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sábado, 11 de fevereiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, SEXTA 10 DE FEVEREIRO DE 2012


Matérias de Hoje
  • Secretário de Educação Superior do MEC foi condenado pelo TCU > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • País precisa garantir que alunos concluam educação básica > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Faculdades de Direito lançam liga global em São Paulo > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Atuação de profissionais da saúde é ampliada em votação no Senado > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Avaliação ruim não muda planos do MEC para compra de laptops > Folha.com
  • Mercadante: escola não pode ficar à margem da evolução tecnológica > Terra Educação
  • OCDE pede investimento em educação como saída da crise a longo prazo > UOL Educação

Matérias
> O Globo, 10/02/2012 - Rio de Janeiro RJ
Secretário de Educação Superior do MEC foi condenado pelo TCU
Amaro Henrique, escolhido por Mercadante, foi reitor da UFPE e teve contas reprovadas
Chico de Góis
BRASÍLIA. Escolhido anteontem para ser o novo secretário de Educação Superior (Sesu) do Ministério da Educação, o engenheiro civil e professor Amaro Henrique Pessoa Lins tem duas condenações no Tribunal de Contas da União (TCU), que julgou irregulares contas no tempo em que foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre 2003 e 2011, em dois mandatos consecutivos. A assessoria de imprensa do ministério informou que ele está recorrendo das decisões. Ainda segundo a assessoria, o ministro Aloizio Mercadante “entende que as irregularidades apontadas pelo TCU na gestão do reitor referem-se a questões formais”. Em agosto do ano passado, o TCU julgou irregulares as contas da UFPE. O acórdão 5796/2011 apontou uma série de irregularidades na contratação, com dispensa de licitação, da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE (Fade) para realização do plano de compromisso Todos pela Educação, em 2007. Foram convidados para participar do processo de dispensa de licitação três entes privados, os quais mantinham vínculo institucional, direto ou indireto, com a UFPE: Fade, Associação Tecnológica dePernambuco (Atepe) e o Instituto de Pesquisas Sociais Aplicadas (Ipsa).


O TCU apontou “existência de identidade entre as propostas apresentadas pelas empresas Ipsa e Atepe no que se refere a destinatário de suas propostas, tanto na linguagem, quanto na fonte; descrição do subtítulo ‘apresentação’ com trecho assemelhado; descrição do subtítulo ‘objeto’ da empresa Ipsa, idêntico ao preâmbulo da proposta da Atepe; e formato do número de páginas”. Além disso, destaca o relatório do TCU, “a proposta da Fade possui sequência numérica com formatação e localização idênticas às das suas concorrentes”. Outra conta julgada irregular pelo TCU é a do processo 19.831/2007, referente ao exercício de 2006. Há diversas irregularidades, muitas delas envolvendo a Fade. O Ministério Público destacou que as irregularidades são comuns, envolvendo a UFPE e a Fade. “No caso concreto, percebe-se claramente que a entidade de apoio serviu de instrumento para favorecer servidores da instituição e eliminar ‘entraves burocráticos’ da Lei de Licitações, como se as exigências ali previstas expressassem meras formalidades
destituídas de conteúdo valorativo”.


O Ministério Público verificou que há aditivos além dos permitidos pela lei, valores destinados a eventos que não tiveram comprovação, como o contrato que a UFPE firmou com a Fade para a realização do “Encontro Internacional de Inovações Pedagógicas”, a equipe da Controladoria Geral da União (CGU) apurou que dos R$ 364,5 mil pagos à fundação, apenas R$ 174,7 mil estariam respaldados em comprovantes de despesa. “Outra observação importante que pode ser extraída do relatório de gestão refere-se ao pagamento de R$ 67.980,30 à empresa Martur Viagens e Turismo a título de passagens aéreas, sendo que nenhum dos passageiros relacionados na fatura pertencia à equipe técnica indicada na proposta de trabalho”. A assessoria do Ministério da Educação informou que a UFPE recorreu da decisão do TCU sobre o acórdão das contas de 2007 e aguarda o julgamento. Sobre o processo do exercício de 2006, segundo a assessoria a UFPE ainda não foi notificada formalmente e, quando o for, apresentará sua defesa.
> O Globo, 09/02/2012 - Rio de Janeiro RJ
País precisa garantir que alunos concluam educação básica
Para especialistas, é preciso ir além da universalização do acesso à escola
RIO - As 3.853.317 crianças e adolescentes de 4 a 17 anos que estão fora das salas de aula e deixam o Brasil ainda longe de cumprir a meta estabelecida pelo movimento Todos Pela Educação — 98% ou mais dessa faixa etária devem estar matriculados e frequentando a escola até 2022 — são um “número assustador e que mostra que é irresponsabilidade dizer que o país universalizou a educação.”, diz Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação: — É inadmissível, são quase quatro milhões de pessoas que têm seu direito de aprender negado. De acordo com o relatório De Olho nas Metas, em 2010, a taxa de atendimento no país foi de 91,5%, na faixa de 4 a 17 anos, quando a meta era de 93,4%. Para especialistas, esses números não mostram apenas as crianças e jovens que não vão à escola, mas evidenciam que o país precisa ter uma política pública não só para garantir o acesso à educação, mas também para manter o aluno na escola, garantir que conclua a educação básica e tenha educação de qualidade.


— O atendimento à pré-escola, com crianças de 4 a 5 anos matriculadas, é recente. O governo começou a se comprometer com essa faixa etária, as taxas de atendimento vêm crescendo e a tendência é que aumentem. Claro que gostaríamos que todas as crianças estivessem já na pré-escola. Mas, mesmo as que não estão, em algum momento irão frequentar o ensino fundamental. No entanto, não basta oferecer acesso. A questão é como melhorar
a qualidade e o fluxo escolar. No ritmo em que vamos, dificilmente chegaremos em 2022 com 98% das crianças e adolescentes de 4 a 17 anos na escola. Embora avance, a taxa de conclusão cresce timidamente — diz Tufi Soares, coordenador do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF): — O país ainda precisa definir, por exemplo, quais os critérios de reprovação e como acompanhar os alunos que são reprovados. A reprovação produz atraso escolar e atraso no aprendizado. E o Brasil reprova por reprovar, o que contribui, assim como a defasagem idade-série, para que abandonem a escola. O relatório apontou ainda que dos quase 4 milhões que não estão nas salas de aula, 1.156.846 são crianças de 4 a 5 anos. Quando o assunto são jovens de 15 a 17, o número é ainda maior: 1.728.015.


— O Brasil praticamente universalizou a educação para a faixa de 8 a 12 anos, temos 98,5% de atendimento. A conclusão é que não está universalizada. Desses quase 4 milhões que hoje não frequentam a escola, 1.200 milhão, que hoje têm entre 4 e 5 anos, vai entrar. A gente quer que eles entrem antes, na pré-escola, mas eles irão. O problema é quem entra e sai da escola, os alunos que largam os ensinos fundamental e o médio — diz Ruben Klein, especialista em avaliação educacional. — Criar uma escola de qualidade é o que vai impactar a educação no Brasil. Estimular as crianças, ter projeto pedagógico e políticas públicas que melhorem a
qualidade do ensino. — Crianças e adolescentes não ficam na escola porque ela é muito ruim. Se você perguntar para os menores por que eles vão, vai ouvir que é por causa das outras crianças. Então, quando crescem e descobrem que já não precisam da escola para amizades, elas largam. Antigamente, os alunos ficavam por conta da cultura autoritária das famílias — diz Vitor Paro, professor da USP e autor do livro “Crítica da estrutura da escola”. - O Brasil não tem objetivo na educação. Não tem meta para melhorar a qualidade, para dar condições de trabalho, para reorganizar o que é ensino e a maneira como é ensinada. Já seria triste termos 30 crianças fora da escola, porque elas não têm acesso à cultura e têm um direito negado. Sendo quase quatro milhões...


Desafio é oferecer qualidade e não só acesso - Francisco Soares, professor da UFMG, diz que é necessário ainda que o ensino médio seja repensado para que mais estudantes permaneçam na escola: — Eles vão para o primeiro ano e se perguntam o que as disciplinas têm a ver com a vida deles. Oferecemos aulas para quem quer fazer vestibular, é só para esse perfil. Mas nem só quem vai para universidade precisa de educação. Criar esse debate é importante. Não é só dizer que vai oferecer ensino profissionalizante com o médio, porque isso faz com que um aluno tenha até 22 disciplinas. Para manter os jovens na escola, é hora de colocar em pauta que nem todos querem fazer a mesma coisa.


> O Estado de São Paulo, 08/02/2012 - São Paulo SP
Faculdades de Direito lançam liga global em São Paulo
Objetivo da parceria é preparar advogados para desafios novos
Cedê Silva - Especial para o Estadão.edu
Treze faculdades de todo o mundo lançaram hoje em São Paulo a Liga Global de Escolas de Direito. O objetivo é somar forças em projetos como cursos de verão, tribunais simulados e intercâmbios. A iniciativa, preparada há cerca de dois anos, é liderada pela Direito GV e pela Faculdade de Direito da Universidade de Tilburg (Holanda). "Nunca haverá a formação (integralmente) global do bacharel em Direito, porque a autoridade do advogado vem dos sistemas locais", afirmou o professor Amir Licht, do Centro Interdisciplinar de Herzliya (Israel). Apesar disso, é crescente a demanda por advogados que lidem com mais de um sistema jurídico - não apenas na área de negócios, mas também em temas como direito ambiental, penal e direitos humanos. Demanda. O professor Joaquim Falcão, diretor da FGV Direito Rio, lembrou que as escolas de Direito brasileiras tiveram origem na Independência, com a necessidade de formar uma burocracia não portuguesa. "Pressão global, necessidades locais", destacou. Por causa das diferentes demandas em cada país, ele disse acreditar que, no ensino da disciplina, "a diversidade é a regra".Para José Garcez Ghirardi, professor da Direito GV paulista, não faz mais sentido a antiga forma de estudar Direito comparado, que trata os objetos de estudo como sistemas fechados. "Talvez o caminho seja ensinar não matérias estáveis, mas processos - áreas de interesse e formas de lidar com elas", sugeriu. "Muitas das escolas aqui são jovens, o que é interessante porque não têm o fardo da tradição", disse o diretor da Faculdade de Direito da Universidade de Tilburg, Randall Lesaffer (a Direito GV foi criada em 2005). Para ele, a Liga evoluiu naturalmente do fato de que muitos dos fundadores já tinham parcerias entre si. James Speta, diretor de iniciativas internacionais da Faculdade de Direito da Northwestern University (EUA), afirmou que o desafio para os estudantes de Direito de hoje é o mesmo que nas outras áreas: eles têm que saber mais. "Esperamos ajudá-los a juntar as peças local e global para que sejam advogados eficazes", resumiu.


Resolução. Na reunião desta quarta-feira, os participantes acordaram uma agenda com cinco
pontos. Um estatuto será redigido pelos diretores das faculdades líderes - Oscar Vilhena Vieira, da GV, e Randall Lesaffer, de Tilburg - e apresentado em junho em outra reunião, desta vez sediada pelos holandeses. Haverá uma conferência anual, provavelmente em data próxima a um "curso de verão" oferecido a alunos das escolas participantes. Em terceiro lugar, as faculdades concordaram em criar um website da Liga. Comitês temáticos vão debater e formular as atividades práticas, como programas acadêmicos, simulações de tribunais (moot courts) e até livros didáticos. Por último, as faculdades ficaram de determinar os critérios para participação na Liga. A ideia é limitar o número de membros e ter poucas escolas de cada região do mundo. A agenda não poderia ficar sem um toque brasileiro. Os diretores das faculdades - que incluem países como África do Sul, Cingapura, Colômbia, Portugal e Rússia - foram convidados para um ensaio da Rosas de Ouro. Em inglês, Oscar Vieira advertiu os colegas: "Apesar do nome, uma school of samba não é um ambiente acadêmico".
> O Estado de São Paulo, 09/02/2012 - São Paulo SP
Atuação de profissionais da saúde é ampliada em votação no Senado 
Comissão modifica texto aprovado na Câmara em 2009 que dava apenas aos médicos o direito de diagnosticar doenças e disfunções psicológicas e nutricionais
Lígia Formenti, BRASÍLIA, e Fernanda Bassette
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou ontem o projeto de Ato Médico, que define as atividades da profissão. A versão retirou pontos polêmicos como a exclusividade dos médicos, concedida no projeto aprovado pela Câmara, em 2009, para execução de procedimentos como papanicolau e diagnóstico de problemas psicológicos e nutricionais. Dos cinco pontos mais criticados, o relator Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) abrandou quatro. O texto aprovado afirma que diagnóstico de doenças pode ser feito apenas por médicos. Mas abre espaço para que outros diagnósticos, como a avaliação sobre a capacidade de realizar movimentos e articular sons, sejam feitos por outras especialidades, como fonoaudiologia. O texto diz que médicos têm de coordenar procedimentos que permitem a assistência ventilatória do paciente, mas autoriza fisioterapeutas a atuar no processo. Exames como biópsias e citologia podem ser feitos por farmacêuticos e biomédicos - o que o texto anterior não permitia. Ainda assim, médicos continuam tendo exclusividade na emissão de laudos de exames de endoscopia, exames de imagem e amostras de tecidos e órgãos.


"Foi a melhor versão possível", resumiu Valadares. "Procuramos definir o que é ato médico, mas resguardar garantias de outras profissões." O texto ainda tem de ser submetido à avaliação das comissões de Educação e de Assuntos Sociais antes de ir para o plenário do Senado. O relator também retirou a exclusividade de médicos na aplicação de injeções subcutâneas, intramusculares e intravenosas. Mas não esclareceu se técnicos em acupuntura e
tatuadores terão o direito de seguir com suas atividades. "Listo os métodos invasivos. Na prática, as questões vão sendo resolvidas." Manoel Carlos Neri Silva, presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), queixa-se da falta de definição. "A acupuntura, por exemplo, é um procedimento invasivo, e vários profissionais da saúde, não necessariamente médicos, fazem especialização nessa área", diz.


Um ponto polêmico, que provocou irritação de profissionais de saúde, foi mantido. Apenas médicos podem manter cargos de chefia e direção de serviços médicos. Demais profissionais podem ficar com a chefia administrativa. O argumento das demais categorias era de que o atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar, portanto integrantes de outras profissões poderiam chefiar o serviço. Para o senador, o risco de o projeto aprovado ontem sofrer novas modificações é muito pequeno. Na Comissão de Educação, a relatoria deve ficar com a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), autora de texto semelhante aprovado no Senado. "A nova versão está melhor, mas há pontos preocupantes para fisioterapeutas e enfermeiros", disse o integrante do Conselho Federal de Farmácia, Carlos Eduardo Queiroz. Reclamações. Neri Silva, presidente do Cofen, diz que o projeto aprovado ontem mantém pontos confusos. Ele diz, por exemplo, que a nova versão atribui como atividade exclusiva dos médicos a prescrição de remédios no Programa Saúde da Família (PSF). "Hoje, os enfermeiros do programa já prescrevem medicamentos para tuberculose, hanseníase, hipertensão e diabete,
seguindo o protocolo do Ministério da Saúde. Se não puderem mais fazer isso, será um prejuízo para a população que é atendida pelo SUS", avalia. Humberto Verena, presidente do Conselho Federal de Psicologia, diz que o projeto restringe a atuação dos psicólogos, impede-os de fazer diagnósticos de depressão ou outros transtornos e também os impede de prescrever terapias. "Quando você puxa para o médico o diagnóstico e a indicação terapêutica, você dá um golpe no trabalho em equipe. Os outros profissionais ficam satélites da opinião do médico."


Para Silva, do Cofen, da forma como está, o projeto vai contra uma tendência mundial de atendimento de saúde multidisciplinar. "Querem centralizar tudo na figura do médico por puro corporativismo", afirmou. Roberto d'Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), diz que o projeto apenas formaliza o papel do médico: fazer diagnóstico e tratar doenças. "Isso é o senso comum. Vamos continuar fazendo o que fazemos. Não há subordinação." Sobre a ação de enfermeiros no PSF, d'Avila diz que eles podem apenas repetir a receita médica em casos de controle, para evitar que o paciente tenha de ir ao médico todo mês, mas nunca diagnosticar e prescrever por conta. "Os enfermeiros querem assumir a atenção básica, e isso é um absurdo", diz. Sobre o fato de psicólogos poderem diagnosticar depressão, d'Avila diz que, para isso, eles precisariam estudar psiquiatria. "Como tratarão neuroses, esquizofrenia? Só com papo e conversa? De jeito nenhum. Essas doenças são causadas por deficiências bioquímicas, e os pacientes precisam de medicamentos".
> Folha.com, 10/02/2012
Avaliação ruim não muda planos do MEC para compra de laptops
ANTÔNIO GOIS DO RIO
Mesmo com falhas de gerenciamento, capacitação e infraestrutura na implementação do programa UCA (Um Computador por Aluno), o MEC não pretende reduzir investimentos em tecnologia. Pelo contrário. Segundo Sérgio Gotti, diretor de formulação de conteúdos educacionais da pasta, mesmo sem evidência de resultados desejados até o momento, o governo continuará investindo por entender se tratar de um "caminho sem volta". O UCA foi lançado em 2010 de forma piloto em seis municípios, distribuindo cerca de 150 mil laptops para professores e alunos de mais de 300 escolas públicas. A Folha obteve estudo encomendado pelo governo federal à UFRJ em cinco dos seis municípios que participaram do projeto piloto. Ele mostra que a iniciativa sofreu com problemas como falta de infraestrutura das escolas, capacitação insuficiente de professores e manutenção inadequada. Os aspectos positivos destacados no estudo foram o maior domínio da informática por parte dos alunos, resultadosmelhores nas escolas em que os estudantes puderam levar os computadores para casa e até alguns benefícios na alfabetização de crianças de seis anos.


No entanto, o uso dos equipamentos como ferramenta pedagógica em sala de aula ficou aquém do esperado. Nas entrevistas que os avaliadores fizeram com os docentes, foram relatadas queixas sistemáticas de implementação de forma atropelada e apressada do programa, reduzindo o entusiasmo inicial das escolas com a inovação. O programa nunca chegou a empolgar a equipe do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, mas tinha a simpatia da Presidência da República. Foi o então presidente Lula que, em 2005, ao ser apresentado à ideia no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suiça), determinou que um grupo de trabalho atuasse para viabilizá-lo. O uso de tecnologias em sala de aula é um tema controverso entre educadores, pois trata-se de um alto investimento com poucas evidências empíricas de efeitos
significativos no aprendizado. Há estudos que chegam a identificar até piora no desempenho.


Um caso emblemático é o da cidade de Kyrene, no Estado americano do Arizona, que investiu US$ 33 milhões entre 2005 e 2010 para adaptar as salas de aulas antigas. Até lousas foram trocadas por telas interativas. A cidade, no entanto, não registrou ganho de aprendizagem. Anteontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou que a compra de tablets --revelada pela Folha-- terá como alvo os professores, que devem receber até o fim do ano 600 mil aparelhos. Gotti, do MEC, defende a decisão. Ele argumenta que, mesmo sem evidências até o momento dos benefícios pedagógicos, o país não pode deixar de procurar formas de inovar no ensino. "Como disse o ministro, não é possível ficarmos alheios à tecnologia. Temos um compromisso moral com as escolas públicas de investir em novos equipamentos, pois sabemos que as particulares já estão fazendo isso."


> Terra Educação, 09/02/2012
Mercadante: escola não pode ficar à margem da evolução tecnológica
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta quinta-feira que a velocidade tecnológica é muito maior do que a capacidade que a escola tem de processá-la. Apesar disso, segundo ele, a escola não pode ficar à margem da evolução tecnológica. Na semana passada, Mercadante anunciou que o Ministério da Educação (MEC) vai investir, este ano, cerca de R$ 150 milhões na compra de 600 mil tablets para uso dos professores do ensino médio de escolas públicas federais, estaduais e municipais. A tecnologia, afirmou, vai ser tão mais eficiente quanto forem os cuidados pedagógicos e quanto maior for o envolvimento dos professores no processo.


"Estamos definindo que, na educação, a inclusão digital começa pelo professor", disse Mercadante. Para isso, o MEC já formou mais de 300 mil professores em tecnologias da comunicação e informação, em cursos de 360 horas. Além disso, o serviço de internet banda larga foi instalado em 52 mil escolas públicas urbanas. Com a entrega de novas tecnologias da informação, professores e escolas públicas terão acesso, por meio dos tablets, a conteúdos educacionais colocados à disposição no Portal do Professor. São aproximadamente 15 mil aulas, criadas por educadores e aprovadas por um comitê editorial do MEC. Além disso, o ministério oferece o Banco de Objetos Educacionais e o Domínio Público, que entre outras obras dispõe da coleção Educadores. Na Fundação Lemann, são traduzidas aulas de matemática, física, biologia e
química elaboradas pelo professor indiano Salman Khan, responsável por desenvolver material pedagógico com abordagens inovadoras. 


Computador interativo - O MEC também ampliará a distribuição do computador interativo, equipamento que reúne projetor, microfone, DVD, lousa e acesso à internet. Unidades desse computador já foram distribuídas nas escolas de ensino médio. No segundo semestre, chegarão os tablets, em modelos de sete ou dez polegadas, coloridos, com bateria para até seis horas, peso abaixo de 700 g, tela multitoque, câmera e microfone para trabalho multimídia, saída de vídeo e conteúdo pré-instalado, entre outras características. Aos computadores serão integradas as lousas eletrônicas, compostas de caneta e receptor. Acopladas ao computador interativo, elas permitirão ao professor trabalhar o conteúdo disponível em uma parede ou quadro rígido, sem a necessidade de manuseio do teclado ou do computador.


Projeto-piloto - A entrega dos equipamentos digitais a professores e escolas integra o projeto Educação Digital - Política para Computadores Interativos e Tablets. Ele surgiu para oferecer instrumentos e formação aos professores e gestores das escolas públicas relativos ao uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação (TICs) no processo de ensino e aprendizagem. Entre 2008 e 2011, o MEC criou o projeto-piloto Um Computador por Aluno (UCA), com a aquisição de computadores portáteis para estudantes da rede
pública. Essa compra fez parte do Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo Integrado), integrante da política nacional de tecnologia educacional do MEC, destinado a promover o uso pedagógico da informática na rede pública de ensino fundamental e médio, com a oferta de infraestrutura, capacitação e conteúdos educacionais.


De acordo com o MEC, em 2008 - em fase experimental - o projeto foi implementado em São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Piraí (RJ) e Palmas. Em uma segunda fase, foram adquiridos 150 mil computadores para estudantes de 380 escolas da rede pública. A infraestrutura de acesso à internet sem fio foi instalada à medida que os computadores eram entregues. Posteriormente, professores receberam capacitação para uso do equipamento e da tecnologia no processo pedagógico escolar. Os municípios e estados ficaram responsáveis por dar continuidade ao projeto. Em 2010, numa terceira etapa, o projeto¿piloto evoluiu para o Programa Um Computador por Aluno (Prouca), com apoio do Regime Especial de Aquisição de Computadores para Uso Educacional (Recompe). A partir de então, estados e municípios puderam adquirir os equipamentos portáteis de empresa selecionada por edital. Ao todo, foram comprados 375 mil computadores por 372 municípios. A avaliação de equipes de pesquisadores de 27 instituições de ensino superior norteará a continuidade do programa.
> UOL Educação, 09/02/2012
OCDE pede investimento em educação como saída da crise a longo prazo
Paris, 9 fev (EFE).- A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez um apelo a seus países-membros nesta quinta-feira para que invistam em educação como solução a longo prazo para a crise econômica, diante do custo que o fracasso escolar dos jovens tem para a sociedade. Seu estudo sobre "Equidade e qualidade da educação", divulgado nesta quinta-feira, conclui que uma população com níveis reduzidos de ensino mina a capacidade de seus países de produzir, crescer e inovar, além de prejudicar a coesão social e impor despesas adicionais à Administração pública. A face mais visível do fracasso escolar, segundo a organização, é o abandono dos estudos, que em 2011 tinha alcançado 20% dos jovens de entre 25 e 34 anos desses países, com variações queforam de 3% na Coreia a 36% na Espanha e 62% na Turquia. A OCDE detalha que em 2010 havia 15 milhões de jovens sem emprego em seus países-membros, quatro milhões a mais do que em 2007, enquanto apenas a metade dos que haviam deixado a escola tinha um emprego, o que os torna mais dependentes dos serviços sociais e da saúde pública. "Reduzir o fracasso escolar economiza despesas a longo prazo", explicou à Agência Efe Beatriz Pont, uma das autoras da análise, para quem o crítico contexto econômico atual é uma razão a mais para "não baixar a guarda" e seguir apostando em sua melhora. O estudo reúne dados de avaliações anteriores da organização e não apresenta um novo ranking dos países, mas aproveita essa informação para oferecer recomendações sobre políticas que se mostraram efetivas.Seu alerta parte do princípio que um sistema educacional justo pode corrigir desigualdades econômicas e sociais mais amplas e reduzir o desemprego juvenil: em 2009, segundo seus dados, 84% das pessoas com educação superior na OCDE trabalhavam, contra 56% das que não tinham terminado o ensino médio. Por essa razão, o documento destaca a importância de solucionar o problema já no início da educação, porque de um ponto de vista econômico, segundo seus cálculos, cada dólar investido nessa etapa gera posteriormente entre sete e dez centavos ao ano. O estudo, o primeiro que o organismo realiza sobre o assunto, ressalta ainda que o apoio aos professores, ao estudo e aos incentivos que retenham os melhores professores, é outro dos pontos-chave nessa luta.

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