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sexta-feira, 16 de março de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, SEXTA 09 DE MARÇO DE 2012



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  • Os desafios do ensino de Inglês no Brasil > Folha Dirigida - Rio de Janeiro RJ
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Editoriais, artigos e opiniões
  • Menos marketing, mais qualidade > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
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Matérias
> Estado de Minas, 09/03/2012 - Belo Horizonte MG
MPF denuncia cinco por vazamento no Enem
Por enquanto, os envolvidos são dois representantes do Inep, uma da Fundação Cesgranrio e dois funcionários do Colégio Christus, do Ceará. Outras pessoas estão sendo investigadas
Rio de Janeiro – O Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE) apresentou ontem denúncia à Justiça contra cinco pessoas pelo envolvimento no vazamento de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no ano passado. Dois são representantes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), uma representante da Fundação Cesgranrio e dois funcionários do Colégio Christus. A participação de outras pessoas no crime não está descartada. Por isso, o MPF pediu que o Inep entregue todo o material usado no pré-teste. Segundo o Ministério Público, as representantes do Inep cometeram crime de falsidade ideológica, ao negarem a chance de se obter os cadernos do pré-teste. A procuradora responsávelpelo processo criminal, Maria Candelária di Ciero, escreveu que ambas fizeram isso “com o objetivo de acobertar a extensão do vazamento da prova”. Já o representante da Cesgranrio cometeu crime ao entregar aos coordenadores do colégio, sem autorização legal, os cadernos do pré-teste, um crime previsto no artigo 325 do Código Penal. Já o professor e a coordenadora do Colégio Christus serão processados por utilização e divulgação indevida do material sigiloso.

“A conclusão a que o MPF chegou é que o vazamento somente ocorreu e provavelmente ocorrerá pela vulnerabilidade do sistema no seu aspecto de deficiência da composição do Banco Nacional de
Itens (BNI) que viola totalmente a metodologia que regulamenta a aplicação correta e segura do Enem”, explica a procuradora da República Maria Candelária de Di Ciero. ALUNOS Em outubro, alunos do colégio Christus confirmaram ter recebido um material que continha questões idênticas ou parecidas com as que haviam caído no Enem. Segundo a escola, as questões fariam parte de um banco de perguntas que o colégio recebe de professores, alunos e ex-alunos para promover simulados. O MEC constatou que a escola distribuiu os cadernos nas semanas anteriores ao exame, com questões iguais e uma similar às que caíram nas provas realizadas no Enem e cancelou as provas feitas pelos 639 alunos do colégio.

> O Estado de São Paulo, 08/03/2012 - São Paulo SP
'Sinto-me doída', diz ex-funcionária da Cesgranrio denunciada no vazamento do Enem
Professora foi contratada pelo consórcio para coordenar aplicação de pré-teste em Fortaleza
Carlos Lordelo e Cedê Silva, do Estadão.edu
SÃO PAULO - O procurador da República Oscar Costa Filho diz que itens do pré-teste do Enem 2011 podem ter vazado em outras escolas de Fortaleza, além do Christus. Segundo ele, só na capital cearense, 30 colégios foram locais de pré-teste e os coordenadores das unidades tiveram acesso aos cadernos de questões. Nesta quinta-feira, o Ministério Público Federal ofereceu denúncias contra cinco pessoas no caso do vazamento de perguntas do último exame.“Houve uma reunião no Colégio Santo Inácio, a convite da Cesgranrio, para que os cadernos fossem entregues aos coordenadores”, afirma o procurador. A responsável pela aplicação do pré-teste em Fortaleza nega. A professora aposentada Evelina Seara, de 71 anos, acusada de violação de sigilo funcional pelo MPF, diz que apenas entregou aos coordenadores, nos dias seguintes à reunião no Santo Inácio, malotes lacrados contendo os cadernos de itens. A investigação da Procuradoria revelou detalhes do funcionamento do pré-teste que nãoforam esclarecidos pelo Ministério da Educação à época do vazamento, revelado pelo Estadão.edu em 26 de outubro. Não se sabia, por exemplo, que o pré-teste foi aplicado em mais de um dia e em mais de um colégio da mesma cidade.

Além de Evelina, o MPF denunciou à Justiça outras quatro pessoas: um professor e uma funcionária do Christus, pela utilização e divulgação indevida de material sigiloso, e duas servidoras do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), por falsidade ideológica. Segundo Costa Filho, as servidoras do Inep foram denunciadas por negar ao MPF e à Polícia Federal a possibilidade de se obter todos os cadernos do pré-teste. O MEC informou hoje, por meio de nota, que só iria se pronunciar “pelos canais jurídicos regulares”. Ainda no ano passado, o Estadão.edu pediu à pasta a lista dos colégios que foram locais de aplicação do pré-teste em 2010, mas não obteve retorno.
Banco de questões - Segundo a denúncia do MPF, o vazamento ocorreu porque o banco de questões do Enem é pequeno. “A divulgação pelo Inep/MEC de uma suposta composição de 6 mil itens não se sustenta à luz das investigações e das causas que desencadearam o vazamento”, diz o texto. Para o procurador Oscar Costa Filho, “se existissem 6 mil questões, a probabilidade de repetir no Enem o que caiu no pré-teste seria mínima”. “O que aconteceu mostra que o banco está esvaziado. E, se está esvaziado, não dá para fazer o Enem.” Alunos do Christus receberam poucos dias antes do Enem 2011 um simulado com várias questões idênticas às que caíram no exame. O vazamento veio à tona três dias depois das provas e resultou, após intensa guerra judicial, no cancelamento de 14 testes para os estudantes do 3.º ano e do cursinho do Christus. / COLABOROU CARMEN POMPEU, DE FORTALEZA


> Folha de São Paulo, 09/03/2012 - São Paulo SP
É difícil para setor privado cumprir Lei do Aprendiz
Norma exige cota de ao menos 5% por função a jovens em grande empresa. Um problema é falta de qualificação do jovem; função perigosa, como em indústria química, pode expor a risco
MAELI PRADO DE BRASÍLIA / CAROLINA MATOS DE SÃO PAULO
A legislação sobre jovens aprendizes, que prevê que ao menos 5% dos contratados por empregadores de maior porte sejam estudantes de cursos profissionalizantes entre 14 e 24 anos, tornou-se uma dor de cabeça para empresas de alguns segmentos. Isso porque, especialmente nos casos em que o trabalho a ser exercido é considerado insalubre, perigoso ou quando só pode ser realizado por maiores de idade, é difícil encontrar mão de obra que atenda aos requisitos da lei. Os casos que mais acabam na Justiça são os de transportadoras, cuja mão de obra é formada basicamente por motoristas, e de indústrias químicas, nas quais algumas funções são consideradas insalubres ou arriscadas. O argumento dos responsáveis por fiscalizar o cumprimento da lei, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho, é o de que um decreto de 2005, que estendeu a definição de jovem aprendiz para até 24 anos, facilitou o preenchimento das cotas. Antes, a faixa etária era de 14 anos a 18 anos. "Em geral, quem participa do programa está no primeiro emprego. É difícil achar alguém mais velho, de 23 ou 24 anos,nessa situação", diz o advogado especializadoem trabalho Otavio Pinto e Silva, do Siqueira Castro.

A adequação à lei muitas vezes termina nos tribunais, aponta Silva, em razão da dificuldade de definir o que é uma função que demande formação profissional. "Há modelos de cotas em outros países, mas nenhum tão incisivo quanto o brasileiro, em que o mínimo de 5% de aprendizes é estabelecido por função [e não sobre o número total de empregados]." Isso impede que as companhias distribuam as vagas nas atividades que julguem mais adequadas. As empresas também dizem que, em muitos casos, não há cursos profissionalizantes próximos aos seus endereços -condição importante, já que os aprendizes precisam estudar e trabalhar. "Uma coisa é encontrar aprendizes em São Paulo. Outra, no Norte", diz Theresa Cristina Carneiro, advogada especializada em trabalho do escritório Pinheiro Neto.

PUNIÇÕES - As punições à empresa que desrespeitar a lei podem ser dadas por meio de multas, do Ministério do Trabalho e Emprego, ou ações judiciais de indenização por danos morais
coletivos, feitas pelo Ministério Público do Trabalho. Nesse último caso, a Justiça é acionada quando o procedimento administrativo determinado pelo órgão não foi cumprido pela empresa. Na esfera judicial, uma decisão em 2ª instância de janeiro de 2012, do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, foi considerada bom sinal por advogados das empresas. Nela, a desembargadora Sueli Gil El-Rafihi recusa um pedido de pagamento de indenização por avaliar que o fato de a empresa ré ter contratado aprendizes em número inferior a 5% não configura danos morais coletivos.

LEI DO ESTÁGIO - À exigência da lei de jovens aprendizes soma-se a dos estágios, que determina que, a cada 10 estagiários que a empresa contratar, 1 precisa ter algum tipo de deficiência. Não é raro as empresas não encontrarem pessoal qualificado, já que esses 10% não podem englobar os que precisam ser contratados por outra lei, a do deficiente. Esta prevê de cotas de 2%, para empresas com entre 100 e 200 funcionários, a até 5%, para os empregadores cujo quadro supera mil empregados.


> Folha Dirigida, 06/03/2012 - Rio de Janeiro RJ
Os desafios do ensino de Inglês no Brasil
Thiago Lopes
As distâncias físicas continuam as mesmas. No entanto, o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação nos últimos anos vem aproximando cada vez mais nações distantes geograficamente. O fenômeno, conhecido como globalização, faz com que o mundo possa ser comparado com uma pequena aldeia, onde é todos sabem o que acontece pouco depois do ocorrido. No entanto, como existem diversos idiomas, para haver comunicação e aproximação, de fato, entre os povos, é necessária uma linguagem em comum. Atualmente, a língua tida como universal é a inglesa. Muito utilizado em negociações políticas e tratados comerciais entre países e empresas multinacionais, o Inglês deixou de ser um diferencial e tornou-se pré-requisito para as melhores vagas oferecidas no mercado de trabalho. No Brasil, soma-se à isso a realização de eventos de grandes proporções, como a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, a Copa do Mundo de futebol, em 2014, e os jogos olímpicos, em 2016, no Rio de Janeiro.

Pensando em desenvolver o ensino da língua inglesa no país, o British Council, uma organização internacional do Reino Unido, que tem como um de seus objetivos estabelecer a troca de experiências, inclusive na educação, entre seu país de origem e os mais de 100 onde atua, realizou, nos dias 1º e 2 de março, o I Fórum de Língua Inglesa como Política Pública. A intenção era reunir líderes governamentais, educadores e pessoas ligadas à área para discutirem projetos que viabilizem o acesso à língua por pessoas com diferentes tipos de rendimento. Segundo a organização, menos de 5% da população brasileira têm inglês fluente e a estimativa é que a procura pelo aprendizado do idioma cresça até 40% nos próximos quatro anos devido à proximidade dos eventos. Desafio: despertar no aluno o interesse por outros idiomas - Durante o encontro, foi lançado o programa de pesquisa English Next Brazil, desenvolvido pelo linguista e pesquisador britânico David Graddol. A pesquisa, realizada anteriormente na Índia, vai analisar fatores demográficos e tendências econômicas, apontando como podem influenciar políticas públicas para o ensino de língua inglesa. De acordo com o especialista, o mundo inteiro procura novidades na educação, e o Inglês faz parte disso. Para ele, a estratégia de encher a cabeça das crianças com competências e habilidades para a vida toda está desgastada. "Precisamos focar na autonomia do aprendizado ao longo da vida e desenvolver a fluência linguística. Atualmente, o ensino do Inglês é bastante dependente do professor. Acredito na necessidade de incentivar a autonomia e o interesse do aluno em aprender", afirmou.

David Graddol disse que o idioma tem sido parte central de reformas educacionais em vários países, desde o início da década de 90. Para tornar o aprendizado mais eficaz, o especialista acredita em três pilares fundamentais: o treinamento dos professores, a motivação dos alunos e o que acontece fora da escola. "É impossível querer que tudo aconteça somente 
dentro de sala. É preciso dar exposição e familiaridade com a língua", disse. Com a proximidade dos grandes eventos, que têm repercussão mundial, e a necessidade em aprimorar o Inglês dos brasileiros, surge um questionamento importante: existe tempo hábil para uma melhora rápida? De acordo com Jim Scarth, diretor da British Council no Brasil, os resultados mais efetivos só começam a aparecer entre 10 e 20 anos, depois de duas ou três gerações. Porém, é possível ensinar o idioma de maneira específica, voltado para facilitar a recepção dos turistas. "Podemos treinar, por exemplo, policiais, taxistas e atendentes nos estádios. Eles não precisam ter um Inglês perfeito. Um vocabulário restrito, para atender algumas necessidades, já é o suficiente. Só precisamos pensar qual é o foco, centralizar em conversas curtas e objetivas, para que as pessoas sejam capazes de dar informações básicas aos visitantes", destacou o especialista, afirmando que cursos de um ou dois anos podem apresentar resultados práticos, mas não são suficientes para que o nível da população seja considerado bom. "Ainda há muito para ser feito. Porém, o mais importante é desenvolver o ensino da língua nas escolas públicas. As particulares são boas, mas são apenas para as classes mais privilegiadas", completou.

O que é preciso fazer para ampliar o acesso à língua inglesa? - "Em primeiro lugar, precisamos ter a consciência de que estamos vivendo em um mundo globalizado. Dentro disso, o Brasil se destaca como grande potência econômica e, por isso, em suas relações comerciais e políticas, necessita do Inglês, que é a língua da globalização. Necessitamos de políticas públicas voltadas para o ensino do idioma para o povo brasileiro, dando ênfase, principalmente, na oralidade. O trabalho precisa começar nas escolas. Apesar de ainda não termos muitas políticas para isso, já há indicadores sobre essa necessidade." Francisco Prim, coordenador pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia

"Acho que a língua inglesa tem uma importância muito grande em dois sentidos básicos. O primeiro é em relação ao nível do indivíduo, de formação pessoal, já que expande os horizontes culturais, educacionais e humanos. Além disso, sob o ponto de vista do país, é fundamental no desenvolvimento das áreas de ciências tecnológicas. Isso é primordial para a inserção definitiva do Brasil no mundo das competições econômicas e políticas tão acirradas como é atualmente." Marcelo Embiruçu, pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal da Bahia. "Para você se comunicar com o mundo e ter acesso a determinadas informações que circulam internacionalmente, é necessário ter conhecimento sobre a língua inglesa. Entretanto, é importantíssimo que isso não fique limitado apenas às elites. Precisamos estabelecer políticas públicas para que todos, inclusive as classes sociais menos favorecidas, aprendam, ao contrário do que acontece historicamente, ficando restrita a
pequenas parcelas da população. Nosso maior desafio é proporcionar o aprendizado do Inglês de maneira democrática." Sávio Siqueira, professor da Universidade Federal da Bahia

"O Inglês abre a possibilidade de ascensão social e desenvolvimento acadêmico, especialmente em um país como o nosso, que está crescendo e adquirindo um papel cada vez mais importante no cenário mundial. Por isso, acho importante que as pessoas tenham a oportunidade de aprender o idioma e serem incluídas nesse processo, independente de sua classe social. Um país com uma boa parcela de falantes da língua inglesa, em última análise, é capaz de obter maior desenvolvimento, pois possibilita uma comunicação mais fluente no mundo, impulsionando negociações mais eficientes e menores custos em determinadas iniciativas." Sérgio Silva, presidente da Associação Brasileira de Culturas Inglesas. Rio é uma das poucas redes que têm política para o Inglês - Apesar da demanda e das perspectivas de que o conhecimento da Língua Inglesa será cada vez mais necessário no curto e médio prazo, são poucas as secretarias de Educação que têm projetos estruturados para ensino da disciplina. Nas redes municipais, que se ocupam do ensino fundamental, onde a língua estrangeira não é disciplina obrigatória, ações nessa linha são ainda mais raras. Um dos exemplos que seguem na linha contrária a esse quadro é a cidade do Rio que, motivada pela demanda decorrente dos Jogos Olímpicos de 2016, já deu o pontapé inicial para tentar desenvolver a fala da língua inglesa em suas crianças. Desde 2010, o município realiza, através da Secretaria Municipal de Educação (SME), o programa Rio Criança Global, que consiste em introduzir o ensino do idioma desde o 1º ano do ensino fundamental. Desde o início do projeto, os alunos do 1º ao 4º e 6º anos têm dois tempos semanais de Inglês, com ênfase na conversação. Em 2012, os estudantes do 5º e 7º anos também foram inseridos, totalizando 400 mil alunos beneficiados. A partir de 2013, os jovens do 8º ano serão atendidos e, em 2014, será a vez do 9º ano.

"Não podemos exigir que, apenas com isso, eles sejam fluentes na língua, mas dá um empurrão em direção ao aprendizado e constrói um caminho para que, no futuro, possamos ampliar a produção deles no Inglês", comentou a secretária Claudia Costin, durante o Fórum. A ideia, segundo a secretária, é possibilitar que as crianças possam ser anfitriãs dos jogos, se comuniquem em outro idioma e aumentem sua empregabilidade. De acordo com ela, todos precisam ter acesso ao idioma, ampliando o que chamou de cidadania global. "Estamos tentando colocar o Inglês como política pública. A dificuldade é grande, mas o entusiasmo também. Vivemos uma reforma educacional no Rio e o Inglês não é algo a mais, é parte integrante", disse, lembrando que os jovens que estudam em instituições de elite têm acesso ao Inglês desde a infância.


> Portal G1, 08/03/2012
Ministro defende novo piso para atrair jovens para a carreira de professor
Mercadante participou de abertura de conselho de secretários de educação. Piso salarial foi reajusto em 22,22%; há greve em Goiás e no Distrito Federal
Do G1, em São Paulo
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta quinta-feira (8) na abertura da reunião ordinária do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), em Natal, que o cumprimento do novo piso salarial dos professores influencia na formação de novos profissionais. "Se não recuperarmos o valor do piso dos professores não teremos como atrair os jovens para a carreira. E todos sabemos que somos carentes de professores em todas as etapas da educação", disse. O Ministério da Educação divulgou em 27 de fevereiro que o piso salarial nacional dos professores foi reajustado em 22,22% e seu valor passou a ser de R$ 1.451,00 como remuneração mínima do professor de nível médio e jornada de 40 horas semanais. A decisão éretroativa para 1º de janeiro deste ano. Em Goiás e no Distrito Federal há movimentos de greve da categoria porque o piso não está sendo pago. Durante o evento em Natal Mercadante lembrou que alguns secretários e a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Carlini, eram parlamentares quando o piso e a forma do seu reajuste (proporcional ao custo aluno do Fundeb) foram aprovados no Congresso Nacional, em 2008. "Nós votamos na lei e não houve objeção. Ao contrário, houve um grande consenso."

O ministro ressaltou ainda que o dispositivo da lei que assegura um terço da jornada dos professores fora da sala aula também deve ser cumprido e lembrou que o Supremo Tribunal Federal votou pela
constitucionalidade da lei ao examinar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta por cinco governadores. "Mas é preciso discutir essa questão dentro de um processo pedagógico. A hora atividade é para melhorar a educação, a aprendizagem e para o professor avaliar seus alunos, preparar as aulas, dedicar-se à sua formação", afirmou. Mercadante concluiu sua intervenção fazendo um apelo aos secretários estaduais para que mobilizem suas bancadas parlamentares para aprovar com urgência o Plano Nacional de Educação para o período 2011-2020. "É fundamental aprová-lo este ano. Não podemos nos dar por satisfeitos. Precisamos aumentar os recursos para a educação", disse.


Editoriais, artigos e opiniões
> O Estado de São Paulo, 08/03/2012 - São Paulo SP
Menos marketing, mais qualidade
JOSÉ SERRA, EX-GOVERNADOR, EX-PREFEITO, DE SÃO PAULO
Ao fim de nove anos de governo do PT, a política educacional brasileira resultou numa verdadeira sopa de pedras. Não tem consistência e as iniciativas desconexas se vão sucedendo - pedras jogadas na panela aquecida por vultosos recursos públicos produzindo pouca substância. Os Estados e os municípios cuidam da pré-escola, do ensino fundamental e médio. Mas a esfera federal detém capacidade legislativa e normativa, além de recursos em grande escala, para atuar no setor. No ensino superior público, o grande agente é o Ministério da Educação (MEC), com a exceção de uns poucos Estados que têm grandes universidades. O mais recente exemplo dessa inconsistência é o Plano Nacional de Educação 2011-2020, resumido no Senado pelo novo titular da Educação, Aloizio Mercadante. A superficialidade e a confusão das falas do ministro afligem aqueles que consideram a educação o principal desafio brasileiro neste século. Nem no plano nem nas falas há nenhuma pista para enfrentar o fato de que o ensino superior público no Brasil, na era petista, foi além da estagnação. Acredite se quiser: em 2010 formou menos 24 mil estudantes do que em 2004, segundo estimativa de Carlos Brito, da Fapesp, destoando da fase de forte expansão no governo Fernando Henrique Cardoso e do ministro Paulo Renato.

No momento, a pedra mais vistosa atirada na sopa são os tablets, a serem distribuídos de graça. Ninguém responsável pode rejeitar a chegada das modernas tecnologias às salas de aula. Mas não passa de mistificação barata - ou muito cara, a depender de como se faça - essa história de que a educação só melhora se cada aluno e cada professor tiverem nas mãos um iPad, como promete o ministro. Rejeitar a adoção de modernas tecnologias seria o mesmo que combater a luz elétrica e a água encanada. Mas um professor mal preparado o será em qualquer circunstância. Um aluno que mal sabe escrever e multiplicar não será redimido por um tablet. A distribuição de material eletrônico sem bons guias curriculares e programas de
formação e qualificação dos professores é dessas firulas atrás de manchetes. O governo Lula fez isso em 2005 com laptops - "Um Computador por Aluno", lembram? O fracasso foi retumbante.

Como noticiou este jornal, 3,8 milhões de crianças e jovens não estão na escola; na faixa dos 15 aos 17 anos, nos oito anos de FHC e Paulo Renato, o porcentual fora da escola caiu de 33% para 18%. Depois disso a inclusão se desacelerou e 14% ainda não frequentam nenhuma instituição de ensino. Acredite se quiser: em 2010 houve menos concluintes do ensino médio do que em 2003, com um decréscimo anual de 0,5% ao ano. Com ou sem tablets - eles são uma ferramenta, não uma política pública em si -, o governo federal deveria empenhar-se em pôr na escola essa imensa fatia da juventude e elevar o padrão de ensino, em especial expandindo o ensino profissionalizante. Não é o que se vê. Tome-se o Pronatec, programa copiado do Protec, proposta nossa durante a campanha de 2010, tão combatida pelos petistas. Além do atraso para dar início ao programa, foram excluídas as bolsas em escolas técnicas particulares, precisamente as que atendem jovens mais pobres. Isso exclui cerca de 50% dos alunos dessas escolas.

Em São Paulo, em 11 anos, foram criadas 104 escolas técnicas de nível médio, abrindo 150 mil vagas adicionais. É preciso pensar mais no estudante e menos nas manchetes, mais em dar uma resposta aos problemas reais dos alunos e de suas famílias e menos em soluções marcadas pela publicidade e pelo açodamento. A improvisação é tanta que a capacitação técnica de professores e o método pedagógico que deveriam orientar a utilização dos milhões de tablets prometidos só estão previstos para depois da chegada dos aparelhos!

Outra pedra atirada na sopa da educação petista foi a tentativa de transformar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) numa prova de
acesso à universidade. Sob o pretexto de pôr fim ao vestibular nas universidades federais, criou-se o maior vestibular do mundo ocidental. Assistiu-se a um festival de trapalhadas, injustiças, arbitrariedade, subjetivismo e falta de critério na correção das provas. No fim, o aluno nem sabe direito por que tirou essa ou aquela nota. Pior: as críticas corretas e sensatas foram consideradas tentativas de sabotagem. A incompetência flerta frequentemente com o autoritarismo. Ao abordar as dificuldades do Enem como "vestibulão", o novo ministro produziu mais uma pérola, dizendo que os problemas decorrem do fato de o Brasil ser muito grande, e alegou que isso não é culpa do MEC. Será que o PT vai esperar que o País encolha para começar a governá-lo com competência? Ou, quem sabe, seus ministros possam candidatar-se ao cargo de gestor na Escandinávia, cujos países são bem menores que o Brasil e solicitam menos dos homens públicos, pois muitas das condições que ainda infelicitam o nosso povo já estão resolvidas por lá. É sempre bom lembrar que o Brasil, afinal de contas, já tinha esse tamanho antes de o PT chegar ao poder.

Em 2009, 65 nações participaram do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que verifica o conhecimento de estudantes de 15 anos em Matemática, leitura e Ciências. O resultado é vexaminoso: o Brasil obteve o 54.º lugar, junto com Panamá e Azerbaijão, atrás de países como Bulgária, Romênia, México, Chile e Uruguai. O que nos falta? Tablets? Sem uma política pública consequente de valorização e qualificação do professor eles são inúteis. Servem à propaganda, não aos estudantes; servem à demagogia, não à elevação das sofríveis condições de ensino no País. É possível, sim, mudar essa realidade, desde que se façam as escolhas certas. As autoridades nacionais da área educacional precisam perseguir menos a publicidade e mais a qualidade. Se o fizerem, as notícias fatalmente os alcançarão.


> Portal Aprendiz, 08/03/2012
Escola deveria ser garagem
Alexandre Sayad
Pensar em modelos de educação que inovem ironicamente não é uma novidade. A morte do currículo foi decretada cinicamente algumas vezes – o paradigma de não seccionar o conhecimento em áreas de conhecimento chega a ser um discurso cansativo, proferido por quem acredita em uma “educação contemporânea”. O fato é que o mundo da educação padece por ser formado em sua maioria por pensadores, e não executores. Mudar um sistema de ensino é muito complexo; realizar experiências pontuais – construir escolas ideais - que sirvam de exemplo e instiguem mudanças maiores, não tanto. Mesmo assim educadores preferem elaborar teorias a realizar experiências e correr riscos.

Há alguns dias fui provocado por dois jovens e inteligentes documentaristas, Antonio Lovato e Raul Perez, a dar um depoimento sobre “a escola que considero ideal”. Nunca havia pensado de forma totalmente onírica e livre sobre esse tema, então coloquei minha mente para rodar antes da câmera ser ligada. Viajei muito no Brasil e no mundo para conhecer escolas; ouvi outras tantas de amigos. Nesse meu fluxo de pensamento interno me lembrei dos laboratórios do MIT (Massachusetts Institute of Technology), do
Schumacher College, da Escola da Ponte, da Cidade Escola Aprendiz, de uma escola dinamarquesa relatada pelo Rubem Alves, em que estudantes aprendiam a construir uma casa e também da Oregon Episcopal School, a OPS, que me encantou. Todos os exemplos têm elementos em comum: ignoram o currículo, pois trabalham por projetos – teoria que data dos anos 40. E todas são idealizadas e coordenadas por educadores fora dessa cátedra.

Antes de dar a reposta cara a cara com os dois cineastas, pensei, muito centralmente, nas minhas experiências com jovens produzindo comunicação – como o Idade Mídia, do Colégio Bandeirantes. Vivências em que os estudantes se apropriam do espaço escolar e aprendem muito mais assim: quando sua expressão surge no universo do aprendizado; e quando são estimulados a acreditar na sua capacidade de realização de um projeto – no caso uma revista ou um documentário. Mas quando comecei a falar, quis dar um passo atrás do meu sonho de escola educomunicativa para ser mais desamarrado de conceitos, e procurei achar pontos em comum a todas elas. E percebi: são experiências de e para “garagens”. Me lembrei daquelas garagens de casas antigas, onde se acumulam
bugigangas, mas há sempre uma mesa para se sentar e organizar as ideias. Portanto, cheguei a conclusão que minha escola ideal assemelha-se a uma garagem. Dessas mesmo onde as crianças têm a tentação de montar robôs com peças velhas.

Lá, o foco está na criação e inovação do estudante. O professor é um tutor que circula entre os objetos, orienta as criações e aprende muito também. Um tablet conectado à internet seria o material básico. Os produtos lá desenvolvidos trariam um pouco de cada disciplina. Quando terminei a entrevista, tive a estranha sensação de ter vivido essa atmosfera de garagem, na maioria das vezes, em ambientes educomunicativos. Fui induzido a pensar na comunicação novamente. Muito porque ela está no DNA do estudante antes mesmo da escolarização chegar. Este é seu ponto mais forte – joga a favor do estudante. A garagem tem um apelo tão forte para a educação que, se nenhum projeto for capaz de brotar daquele ambiente, ainda é possível vender limonada (como fazem os norte-americanos) ou montar uma banda de rock (como faz qualquer jovem). O que, em ultima instância, são também projetos.

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