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quinta-feira, 8 de março de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, QUINTA 01 DE MARÇO DE 2012




Matérias de Hoje
  • Senadores cobram ousadia do governo em matéria de Educação > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Enem exige 'desafio logístico', diz Mercadante > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Haddad defende Enem: anula-se 2 mil provas ao ano nos EUA > Terra Educação
  • Reabertura de vagas de Medicina causa polêmica > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Mercadante analisará restabelecimento de vagas > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • MEC vai incluir ciências na Prova Brasil, informa ministro > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Esquerda? Soy contra > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Um em cada sete universitários estuda a distância no Brasil > UOL Educação
  • Prouni: candidato tem até sexta-feira para conferir convocação > Terra Educação



Editoriais, artigos e opiniões
  • Professores reprovados > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Vinculação do piso dos professores à inflação é incabível > IG Educação



Matérias
> Correio Braziliense, 29/02/2012 - Brasília DF
Senadores cobram ousadia do governo em matéria de Educação
Agência Senado
A definição do volume de recursos que o país destinará à educação, a necessidade de formação continuada dos professores e o novo piso nacional dos professores foram os principais temas tratados pelos senadores que participaram durante cinco horas, nesta quarta-feira (29) de audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), disse ver com preocupação a proposta de se destinar à educação o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que esta medida não teria ligação direta com a capacidade de arrecadação de impostos. Ele defendeu a criação de um plano básico de educação continuada para o magistério, com a adesão voluntária de estados e municípios. - Se apostamos apenas na melhoria salarial, teremos os mesmos professores e nenhum reflexo na qualidade de ensino. Temos que criar uma possibilidade concreta de melhoria da formação - afirmou Requião, que propôs ainda a realização pelo governo federal de concurso público para a elaboração de novos projetos arquitetônicos para escolas de educação básica. Da mesma forma, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) observou que o percentual sobre o PIB poderia ser substituído por um compromisso do governo de aumentar progressivamente os recursos para a educação, "na medida da necessidade".

Recursos do petróleo - Por sua vez, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) defendeu a destinação à educação do equivalente a, pelo menos, 70% da arrecadação de recursos com a exploração do petróleo da camada pré-sal. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) apresentou um argumento adicional à prioridade para a educação com os recursos do petróleo. Ao garantir que parte significativa dos rendimentos do Fundo Social do Pré-sal seja direcionada ao setor, lembrou, haverá recursos novos para a educação sem a criação de um novo imposto. O senador
Wellington Dias (PT-PI) lembrou que o projeto inicial de regulamentação dos royalties do petróleo do pré-sal incluía a destinação, por estados e municípios, de 40% para a educação. O "lado bom" da exclusão desse dispositivo, disse ele, é que cada município ou estado poderá dedicar ainda mais ao setor. O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) pediu que a maior parte dos recursos do pré-sal que venham a ser direcionados à educação beneficie o ensino fundamental.

Capacitação e inovação - O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) concordou que os recursos do pré-sal serão muito importantes para a educação, mas alertou para a necessidade de utilização criteriosa dos recursos públicos, como no programa Um Computador por Aluno. Segundo o senador, em alguns estados os alunos estão recebendo computadores sem que seus professores tenham sido capacitados para atendê-los. A senadora Ângela Portela (PT-PI) alertou para a necessidade de investimento na formação de pessoal qualificado para o atendimento de crianças de zero a três anos, nas creches que serão erguidas pelo governo feral até 2014. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a possibilidade de utilização dos telefones celulares como instrumentos auxiliares da educação, inclusive na alfabetização de adultos, segundo experiências que vêm sendo desenvolvidas no Brasil e no Paquistão. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que o país deveria "radicalizar o investimento em inovação e educação". Ele recordou sua experiência como prefeito de Nova Iguaçu (RJ), quando o "maior desejo" da população da cidade era o acesso à universidade.

Piso salarial - O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) considerou "mais do que justo" o novo piso salarial nacional dos professores, estabelecido em R$ 1.451. Ele alertou, porém, que alguns estados e municípios terão dificuldades para
pagar os novos salários. Por sua vez, a senadora Ana Amélia (PP-RS) demonstrou preocupação com informação da Confederação Brasileira de Municípios, segundo a qual apenas 30% dos municípios poderiam pagar o novo piso salarial do magistério.

Desiguladade regional - O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) ressaltou a desigualdade regional na educação. Enquanto no Paraná apenas 4,9% das crianças de oito anos não são alfabetizadas, comparou, no Amapá são 23%. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) chamou atenção para as dificuldades encontradas por estudantes do Nordeste no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Segundo o senador, estudantes de estados mais ricos que não obtiveram vagas em universidades de seus próprios estados acabam conseguindo se matricular em universidades de estados como a Paraíba. Por sua vez, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) informou que quase 180 escolas foram fechadas neste ano na Paraíba e pediu que decisões como esta só sejam tomadas "com a participação da sociedade".

Tempo integral - Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu a construção de escolas federais de tempo integral em pelo menos cem cidades brasileiras, como estímulo à criação de novas escolas com as mesmas características em outras cidades. - Se a gente fizer a revolução em algumas cidades, ninguém para mais. O [ex-governador Leonel] Brizola fez os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) por unidades escolares. Agora poderíamos ter os Cieps da Dilma, por unidade municipal - sugeriu. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) pediu que o Ministério da Educação leve em consideração a diferença entre as cidades e o campo na definição do que seja uma escola em tempo integral. Ela ponderou que seis horas seriam suficientes para isto no campo, uma vez que as crianças enfrentam longas jornadas em "estradas poeirentas" para chegar a suas escolas.

> O Estado de São Paulo, 29/02/2012 - São Paulo SP
Enem exige 'desafio logístico', diz Mercadante
Segundo ministro, MEC está trabalhando para aumentar banco de questões
Ricardo Brito - Agência Estado
BRASÍLIA - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, saiu em defesa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), programa que é alvo de críticas por causa das irregularidades ocorridas nos últimos anos. "O MEC não tem culpa de o Brasil ser tão grande e tão diverso", disse Mercadante, durante audiência na Comissão de Educação e Cultura do Senado nesta quarta-feira. Mercadante afirmou que, para tocar o programa, é necessário um "desafio logístico". O ministro citou que, para realizar a prova para os 5,4 milhões inscritos de 2011, foram necessárias 400 mil pessoas trabalhando e a utilização de 140 mil salas de aula. Tudo isso tem que ser feito, frisou ele, "em absoluto sigilo". O ministro destacou que o programa tem dado a oportunidade de estudantes pobres estudarem em universidades de ponta. Ele disse que, no momento, o ministério está trabalhando em conjunto com 24 universidades em tempo real para aumentar o acervo do seu banco de questões. Na edição do ano passado, o ministério teve que cancelar as provas de alunos de uma escola em Fortaleza (CE) depois de eles terem tido acesso a questões do exame. O aumento do acervo é uma medida que poderia evitar futuras fraudes. "Quanto mais questões tivermos, maior será a segurança", disse.

> Terra Educação, 29/02/2012
Haddad defende Enem: anula-se 2 mil provas ao ano nos EUA
Hermano Freitas Direto de São Paulo
O ex-ministro da Educação e pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, fez uma defesa veemente do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), iniciado em sua gestão. De acordo com Haddad, "todo educador sério sabia que o Brasil tinha que acabar com o vestibular" e comparou o sistema brasileiro ao original americano, dizendo que anualmente são anuladas 2 mil provas nos EUA. "Os EUA que têm 85 anos de tradição. O Enem nasceu lá e é o melhor sistema de avaliação do mundo. A cada ano se anulam cerca de 2 mil provas. Quer dizer, 85 anos depois (do início) as provas são reaplicadas a um número de alunos", disse o ex-ministro. Ainda de acordo com ele, as críticas ao sistema têm como fundo o lucro que o vestibular gera pela cobrança aplicada aos estudantes. "O vestibular permite a exploração do jovem. Pensa que é fácil o aluno pagar R$ 120 de inscrição? Tem muita gente perdendo dinheiro com o Enem", declarou. Haddad afirmou ainda que o contingente de estudantes que refaz a prova é irrisório. "Reaplicamos a prova para 0,1% dos alunos. Em 2011 não precisou nem reaplicação. É uma exploração barata que fazem, querendo tumultuar o processo", disse.

> O Estado de São Paulo, 29/02/2012 - São Paulo SP
Reabertura de vagas de Medicina causa polêmica
Oito instituições que tiveram 362 vagas cortadas por baixo desempenho recorreram e conseguiram reabri-las
Mariana Mandelli
A decisão de Conselho Nacional de Educação (CNE) de reabrir 362 vagas de Medicina que haviam sido fechadas em 2009, por baixa qualidade do ensino, está provocando polêmica no meio médico. O órgão deferiu os pedidos de recurso de oito instituições que haviam sido mal avaliadas naquela época - e, por isso, tiveram vagas cortadas - e mostraram melhoria nos últimos indicadores, divulgados em 2011. As decisões do CNE foram publicadas no fim do ano passado no Diário Oficial da União, mas ainda não foram homologadas pelo Ministério da Educação (MEC). O governo afirma que o ministro Aloizio Mercadante vai analisar detalhadamente caso a caso e, se entender que as razões do conselho são satisfatórias, homologará os textos. Com a intenção de impedir que o ministro aprove as decisões, o professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Comissão de Especialistas de Ensino Médico do MEC, Adib Jatene, publicou ontem um artigo criticando o CNE no jornal Folha de S. Paulo.

"Esse pessoal do CNE que está lá
agora não participou das decisões anteriores, de 2008", disse Jatene ao Estado. "As medidas cautelares foram instauradas na época após um ciclo de avaliações in loco, promovido pela comissão. Fizemos duas visitas - a segunda para ver a evolução das instituições. Mas aí chega o CNE e simplesmente retorna o número de vagas que tinha antes." Segundo Jatene, o trabalho da comissão foi "desprezado". "Foi um trabalho detalhado de especialistas da área que têm experiência no ensino médico. Eles foram aos locais e examinaram." Jatene diz não ser contra o aumento de vagas de Medicina, mas é favorável que isso ocorra em instituições "preparadas". Avaliação. Milton Linhares, membro do CNE, afirma que a posição de Jatene não faz sentido e a decisão de reabrir as vagas das oito instituições foi tomada com base na avaliação de cada recurso por membros da Câmara de Educação Superior do órgão, selecionados após sorteio.

"O que aconteceu foi que as medidas cautelares instauradas contra essas instituições foram suspensas porque elas
apresentaram melhora nas avaliações", afirma. "Não restabelecemos as vagas de todas as instituições que foram tiveram cortes - apenas das que melhoraram." Segundo ele, entre a entrada do recurso pela instituição até a análise do pedido no CNE há um período em que as faculdades podem adotar medidas para melhorar o ensino e, assim mostrarem um desempenho superior. Linhares ainda destaca que as medidas cautelares não podem ser encaradas como "punição". "Elas são sinal de alerta para universidades melhorarem a sua qualidade de ensino", disse. As instituições que conseguiram suas vagas de volta são: Centro de Ensino Superior de Valença (RJ), com 20 vagas cortadas; Centro Universitário de Volta Redonda (RJ), com 40; Centro Universitário Nilton Lins (AM), com 40; Faculdade de Medicina do Planalto Central (DF), com 10 vagas; Universidade de Marília (SP), com 50; Universidade de Ribeirão Preto (SP), com 32; Universidade Iguaçu - Câmpus Itaperuna (RJ), com 90; e Universidade Severino Sombra (RJ), com 80.

> O Estado de São Paulo, 29/02/2012 - São Paulo SP
Mercadante analisará restabelecimento de vagas
Oito instituições que tiveram vagas de cursos de Medicina cortadas por má avaliação pediram recurso e foram atendidas
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, vai analisar detalhadamente o restabelecimento de 362 vagas de Medicina pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), medida que provocou polêmica no meio médico. O órgão deferiu os pedidos de recurso de oito instituições que foram mal avaliadas em 2009 - e, por isso, tiveram vagas cortadas - e mostraram melhoria nos indicadores de 2011. As decisões do CNE foram publicadas no fim do ano passado no Diário Oficial da União, mas ainda não foram homologadas pelo Ministério da Educação (MEC). Na intenção de impedir que o ministro aprove os textos, o professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Comissão de Especialistas de Ensino Médico do MEC, Adib Jatene, publicou um artigo criticando o CNE na edição de ontem do jornal Folha de S. Paulo. "Esse pessoal do CNE que está lá agora não participou das decisões anteriores, de 2008", afirmou Jatene ao Estado. "As medida cautelares foram instauradas na época após um ciclo de avaliações in loco, promovido pela comissão. Fizemos duas visitas - a segunda para ver a evolução das instituições. Mas aí chega o CNE e simplesmente retorna o número de vagas que tinha antes. Não dá para aceitar."

Segundo Jatene, o trabalho da comissão foi "desprezado". "Foi um trabalho detalhado de especialistas da área que têm experiência no ensino médico. Eles foram aos locais e examinaram." Jatene diz não ser contra o aumento de vagas de Medicina, mas é favorável que isso ocorra em instituições "preparadas". Avaliação. Milton Linhares, membro do CNE, afirma que a posição de Jatene não faz sentido e a decisão de reabrir as vagas das oito instituições foi tomada com base na avaliação de cada recurso por membros da Câmara de Educação Superior do órgão, selecionados após sorteio. "O que aconteceu foi que as medidas cautelares instauradas contra essas instituições foram suspensas porque elas apresentaram melhora nas avaliações do ministério", afirma o membro do CNE Milton Linhares. "Não restabelecemos as vagas de todas as 
instituições que foram punidas - apenas das que demonstraram progresso."

Segundo ele, entre a entrada do recurso pela instituição até a análise do pedido no CNE há um período em que as faculdades podem adotar medidas para melhorar o ensino e, assim mostrarem um desempenho superior. Linhares ainda destaca que as medidas cautelares não podem ser encaradas como "punição". "Elas são um sinal de alerta para universidades e faculdades melhorarem a sua qualidade de ensino", disse. As instituições que conseguiram suas vagas de volta são: Centro de Ensino Superior de Valença (RJ), com 20 vagas cortadas; Centro Universitário de Volta Redonda (RJ), com 40; Centro Universitário Nilton Lins (AM), com 40; Faculdade de Medicina do Planalto Central (DF), com 10 vagas; Universidade de Marília (SP), com 50; Universidade de Ribeirão Preto (SP), com 32; Universidade Iguaçu - Câmpus Itaperuna (RJ), com 90; e Universidade Severino Sombra (RJ), com 80. / MARIANA MANDELLI

> O Estado de São Paulo, 29/02/2012 - São Paulo SP
MEC vai incluir ciências na Prova Brasil, informa ministro
Com a mudança, exame ficará mais próximo a programa internacional de avaliação
Agência Brasil
BRASÍLIA - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira, em audiência pública no Senado, que irá incluir a disciplina ciências na Prova Brasil, a principal avaliação da educação básica. O exame, aplicado pelo MEC aos alunos do 5.º e 9.º anos do ensino fundamental a cada dois anos, até o momento mede apenas o desempenho em matemática e português. Mercadante não disse se a mudança já valerá para a próxima edição da prova, marcada para 2013. O exame é um dos principais componentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que avalia a qualidade do ensino oferecido por escolas, municípios e Estados. A última edição foi aplicada em 2011 e os resultados do Ideb serão divulgados neste ano. Todas as redes de ensino e escolas têm metas a serem atingidas até 2022, estipuladas em 2007 pelo MEC. Com a inclusão de ciências na Prova Brasil, o exame fica mais próximo ao Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O teste internacional é aplicado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em mais de 60 países e mede as habilidades dos alunos em linguagens, matemática e ciências. O Brasil melhorou seu desempenho no programa de 2000 a 2010, mas continua nas últimas posições do ranking.

> O Estado de São Paulo, 29/02/2012 - São Paulo SP
Esquerda? Soy contra
Em vez de Marx, Adam Smith; estudantes contam como é desafiar o pensamento predominante nas universidades brasileiras
Cedê Silva - Especial para o Estadão.edu
Não! Não! Não nos representa!”, repetem estudantes em coro. Registrado em vídeo no Youtube, o grito de guerra começou segundos após a vitória da chapa Aliança pela Liberdade nas eleições para o DCE da UnB, em outubro. A recusa de radicais em aceitar o resultado de eleições definidas pelos estudantes que eles dizem representar ilustra um desafio do universitário brasileiro: enfrentar a esquerda mais estridente. Irina Cezar, de 22 anos e prestes a concluir o curso de Ciências Sociais na USP, conta que não fala mais nas assembleias estudantis. “Uma vez peguei o microfone e defendi o fim da greve na frente de umas 1.500 pessoas. Os militantes ficaram loucos, vaiaram. Eles se dizem a favor da liberdade de expressão, mas se você pensar diferente eles são os primeiros a jogar pedra”, reclama ela, que também se considera de esquerda. Certo dia, Irina deixou no saguão um cartaz anunciando um evento da empresa júnior. À noite, flagrou uma menina do grupo radical LER-QI tentando tirar o cartaz. “Eu não deixei, aí ela me xingou e chamou mais dois rapazes. Disseram que eu era reacionária”, conta. “É engraçado, porque vim para a USP por ser bolsista numa escola particular. Eles me xingam mas são filhos de empresários, desembargadores.”

Camila Silvestre, de 22 anos, estuda na Letras, onde no semestre passado manifestantes a favor da
greve de alunos impediram aulas com cadeiraços. Em uma das assembleias, Camila votou contra a greve e foi alvo de deboche: “É tão opressivo, você chega lá e alguém vai te chamar de reaça. Não é para debater - eles vão com uma ideia formada.” Mariana Sinício, de 19 anos, conta que já teve sua época de querer salvar o mundo. “Na escola tive um professor de esquerda, que dizia ‘isso é ruim’, ‘isso é bom’. Aí você cresce e vê que as coisas não são bem assim.” Hoje integrante do DCE da UnB, ela acredita que os termos esquerda e direita não se aplicam mais. Gosta de Adam Smith e Keynes: “Todos têm algo a acrescentar.”

Fábio Ostermann, de 27 anos, é diretor do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), que organiza em Porto Alegre o Fórum da Liberdade. Mas, segundo ele próprio, fazia a linha “esquerdista ingênuo” no começo do curso de Direito na UFRGS. “Tive a sorte de fazer amigos que começaram a ler Milton Friedman, Frédéric Bastiat (economistas). Aos poucos fui me convencendo que eles faziam mais sentido do que (o linguista Noam) Chomsky, Boaventura (de Sousa Santos, autor português), esses cânones do Fórum Social Mundial”, relata. Foi o evento de 2005, aliás, o divisor de águas para Fábio. “Percebi que não era para mim. Sempre fui cético em relação a ditaduras, e lá havia gente louvando Cuba e a URSS.” O advogado Leonardo Bruno de
Oliveira, de 35 anos, mais conhecido como Conde por causa de seu blog, provoca esquerdistas desde o tempo em que estudava Direito na Federal do Pará. Produziu cerca de 30 edições de um jornalzinho no qual criticava o posicionamento predominante na universidade. “Pelo menos em Ciências Humanas, é um pensamento totalitário, querem cubanizar o Brasil”, afirma. “É devastador para a educação, porque intelectuais e professores se vendem por política e subsídios e adotam uma ideologia radical.”

Marina Gladstone, de 22, apoia a chapa Reação para as eleições do DCE da USP, que serão realizadas de 27 a 29 de março. “Quando entrei na faculdade, não tinha a menor motivação para participar do movimento estudantil”, conta ela, que estuda Ciências Atuariais. Até que perdeu um colega de sala - Felipe Paiva, morto com um tiro no câmpus em 2011. “Era uma tragédia anunciada, havia muitos sequestros e roubos na época. Eu fazia o mesmo curso, usava o mesmo estacionamento. Pensei: se não fizer nada, posso ser a próxima.” A Reação é a única chapa a favor da presença da PM na universidade. “Quando você é de direita e vai a uma assembleia, é uma grande vaia, não há respeito pela opinião diferente”, diz. Mesmo assim, Marina persiste. “Se você não cuida do que é seu, quem vai cuidar?”

> UOL Educação, 29/02/2012
Um em cada sete universitários estuda a distância no Brasil
Luciana Alvarez do UOL, em São Paulo
No Brasil, um em cada sete estudantes de graduação estuda na modalidade a distância, segundo dados do Censo da Educação Superior de 2010. Ao todo, são 930 mil alunos, que representam 14,6% do total de matrículas de graduação do país. Em meio a esse batalhão de estudantes, as instituições particulares se sobressaem: elas somam 80,5% das matrículas de graduação a distância no país, enquanto no ensino presencial essa parcela é de 73%. As escolas públicas, porém, se preparam para um contra-ataque. Apesar de tímido em relação à oferta de cursos de graduação à distância, os governos estaduais e federal têm investido em iniciativas como a UAB (Universidade Aberta do Brasil) e a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo). O foco dessas instituições é a formação de docentes, mas, segundo João Carlos Teatini, diretor de educação a distância da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o cenário deve mudar em breve –com as instituições públicas liderando a expansão do EAD, em todas as áreas. “As matrículas no setor privado deram um salto muito grande entre 2004 e 2008, com um crescimento exagerado. A partir de 2009, quando o MEC começou a fiscalizar esses cursos, o número de alunos de EAD nas particulares caiu”, afirma Teatini. Por isso, argumenta, a tendência é de estabilização no número de alunos nas instituições privadas, com grande potencial de crescimento de oferta no setor público. “Já temos 101 instituições participando da UAB”, diz ele.

A UAB não é uma universidade tradicional, mas um sistema de articulação entre universidades públicas e institutos federais interessados em oferecer EAD. Ela foi criada por um decreto em 2006, mas os primeiros cursos surgiram apenas em 2008 – e as primeiras turmas receberam o diploma no ano passado. Em 2011, a instituição tinha 190 mil alunos distribuídos em 618 polos. Professores e gestores de redes públicas de ensino têm preferência na matrícula, participando de uma seleção separada dos demais candidatos. Um modelo semelhante é adotado desde 2008 pelas três universidades estaduais de São Paulo (USP, Unesp e Unicamp) e o Centro Paula Souza, que formam a Univesp. Cada universidade decide qual curso será oferecido em EAD, e fica responsável pelo projeto didático. Licenciaturas e Pedagogia têm preferência. Já foram oferecidos pela Univesp cursos de inglês e espanhol para 11 mil alunos do Centro Paula Souza, e estão em andamento os cursos de
licenciatura em Ciências (USP, com 360 vagas) e em Pedagogia (Unesp, com 1.350 vagas distribuídas em 22 polos pelo interior), exclusivo para professores da rede pública. Na lista estão também especialização em Ética, Valores e Saúde na Escola (USP/ mil vagas) e em Ética, Valores e Cidadania na Escola (USP/ 350 vagas) e licenciatura.

Apesar dos poucos cursos oferecidos até agora, Carlos Vogt, coordenador da Univesp, diz que esse início não tem nada de tímido. “As 1.350 vagas de Pedagogia representaram um aumento de 21% no total de vagas de graduação da Unesp, e 6,5% em relação ao total de vagas nas três universidades”, diz ele, que reforça a comparação afirmando que o número de vagas ofertadas para Pedagogia nas três universidades estaduais praticamente triplicou, passando de 745 para 2.095. Um dos objetivos de longo prazo da Univesp é contribuir, por meio do ensino a distância, para a ampliação efetiva de vagas no ensino superior gratuito do Estado. Além disso, a oferta efetiva de vagas de universidades públicas na modalidade a distância deve colaborar para tornar a graduação a distância não só mais aceita como mais procurada no país.
> Terra Educação, 29/02/2012
Prouni: candidato tem até sexta-feira para conferir convocação
Candidatos a bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni), não pré-selecionados nas chamadas regulares, e que manifestaram interesse em continuar na lista de espera, devem procurar as instituições de ensino superior para verificar se foram convocados. O prazo da primeira convocação da lista de espera vai até esta sexta-feira, 2 de março. Conforme o cronograma do Prouni, para saber se seu nome consta da lista de espera, o estudante deve consultar a página eletrônica da instituição onde concorre à vaga ou comparecer à instituição. A relação dos candidatos concorrentes foi elaborada pelo Ministério da Educação, com base no interesse manifesto pelos alunos no período de 22 a 24 de fevereiro. Em 27 de fevereiro, o MEC encaminhou a lista de espera para cada instituição participante do programa, que é obrigada a divulgá-la para conhecimento dos interessados.

Editoriais, artigos e opiniões
> Folha de São Paulo, 01/03/2012 - São Paulo SP
Professores reprovados
Rogério Gentile
SÃO PAULO - O ensino público em São Paulo, no que depender da engenhosidade do governador Geraldo Alckmin, não corre o menor risco de melhorar nos próximos anos. Pela terceira vez seguida, diante da dificuldade em preencher as vagas abertas no corpo docente das escolas, o governo paulista autorizou a contratação de professores reprovados em um teste de seleção aplicado pelo próprio Estado. Ou seja, o contribuinte paulista vai continuar a pagar alguém para ensinar aquilo que não sabe para os seus filhos. Será que era esse o tipo de solução que o tucano se propunha a oferecer quando, na eleição de 2010, dizia que "governar é enfrentar problemas e concretizar sonhos"? A falta de professor não é um tema novo. Em 2007, o Conselho Nacional de Educação divulgou um relatório no qual tratava do assunto e dizia temer um verdadeiro "apagão" no futuro. De fato, estima-se que haja atualmente uma carência de mais de 300 mil docentes no país, sobretudo para áreas como matemática, física, biologia e química.

As razões para esse desinteresse pela profissão são várias e tão antigas quanto óbvias. A carreira perdeu prestígio, as faculdades são, muitas vezes, ruins e desestimulantes e, claro, o salário é baixo -um professor iniciante recebe R$ 1.988,83 em SP, valor semelhante à média que se paga,
por exemplo, para um marceneiro (R$ 1.969) e para um serralheiro (R$ 1.927), segundo o Datafolha. Mas será que simplesmente reduzir as exigências e contratar qualquer um, como faz o governo, é a melhor maneira de encarar a situação? Alckmin costuma dizer que o Estado é o motor do país. Pois, em vez de desistir da qualidade e se conformar com a debilidade do ensino público oferecido aqui, deveria criar algum tipo de estímulo para tentar atrair os melhores formandos para a rede estadual. E utilizar a USP, a Unicamp e a Unesp para reciclar e recapacitar esses professores que há anos vão mal nos testes de seleção.

> IG Educação, 29/02/2012
Vinculação do piso dos professores à inflação é incabível
Secretarias precisam investir diretamente e melhor os 25% de seus orçamentos em Educação
Mateus Prado
Não deveria nem haver discussão. O piso nacional para professores deveria ser aplicado pelos governadores e prefeitos e a proposta, de alguns desses políticos, de que o aumento do piso seguisse somente a inflação, deve ser encarada como um desrespeito não só com alunos e professores, mas contra toda a sociedade brasileira. A lei determina que o piso salarial dos professores siga o aumento que teve o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que é, desde 2007, o fundo que financia a Educação Básica no Brasil. Acontece que, por vários motivos, entre eles a diminuição do número de alunos matriculados em escolas públicas, o Fundeb aumentou mais de 22%. Já a inflação do período foi próxima a 6%.

É bom esclarecer ao leitor que a diminuição da quantidade de alunos matriculados em escolas públicas deve-se à mudança de nossa pirâmide etária (a cada ano o número médio de filhos por família diminui) e ao aumento de matrículas em escolas particulares de filhos da nova classe média. É comum vermos os municípios e Estados darem um “jeitinho” de utilizar os 25% de Vinculação Constitucional da Educação, que os obriga a usar um quarto de seus orçamentos diretamente na área, para outros setores. Compram canetas, móveis, material de limpeza, café, açúcar, entre outras coisas, tudo como se fosse para a Educação e depois mandam para outras Secretarias.

Constroem prédios como se fossem da Educação e utilizam para outros fins. Uma cidade da Grande São Paulo construiu um prédio de 12 andares, por quase R$ 15 milhões,
e colocou o nome de “Centro de Formação de Professores”. Com menos de 850 professores em toda sua rede municipal, se todo dia tivesse formação de professores, cada andar receberia confortavelmente 70 professores. Como as formações não acontecem todo dia, na verdade deixaram dois andares com salas para formação e utilizaram os outros 10 andares para colocar toda a burocracia da Secretaria de Educação. E isto tudo com os 25% da Educação, o que é vetado pela lei. Em São Paulo, tivemos os CEUs (Centros Educacionais Unificados), que concordo serem excelentes instrumentos para conferir autoestima à população local e para as políticas de Cultura, Esporte e Lazer, mas em nada ajudam na Educação de seus alunos. Colocar milhares de pessoas dentro de uma mesma escola só dificulta a aplicação de estratégias pedagógicas. É óbvio que os CEUs foram uma maneira inteligente que a ex-prefeita Marta Suplicy encontrou para usar os 25% da Educação na realização de políticas públicas de outras áreas.

O desvio dos 25% da Educação é regra geral em Estados e municípios brasileiros. São pouquíssimas as exceções. E as práticas de prefeitos e municípios são cada vez mais difíceis de serem descobertas pelos tribunais de contas. O fato é que um professor ganha, em média, 60% menos que um profissional com o mesmo tempo de escolaridade e em outra carreira. E isto tem que mudar, para dar melhores condições para a formação continuada (formação a toda hora, a todo o momento) dos professores que já estão nas redes de ensino e, melhor ainda, para atrair melhores talentos para a carreira. A nossa Constituição de 1988 determinou
que 6% do orçamento federal ficassem com o Legislativo, divididos entre Senado e Câmara de Deputados. De 1988 pra cá, o nosso Produto Interno Bruto (PIB) passou de US$ 330 bilhões para quase US$ 2,5 trilhões. É um aumento de mais de sete vezes, o que reflete no aumento do orçamento que vai direto para o Legislativo. Somam-se a isto a melhoria da capacidade de fiscalização e arrecadação do Brasil, os novos impostos e o decorrente aumento da carga tributária.

Nos municípios ocorre a mesma coisa. As Câmaras municipais recebem, de acordo com sua população, de 3,5% a 7% do orçamento do município para cobrir seus gastos. Com o aumento do PIB e da arrecadação dos impostos, a cada ano o orçamento real das Câmaras é maior. Cidades médias (de 300 a 500 mil habitantes) passam 5% do orçamento direto para as Câmaras. Em 1988, elas tinham 1 ou 2 assessores por vereador. Hoje chegam a ter mais de 10. Como o dinheiro do Legislativo precisa ser gasto até o último dia do ano para não ter de ser devolvido para o Executivo, os senadores, deputados e vereadores fazem de tudo para gastá-lo. Isto é um problema grave, que inclusive distorce a representação nos Legislativos, dando uma supermáquina de campanha para cada legislador. É um dinheiro que poderia ser utilizado para financiar a Educação e para a garantia do cumprimento do piso nacional dos professores. Mas até agora não vi nenhuma caravana de prefeitos, de governadores, ou até mesmo da sociedade civil, pedindo ao Congresso Nacional para diminuir a vinculação de repasse orçamentário.

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