofá da sala que já tem o nosso cheiro e se adaptou ao formato de nosso corpo porque a linha em uso agora é de outro estilo; e o aparelho de TV porque já está ultrapassado etc. Queremos descartar para poder consumir mais. E isso transformou-se em um problema, já que o que não usamos mais atrapalha nossa vida, dá uma aparência a ela que rejeitamos, recusamos. Há um outro tipo de estabelecimento que também cresce nas cidades, não tanto em quantidade, e sim na ampliação dos serviços que oferece: a escola. Até poucos anos atrás, a escola era o lugar para onde os mais novos eram encaminhados com o objetivode estudar e/ou aprender a conviver com outros. Hoje, a escola transformou-se em um local que serve para muitas outras coisas.

Ela serve, por exemplo, para abrigar crianças (falo de crianças integrantes de famílias de classe média para cima) cujos pais trabalham tanto que não podem ir buscar seus filhos no horário que as aulas terminam. Dessa maneira, a escola permanece aberta até altas horas, até que os pais sejam liberados de seus afazeres e possam ir buscar seus rebentos. Há também as escolas que tentam satisfazer necessidades das famílias de seus alunos: montam pequenas lojas de conveniência e até academias de ginástica para que os pais aproveitem e já façam por lá mesmo o que querem e precisam enquanto os filhos ficam por lá, seguros. Ah! E não podemos esquecer dos restaurantes escolares: para que os pais possam ter a oportunidade de fazer as refeições com seus filhos, por que não oferecer lá mesmo, dentro da escola, um local adequado para tanto? E o que dizer da indústria das chamadas "atividades extracurriculares"? Elas servem mesmo é para que os mais novos
tenham mais o que fazer no espaço escolar. Pois agora surgiu uma nova moda: o ensino médio em tempo integral. Os adolescentes podem passar o dia todo na escola, pagando mais caro por isso, é lógico.

Além do período das aulas regulares, eles têm todo o outro período para dormir, descansar, fazer seus deveres "de casa", realizar projetos diferenciados, fazer as refeições do dia etc. E etc. E tudo com a supervisão direta de professores, tutores, orientadores, coordenadores de projetos. A vida deles vai se resumir à escola. Quando vão namorar? Quando vão ficar horas no ócio, trancados no quarto, só tentando entender seu novo corpo, esse mundo, seus pensamentos? Como disse um desses jovens, ele não queria frequentar o que ele chama -de modo brilhante- de "creche de marmanjo". Ele quer ter o direito de ter a sua própria vida, mas o problema é que seus pais acharam isso uma excelente ideia. E ele já está frequentando a tal creche. A escola privada está cada vez mais parecida com os depósitos de nossos descartes, não é verdade?

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