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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, TERÇA, 31 DE JANEIRO DE 2012

Matérias de Hoje
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  • Termina hoje prazo para matrícula de aprovados na segunda chamada do Sisu > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Escola pré-selecionada tem até 15 de fevereiro para a adesão > Correio Braziliense - Brasília DF
  • MEC vai comprar até 900 mil tablets para dar a alunos > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Laptops ficam guardados sem uso em escola de Brasília por falta de infraestrutura > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Uso de tecnologia em escolas depende menos de plataforma e mais de conteúdo disponível, defendem especialistas > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Planeta pré-sal > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Governo fecha ano sem concluir nenhuma creche > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Fusões no ensino superior preocupam o novo ministro > Folha Dirigida - Rio de Janeiro RJ
  • MEC quer incluir 1,9 milhão de alunos nas redes de ensino integral neste ano > UOL Educação
  • Faculdade particular de Pernambuco vende mudas para alunos em troca de créditos de atividades extracurriculares > UOL Educação


Editoriais, artigos e opiniões
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  • Faculdades pagou, passou > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Dever de casa, da escola e da família > Correio Braziliense - Brasília DF
  • "Ministro economista" divide opiniões > Folha Dirigida - Rio de Janeiro RJ
  • Quem deve ser reprovado: o aluno ou o colégio? > O Tempo - Belo Horizonte MG



Matérias
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> O Estado de São Paulo, 31/01/2012 - São Paulo SP Termina hoje prazo para matrícula de aprovados na segunda chamada do Sisu
Estudantes devem verificar, com as instituições, os procedimentos para efetuar a inscrição
Estadão.edu
SÃO PAULO - Termina nesta terça-feira, 31, o prazo para os estudantes aprovados na segunda chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) fazerem a matrícula nas universidades e institutos federais em que foram selecionados. Os candidatos devem verificar, com a instituição escolhida, quais são os locais, horários, documentos exigidos e demais procedimentos para poder efetuar a inscrição. O resultado da segunda chamada do processo foi divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) na quinta-feira. Quem não foi selecionado em nenhuma das duas opções nas chamadas regulares ou quem tenha sido selecionado pela segunda opção e pretende continuar concorrendo pela primeira pode aderir à lista de espera. A participação na lista deve ser confirmada no site do Sisu (sisu.mec.gov.br). O prazo de adesão vai até esta quarta-feira, 1.º de fevereiro. No dia 4, essa lista de espera ficará disponível para as instituições participantes do processo seletivo. Neste ano, as vagas oferecidas pelo Sisu foram distribuídas por 3.327 cursos de 95 instituições públicas de ensino superior. Para participar do processo, o candidato deve ter participado da edição 2011 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Sobras - Apesar de ter registrado recorde de inscrições, mais da metade das vagas oferecidas no Sisu 2011 não foi preenchida na primeira chamada. Neste ano, o sistema recebeu mais de 3,4 milhões de inscrições de 1,7 milhão
de estudantes - cada candidato tem direito de escolher até duas opções de cursos, indicando qual deles é a sua prioridade. Dos 108.527 aprovados na primeira chamada, apenas 46 mil - 42% do total - efetuaram suas matrículas. Para preencher as 62.285 vagas restantes, MEC divulgou na semana passada a segunda chamada. A Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC, responsável pelo sistema, minimizou o porcentual de candidatos que desistiram da matrícula nessa fase, afirmando que o processo ainda está em andamento. Apesar de ter registrado, no ano passado, em torno de 40% de desistência na primeira chamada, a pasta defende que 97% das vagas oferecidas no processo anterior foram preenchidas no final.




 > Correio Braziliense, 30/01/2012 - Brasília DF
Escola pré-selecionada tem até 15 de fevereiro para a adesão
Ascom MEC 
Escolas públicas urbanas e do campo pré-selecionadas pelo Ministério da Educação para oferecer ensino integral este ano têm prazo até 15 de fevereiro para aderir ao programa Mais Educação. As unidades de ensino que já estavam no programa em 2011 devem informar o número de alunos a serem atendidos e escolher as atividades a serem desenvolvidas. A expectativa do MEC é oferecer educação integral em 30 mil estabelecimentos — 5 mil do campo — e atender 5 milhões de estudantes em 2012. Esse número compreende cerca de 3,1 milhões de alunos que já estão no programa e os que vão ingressar agora.  Como a adesão ao Mais Educação é opcional, o MEC pré-selecionou 14,2 mil escolas urbanas e 14,5 mil do campo, explica Leandro Fialho, coordenador de ações educacionais complementares da Secretaria de Educação Básica (SEB). Dados da secretaria mostram que 3,1 mil novas escolas buscaram acesso ao Sistema de Informações Integradas de Planejamento, Orçamento e Finanças do MEC (Simec) para fazer o cadastro. Esse procedimento é necessário para a unidade aderir ao programa e receber recursos do governo federal.  Os dirigentes escolares que tiverem dúvidas ou dificuldades para preencher as informações no Simec podem pedir esclarecimentos pelos telefones (61) 2022-9175, 2022-9176, 2022-9174, 2022-9184, 2022-9211, 2022-9212 e 2022-9181. Adesão — Para as escolas pré-selecionadas, o acesso ao Simec ocorre por meio de senha, fornecida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ao aderir, além de informar quantos estudantes serão atendidos, o gestor escolar pode relacionar até seis atividades, escolhidas em uma lista disponível na página eletrônica do programa. 





> Folha de São Paulo, 31/01/2012 - São Paulo SP MEC vai comprar até 900 mil tablets para dar a alunos
Primeira etapa de pregão eletrônico foi concluída na semana passada, e custo mínimo é de R$ 330 milhões. Alguns educadores consideram que compra só deveria ser feita após elaboração de conteúdo pedagógico específico
BRENO COSTA / RENATO MACHADO DE BRASÍLIA
Sem alarde, o Ministério da Educação concluiu na semana passada o primeiro estágio de um pregão eletrônico para a compra de até 900 mil computadores do tipo tablet. O objetivo é distribuir os equipamentos para alunos do ensino médio e fundamental. A compra dos tablets será feita por meio do "Um Computador Por Aluno", programa que prevê que os governos possam adquirir equipamentos a um custo mais baixo para a rede pública. O MEC afirma que o objetivo não é comprar os tablets para todos os alunos (estimados em 53 milhões), mas sim "criar pequenos núcleos de aplicação e desenvolvimento da tecnologia, que depois vão disseminar o conhecimento". A compra é polêmica. Alguns educadores consideram que ela só deveria ocorrer após elaboração de conteúdo pedagógico específico.

O edital foi lançado no dia 28. A sessão de lances do pregão eletrônico começou na segunda da semana passada e foi concluída na terça. Dezenove empresas apresentaram propostas, 
mas só duas delas estão tendo suas documentações analisadas: a Digibras e a Positivo, pois deram os lances mais baixos. Se o MEC ficar com as propostas mais baratas para os quatro lotes, o investimento total será de R$ 330 milhões. O edital previa a aquisição de dois modelos de configurações dos tablets. Ambos devem ter o sistema operacional Android, mais aberto para diversos tipos de aparelho. O sistema da Apple, por exemplo, só pode ser usado no iPad -que, na prática, fica excluído do pregão.






> Correio Braziliense, 30/01/2012 - Brasília DF Laptops ficam guardados sem uso em escola de Brasília por falta de infraestrutura
Agência Brasil
Brasília – A direção do Centro de Ensino 10 da Ceilândia, cidade da periferia de Brasília (DF), ficou animada quando soube que a escola tinha sido escolhida para participar do programa Um Computador por Aluno (UCA), do governo federal. A expectativa era que os laptops que seriam distribuídos para cada um dos 470 estudantes de ensino fundamental pudessem mudar o dia a dia em sala de aula. Mas o equipamento que tinha potencial para transformar o projeto pedagógico se tornou mero coadjuvante em função das dificuldades estruturais. A internet é muito lenta e não suporta um grande número de acessos simultâneos. Por isso as turmas precisam fazer um “rodízio” e os computadores passam a maior parte do tempo trancados dentro do armário. Em algumas turmas os alunos só usam a máquina uma vez por semana. Além da internet lenta, outra falha estrutural dificulta a utilização dos laptops: faltam armários nas salas de aula para guardar os equipamentos. No projeto original, cada sala seria equipada com armários específicos para acomodar os computadores. Mas os móveis nunca chegaram e por isso a escola armazena quase metade dos equipamentos recebidos em um armário que fica no laboratório e tem cadeados para garantir que os aparelhos não sejam furtados. Com isso, as máquinas que eram para ser de uso individual são dividas pelas turmas do turno da manhã e da tarde.

Nós tivemos que fazer algumas adaptações. Como não tínhamos onde guardar, nós pegamos parte dos computadores e deixamos no armário que tem cadeado. No começo todos os dias nós trazíamos do laboratório para a sala de aula e devolvíamos no final, mas a gente perdia muito tempo nesse trânsito. Por isso pelo menos 100 computadores dos 470 que
recebemos ficam guardados lá sem uso”, explica a supervisora pedagógica, Cláudia Sousa. No Distrito Federal, apenas sete escolas foram beneficiadas pelo programa do Ministério da Educação (MEC). À Secretaria de Educação do DF cabia o apoio técnico para que o projeto estivesse em pleno funcionamento. Mas a escola ainda não conseguiu contar com o órgão para resolver simples problemas como o dos armários. Cláudia acredita que as dificuldades impedem que o projeto seja explorado em todo o seu potencial. Segundo ela, a experiência é, às vezes, frustrante – tanto para professores como para alunos.

Acho que poderia ser muito mais rico. Tem dia que a internet não funciona e às vezes o professor preparou uma aula e sai todo mundo frustrado porque o trabalho não pode ser feito. O professor, na verdade, tem a faca e o queijo na mão porque embora alguns tenham resistência ao uso do computador, os alunos caminham com as próprias pernas. Só que a gente esbarra nos problemas”, diz. O UCA já está passando por uma segunda fase. Agora, os laptops não são mais distribuídos pelo MEC, mas podem ser adquiridos por prefeituras e governos estaduais, com recursos próprios e a preços reduzidos. O diretor de Formulação de Conteúdos Educacionais da Secretaria de Educação Básica do MEC, Sérgio Gotti, alerta que se não houver a infraestrutura necessária para apoiar o projeto, a compra dos computadores vira “um tiro no pé”. “A aquisição pelos estados e municípios tem que ser uma escolha muito consciente. Se as escolas não têm estrutura suficiente para suportar, não têm conectividade, ele [o laptop] não vai ser trabalhado dentro de todo o seu potencial. Eles não ficam
encostados porque, de alguma forma, são utilizados, mas acaba que você não tem o efeito desejado”, diz.

Mesmo com as dificuldades, Cláudia conta que o impacto do UCA no aprendizado é positivo. Os alunos ficam mais motivados porque têm outra ferramenta à disposição além dos livros e do quadro negro. “No dia do UCA ninguém falta”, diz. Cada professor escolhe como e quantas vezes por semana irá utilizar os laptops – com exceção da internet que segue um cronograma de uso para cada turma. Os alunos fazem pesquisas sobre os conteúdos que estão sendo desenvolvidos em sala ou brincam com os jogos educativos que já vêm instalados na máquina. “A gente costuma entrar nos jogos ou pesquisar imagens. Mas antes tem que mostrar para a professora porque ela tem medo que a gente entre em site de namoro”, conta a aluna Mariana Santos, 9 anos, aluna do 4° ano do ensino fundamental . “Ele [o computador] é muito lento, o da minha casa é mais rápido. Mesmo assim, a gente queria usar mais na sala de aula”, completa a aluna. O secretário de modernização e tecnologia da Secretaria de Educação do DF, Luiz Roberto Moselli, avalia que foi um “erro” não garantir a infraestrutura necessária ao projeto na época em que os computadores foram entregues. Segundo ele, o órgão começará em 2012 um projeto para garantir a conectividade em 100% das escolas, com velocidade maior do que atual. “Estamos fazendo um plano diretor de informática para inserir a tecnologia na educação de forma bastante ambiciosa”, diz. De acordo com ele, o pedido dos armários já foi feito, mas como as peças serão fabricadas sob medida, o CEF 10 da Ceilândia começará o ano letivo ainda sem os móveis, que devem chegar até o fim do primeiro semestre.






> Correio Braziliense, 30/01/2012 - Brasília DF Uso de tecnologia em escolas depende menos de plataforma e mais de conteúdo disponível, defendem especialistas
Agência Brasil
Depois de prefeituras e governos estaduais receberem ou adquirirem cerca de 574 mil laptops por meio do Programa Um Computador por Aluno (UCA), o Ministério da Educação (MEC) acena com a possibilidade de inserir os tablets nas salas de aulas das escolas públicas brasileiras. Especialistas concordam que o sucesso do uso das tecnologias em educação não depende apenas da plataforma utilizada, mas sim da forma como a escola irá inserir essas ferramentas no aprendizado e também dos conteúdos digitais disponíveis. A diretora da Fundação Pensamento Digital, Marta Voeclker, aponta que a escola pode “mudar de paradigma” a partir da tecnologia. Ela ressalta que o uso das máquinas – seja um computador, laptop ou tablet – pode transformar a lógica do aprendizado. Alunos deixam de ser meros “recebedores” de conteúdo e podem evoluir para autores. “A tecnologia nos ajuda a sair de uma educação por instrução e memorização para uma educação de construção e colaboração. Uma tecnologia que a criança use a imagem, escreva e formalize ali seu entendimento. Se tenta mudar a escola há 100 anos e a tecnologia vem ajudar nisso”, explica. Sob esse ponto de vista, Marta defende que o “hardware” não importa tanto. O essencial é ter à disposição ferramentas que possibilitem um uso educacional de laptops e tablets para que as máquinas não sejam meros reprodutores dos conteúdos que já estão nos livros didáticos. “A escola vai aos poucos se tornando digital, os professores estão fazendo blogs, a gente se apropria das redes sociais, mas não há algo pensado para a escola que precisa de uma transição para a época digital”, aponta.

A especialista no uso das tecnologias da educação ressalta, entretanto, que essa transição da escola analógica para a digital precisar ser feita aos poucos. Leva tempo e exige uma reflexão da sociedade a respeito do que se espera da escola. “Quando o educador começa a trabalhar esses projetos chega um momento que o sistema não reconhece o que ele está fazendo. Isso está acontecendo em todo o mundo. No Brasil nós temos um ambiente mais propício à mudança, até do ponto de vista da legislação. Mas é uma mudança grande porque aí chegam as avaliações que hoje ainda se baseiam muito na memorização”,
diz Marta. “O que precisava é de um pensamento estratégico dentro do governo para pensar esse assunto a longo prazo”, completa.

Para Ilona Becskeházy, diretora da Fundação Lemann, a primeira e principal estratégia é buscar conteúdos pedagógicos que possam ser acessados por meio dos equipamentos. “Se você não selecionar conteúdo de alto padrão, tanto faz se é papel, lousa, ou tablet. E isso a gente não faz no Brasil. A lógica deveria ser: primeiro você busca o conteúdo e depois você procura como é a melhor maneira de distribui-lo. Se ele for bom pode ser até um mimeógrafo”, critica. Em 2012, pela primeira vez, o edital publicado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra dos livros didáticos que são distribuídos às escolas públicas do país inclui os chamados “objetos educacionais complementares aos livros didáticos”. Isso significa que as editoras poderão apresentar conteúdos em formato digital que, se aprovados, poderão ser adquiridos pelo governo para uso na rede pública.






> O Estado de São Paulo, 31/01/2012 - São Paulo SP Planeta pré-sal
Petrobrás financia pesquisas em cinco universidades para reduzir a margem de erro na exploração de petróleo na costa brasileira
Carlos Lordelo, do Estadão.edu
Qual a melhor maneira de transportar o gás natural produzido nos campos do pré-sal para o continente? Como perfurar um poço de petróleo a sete quilômetros de profundidade sem que as brocas sejam danificadas? É possível garantir a estabilidade de tubulações em condições extremas de pressão? Não se trata de questões de vestibular ou de provas de Engenharia. É que, antes de se lançar ao mar na atividade de exploração de petróleo e gás, a Petrobrás realiza milhares de simulações computacionais para responder a perguntas como essas. A avaliação de diferentes cenários permite à estatal reduzir a possibilidade de erros numa operação em que qualquer falha pode significar desastres ambientais e até mortes. Nessa tentativa de planejar o futuro, a empresa conta com uma infraestrutura própria de pesquisas e também financia laboratórios de escolas de Engenharia do País. A iniciativa ganhou reforço em 2006 com a criação da Rede Galileu, um consórcio de faculdades conectado por um parque de computadores capaz de fazer 140 trilhões de operações por segundo (teraflops). Só para fazer uma comparação, enquanto um cluster de 20 teraflops roda 30 mil simulações em três meses, um PC comum levaria pelo menos 15 anos. Integram a rede USP, ITA, PUC-Rio e as Federais de Alagoas e do Rio de Janeiro. Ao todo, a Petrobrás repassou R$ 32 milhões para essas universidades construírem novas sedes para os laboratórios – até o momento, só ficaram prontas as da USP e da Ufal. A estatal investiu outros R$ 20 milhões na compra dos clusters e todos, exceto o do ITA, já estão em funcionamento. Mais oito instituições completam o projeto como satélites e receberam R$ 21 milhões para efetuar melhorias na estrutura física.

Os dados que chegam aos
laboratórios são coletados pelos funcionários de campo da Petrobrás. As simulações mais sofisticadas rodam nos clusters, enquanto os pesquisadores se reúnem em salas de visualização para checar a representação precisa dos diferentes cenários em programas de realidade virtual. Estão à frente do projeto alunos da graduação ao pós-doutorado, sob a supervisão de professores. A remuneração desse pessoal varia: há desde bolsistas das próprias universidades até pesquisadores contratados pela estatal que recebem por meio de fundações de apoio. Sem contar o ITA, cujos laboratório e cluster ainda não foram entregues, a Petrobrás já destinou R$ 40 milhões para custear as pesquisas. Novos contratos devem ser assinados neste ano. “A rede permite que se mobilize toda a capacidade da engenharia nacional com rapidez”, afirma Luiz Augusto Levy, gerente de Métodos Científicos do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobrás. Segundo ele, em termos de simulação computacional, o País está pronto para encarar os desafios da exploração do pré-sal.

O Cenpes é vizinho do principal nó da Galileu, o Instituto de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ, na Ilha do Fundão. Tradicional parceiro da Petrobrás, o Coppe opera o maior cluster do projeto, de 80 teraflops - os outros três aglomerados de computadores têm 20 teraflops cada. Até o fim do ano, os dois laboratórios do instituto financiados pela estatal deverão ser entregues. Na PUC-Rio, onde há 50 anos foi instalado o primeiro supercomputador do Brasil, os benefícios de integrar a rede vão além das melhorias na infraestrutura. Segundo o professor Marcelo Gattass, responsável pelo cluster da universidade, desvelou-se um novo rumo para as
pesquisas desenvolvidas na pós-graduação. “Os alunos passaram a ter uma formação mais próxima do que é usado na prática.” Se no Rio o ponto forte das universidades é a simulação computacional, a USP se destaca na rede pelos trabalhos em Engenharia Oceânica. “A intenção da Petrobrás é que exista transferência de tecnologia entre os participantes da Galileu”, diz o professor da Poli Kazuo Nishimoto, coordenador do Tanque de Provas Numérico (TPN). O laboratório nasceu em 2002 com 100 metros quadrados e hoje, no novo prédio, ocupa um espaço 17 vezes maior.

A moderna sala de visualização do TPN chamou a atenção da aluna de Engenharia Mecânica Ana Grassi, de 22 anos, quando ela esteve no laboratório pela primeira vez. A convite de um professor, a estudante do 5.º ano da Poli faz estágio no local há um ano. “Trabalhar aqui foi bom porque descobri uma nova área, a naval, da qual acabei gostando bastante”, conta. No momento, ela está desenvolvendo um projeto que simula o transporte de etanol por um comboio de barcos pela Hidrovia Tietê-Paraná. Ana diz que vai usar o que aprendeu no estágio em seu TCC e pensa em fazer mestrado para aprofundar os conhecimentos no software que utiliza no TPN. Já Guilherme Goraieb, de 22, não pretende seguir a carreira acadêmica. Aluno do 5.º ano de Engenharia Naval, ele quer aproveitar o aquecimento do mercado para se lançar consultor da indústria offshore. “No estágio, aprendi a trabalhar com softwares diferentes dos que usamos em sala de aula”, afirma o estudante, que faz iniciação científica no TPN desde julho. Guilherme já projetou 11 navios em 3D para avaliar a estabilidade deles em diversas condições de carregamento. “Quis a vaga por ser uma oportunidade de lidar com uma coisa prática e conhecer melhor a área.”



> O Estado de São Paulo, 29/01/2012 - São Paulo SP Governo fecha ano sem concluir nenhuma creche
Promessa de entregar 6.427 unidades até 2014 está atrasada; de R$ 2,3 bi empenhados, ProInfância só pagou até agora R$ 383 milhões
Alana Rizzo
BRASÍLIA - Para cumprir uma promessa de campanha feita pela presidente Dilma Rousseff, o Ministério da Educação terá que inaugurar pelo menos 178 creches por mês, ou cinco por dia, até o fim de 2014. Na disputa presidencial de 2010, Dilma afirmou que iria construir 6.427 creches até o fim de seu mandato, mas a promessa está longe de se concretizar. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelo ProInfância - que cuida da construção dessas creches - pagou até agora R$ 383 milhões dos R$ 2,3 bilhões empenhados. No primeiro ano de governo, a execução do ProInfância ficou em 16%. Nenhuma obra foi concluída. Principal aposta do PT nas eleições de 2012, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad deixou o ministério para se candidatar à Prefeitura de São Paulo sem entregar nenhuma das creches prometidas pela presidente. Nas últimas campanhas em São Paulo, as creches têm sido destaque. Seu sucessor, Aloizio Mercadante, tomou posse na última terça-feira prometendo atender à promessa de Dilma. "Vamos cumprir a meta de criar mais de 6 mil creches e dar às crianças brasileiras em fase pré-escolar acolhimento afetivo, nutrição adequada e material didático que as preparem para a alfabetização", disse o ministro.

Na campanha, Dilma chegou a fixar a meta de construir 1,5 mil unidades de ensino por ano. Reforçou a promessa no programa de rádio da Presidência: "A creche é também muito importante para as
mães, para que possam sair para trabalhar tranquilas, sabendo que seus filhos estão recebendo atenção e cuidados," disse na última segunda-feira. Déficit. O déficit do País hoje é de 19,7 mil creches. Para se alcançar uma das metas do Plano Nacional de Educação é preciso triplicar o número de matrículas nessas unidades. O plano propõe aumentar a oferta de educação infantil para que 50% da população até três anos esteja em creches até 2020. Atualmente, esse índice está em 16,6%. Norte e Nordeste têm os menores porcentuais de matrículas nessa faixa etária, segundo o Movimento Todos pela Educação. A pior situação é a do Amapá, que tem menos de 4% das crianças matriculadas. Em São Paulo, a taxa de matrículas é de 26,7%.






> Folha Dirigida, 30/01/2012 - Rio de Janeiro RJ Fusões no ensino superior preocupam o novo ministro
Mário Boechat
O recém-empossado ministro da Educação, Aloizio Mercadante, aparenta estar preocupado com o monopólio dos grandes conglomerados ligados à área educacional. Em seu primeiro discurso como chefe da pasta, ele relatou que as instituições privadas de ensino superior estão tendo papel decisivo na expansão da oferta de vagas nas universidades e já respondem por cerca de 75% das matrículas e que, por isso, é muito importante que o MEC busque formas de assegurar a qualidade da educação superior, bem essencial para a população e o país. Mercadante destacou, ainda, a "nova tendência de fusão e concentração do ensino particular em grandes grupos econômicos, bem como a abertura dos capitais desses grupos nas bolsas de valores, que demandam forte sistema de avaliação, regulação e supervisão, sem perder a gestão estratégica dos recursos humanos existentes".

"O Ministério precisa desenvolver uma política adequada de planejamento e supervisão da expansão do ensino superior brasileiro, de forma a induzir resultados estratégicos nos setores e áreas de maior interesse do país", completou o ministro. Esse acompanhamento por parte da pasta é essencial para manter a
qualidade do ensino praticado pelas instituições de ensino superior no Brasil. A presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, instituição que também representa o segmento em âmbito nacional, confirma que já há acompanhamento e regulamentação desta questão.

"Talvez ele não conheça essa questão. O MEC acompanha a fusão das grandes corporações, principalmente as que envolvem capital estrangeiro. Não é permitido que uma universidade tenha mais investimento de fora do que nacional", explica. A presidente da Fenep demonstra preocupação no sentido de a fiscalização e o acompanhamento de todo esse trâmite financeiro e burocrático ser alterado - para pior. "É legítima essa preocupação. É uma área fundamental, que envolve a educação do povo brasileiro. O interessante é negociar sempre, participar das tratativas, pois o objetivo é colocar 6 milhões de pessoas nas universidades. Essa é a maior preocupação", ressalta. Pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman acredita que a medida proposta pelo novo ministro está correta. Avaliar o ensino superior com vistas à melhora da qualidade é um grande passo para
o desenvolvimento do setor, na sua visão. Contudo, o especialista crê na necessidade de aperfeiçoamento dos dispositivos atuais.

"O governo já dispõe de um sistema de avaliação das instituições de ensino superior, o Sinaes, que precisa ser aperfeiçoado. Isto não tem nada a ver, me parece, com fusões e abertura de capital - as fusões podem tanto juntar instituições de má qualidade e melhorá-las, quanto ao contrário. Não entendi, pela fala do ministro, que ele tenha a intenção de interferir nos processos de fusão ou de abertura de capital, mas somente na avaliação das instituições, o que já está sendo feito", pontua o pesquisador. A fiscalização e o acompanhamento têm sido constante, segundo Amábile Pacios. De acordo com a educadora, o assunto é tema de discussão frequente na Câmara dos Deputados, o que torna o debate aberto para muitos setores da sociedade, por meio de audiências públicas. "Quando essas grandes empresas participam de audiências, são bem exigidas, muitas perguntas são direcionadas a elas, com o intuito de tirar todas as informações possíveis e eliminar todas as dúvidas existentes."



> UOL Educação, 31/01/2012 MEC quer incluir 1,9 milhão de alunos nas redes de ensino integral neste ano
Da Agência Brasil, em Brasília
O MEC (Ministério da Educação) espera incluir 1,9 milhão novos alunos nas redes de ensino integral, somando um total de 5 milhões de estudantes em 2012. As escolas urbanas e rurais pré-selecionadas pelo MEC para oferecerem ensino integral têm até o dia 15 de fevereiro para aderirem ao Programa Mais Educação. Segundo o MEC, 14,2 mil escolas urbanas e 14,5 mil escolas rurais foram pré-selecionadas em 2012. Desse total, 3.100 novas escolas solicitaram o acesso ao Sistema de Informações Integradas de Planejamento, Orçamento e Finanças do MEC (Simec) para fazerem o cadastro. As escolas pré-selecionadas devem acessar o site do Simec por meio de senha fornecida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fnde). Ao se registrarem, as escolas devem informar quantos alunos serão atendidos e escolher as atividades que serão desenvolvidas. As instituições que já participavam do programa devem atualizar o número de alunos e informar quais as atividades devem ser implementadas. Além do ensino regular, as escolas devem escolher seis atividades para desenvolverem com os alunos. Entre elas estão o acompanhamento pedagógico, educação ambiental, esporte e lazer, direitos humanos em educação, cultura e artes, cultura digital, promoção da saúde, comunicação e uso das mídias, investigação no campo da natureza e educação econômica. O programa Mais Educação criado em 2007, agrega às escolas públicas atividades sócio-educativas para melhorar a qualidade do ensino e diminuir a evasão escolar. As instituições que aderirem ao programa recebem do governo federal, recursos e suporte para implementar atividades no turno contrário ao ensino regular.






> UOL Educação, 31/01/2012 Faculdade particular de Pernambuco vende mudas para alunos em troca de créditos de atividades extracurriculares
Carol Guibu do UOL, em Recife
Estudantes da Faculdade Maurício de Nassau acusam a instituição de "vender" horas de atividade complementar. Para se formar na instituição são necessárias cerca de 200 horas de atividades extracurriculares que, segundo o MEC (Ministério da Educação), podem ser cumpridas com participações em congressos, seminários, palestras, conferências, cursos de extensão, iniciação científica ou monitoria. De acordo com os alunos, a faculdade, através de campanhas periódicas, permite que eles adquiram produtos em troca da carga horária -- eles são incentivados a comprar mudas de plantas, cestas básicas ou livros da própria faculdade. A instituição se encarregaria também de doar esse material. No segundo semestre do ano passado, por exemplo, houve uma campanha de venda de mudas -- a cada duas plantas adquiridas, o estudante "cumpria" uma hora de atividade complementar. De acordo com o panfleto da ação, o objetivo era “ajudar a faculdade a plantar um mundo mais verde”. Para um estudante que não quis se identificar, a “venda de objetos em troca de atividade complementar é apenas um paliativo para os alunos que estão para se formar e ainda não completaram as horas necessárias para isso”. “Como eu já estava sem saber o que fazer para ter essas horas extras, acabei comprando alguns livros, mas, mesmo assim, acredito que este não é o certo para o meu crescimento pessoal e profissional”, admite  o estudante. Para o diretor do Procon-PE, José Rangel, o procedimento é “absolutamente ilegal e irregular”. “É um absurdo trocar conhecimento por planta”, afirmou Rangel. De acordo com Rangel, caso sejam confirmadas as denúncias, o órgão acionará o MEC e o Ministério Público de Pernambuco para tomar as devidas providências. Outro lado - A direção da faculdade respondeu, através de nota oficial, que segue as normas dispostas pelo CNE (Conselho Nacional de Educação). Ainda de acordo com a nota, a instituição criou “projetos de responsabilidade social, sem fins lucrativos (…) que se estrutura através de ações voluntárias dos alunos”.


 
Editoriais, artigos e opiniões


 
> Estado de Minas, 31/01/2012 - Belo Horizonte MG Faculdades pagou, passou
José Eloy dos Santos Cardoso - Economista, professor e jornalista
O artigo do professor Reginaldo Gonçalves publicado no Estado de Minas sob o titulo ‘Faculdades em xeque’ (Opinião, 29/1/2011) retrata muito bem os tempos de hoje, em que, para aumentar o número de diplomados, são criadas entidades de ensino superior sem nenhuma condição de funcionar. Que o digam os exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em seus testes para conceder uma carteira de advogado a quem completou o curso de direito. Fui professor universitário por mais de 30 anos e posso dizer, de cadeira, como estão sendo formadas pessoas sem nenhuma condição de exercer uma profissão.

A Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) recebeu os antigos cursos da Faculdade Municipal de Ciências Econômicas (Famce) em 1969, quando era apenas Universidade Católica de Minas Gerais, (hoje, Pontifícia). Ao receber da Prefeitura de Belo Horizonte os cursos oferecidos pela antiga Famce e também todos os seus professores, funcionários, livros e outros ativos, ela logo buscou aprimorar a formação de contadores, economistas e administradores, que hoje são orgulho de Minas Gerais e do Brasil. Há nesses cursos da PUCMinas atualmente um modelo de formação de profissionais não só nessas áreas, mas em todas as que são oferecidas por essa universidade, modelo brasileiro de entidade particular de ensino. Ela vem mostrando isso a todo o país. A PUC mineira forma profissionais que nossa nação espera e conta com professores de nível superior
de qualidade compatível com as melhores universidades brasileiras e até estrangeiras. O professor Reginaldo Gonçalves tem toda a razão de reclamar dos níveis de profissionais formados de qualquer maneira por várias outras faculdades pelo Brasil afora.

O problema é que as facilidades de fundação e funcionamento, largamente difundidas e facilitadas pelo governo federal, não condizem com as necessidades de o Brasil alcançar excelentes níveis de desenvolvimento. O problema não é exclusivo dos cursos de economia, administração, ciências contábeis ou direito. Diz respeito a vários outros ramos profissionais cujos bacharéis com diploma não empatam com suas capacidades de exercer uma profissão. A simples condição de ter professores pós-graduados ou com mestrado não significa que esses profissionais estão em condições de exercer a nobre carreira de professor em qualquer área. Ultimamente, tem sido até fácil fazer uma especialização ou mestrado. É dever de cada empresa que contratá-los verificar se, na prática, eles têm condições de assumir o trabalho de mestres, mesmo que possuam condições jurídicas para tal.

É uma missão difícil para as empresas ou consultorias de head hunters. Hoje, não está nada fácil essa missão. Uma prova disso é que as empresas brasileiras estão contratando aos montes os estrangeiros aptos a ocupar os lugares que os profissionais brasileiros não estão podendo ou
não têm as mínimas condições de contribuir para o desenvolvimento e o crescimento do Brasil e que o mundo inteiro está exigindo.

O Ministério da Educação (MEC), como órgão que fiscaliza e regula as instituições de ensino, é o responsável pelo diagnóstico da situação operacional e financeira de cada faculdade, universidade, inclusive pelo atendimento das diretrizes instituídas formalmente pelas leis brasileiras. A simples busca pela lucratividade dessas ditas faculdades, é apenas um problema a mais a ser resolvido. É claro que quem coloca o capital de risco precisa se assegurar de que ele dará algum retorno para evitar os futuros choques de gestão. A grande preocupação brasileira é permitir, em nome da situação econômica e financeira de cada organismo de ensino, o exercício do magistério por professores inaptos para a função dos autênticos mestres que existiram no passado. Os sindicatos de professores não têm condições técnicas ou administrativas para entrar nesse perigoso e incerto imbróglio. Caberia ao MEC fazer isso. Se ele não tem condições para essa tarefa, coitado do Brasil que esperamos no futuro. O mercado de capitais que almeja só lucros para seus acionistas é uma coisa. Fabricar lucros em detrimento do Brasil e dos brasileiros é outra. Cumpre a todos fiscalizar isso não deixando que nossos filhos e netos frequentem as chamadas faculdades do tipo pagou, passou. Seremos fatalmente punidos por mais essa irresponsabilidade.






> Correio Braziliense, 30/01/2012 - Brasília DF Dever de casa, da escola e da família
O que leva a classe média a matricular os filhos na rede pública? Principalmente, a busca por uma experiência de vida rica e com responsabilidades compartilhadas
Gustavo Torres Falleiros / Maria Júlia Lledó
Parceria - A Associação de Pais e Mestres (APM), a Associação de Pais, Alunos e Mestres (Apam) e a Caixa Escolar são entidades legalmente constituídas pelas comunidades escolares sob a forma de pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos. Elas têm como objetivo auxiliar na administração escolar, participar de reuniões de planejamento, captar recursos financeiros para prestar assistência suplementar e/ou emergencial à escola, receber, executar e prestar contas dos recursos financeiros, além de promover e apoiar atividades socioculturais. A Secretaria de Educação do DF destina à APM, à Apam ou à Caixa Escolar o equivalente a R$ 45 por aluno. Os filhos são nossos, mas também são do mundo. A forma de educá-los é decisão de cada família, mas, às vezes, esquecemos que parte da aprendizagem é compartilhada com a escola. Exagerando, podemos dizer que a sociedade inteira tem o que ensinar, incluindo os outros pais, os coleguinhas e os professores. É estranho, portanto, que a gente nunca se pergunte: Quem é o dono do giz? E a lousa, é de quem? A quadra de esportes é de todos?

Há uma parte tímida da classe média disposta a pedir de volta o direito de matricular os filhos em uma escola pública de qualidade. Essa minoria não fica de braços cruzados e se sintoniza com as questões da comunidade escolar para que a formação dos filhos não dependa somente de verbas atrasadas ou projetos educacionais engavetados. Proativos, eles pretendem dar uma nova cara à instituição bordada por índices deficientes de qualidade. Assumem a responsabilidade de zelar pelo bem público e auxiliar a escola como coadjuvantes de destaque. Mas quem são esses pais? O que eles fazem pela escola pública?

Direito garantido - Na Escola Classe da 304 Norte, o barulho que se escuta pelos corredores não é dos alunos, que ainda aproveitam as últimas semanas de férias, mas de pintores deslocando as escadas para alcançarem todos os espaços que precisam ser retocados antes do início das aulas. Lá fora, funcionários da Novacap retiram o capim da quadra de futebol e aparam os galhos que ameaçam cair no pátio. Enquanto a escola se prepara para mais um ano letivo, a empresária Angélica Brunacci, 33 anos, conversa com os funcionários, se dispõe a
ajudar, faz sugestões sobre as mudanças e observa as melhorias do lugar onde a primogênita Sofia, 8 anos, estuda.

Angélica e o marido, o tecnólogo Diego Viegas, 31 anos, participam de cada decisão tomada pela escola. Postura que transforma o ensino público em algo bem diferente do quadro de descaso pintado por muitas instituições. Parte desse sucesso antecede a participação do casal e de outros pais cujos filhos estudam em escola pública. Pai de Angélica, o economista Gilson Duarte, 61, por exemplo, já foi presidente da Associação de Pais e Mestres (APM), durante a década de 1980, onde a filha estudou e hoje a neta estuda. Para manter a qualidade pela qual os pais e tantos outros pioneiros batalharam para conquistar, Angélica segue os mesmos passos. A empresária participa da APM porque acredita que uma atitude proativa dos pais seja fundamental para o êxito do ensino público. Além de participar de conselhos e reuniões da comunidade, o casal reserva algumas horas da semana para ir à escola e realizar atividades extras. Caso do laboratório de informática que Diego instalou e para o qual presta assistência. Angélica também ministrou uma oficina sobre segurança na internet. “Ninguém te cobra para ser participativo, mas se um pai domina a parte elétrica, ele vem ajudar da mesma forma que outro pai, serralheiro. A escola pública é assim: uma via de mão dupla”, diz Angélica.

Apesar de se juntar a outros pais de classe média cujos filhos estão matriculados na escola classe, a empresária desconhece a existência de uma rede organizada de pais em prol do ensino público. Angélica observa, porém, que tal envolvimento nas atividades pedagógicas passa a ocorrer a partir do momento em que pai e mãe matriculam os filhos no ensino público e se tornam parte da comunidade escolar. “Acho que tudo parte do seguinte princípio: quando a classe média abandona o serviço público, ele fica caracterizado como ‘para pobre’. E não é. É um serviço pelo qual todos pagamos por meio de impostos.” Para matricular a filha, Angélica adotou o procedimento padrão. Ligou no Telematrícula, número 156. Outros pais, cujos filhos já estão no ensino público, têm a vaga do próximo ano automaticamente garantida. Responsável pelo ensino fundamental de 320 alunos — entre esses, 30 têm
necessidades especiais —, a Escola Classe da 304 Norte é um exemplo de que, com o envolvimento de pais e/ou familiares, somado à administração da escola, o ensino público pode avançar. Principalmente como espaço democrático, onde alunos de diferentes estratos sociais convivem, brincam e estudam.

Sofia não vê distinções entre os coleguinhas, ainda que muitos experimentem uma realidade bem diferente da menina de classe média. “Andamos com ela de ônibus e explicamos, à medida que nos questiona, como é a vida de algumas amigas da escola ou por que não é asfaltada a frente da casa da amiga. Queremos preparar nossas filhas para o mundo”, diz Diego. Além de Sofia, Laura, de 3 anos, deve entrar na mesma escola em breve. Hoje, a caçula estuda na Vivendo e Aprendendo, uma associação sem fins lucrativos mantida pelos pais dos alunos. Outra diferença no dia a dia de Sofia é que ela não demanda brinquedos ou gadgets como outras crianças da sua idade. O celular só é usado quando a menina tem aula de ginástica acrobática no Centro Interescolar de Educação Física (Cief), também público. A mochila não é “da moda”. Nem por isso, ela sente falta. Tampouco sofreu bullying por ser de classe média. Nem os pais foram questionados por outros de menor poder aquisitivo sobre a vaga que a menina ocupa numa escola pública, sendo que o casal teria condição financeira de matricular a menina numa particular. Por apostar numa educação diferenciada, em que precisam acompanhar diariamente o desenvolvimento das filhas em casa e na sala de aula, Angélica e Diego travam outra briga. Dessa vez, está em xeque o preconceito. “Já fomos recriminados por gente que tem condição financeira pior que a nossa”, lembra Angélica. “Falam que não estamos dando o melhor para nossas filhas”, conta Diego. Mesmo assim, eles não se arrependem da escolha, ainda que tenham cogitado matricular as meninas em um colégio particular. Eles desistiram por não encontrar nenhuma escola onde pudessem acompanhar tão de perto a formação da filha e participar das decisões da escola. Para o casal, a opção pelo ensino público só valerá a pena enquanto for benéfica à formação das filhas. “O bem-estar das meninas vem antes. Não tenho esse absolutismo ideológico”, destaca Diego.





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> Folha Dirigida, 31/01/2012 - Rio de Janeiro RJ "Ministro economista" divide opiniões
Thiago Lopes
Com a saída de Fernando Haddad do Ministério da Educação (MEC), que deixou o cargo a fim de se preparar para a disputa da prefeitura de São Paulo nas eleições 2012, o economista Aloizio Mercadante, que comandava o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, assumiu a pasta. A FOLHA DIRIGIDA entrou em contato com alguns educadores para saber o que pensam sobre o nomeado pela presidente Dilma Roussef como novo ministro da Educação. Os especialistas ficaram divididos sobre a nomeação de alguém sem trajetória na área da para comandar o MEC. O que é consenso entre todos, entretanto, é que deve ser alguém sensível aos problemas enfrentados no setor e capaz de entender a educação como um caminho estratégico para o desenvolvimento social e econômico do país.

"Comparando com o Haddad, o Mercadante tem maior experiência política, pelos cargos que já ocupou. Isso pode ser bom, porque há necessidade de maior diálogo, e o político, de maneira geral, tem essa capacidade. Outra expectativa é a redução da inflação legislativa. Ano passado, o MEC editou 8 mil portarias. É um número absurdo de atos que interferem na vida das instituições. Um ministro mais político talvez possa trazer um processo de menos regulamentação. Outro ponto importante, e que precisamos caminhar, esse pode ser o primeiro passo, é a transferência do ensino superior para a área de ciência e tecnologia. Seria um grande avanço deixar o MEC apenas para a educação básica. Pode ser que haja um entendimento nesse ponto e, quem sabe, em médio prazo, possamos ter uma unificação das políticas necessárias para o
desenvolvimento do país. Não existe educação sem ligação com ciência e tecnologia." João Roberto Moreira Alves (presidente do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação)

"Para ser ministro da Educação, não necessariamente é preciso ser um educador, até porque os ministérios são cargos políticos. De todo modo, é fundamental que entenda os problemas da área e seu sentindo estratégico para todas as dimensões de uma sociedade democrática. Precisa ser uma pessoa de cultura universal, que enxergue a educação como um direito social, pois ainda não se constitui, efetivamente, nem na sociedade nem no governo, como prioridade real. O maior gargalo é o ensino médio. O novo ministro deve ter consciência disso e buscar um aporte, no mínimo, triplicado no segmento, que é o passaporte para a cidadania e o emprego qualificado. O parlamento, o judiciário e o executivo não têm esse entendimento. Nossa base social também não pressiona para que a educação seja, de fato, uma uma base estratégica nacional. Espero que o novo ministro brigue para que a educação deixe de ser apenas discurso." Gaudêncio Frigotto (professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Uerj)

"O ideal, mas que raramente acontece, é que seja alguém com trajetória na educação, pois pois o perfil técnico é fundamental. Porém, na administração pública brasileira, quem ocupa cargos de confiança quase nunca tem essa característica. O comportamento dos ministros não é baseado na competência técnica e no 
compromisso com o interesse público. O fato de ter uma história na educação também não é suficiente. É preciso demonstrar compromisso público, pois não estamos falando de uma empresa privada. É necessário ter preocupação com os interesses da população. Embora o discurso seja esse, na prática isso ainda não acontece. Não tenho muita informação sobre o Mercadante e, por isso, não crio grandes expectativas. Não por ser ele, mas por ser do PT. A trajetória dos dois últimos governos não foi favorável ao interesse público. O Prouni, por exemplo, ajuda as instituições privadas, que garantem uma clientela cativa." Nicholas Davies (professor da Faculdade de Educação da UFF)

"Tem que ser alguém da educação, sim. Mesmo reconhecendo que nem sempre um grande professor é um grande administrador público, precisamos buscar pessoas com uma história relevante na educação. São eles que poderão conduzir de forma plena uma política efetiva, não esse tiroteio que vivemos hoje. Só que é muito complicado, porque não é apenas um ministro. Deve estar em sintonia com uma equipe e afinado com o governo, sua base e oposição. Tem que ser alguém que saiba negociar conjecturas de ordem política e, como educador, com experiência e visão de campo. O Mercadante é um economista. Os ministérios não têm muitos quadros técnicos, isso torna ainda mais necessário que o político seja alguém da área, com legitimidade e reconhecimento, independente do respeito político pela nomeação." Marcelo Corrêa e Castro (Decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro)






Quem deve ser reprovado: o aluno ou o colégio?
FRANCISCA ROMANA GIACOMETTI PARIS / Pedagoga; mestre em educação
A palavra reprovação escolar está vinculada à ideia de condenação, incapacidade e insucesso. Trata-se de uma questão que aflige os estudantes, os pais e os educadores, além de trazer no seu bojo um conjunto de mitos que necessitam ser esclarecidos, principalmente aos pais. A reprovação não deveria existir no ensino fundamental, pois, tratando-se de escolaridade obrigatória, é esperado que todos obtenham sucesso - compreendido na maior pluralidade possível - no percurso escolar que lhes é imposto por força da lei. Melhor dizendo, meninos e meninas não escolheram estudar, mas são obrigados a frequentar a escola porque a sociedade assim decidiu. Ora, se a sociedade decidiu pela escolaridade obrigatória entre os 6 e os 14 anos de idade, então que se mobilize para que ela seja eficaz. Isso porque todos são capazes de aprender, desde que sejam respeitados seus sentidos, ritmos, cultura e condições cognitivas.

Partindo desse pressuposto, podemos nos perguntar: por que, então, existe a reprovação? A reprovação existe porque não sabemos fazer uma escola que trabalhe com as diferenças. Nosso olhar "educador-míope" concebe um aluno-padrão e elabora práticas pedagógicas com base nele. Assim, quem não se enquadra no padrão - não por ser pior, mas por ser diferente - acaba sendo reprovado. Outra hipocrisia da pedagogia da reprovação localiza-se no fato de se reprovar apenas o aluno, desconsiderando-se questões fundamentais do complexo processo escolar. O aluno, aquele que deveria ser resguardado, acaba sendo o culpado pelo seu próprio não-saber. Ora, mas a escola não existe para ensinar? O aluno não vai à escola para aprender? Caso ele não aprenda, quem deve ser reprovado: ele ou a escola?
Contudo, se o indivíduo ainda vive esse problema, pode-se tirar dele um pequeno potencial pedagógico. É preciso reconstruir o termo, já que reprovar é um verbo cujo significado pode ser "provar de novo", como o refazer significa, também, "fazer de novo". Não acredito muito nisso, mas, para acalentar pais angustiados, talvez eles possam dizer aos filhos que, se tivermos que provar um saber num determinado momento e não conseguirmos, resta-nos uma segunda chance. Então, poderemos provar de novo aquilo que sabemos, só que em outro tempo. É importante saber ensaiar o discurso para dizer a nossos filhos que reprovar pode ser um novo momento de provar e que, para isso, é preciso revisitar alguns saberes. Seria um jogo de palavras? Penso que sim, mas vale tudo para recuperar a esperança e a autoestima de quem é o sujeito do existir escolar.

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