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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, QUARTA, 01 DE FEVEREIRO DE 2012

Matérias de Hoje
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  • Novas diretrizes flexibilizam o ensino médio no País > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Cotado para assumir presidência do Inep enfrenta oposição interna > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • MEC gasta R$ 110 mi em tablets sem plano pedagógico prévio > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Professor deve ser capacitado para a nova maneira de dar aula > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Impasse deixa alunos com financiamento do governo sem vagas > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Projeto de Lei prevê ‘residência’ para profissionais recém-formados > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Frequência escolar de beneficiados do Bolsa Família aumentou em 2011 > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Instituto da UFRJ é o único brasileiro em ranking mundial de MBA do 'FT' > Portal G1
  • Cobrança indevida de mensalidades também ocorre no Fies > IG Educação

Editoriais, artigos e opiniões

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  • Pedagogia moderna > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Redes sociais, as novas parceiras de estudo > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Por que cortar vagas em instituições de ensino é crime de lesa-pátria > Revista Veja



Matérias
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> O Estado de São Paulo, 31/01/2012 - São Paulo SP Novas diretrizes flexibilizam o ensino médio no País
Conselho Nacional de Educação havia aprovado aulas não presenciais no período noturno, mas MEC mudou texto e pede mais discussões
Mariana Mandelli
SÃO PAULO - O Ministério da Educação (MEC) retirou das novas diretrizes do ensino médio a possibilidade da realização de aulas não presenciais para o ensino médio noturno. As classes a distância teriam um limite de 20% da carga horária. As diretrizes que flexibilizam o ensino médio foram publicadas nesta terça-feira no Diário Oficial da União, mas o Conselho Nacional de Educação tinha aprovado o texto em maio de 2011. Na ocasião, o documento previa as aulas não presenciais.

De acordo com membros do CNE,
o ensino a distância saiu do documento porque entidades que reúnem profissionais da educação alegaram que o tema não foi amplamente discutido. O CNE afirma também que o assunto está sendo discutido nas reuniões do órgão e que nada impede de que ele volte a fazer parte da resolução das diretrizes. “Para não atrasarmos a aprovação, preferimos retirar para fazer essa discussão com mais calma”, diz José Fernandes de Lima, do CNE. “Agora, o projeto será divulgado nas escolas.” O novo ensino médio promove a integração entre a educação e quatro dimensões: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Cada escola pode escolher como o quer organizar sua proposta curricular, de acordo com essas grandes áreas, mas mantendo as disciplinas tradicionais. As diretrizes também sugerem que o ensino médio noturno, “adequado às condições de trabalhadores”, possa ser realizado em mais tempo, ampliando sua duração para mais de três anos, com menor carga horária diária, mas garantido o mínimo de 2.400 horas.





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> O Estado de São Paulo, 31/01/2012 - São Paulo SP Cotado para assumir presidência do Inep enfrenta oposição interna
Luiz Cláudio Costa é alvo de críticas por parte de servidores do órgão, que encaram troca como questão política
Rafael Moraes Moura
BRASÍLIA - Cotado para assumir o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o secretário de educação superior do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, enfrenta resistência no órgão. Ontem, ele se reuniu com a atual presidente, Malvina Tuttman, para discutir a transição, apesar de o MEC não confirmar sua ida para o órgão e dizer que o martelo ainda não foi batido. Filiado ao PT e homem de confiança do ex-ministro Fernando Haddad, Costa é alvo de críticas por parte de servidores do Inep, que encaram a troca de comando como uma questão política: sai uma educadora de perfil técnico, entra um petista especializado em engenharia agrícola.

O cargo de presidente do Inep é um dos mais vulneráveis de Brasília: esta é a quarta mudança pelo
quarto ano consecutivo. Malvina é vista no Inep como uma presidente que lutou a favor do instituto e cobrou o consórcio Cespe/Cesgranrio quanto à aplicação do Enem. Malvina não presidia o Inep em outubro de 2010, quando questões do pré-teste vazaram de um colégio de Fortaleza. Tem mestrado e doutorado na área de educação, com destaque para as áreas de planejamento e avaliação educacional.

Costa, por sua vez, tem graduação em matemática e mestrado em meteorologia agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), instituição da qual já foi reitor.Também é mestre em meteorologia agrícola pela UFV e possui Ph.D. na mesma área pela Universidade de Reading, na Inglaterra. É professor do Departamento de Engenharia
Agrícola da UFV. Entre suas áreas de atuação estão agrometeorologia, engenharia de água e solo e impactos de mudanças climáticas na agricultura. À frente do Inep, a realidade será outra: deverá tratar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outras avaliações, como o Censo Escolar, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). "Quanto mais se trocam os presidentes, mais o Inep fica distante de retomar a função primordial de produzir dados sobre educação, refletir sobre eles e torná-los públicos com transparência. O Inep devia ser o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) da educação e gozar da mesma autonomia, mas está muito distante disso", critica o coordenador-geral da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Daniel Cara.





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> Folha de São Paulo, 01/02/2012 - São Paulo SP MEC gasta R$ 110 mi em tablets sem plano pedagógico prévio
Valor é o mínimo estimado em leilão; ministério vai comprar, com Estados e municípios, 900 mil máquinas. Governo reconhece que métodos de ensino serão desenvolvidos na prática; professores e alunos usarão aparelho
BRENO COSTA RENATO MACHADO DE BRASÍLIA
O MEC (Ministério da Educação) vai gastar sozinho cerca de R$ 110 milhões na compra de tablets para serem usados em sala de aula sem ter produzido um estudo definitivo sobre o uso pedagógico dos aparelhos. Conforme a Folha revelou ontem, o MEC iniciou na semana passada, sem alarde, uma licitação para a aquisição de 900 mil tablets. A compra total será de, ao menos, R$ 330 milhões, valor mínimo estimado em leilão. Só um terço dos aparelhos ficará com o MEC. O restante deverá ser adquirido por Estados e municípios. Questionada, a pasta afirmou que o desenvolvimento do método pedagógico vai acontecer na prática, após a aquisição das máquinas. Os equipamentos serão usados na formação de núcleos, como parte de um plano piloto, em que professores e alunos trabalharão com os tablets para depois disseminarem o aprendizado.

Para efeitos de comparação, o
programa Um Computador Por Aluno, do qual a compra dos tablets faz parte, teve um início diferente. Na ocasião, foram fechadas parcerias com universidades que trabalharam no desenvolvimento de conteúdo e na avaliação da nova tecnologia. Coordenadora do programa ministerial no Sul e no Amazonas, a pesquisadora da UFRGS (Federal do Rio Grande do Sul) Léa Fagundes é favorável ao uso do tablet, mas diz que a discussão sobre a compra do aparelho não passou por pedagogos. A única audiência pública realizada pelo MEC para subsidiar a compra, em agosto, envolveu só aspectos técnicos, como sistema operacional e tamanho de tela, e não as questões educacionais. O receio dela é que o tablet seja usado para reforçar o padrão educacional existente. "Tenho medo é de que os governos estejam comprando porque nele cabem 300 livros didáticos. Então, o paradigma não muda", diz. AUTONOMIA - O plano do MEC vai nessa direção. A pasta afirma que uma das vantagens do tablet é poder incluir toda a biblioteca do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) num aplicativo. O professor da PUC-SP Fernando José de Almeida diz que o MEC só deve dar a diretriz inicial, cabendo a Estados e municípios cuidar de projetos pedagógicos. Almeida também defende que uma parte do aprendizado seja feito na própria sala de aula. "Precisa ter um plano pedagógico, mas também é necessário dar autonomia aos professores", afirma. O edital para a compra dos equipamentos foi lançado no fim do ano passado, ainda na gestão de Fernando Haddad. O seu substituto, Aloizio Mercadante, é um entusiasta do uso da tecnologia na educação. Em sua posse, dedicou boa parte do discurso para tratar dos benefícios de computadores, tablets e outros.





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> Folha de São Paulo, 01/02/2012 - São Paulo SP Professor deve ser capacitado para a nova maneira de dar aula
SÉRGIO AMARAL ESPECIAL PARA A FOLHA
A aula tradicional está cada vez mais mediatizada pelas tecnologias digitais. Começamos com a introdução do computador, passamos pela lousa digital, até chegarmos aos tablets. Para os professores, a introdução dos tablets em sala de aula deverá trazer uma grande mudança na maneira de dar aula, de apresentar e de discutir o conteúdo com seus estudantes. O problema não é com os alunos, mas com os professores. Precisamos capacitar os docentes para a utilização didática dos tablets no desenvolvimento das atividades pedagógicas em sala de aula. O professor necessita de uma mudança na maneira de ensinar, precisa de uma adaptação do material didático. É fundamental desenvolver atividades em sala de aula com conteúdos que efetivamente utilizem os recursos tecnológicos dos tablets.

O tablet é pequeno, apresenta certa dificuldade de realizar anotações e outros problemas se compararmos com o livro didático. Mas apresenta recursos com a convergência multimidiática e a conexão com a internet que facilitam a busca e a integração de conteúdo,
contribuindo com o processo de aprendizagem. Para tanto, é necessário que a capacitação dos professores não seja somente instrumental, mas contextualizada na potencialidade e na limitação da tecnologia. Deve incluir como são as novas formas de interagir, a linguagem e a construção de conteúdo e como incorporá-las nos processos de ensino e de aprendizagem. Só assim, de fato, estará justificado o uso de tablets em sala de aula, como efetivo instrumento do aprender.






> Folha de São Paulo, 01/02/2012 - São Paulo SP Impasse deixa alunos com financiamento do governo sem vagas
Universidades privadas dizem que não estão recebendo repasses do crédito estudantil
FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO
Um impasse entre faculdades e o Ministério da Educação tem barrado a matrícula para 2012 de alunos que usam o Fies, o maior programa de financiamento estudantil do país, mantido pela União. A Folha identificou o problema em três locais: Universidade Anhembi Morumbi (SP), Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande (PB) e Faculdade de Medicina Nova Esperança (PB). Para esta última, o Ministério Público Federal abriu procedimento administrativo e recomendou que a faculdade aceite as matrículas e que o governo resolva os problemas até março.

Os alunos ouvem das instituições que o ministério não enviou a documentação que libera a matrícula. As escolas dizem ainda que há atrasos nos repasses da União referentes à parte paga pelo governo nas mensalidades. O secretário de Ensino Superior, Luiz Cláudio Costa, disse que os
problemas são "pontuais". Disse ainda que as escolas não podem barrar beneficiários por conta de dificuldades burocráticas. Não há levantamento oficial sobre o número de estudantes prejudicados. Desde 2010, quando o Fies foi reformulado e a gestão passou para o ministério, mais de 170 mil estudantes aderiram ao programa, em que parte da mensalidade é bancada pelo governo. O aluno devolve o valor apenas após a formatura.

DESESPERO - Mãe de um estudante de medicina da Anhembi Morumbi, a empresária Marilene Monteiro diz que vai recorrer à Justiça para conseguir a rematrícula do filho, que usa o financiamento desde 2010. A família tenta resolver a situação na escola desde janeiro. A mensalidade é de cerca de R$ 4.500. Em nota, a universidade disse que vai matricular todos os beneficiários até o início das aulas,
no dia 13. "Estou desesperado", afirmou o aluno Edson Dias Corrêa, 39, que tenta se matricular na Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande. "A faculdade diz que o problema é com o sistema do Fies. Ligo para o FNDE [fundação do ministério responsável pelo fundo] e eles não me dão nenhum retorno." Na Faculdade de Medicina Nova Esperança, os alunos só se matricularam após intervenção da Procuradoria. "Não estamos recebendo os repasses do MEC nem os contratos dos alunos. Não tínhamos como fazer a matrícula", disse o diretor da escola, Eitel Santiago. "Mas, após a reunião com o Ministério Público, parece que a situação vai se resolver." No final de 2011, faculdades criticaram atrasos nos repasses da União. Agora, a situação está se normalizando, afirma a Fenep (federação das escolas particulares).





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> O Globo, 31/01/2012 - Rio de Janeiro RJ Projeto de Lei prevê ‘residência’ para profissionais recém-formados
Iniciativa ainda precisa passar por três comissões da casa antes de ser aprovada
O Globo, com informações da Agência Câmara
BRASÍLIA - O Projeto de Lei 2814/11, em tramitação na Câmara dos Deputados, promete provocar polêmica: ele prevê um programa de formação profissional em nível de pós-graduação para os recém-formados, semelhante às residências médicas. O autor, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), acredita que necessidades idênticas às da Medicina devem ser satisfeitas nas demais áreas profissionais. O objetivo é complementar a formação profissional por meio do aprendizado no mercado de trabalho. O programa seria destinado a recém-graduados que participariam de cursos sob a responsabilidade de instituições previamente credenciadas, responsáveis também pelo processo seletivo. Os participantes teriam direito a bolsa correspondente a prevista para médicos residentes em regime especial de treinamento (com 60 horas semanais). Além disso, os profissionais teriam direito também a previdência social e licenças paternidade e maternidade, uma folga mensal e 30 dias consecutivos de descanso por ano. Ao fim do curso, os alunos receberão títulos de especialistas. O projeto ainda passará pelas comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público; Educação e Cultura; e de Constituições, Justiça e Cidadania.





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> O Globo, 31/01/2012 - Rio de Janeiro RJ Frequência escolar de beneficiados do Bolsa Família aumentou em 2011
O resultado representa a melhor média desde o início do programa, em 2003
Agêcia Brasil
BRASÍLA – A frequência escolar de crianças e adolescentes beneficiados pelo Programa Bolsa Família cresceu em 2011, com média de 86,3%. O resultado representa a melhor média desde o início do programa, em 2003. Do total de 17,2 milhões de crianças e adolescentes de famílias cadastradas no Bolsa Família, 14,9 milhões frequentaram a escola no último bimestre escolar, o que representa 86,6% do público acompanhado. Entre a faixa etária de 6 anos a 15 anos, o percentual foi 88,1%, e entre os jovens de 16 e 17 anos, a média de frequência escolar foi 75,9%. O estado do Rio Grande do Norte, com 92,9% de frequência, é o que apresenta o melhor desempenho nos meses de outubro e novembro. Em seguida aparecem o Rio Grande do Sul (90,78%) e São Paulo (90,36%). O estado com índice mais baixo foi o Amapá, com 69,49%.

O coordenador-geral de Acompanhamento de Condicionalidades do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Marcos Maia, considera que o crescimento nas médias de frequência escolar é
resultado da parceria do Ministério da Educação com os estados e municípios, além da conscientização dos pais em acompanhar os filhos durante o ano letivo. A base de dados com frequência escolar bimestral é atualizada por gestores e operadores do Bolsa Família. Para as famílias continuarem a receber o benefício, estudantes entre 6 anos e 15 anos precisam frequentara pelo menos 85% das aulas. Para adolescentes de 16 anos a 17 anos, a frequência exigida é 75%.





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Portal G1, 31/01/2012 Instituto da UFRJ é o único brasileiro em ranking mundial de MBA do 'FT'
Mestrado da Coppead está em 51º lugar na lista do 'Financial Times'. Salário de ex-alunos cresce 151% de salário após 3 anos, segundo estudo.
Do G1, em São Paulo
O MBA do Coppead, Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é o único representante brasileiro na lista dos cem melhores programas de mestrado do mundo publicada pelo “Financial Times”. O MBA da Coppead aparece na 51ª posição no ranking geral e em sexto lugar no índice que mede a evolução da média salarial dos alunos três anos após se formarem, com um aumento de 151%. O curso da MBA “full time” do Coppead figura no ranking desde 2001, mas não esteve presente na lista do ano passado. Na última aparição, em 2010, figurava em 65º lugar. O ranking tem em primeiro lugar a escola de negócios da Universidade de Stanford, seguido por Harvard, Universidade da Pensilvânia, London Business School e Columbia Business School. A média de salário dos estudantes do Coppead é de US$ 110 mil por ano. Em Stanford, a média é de US$ 192 mil, e para os que fizeram MBA em Harvard, US$ 156 mil.

Com dedicação em tempo integral e dois anos e meio de duração, o MBA do Coppead tem em sua maioria estudantes da área de engenharia, mas também conta com alunos vindos de cursos de administração e economia, entre outros. Em seu site, a Coppead sugere sólida formação acadêmica, maturidade, experiência profissional e de pesquisa e domínio das línguas portuguesa e inglesa como fatores que favorecem a admissão de um candidato. O curso é totalmente gratuito. Tem recursos públicos destinados à UFRJ além de participação de recursos de instituições parceiras como empresas e cátedras. “Somos uma escola pública, devemos ser a
única entre as escolas listadas que não cobra mensalidade para o seu mestrado”, destaca Ricardo Leal, professor titular da UFRJ e professor de finanças da Coppead. Segundo o ranking, 40% dos estudantes da Coppead são mulheres e 16% são estrangeiros. Além disso, todo o corpo docente tem doutorado. São oferecidas de 50 a 55 vagas por ano. No edital de 2012, já com inscrições encerradas, são 52 vagas disponíveis. Para entrar no programa é preciso prestar um concurso público de seleção com provas de português, inglês e matemática. A experiência profissional do candidato também é levada em conta. Os estudantes fazem 18 meses de créditos em aula e mais 12 meses como preparação de sua dissertação de mestrado. Também é possível participar de intercâmbio com universidades internacionais.






> IG Educação, 31/01/2012 Cobrança indevida de mensalidades também ocorre no Fies
Como no Prouni, faculdades cobram mais caro de quem financia curso. Após denúncia do iG, MEC anunciou medidas para combater fraude
Priscilla Borges, iG Brasília
A cobrança mais cara de mensalidades para bolsistas do Programa Universidade para Todos (Prouni) revelada pelo iG como prática comum entre instituições se repete em outro programa do governo federal. Há faculdades parceiras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) que também burlam as regras e tiram direitos garantidos em lei aos participantes do projeto. De forma sutil, e muitas vezes sem explicação clara, essas instituições dão diferentes descontos – seja por pagamento até determinada data ou por promoções sem justificativa – aos estudantes “comuns” e aos beneficiários do financiamento estudantil. No entanto, os descontos coletivos dados à grande maioria geralmente não são aplicados aos que financiam o curso.

Na Faculdade de Medicina Nova Esperança (Famene), na Paraíba, o desconto coletivo de 10% só é dado no primeiro contrato do estudante com o Fies. Na renovação, ele não é mais concedido. O abatimento de 5% sobre o valor de R$ 4.530,01 pago até o dia 5 de cada mês por quem cursa Medicina também não é dado a quem financia 100% das mensalidades. Um ex-aluno da faculdade enviou ao iG as páginas do primeiro contrato feito com o Fies e as do aditamento. No segundo, não há mais desconto. Ele financiava todo o curso na instituição. Na secretaria da Famene, a atendente informou ao iG que os alunos que financiam metade do curso só recebem o desconto por pagamento antecipado, já que o fazem na instituição. O estudante que procurou o iG pediu para não ser identificado porque teme que o processo de transferência do financiamento da Famene para outra instituição de Campina Grande seja prejudicado. Ele tenta a liberação há quase um ano, mas
ainda não conseguiu. Pela legislação, os alunos podem pedir transferência.

Na lei - A reportagem procurou o Ministério da Educação para identificar se havia irregularidades na cobrança. Na manhã desta terça-feira, o secretário da Educação Superior, Luiz Cláudio Costa, já havia anunciado que o ministro Aloizio Mercadante assinaria uma portaria com novas regras para evitar “desvios” e facilitar “denúncias dos estudantes”. Por meio da assessoria de imprensa, o MEC informou que a Famene será notificada a dar explicações sobre as diferenças de cobranças nas mensalidades. Ressaltou ainda que “a legislação do Fies determina que sejam repassados aos estudantes atendidos pelo programa todos os descontos regulares e de caráter coletivo”. A definição está na Lei nº 12.202, de 2010. No artigo 4º: “são passíveis de financiamento pelo Fies até 100% dos encargos educacionais cobrados dos estudantes por parte das instituições de ensino devidamente cadastradas para esse fim pelo Ministério da Educação, em contraprestação aos cursos referidos no art. 1o em que estejam regularmente matriculados”. O texto define que os encargos educacionais incluem: “todos os descontos regulares e de caráter coletivo oferecidos pela instituição, inclusive aqueles concedidos em virtude de seu pagamento pontual”.

Na Justiça - Cansados de esperar por providências ou porque só perceberam a fraude depois, alguns ex-participantes do Fies já procuraram a Justiça para exigir seus direitos. Em outubro de 2011, o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Manoel Justino Bezerra Filho proferiu uma sentença contra a Sociedade Unificada Paulista de Ensino
Renovado, de Ribeirão Preto. De acordo com o texto da decisão, a instituição suspendeu a bolsa de 20% de desconto na mensalidade concedida ao aluno Juarez Machado por causa de um acordo com a Associação de Pais e Alunos do Estado de São Paulo (Apaesp). O abatimento foi suspenso após o estudante assinar um contrato de financiamento pelo programa federal. O desembargador diz que “o desconto concedido pela requerida deveria somar a bolsa concedida” e que a faculdade “sabia quais eram as condições para participar do Fies”. Por isso, pede o ressarcimento dos valores pagos pelo aluno. É importante ressaltar que, após a formatura, o estudante paga todos os valores financiados pelo governo durante o curso.

Cristiano, advogado formado pelo Instituto de Ensino Superior de Itapira (Iesi), também está processando a instituição para receber os valores a mais que pagou. Ele e outros colegas que utilizavam o Fies (e também procuraram a Justiça) perceberam que pagavam mais caro que todos os não incluídos em nenhum programa quase no fim do curso. Ele entrou em contato com o iG e enviou à reportagem comprovantes de pagamento que mostram a diferença, mas não quis divulgar seu nome completo. Em janeiro de 2008, a mensalidade de um colega sem Fies era de R$ 479,24. Um desconto de quase 40% em relação ao valor cheio, de R$ 759,28. Ele, que havia financiado 70% da mensalidade pelo Fies, pagava R$ 227,78. O valor não era calculado em cima dos descontos. “Tento denunciar isso há muito tempo. Já telefonei, mandei email e nunca aconteceu nada. Agora, vou buscar meus direitos na Justiça”, afirmou Cristiano.





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Editoriais, artigos e opiniões
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> Estado de Minas, 01/02/2012 - Belo Horizonte MG Pedagogia moderna
O advento do mundo virtual leva o professor a se adaptar à demanda de hoje
Leandro da Silva - Professor de história pela Universidade Gama Filho/RJ
A pedagogia moderna possibilita aos profissionais de educação inúmeras ferramentas que dinamizam o ensino e consequentemente o aprendizado. A melhor forma de trabalhar com o conteúdo de história é adequá-lo de maneira que os conflitos práticos e teóricos sejam minimizados para uma melhor compreensão por parte do aluno, que é o principal beneficiado. A ideia precípua é estabelecer um clima harmônico entre o quarteto responsável pelo equilíbrio das forças da educação: família, escola, aluno e professor. Quando essas quatro esferas compreendem que sozinhas são apenas reflexos de um todo, logo conseguem lograr êxito na tarefa. Educar é uma arte prazerosa, mas árdua para o educador. A probabilidade de êxito das propostas almejadas é muito maior, e infinitamente menor é o trabalho, que logo é compreendido quando o resultado final apresenta bons ou ótimos objetivos previamente planejados. Hoje em dia, depois do advento do mundo virtual, internet, e-mail etc, uma gama de caminhos foi aberta para que o professor procure adaptar o seu conteúdo e todas as suas propostas à realidade que hoje permeia a maioria das escolas, quer seja pública ou privada.

É imprescindível que a concepção de educação adotada esteja adequada às nuances do mundo virtual, sem que para isso o professor se omita do seu papel de orientador. O professor pode e deve muito bem não abdicar das convicções educacionais, desde que elas estejam concatenadas com a realidade social que o cerca. O professor necessita constantemente se reciclar. Infelizmente, essa reciclagem é fundamental para a manutenção, inclusive das suas convicções, que também devem ser revistas para que no resultado final seja colhido o fruto do conhecimento – principalmente quando nos referimos à disciplina história – algo além do conteúdo, a reflexão sobre a realidade presente no dia a dia.

Inúmeros são os autores consagrados na área da pedagogia, que devem ser sempre lembrados
e, na medida do possível, que os seus preceitos e estudos sirvam de ponto de partida para outros que também devem ser lidos, adotados ou não pelo professor de história. O mais importante é que toda atividade educacional seja inclusiva sempre. A exclusão em um país com as características do Brasil é por demais nociva para as classes menos favorecidas, que veem na escola ainda a imagem do repressor, que está ali para sabatinar, criticar sem ao menos pensar na realidade social da qual o aluno é oriundo. A escola nunca deve ser a priori um espaço cultivador ou motivador de violência física, moral, emocional. Deve sim, com o professor, acolher o aluno da melhor forma, incluindo o ser humano ao acesso do saber do conhecimento científico. Essa deve ser a máxima escolar – construir verdadeiramente o futuro do cidadão, tornando-o um vetor de coisas boas para a sociedade, não um ser alienado, mas um cidadão consciente dos seus direitos e deveres.






> O Globo, 23/01/2012 - Rio de Janeiro RJ Redes sociais, as novas parceiras de estudo
Escolas usam Facebook e até criam sites próprios para conectar alunos e professores
Leonardo Cazes / Rodrigo Gomes
RIO - Twitter e Facebook costumam ser considerados inimigos dos estudos por muita gente. Mas algumas escolas já estão se rendendo às redes sociais e as usando como aliadas na preparação dos estudantes e na comunicação entre alunos e professores. A Escola Parque, na Gávea, desenvolveu, no início do ano passado, a EP2, uma rede social interna semelhante ao Facebook. O projeto foi criado dentro da plataforma Ning, que permite a qualquer um customizar uma rede de acordo com suas necessidades. Na EP2, estudantes a partir do 6 ano podem escrever em seus murais, enviar mensagens diretas e participar de grupos de interesses específicos. O espaço virtual é coabitado por alunos e professores. O coordenador do segundo segmento do ensino fundamental da escola, Giocondo Magalhães, explica que a ideia é educar os mais novos para as possibilidades de uso e também sobre os perigos das redes. Além de ser mais um espaço de difusão do conteúdo das disciplinas e dos trabalhos escolares.

— Ninguém ensina para eles como atuar nos meios digitais. O que a gente tenta é ajudá-los a tirar um uso pedagógico disso. Já acontecia de um professor colocar conteúdo sobre a disciplina no Facebook, como um vídeo do YouTube. Nossa ideia foi trazer essas experiências para um ambiente seguro, que fosse uma extensão virtual da escola. Além de não ter a limitação de idade de redes como o Facebook (que só aceita usuários maiores de 13 anos, o que é largamente burlado) — afirma o professor. Professores ficam alertas para evitar cyberbullying - Os estudantes tiveram voz ativa na criação da EP2, apontando os recursos que julgavam mais importantes. E a participação rendeu frutos, pois os alunos abraçaram a ideia. Eles contam que, na rede, compartilham fotos e vídeos, além de usar a ferramenta de bate-papo e, principalmente, tirar dúvidas com professores. — Uso bastante a EP2 para falar com os professores. Eles tiram dúvidas das matérias, é muito bom. Parece que eles ficam lá o dia inteiro, sempre estão on-line — conta Tamara Castorino, de 12 anos, que vai começar o 8 ano. O
coordenador afirma que os estudantes têm liberdade para postar e criar grupos de acordo com seu interesse. Na rede, é possível encontrar alguns dedicados a ídolos adolescentes, como Justin Bieber, e a times de futebol, como o Botafogo. Contudo, ele diz que há uma supervisão para evitar qualquer tipo de cyberbullying. — Há uma questão de ética nas redes que a gente trabalha com eles. Ali, estão valendo os mesmos valores da escola. Discutimos com eles tudo ligado à discriminação e continuamos de olho para evitá-la — diz.

No Colégio Palas, no Recreio, a vontade da integração resultou na criação de um grupo no Facebook da turma do 3 ano do ensino médio, exclusivo para para alunos e professores da escola. Foi lá que eles passaram o ano passado trocando informações sobre datas de inscrição em vestibulares, resultado de provas do colégio e de seleções da universidades Além de tirar dúvidas das lições de casa e postarem vídeos e reportagens sobre os assuntos que viram em sala de aula. — Os estudantes usam muito e há professores engajados também. A gente valoriza, mas $ão prioriza. Eles estudam com o grupo, vão trocando informações entre si. E dessa maneira funciona. Além disso, tem um fator motivacional também: um dá força para o outro o tempo todo — afirma Célia Regina, coordenadora da escola. A professora Eloiza Gomes de Oliveira, da Faculdade Educação da Uerj, e pesquisadora do uso das redes sociais na educação, é a favor da escola usá-las como ferramentas pedagógicas. Mas alerta que é preciso seguir alguns passos para que o projeto dê certo e conte com a efetiva participação dos estudantes.

— As redes são um espaço de liberdade para os adolescentes, são um lugar para eles se expressarem. Quando a escola entra, não é a mesma coisa. Os alunos temem ser policiados, então é preciso ser muito transparente na relação. É preciso garantir a autonomia $estudante para que a dinâmica possa acontecer. O professor dá o pontapé inicial, mas não pode engessar a experiência — defende ela,
que descarta a possibilidade de o uso das redes sociais provocar distração. — Quando eles fazem um trabalho em grupo, não estudam o tempo inteiro. Eles conversam, jogam. Isso não é uma coisa da internet, é natural do próprio jovem. Grandes grupos internacionais de educação, voltados principalmente para cursos de inglês e preparatórios para a universidade, também miram no chamado “social learning”. O conceito pretende levar interatividade e a colaboração, base da chamada web 2.0, para o centro do processo de aprendizado. A EmbassyCES, braço de idiomas do Study Group, montou o portal Study Smart. Nele, o foco é no aprendizado do aluno fora de sala de aula. Estão disponíveis exercícios interativos e o plano de aula para cada semana. Assim, o estudante pode acompanhar o seu progresso e até acelerar sua troca de nível. A Study Smart aposta também na interatividade: os próprios estudantes criam glossário de termos para as unidades do livro e ainda podem fazer grupos de estudo em salas de bate-papo.

Já a Kaplan International lançou em 2011 um projeto piloto, o Student Portal, implantado em uma escola em Londres e outra em Sydney, na Austrália. O formato é bem parecido com o do Facebook, com timeline, chat e mensagens privadas. Por enquanto, ele é usado principalmente por estudantes estrangeiros que ainda vão chegar aos cursos e aproveitam para se conhecer melhor. Há uma seção também que permite se inscrever nos passeios oferecidos pela escola no seu tempo livre, como idas a partidas de futebol ou museus. A ideia é, no futuro, integrar totalmente a rede social à plataforma de ensino virtual já existente. Atualmente, a conexão é feita apenas através de um blog. Para o diretor-geral da Kaplan no Reino Unido e Irlanda, Erez Tocker, a proposta é aproveitar o tempo que os jovens já passam conectados. — Eles passam muito tempo conectados, especialmente no Facebook. Então, a ideia é que o portal seja o nosso próprio Facebook e que eles passem mais tempo lá. Não podemos virar às costas para o que já está acontecendo — argumenta Tocker.



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> Revista Veja, 21/01/2012 Por que cortar vagas em instituições de ensino é crime de lesa-pátria
Se a lógica de fechar cursos insatisfatórios vale para o sistema de ensino superior, por que não haveria de valer para a educação básica?
Gustavo Ioschpe
No apagar das luzes da gestão Haddad, o Ministério da Educação decidiu cortar 50 000 vagas de cursos universitários de “baixa qualidade”, que não tinham atingido a nota mínima no mecanismo de avaliação do ministério. Mais de 30 000 das vagas cortadas são da área de saúde. A lógica dos cortes é elevar a qualidade do sistema universitário, fazendo com que as melhores instituições possam crescer adicionando as vagas subtraídas das más instituições e a população seja protegida de profissionais despreparados. A maioria das pessoas parece concordar com a medida, e até jornais liberais a apoiaram em editorial. Se você concorda com ela, gostaria de ir um passo adiante e recomendar que também sejam cortadas todas as vagas de escolas de educação básica de má qualidade. Se a lógica vale para o sistema de ensino superior, por que não haveria de valer para a educação básica, que é certamente ainda mais importante para o país e açambarca um número consideravelmente mais alto de alunos (51 milhões, contra 6 milhões do ensino superior)? O corte de matrículas na educação básica faz muito mais sentido do que no ensino superior. Primeiro, porque, enquanto os alunos da educação superior são jovens e adultos que têm a capacidade cognitiva para passar por todo um sistema educacional e também por um vestibular ou Enem e, portanto, possuem todas as condições de saber qual é a qualidade da faculdade em que estão ingressando, os alunos que entram em uma escola na 1ª série têm reduzidas (para não dizer nenhuma) condições de saber a qualidade daquela escola.

O primeiro indicador oficial de qualidade de uma escola, o Ideb, é divulgado a partir do 5º ano (o MEC tem outro, que mede a alfabetização nas primeiras séries,
mas se recusa, para não desagradar às corporações do ensino, a torná-lo compulsório ou publicar seus resultados). Em segundo lugar, frequentar o ensino superior é uma escolha, enquanto a educação básica é compulsória; é mais lógico proteger alguém de um mal obrigatório do que de outro, opcional. Finalmente, faz um grande sentido financeiro adiantar a extinção das vagas. Se quem será mau profissional deve ficar na ignorância, faz mais sentido começar o corte lá pelo 3º ou 4º ano da escola. Como é óbvio que um aluno analfabeto jamais poderá ser um profissional competente, para que gastar anos de sua vida e muitos reais com merenda, transporte, livros, professores e escolas se ele já está condenado? A maioria dessas pessoas vai sair da escola mesmo ao longo dos anos — temos 3,2 milhões de alunos na 1ª série do ensino fundamental, mas só 2,2 milhões no último ano do ensino médio —, então por que não tornar o processo mais objetivo e chancelado pelo governo, em vez de causar prejuízos aos cofres públicos e perda de tempo e dinheiro aos alunos e seus pais? Talvez você esteja pensando que a educação é um direito do cidadão; não poderia, portanto, ser suprimido. Em tese, concordo. Mas veja os resultados da Prova ABC, aplicada no ano passado pelo Inep e por ONGs em alunos do 3º ano: ela mostrou que quase 60% dos estudantes não aprendem o mínimo esperado para essa série em matemática e quase 45% em leitura. Não dá para chamar de “educação” o que ocorre em pelo menos metade das nossas escolas, portanto. Cortar vagas, nesses casos, não seria homicídio, mas eutanásia.

Como você gosta do método do MEC para o ensino terciário, certamente não se oporá à sua utilização na educação básica. O
MEC corta vagas dos cursos que tiveram notas 1 e 2 no Índice Geral de Cursos (IGC). Na educação básica, o índice semelhante é o Ideb. Diferentemente do IGC, que vai de 0 a 5, o Ideb vai de 0 a 10. Para chegar ao mesmo nível de qualidade nas escolas, basta cortar as vagas daquelas que têm notas de 0 a 4 no Ideb, portanto. Como a média do país no Ideb está em torno de 4, e como a distribuição dessas notas deve ser gaussiana, estimo que cortar vagas das escolas com Ideb igual ou menor que 4 subtrairia aproximadamente metade do total de alunos na educação básica. Assim, em pouco tempo, provavelmente nem teríamos mais de cortar vagas nas universidades, pois todos aqueles que passassem pela faxina e chegassem ao ensino superior certamente seriam muito capacitados. Também acabariam os problemas de inflação de salários em profissões como babás, empregadas e peões da construção civil, pois o que não faltaria seria gente totalmente ignorante no mercado. Claro, o que vai acima é um exercício de absurdo. As pessoas só não o percebem dessa maneira quando é aplicado ao ensino superior porque estamos falando de 50 000 pessoas, e não de 50 milhões. Na verdade, nem são 50 000 as pessoas afetadas, porque, como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, 73% das vagas cortadas estão ociosas, ou seja, as instituições as oferecem, mas os alunos não as preenchem.

Cortar vagas em instituições de ensino, no Brasil de hoje, é não apenas uma estupidez, mas crime de lesa-pátria. Porque o Brasil está fracassando terrivelmente em formar jovens com ensino superior, que são — e serão cada vez mais — determinantes para o desenvolvimento do país. O Brasil matricula pouco mais de 20% de seus jovens no ensino superior.







Alguns de nossos vizinhos latino-americanos, como Peru, Chile, Venezuela e Uruguai, têm taxas de matrícula que são o dobro. Países da Europa têm taxas de matrícula na casa dos 50% a 70%. E alguns países, como Coreia do Sul, EUA e Finlândia, estão chegando perto da universalização do ensino superior. Imagine para que países irão os empregos com maiores salários, que dependem da capacidade de geração de bens e serviços de alto valor agregado. Imagine que países desenvolverão a pesquisa tecnológica inovadora. Nós ou eles?

A ideia de que é bom cortar vagas é uma mistura de preguiça intelectual com realismo mágico. Porque as pessoas ouvem falar que uma enfermeira matou um paciente ao colocar vaselina em vez de soro na injeção e então, indignadas e pensando com o fígado, bufam: “Precisamos proteger a sociedade de profissionais como esses! Vamos atacar o problema na fonte, fechando as más escolas formadoras!”. O.k. Vamos presumir que o IGC seja um bom indicador para medir a qualidade dos cursos universitários (não é) e também que o principal culpado pelo fato de a vaselina ter sido usada no lugar de soro seja a formação da enfermeira, e não a desorganização do hospital, o cansaço da enfermeira ou simplesmente a falibilidade humana. Então cortamos a vaga, e evitamos que os “maus profissionais” se tornem enfermeiros, médicos ou contadores — sim, o MEC cortou vagas dos cursos de contabilidade, já que todos nós sabemos que um contador incompetente pode tirar milhares de vidas (?). Multiplique isso por 1 000 ou 50 000. O que acontece? Digamos que cada “mau profissional” atenda dez clientes por dia. Então serão 500 000 clientes desatendidos por dia. Não com um mau atendimento, com um atendimento um pouco abaixo do ideal: zero. Em vez de terem maus contadores, médicos ou enfermeiros, as pessoas não terão nenhum. O que acontece quando
são subtraídos de um mercado profissionais para os quais há demanda? Se há uma economia de mercado, em que os preços se reajustam livremente, o preço cobrado pelos profissionais que ficam no mercado sobe. Para os ricos, isso não fará muita diferença. Mas para os pobres o aumento de preço pode ser a diferença entre ter condições de ser atendido e não ter. Se os preços forem controlados, como no sistema público, por exemplo, as enfermeiras e os médicos que ficarem não poderão cobrar mais, mas terão de atender mais pacientes. Como o tempo de trabalho é finito e a oferta de gente qualificada é menor do que a demanda por seus serviços, isso significa que os pacientes demorarão mais para ser atendidos, ou morrerão antes do atendimento. É fácil ficar indignado com vaselina na seringa, porque vira notícia. Mais difícil é lamentar os milhares de casos anônimos de gente que morre em casa por não ter atendimento médico ou por ser atendida por um ótimo médico estafado por ter de dar conta de uma demanda sobre-humana. Esses casos permanecem no limbo. Assim como o dos milhares de presos pobres e inocentes que não podem pagar um advogado e em locais onde não há defensores públicos que cheguem. O realismo mágico a que me referia é o de pessoas que acreditam que o mundo é binário, em que há profissionais bons e ruins, instituições boas e ruins, e que, se cortarmos as instituições ruins, é claro que suas vagas serão ocupadas pelas instituições boas, que formarão bons profissionais. Mas a realidade é mais complexa.

O aluno que frequenta uma universidade mal avaliada não o faz porque é burro ou está sendo enganado, e sim porque aquela é a melhor instituição em que conseguiu entrar, ou a mais barata com que seu bolso pode arcar. Se essa vaga for cortada, portanto, ele não vai estudar na USP nem na FGV. Vai ficar sem estudar. A
tônica de um país em desenvolvimento, como o nosso, é justamente a existência de desequilíbrios: há mais demanda do que oferta, e não há gente qualificada para atender a todos. Não só na medicina, mas em todas as áreas, do conserto do carro ao transplante de medula. Não há como gerar atendimento de Primeiro Mundo a todos porque simplesmente não há gente que chegue com qualificação de Primeiro Mundo. É demagogia querer oferecer uma sensação de proteção contra erros. Erros acontecerão. A questão não é o que fazer para acabar com eles, porque isso é impossível, mas sim o que fazer para minorá-los. E a saída certamente passa por ter mais gente com alguma qualificação, não menos. É melhor ter gente com qualificação insuficiente do que com qualificação nenhuma. Às vezes digo isso e as pessoas me perguntam: “Mas você gostaria de fazer uma ponte de safena com um médico formado por uma dessas universidades caça-níqueis que ficam em cima de uma padaria?”. É claro que não. Nem eu nem ninguém. Num mundo ideal, só gostaria de ser operado pelo melhor médico do mundo naquela especialidade. Mas no mundo real a maioria das pessoas não terá dinheiro para se operar com o melhor do mundo, e, mesmo que tivesse, esse profissional não teria tempo para atender a todos. No mundo real, para grande parte das pessoas, ou elas vão ser operadas pelo médico ruim ou não vão ser operadas por ninguém. Se eu estivesse num avião e sofresse um infarto, é claro que gostaria que o meu vizinho de poltrona fosse um cardiologista renomado. Mas, se não tiver essa sorte, prefiro que o vizinho seja um médico de quinta categoria, ou até mesmo um aluno dessa universidade-padaria, a que seja alguém que teve de virar carteiro porque, justo no ano em que iria prestar o vestibular para medicina na única faculdade em que conseguiria entrar, veio um burocrata de Brasília e resolveu cortar aquela vaga.

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