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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, SEGUNDA 13 DE FEVEREIRO DE 2012

Matérias de Hoje
  • Acesso à educação é o desafio > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Mercadante quer dar bônus para escola que alfabetizar aluno de até 8 anos > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Alunos de escolas públicas terão atendimento dentário a partir de abril > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Alunos do ensino médio querem aulas direcionadas para o mercado > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Sudeste aplica 4 vezes mais verbas em creches que Nordeste, diz estudo > Portal G1

Editoriais, artigos e opiniões
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  • Quadro preocupante da educação > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Tecnologia sem pedagogia > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Estado da educação > Folha de São Paulo - São Paulo SP



Matérias

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> Correio Braziliense, 11/02/2012 - Brasília DF 
Acesso à educação é o desafio 
Ministro defende que só com investimentos maciços no setor o país dará o salto necessário para o desenvolvimento estrutural
 
Paula Filizola
Passados 18 dias desde que assumiu o terceiro maior orçamento da Esplanada, Aloizio Mercadante estabeleceu as principais metas para sua gestão à frente do Ministério da Educação (MEC): a ênfase nos programas de alfabetização para crianças de até 8 anos e a implementação de escolas em tempo integral. Em entrevista ao Correio, Mercadante avalia que ampliar o acesso e a qualidade da educação consiste no maior desafio estruturural do Brasil atualmente. Para sanar os gargalos do setor, ele defende que parte dos royalties do pré-sal sejam investidos na área.Mas o grande teste de fogo que o novo ministro terá este ano é a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com graves problemas que geraram dor de cabeça ao antecessor Fernando Haddad nos últimos três anos, o Enem de 2012 está marcado para o início de novembro. Até lá, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do MEC responsável pela prova, terá que finalizar os trabalhos de ampliação das questões do banco de dados do exame, bem como aprimorar os critérios de correção das redaçõese disponibilizar os espelhos a todos os candidatos. O desafio também será grande para o novo presidente do Inep, o ex-secretário de Educação Superior Luiz Cláudio Costa, confirmado no cargo esta semana. Mercadante afirma que a escolha do correligionário petista não foi política. Segundo o ministro, nenhuma das cinco mudanças recentes nas secretarias da pasta tem fundamentação partidária. “Não sei nem o partido das pessoas que trabalham comigo”, assegura. Confira os principais trechos da entrevista.

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Como foram as primeiras semanas na pasta? 
É um ministério extraordinário pela sua responsabilidade imensa, afinal, estou falando de 2 milhões de professores e de 56 milhões de alunos. É uma rede muito complexa. Mas o ministério estava bem administrado. O Fernando Haddad deixou a estrutura bem organizada. Eu trabalho o dia inteiro aqui para dar conta de todos os desafios, setores e secretarias. Nas próximas semanas, visitarei escolas da rede pública do país. A primeira será o colégio estadual Canadá, em Santos (SP), onde cursei o ensino médio. 

O senhor comandou o Ministério da Ciência e Tecnologia por um ano. Essa experiência pode ser aplicada ao MEC? 
Um dos grandes eixos da minha gestão é essa maior integração entre educação, ciência, tecnologia e inovação. Porque é aqui que se formam os recursos humanos que sustentam as pesquisas. Para ser uma economia competitiva e alavancar o setor exportador, o Brasil precisa investir em pesquisa, conhecimento e inovação É preciso articular essas relações. Nas duas pastas, há muitas áreas de interface e alguns programas em comum, como o Ciência sem Fronteiras, por exemplo. 

Qual será o carro-chefe da sua gestão? 
Estamos trabalhando na pré-escola com metas ambiciosas para a construção de 6,5 mil creches até 2014. Essa fase é essencial para a formação do aluno. Outro programa é o Alfabetização Certa, para garantir a alfabetização de todas as crianças de até 8 anos. É um programa grande e estratégico, porque o Brasil tem que assegurar que todas as crianças nessa faixa etária aprendam a ler, a escrever e a fazer as primeiras contas. Se nós fizermos isso, vamos melhorar todo o fluxo daqui para a frente. Outro programa prioritário é o Mais Educação, escola em tempo integral. Estamos fazendo um grande esforço para impulsionar essa proposta. Pretendemos dobrar essas escolas este ano (hoje, há 15 mil escolas do tipo no país, atendendo a 3 milhões de estudantes). Educação em tempo integral e aumento da jornada escolar são, comprovadamente, condições estratégicas para melhorarmos o desempenho em todos os indicadores da educação. Agora, a prioridade são as escolas de menor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). 

Há diferença na aplicação de recursos entre as regiões com maior defasagem educacional? 
Sim, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) atende da creche ao ensino médio e, atualmente, prioriza nove estados com menores índices e recursos orçamentários. Os programas novos têm que focar exatamente onde estão os grandes desafios do Brasil, principalmente no Nordeste e no Norte do país, onde ocorrem as maiores assimetrias. 

Há alguma outra proposta além do financiamento do Fundeb? 
Vamos trabalhar o chamado território educacional, para que esses municípios com menor Ideb compartilhem estruturas e programas. Se a gente conseguir articular um conjunto de municípios próximos trabalhando na mesma direção, fica mais fácil para o MEC apoiá-los. 

O piso nacional do salário dos professores já foi aprovado. Mas muitos estados e municípios ainda não cumprem a lei. Como mobilizar governadores e prefeitos? 
A lei foi sancionada e a lei precisa ser cumprida. O papel do MEC em relação à situação é divulgar as informações e, com isso, definir a aplicação da lei. Nós reconhecemos que existem municípios e estados com dificuldades orçamentárias. Nesses casos, temos que sentar e discutir. Mesmo com esse piso, estamos falando de um pouco mais de dois salários mínimos. Se nós queremos mudar, precisamos valorizar o salário de ingresso na carreira. Para o jovem escolher ser professor, ele tem que ser atraído, e uma maneira de fazê-lo é por meio do salário, que precisa ser competitivo com outras carreiras. 

Outro desafio do MEC é sanar os frequentes problemas do Enem. O que o senhor planeja para a edição de outubro do exame? 
Vamos criar, dentro do Inep, uma comissão de especialistas em avaliação, com membros da Sociedade Brasileira de Avaliadores e funcionários do instituto. O Enem é indispensável ao país. É um instrumento justo, que usa a meritocracia para o acesso às universidades federais. É um instrumento necessário para dar oportunidades iguais. Já avançou muito na logística, o que era um problema inicial. Mas ainda há um desafio muito grande. Precisamos ampliar as questões do banco de itens. Com a Teoria de Resposta ao Item, quanto maior o banco, maior a segurança. Aí teremos condições de, por exemplo, no futuro fazer duas edições do Enem ao ano. Preciso ter um banco de dados robusto. Os Estados Unidos têm um banco de 100 mil questões (para o SAT, exame que consiste em parte do processo de seleção para as instituições de ensino superior norte-americanas. O MEC não divulga o número de itens do Brasil, mas especialistas estimam que gire em torno de 6 mil questões). Também estamos discutindo como aprimorar os critérios de correção da redação, para que tenhamos mais segurança com relação ao resultado final da avaliação. Os alunos têm que ficar tranquilos sobre o papel deles, que é estudar muito. 

O grande problema do Enem 2011 foi o consórcio Cespe/Cesgranrio, responsável pelo vazamento de 14 questões no Ceará, resultando no cancelamento desses itens para mais de 1,2 mil alunos. A parceria será mantida? 
Se nós tivermos um banco de itens robusto e testado, os outros problemas são menores. 

O que o senhor achou do texto do Plano Nacional de Educação (PNE) discutido na Câmara dos Deputados? 
É muito importante que a Câmara dê prioridade à votação do PNE para não perdermos mais um ano. Como este é um ano eleitoral, vamos caminhar para um recesso branco no segundo semestre. Com o passar das semanas, vamos ter menos quórum nas sessões deliberativas. O Congresso só vai votar as matérias emergentes. Dessa forma, as políticas estruturais vão ficando para trás. Queremos concluir a votação do PNE em 2012. É muito importante para o Brasil que isso aconteça. O PNE tem foco, prioridade, caminho claro e objetivo. 

O PNE determina o investimento de 8% do PIB na Educação. Esse percentual é suficiente? 
Defendo que uma parte dos royalties do pré-sal sejam condicionados a educação, ciência, tecnologia e inovação. Esses recursos deveriam ser distribuídos para todos os entes da Federação. Pelo menos um terço do valor arrecadado, por, no mínimo, 10 anos. É muito mais fácil dividir o que não foi repartido do que redividir o que já foi repartido. O sentido dos royalties é preparar a economia para a era pós-petróleo. Está tudo muito atrasado na educação. Nos últimos anos, estamos recuperando séculos perdidos. Eu acho que os royalties podem ajudar a dar um salto na educação do país.


> O Estado de São Paulo, 10/02/2012 - São Paulo SP 
Mercadante quer dar bônus para escola que alfabetizar aluno de até 8 anos 
Em entrevista, Ministro da Educação também fala sobre mudanças para tornar o Enem mais seguro
 
Marta Salomon
BRASÍLIA - Há menos de duas semanas no cargo de ministro da Educação, Aloizio Mercadante chegou à conclusão de que a escola não está “interessante”. Isso explicaria parte do fato de 3,8 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estarem fora da escola, segundo dados divulgados no inícioda semana pela ONG Todos pela Educação. Em entrevista ao Estado, o ministro anunciou que discute o pagamento de bônus para as escolas que alfabetizarem todos os alunos até 8 anos. Essa seria sua prioridade na pasta. Para evitar que a primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)sob seu comando não se transforme em nova crise, Mercadante disse que trabalha para aumentar o banco de questões da prova, atualmente com cerca de 6 mil questões - um décimo do mantido nos EUA. Para ele, ainda há risco logístico na prova. A seguir, a entrevista:
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O sr. assumiu o cargo anunciando a distribuição de tablets para professores do ensino médio. Mas como pretende cumprir o compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff na campanha de erradicar o analfabetismo? 
Quase 10% dos jovens e adultos não sabem ler nem escrever um bilhete simples. A leitura, a redação e as primeiras contas são um direito civilizatório. É um objetivo que estamos perseguindo já há algum tempo e tardiamente, porque o País está muito atrasado no processo educacional. Nossa prioridade vai ser alfabetizar na idade certa, ou seja, reverter essa tendência do analfabetismo funcional. É muito mais inteligente resolver na idade certa que fazer programa de recuperação depois. E muitas dessas crianças, que vão seguindo sem ler ou escrever, vão abandonar a escola. Estamos concluindo um programa amplo, focando dos 6 aos 8 anos. Precisamos de um programa que motive as prefeituras para colocar os melhores professores nas salas de aulas, que haja bônus nesse processo para o desempenho da escola e um processo de monitoramento, com avaliação pedagógica. 

Como vai ser o bônus? 
Bônus para as escolas que atinjam os resultados. É um tema que estamos amadurecendo. Se a escola consegue todas as crianças alfabetizadas na idade certa, temos de valorizar essa conquista. Tem de ser um grande esforço nacional. 

E o que fazer com o estoque de analfabetos jovens e adultos que diminui lentamente, quase imune aos gastos do Programa Brasil Alfabetizado? 
Também é muito importante que a criança frequente a pré-escola. E estamos com um problema. O governo antecipa o pagamento para as prefeituras, mas as creches estão demorando de dois anos a dois anos e meio para ficarem prontas. E o tempo das crianças é agora. Estamos acelerando uma pesquisa sobre novos meios construtivos, estrutura pré-moldadas, abrir opção para os prefeitos, com custo competitivo, fazer algum tipo de pregão eletrônico de serviços de engenharia. Se a gente resolver a entrada, com um programa pedagógico forte, não carregaremos essa herança que carregamos hoje. 

Resta o jovem adulto analfabeto nas grandes metrópoles. Vai dar para tirar do papel a meta de erradicar o analfabetismo? 
Temos de ser realistas: eleger prioridades e saber o que é uma herança muito antiga. É muito mais fácil construir um programa de alfabetização em parceria com indústria que no interior. A presidente tem uma forma de ver a questão das metas que eu compartilho. Ela diz que sempre precisamos estabelecer metas como quem lida com arco e flecha: mira um pouco mais acima para acertar o alvo. A meta assumida pelo governo em Dacar é chegarmos a 2015 com 6,7% de jovens e adultos analfabetos - temos 9,6%.

O Plano Nacional de Educação prevê a prova nacional de docentes. Isso vai esperar a votação do projeto no Congresso?
Vamos fazer neste ano, acho que a ideia está bem amadurecida. Pretendemos que essa prova ajude a motivar professores para trabalhar em municípios de baixo desempenho na educação e em áreas de risco. Seria uma oportunidade para atrair bons professores para essas áreas. É isso que vai mudar a qualidade da educação.
O sr. mudou o eixo do programa de inclusão digital nas escolas ao anunciar a distribuição de tablets para professores do ensino médio. O programa de distribuição de laptops a alunos foi abandonado, como sugere o estudo encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE)?
O Brasil é o terceiro país onde mais se vende computadores. Para a parcela da população mais pobre, a única opção de acesso verdadeiro é a escola. Não queremos um apartheid digital, como tivemos um apartheid educacional no passado. Tanto há uma demanda por inclusão digital que as lan houses da periferias estão entupidas de jovens, que entram nas redes sociais sem usar todo o potencial dos computadores. É indispensável que a escola se modernize. O arranjo social da escola e o quadro negro são do século 18, os professores, do século 20 e os alunos, do século 21. Nós, que somos do século 20, somos imigrantes digitais, viemos de uma cultura analógica. A reflexão internacional demonstra que o computador na escola deve começar pelo professor. O ensino médio é o maior nó em termos de evasão escolar. Não dá para o Brasil se acomodar com uma manchete que diz que 3,8 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos estão fora da escola. E estão fora da pré-escola e do ensino médio. De um lado, porque não alfabetizou plenamente. O aluno perde a motivação e a capacidade de acompanhar, porque a escola não está interessante e porque o mundo do trabalho está aquecido. E como podemos reagir de forma rápida? Dando tablet para o professor e conteúdo para ele preparar as aulas.
Uma questão mais urgente: como o sr. pretende blindar a próxima edição do Enem de mais uma crise?
O Brasil precisa ter convicção de que nenhum país desenvolvido deixa de usar instrumento semelhante ao Enem. Os Estados Unidos têm há 85 anos um exame nacional. A China tem um exame que o aluno pode fazer uma única vez na vida. Alemanha, Itália, França e Grã-Bretanha têm prova uma vez por ano. O Enem é critério de meritocracia num Estado republicano, especialmente entre os mais pobres. Houve aprimoramento ao longo desses anos, como a superação de grandes desafios logísticos de uma prova para 5,4 milhões de alunos. O Brasil não tem culpa de ser tão grande. E há riscos na logística.
Mas como evitar mais uma edição problemática?
Precisamos de um banco com um volume grande de questões. Nos EUA, há mais de 100 mil questões. Eles podem fazer sete vezes por ano, porque seleciona na hora as questões. Quando tivermos banco amplo, o risco acabará. É tanta questão a que você teria de ter acesso que o único caminho é estudar. A segunda questão são as redações. Precisamos aprimorar o critério de correção, para que tenhamos mais segurança na avaliação, pois sempre há componente subjetivo. Essas são as duas frentes mais importantes em que estamos trabalhando.


Alunos de escolas públicas terão atendimento dentário a partir de abril 
Consultórios itinerantes dentários e oftalmológicos vão atender crianças em 20 estados
 
Agência Brasil
A partir de abril, consultórios itinerantes dentários e oftalmológicos vão atender alunos de escolas públicas em 20 estados. A iniciativa é uma parceria dos ministérios da Educação e da Saúde. Os consultórios são montados em caminhões, que atenderão em frente às escolas que fazem parte do Programa Saúde naEscola. De acordo com o Ministério da Saúde, são 37 veículos, com até dois consultórios oftalmológicos, e 34 caminhões, onde será feito o atendimento. As crianças passarão por exames de retina, de fundo do olho e receberão óculos quando detectados problemas. Os consultórios dentários são equipados para limpeza, extração eaplicação de flúor. Na primeira fase, o atendimento oftalmológico será feito na cidades com hospitais universitários, onde há estudantes de medicina e residentes. Depois, os consultórios serão levados ao interior do país. De 2011 até o início deste ano, 2.500 municípios aderiram ao Programa Saúde na Escola, segundo o ministério.


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> O Globo, 12/02/2012 - Rio de Janeiro RJ 
Alunos do ensino médio querem aulas direcionadas para o mercado 
É o que diz pesquisa que mostra os estudantes de olho na profissionalização
Fazer um curso profissionalizante antes ou depois das aulas, estudar em uma escola que proporcione estágio em empresas, sentar em cadeiras mais confortáveis e que os professores expliquem melhor as matérias. Essas são algumas das principais expectativas dos alunos de ensino médio da rede estadual, segundo uma pesquisa feita com quatro mil estudantes, pelo Instituto Mapear, para a Secretaria estadual de Educação. O estudo mostrou ainda que, apesar das conhecidas mazelas do ensino público, os estudantes estão sonhando mais alto. Perguntados sobre o futuro, 66% têm a intenção de cursar uma faculdade, contra 58% da pesquisa de 2008. E a quase totalidade deles (95%) pretende completar o ensino médio. Já 46% dos matriculados planejam fazer um curso técnico ou profissionalizante. Em 2008, eram 34%. 

Para Nilma Fontanive, coordenadora do Centro de Avaliação da Fundação Cesgranrio, os alunos estão na direção certa: — Os estudantes estão apontando o caminho para o fim do ensino enciclopédico. Um curso técnico seria muito mais útil e de grande valia na hora de entrar no mercado de trabalho. Mesmo com os planos de continuar estudando, 55% gostariam de começar a trabalhar após a conclusão do ensino médio. Dahin Germano, de 16 anos, que estuda no Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, é um dos que gostariam de entrar na faculdade. Mas ele também quer sair da escola com uma carreira: — Seria bom ter aulas profissionalizantes, pois já sairíamos com uma profissão. A escola até oferece cursos e atividades fora do horário de aula, mas não faço por falta de interesse mesmo — admite Dahin, que aponta os pontos positivos e negativos que vê na escola. — Todas as salas têm ar-condicionado, mas as cadeiras precisam melhorar. São desconfortáveis demais. A didática dos professores também precisa mudar. Sei que o conteúdo das
aulas tem que ser cumprido, mas eles correm e explicam tudo muito rápido. 

Rio tem índice ruim no MEC - Do total dos entrevistados, 67% consideram o ensino público estadual de qualidade. Para 13%, ele é excelente; enquanto para 54% é bom e para apenas 4%, ruim. A boa avaliação feita pelos alunos, no entanto, contrasta com dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). Em outubro de 2009, o Estado do Rio teve o segundo pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no país: 2,8, ficando atrás apenas do Piauí. A média nacional foi 3,6. Meses depois, o governador Sérgio Cabral passou para o secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, a tarefa de colocar o estado entre os cinco primeiros em 2014. Desde então, não foram divulgados novos dados do Ideb, que é o resultado da junção dos índices de aprovação com as notas dos alunos em testes de Português e Matemática. Para Celso Niskier, educador e presidente do Conselho Empresarial de Educação da Associação Comercial do Rio, os alunos não sabem avaliar o ensino que recebem: 

 A falta de capacidade crítica faz com que o aluno não perceba se está recebendo realmente a educação que merece. Eles só vão perceber isso quando tentarem entrar no mercado de trabalho — observa Niskier, acrescentando que a escola é vista pelos jovens como um mal necessário. — É preciso fazer algo urgente para despertar o interesse pela educação. As aulas devem ser mais prazerosas e atrativas. Para isso, o professor é fundamental. Um mau professor pode provocar o desinteresse. Atualmente, vejo um profissional que finge que ensina e um aluno que finge que aprende. Mariana Andrade, de 18 anos, sabe bem o que é isso. Ela não esconde que já matou algumas aulas porque o professor não tinha uma boa didática. — As aulas tinham que ser
mais realistas. Eu não sei para que aprender um monte de fórmulas de operações matemáticas. Queria saber como usar isso no dia a dia. Alguns professores só leem um texto e passam o exercício sem explicar nada. Isso faz com que a gente perca o interesse pela escola — diz ela, que também estuda no colégio Compositor Luiz Carlos da Vila. Ainda de acordo com a pesquisa, 85% dos alunos estariam dispostos a cursar o ensino médio integrado (com curso de capacitação profissional). Atualmente, o Rio possui apenas oito escolas com cursos profissionalizantes. Segundo a Secretaria estadual de Educação, a meta é ampliar a oferta e ter cinco mil alunos cursando este segmento. 

A pesquisa revela que dois cursos atraem mais de 20% dos alunos de todas as regiões: o de Montagem e Manutenção de Computadores e o de Administração. Um pouco abaixo da preferência, mas ainda com índices superiores a 20% na capital e na periferia, destacam-se os cursos de Técnico em Enfermagem e de Turismo e Hotelaria. Também aluna do colégio Compositor Luiz Carlos da Vila, Camila Emília, de 17 anos, ainda não sabe qual carreira seguir. Como tem aptidão em informática, acha que um curso técnico nessa área iria despertar seu interesse pelas aulas: — Sei que vai ser difícil entrar em uma universidade pública. Terminando o ensino médio com uma profissão já é meio caminho para fazer uma particular — conta a aluna, que destaca um ponto negativo na escola. — O almoço é ao meio-dia. Como entro às 13h, até as 17h40m não como mais nada. As aulas já são chatas e com a barriga vazia fica pior ainda — reclama. O levantamento mostrou ainda que o nível de escolaridade dos pais dos alunos da rede aumentou: 10% dos pais têm ensino superior, contra 6% em 2008. Também aumentou o índice dos que completaram o ensino médio: 38% das mães e 35% dos pais.


> Portal G1, 10/02/2012
 Sudeste aplica 4 vezes mais verbas em creches que Nordeste, diz estudo 
Pesquisa da Undime revela desigualdade nas verbas entre regiões do país. No NE, valor é de R$ 1.876,89 por criança; no SE, valor é de R$ 8.272,43 
Do G1, em São Paulo
Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (10) pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) conclui que o valor médio por aluno aplicado nas creches pelos municípios é muito desigual. No Sudeste são aplicados nas creches, em média, R$ 8.272,43 por criança; já no Nordeste este valor cai para R$ 1.876,89, um número 4,4 vezes menor. A média do Nordeste o que representa 36% da média nacional, que é de R$ 5.144,09 para creches. Este valor aplicado nos municípios nordestinos, segundo a pesquisa, corresponde a 29,1% do montante recomendado pelo Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), mecanismo construído pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Este é o instrumento reconhecido pelo Conselho Nacional de Educação como o que melhor calcula o valor mínimo a ser aplicado na educação brasileira. No Sul e Sudeste, o valor por aluno supera a média nacional em todos os níveis da educação básica e também na Educação de Jovens eAdultos (EJA). No Norte e no Nordeste, por outro lado, o valor está abaixo da média do país. Na pré-escola, o valor médio aplicado no nordeste foi de R$ 1.531,56, correspondendo a 60,6% do previsto no Parece CAQi (R$ 2.527,76). Esta diferença diminui nas séries iniciais do ensino fundamental, com R$ 1.948,80 por aluno (81,3% do que deveria ser aplicado). O melhor desempenho é visto nas séries finais, com R$ 2.276,16, o que representa 97% do valor aplicado no que CNE considera ideal. Segundo a pesquisa, quanto menor for o valor proveniente de recursos próprios do município, maior será a participação da verba do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), do governo federal. 

MEC quer parceria das prefeituras - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou na segunda-feira (7), em entrevista coletiva, que o cumprimento da meta de construir
seis mil creches até 2014 vai depender das prefeituras. Segundo o ministro, os governos locais recebem os recursos do governo federal, mas demoram para concluir a construção de uma creche. “Nós já financiamos um terço dessa meta, mas o que nós estamos verificando? Que as prefeituras têm dificuldade de fazer a licitação em torno de seis meses e estão demorando em torno de dois anos para construir uma creche”, disse. Para evitar que a meta anunciada no ano passado pela presidente Dilma Rousseff não seja cumprida, o ministro disse que irá disponibilizar às prefeituras “novo métodos construtivos”. “Estamos disponibilizando para as prefeituras que tiverem interesse, a partir do segundo semestre, novas opções de construção que vão permitir que uma creche seja construída em seis meses”, afirmou. De acordo com o ministro, as creches devem diminuir o alto percentual de crianças entre 4 e 5 anos que estão fora da escola.

Editoriais, artigos e opiniões

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> Estado de Minas, 13/02/2012 - Belo Horizonte MG 
Quadro preocupante da educação 
Luciano Mendes de Faria Filho Professor da UFMG e coordenador do projeto Pensar a educação, pensar o Brasil
Notícias publicadas quarta-feira (Gerais, 8/2/2012) no Estado de Minas sobre a educação no Brasil são desconcertantes e preocupantes para todos nós que militamos por uma educação pública de qualidade no Brasil. Por um lado, informam que há um contingente expressivo de crianças e adolescentes fora da escola, e isso justamente quando os governos da União, estados e municípios teimam em afirmar o contrário e informar continuamente que “já há escola para todos”. De outra parte, em outro caderno, o jornal traz, também, matéria muito interessante sobre os gastos das famílias com educação nos dois últimos anos. Eles reafirmam o que outras pesquisam já demonstraram: nossas camadas trabalhadoras e médias gastam muito com educação, além, é claro, do que já pagam por meio de impostos pelos serviços públicos, entre eles a educação. 

Os dados colididos por pesquisadores do insuspeito Movimento Todos pela Educação demonstram que há, sim, que continuar fazendo um esforço para colocar todas as nossas crianças e adolescentes na escola. A
publicação desses dados é importante para tornar patente uma realidade que é vivida no cotidiano por muitas famílias: a falta de vagas nas escolas públicas. Isso é importante, inclusive, para analisarmos os passos muitas vezes dados em falso pelos governos da federação e de muitos entes federados, que insistem em investir em factoides. Alguém aí sabe qual é a proposta pedagógica sob o manto do projeto de dar um tablet para cada professor? E quanto a propostas que contrariam os estudiosos da área, como a lei que torna obrigatória a educação a partir dos quatro anos de idade? Não bastasse a falta de escola, as notícias trazidas pelo EM nos mostraram uma outra realidade não menos preocupante: o fato de que as famílias trabalhadoras, tão logo podem, retiram seus filhos da escola pública e os colocam na escola privada. Isso significa que, infelizmente, essas famílias, estão seguindo o caminho trilhado pelas classes médias nas últimas décadas. Ou seja, estão abrindo mão do direito à educação pública, mesmo que isto lhes custe muito dinheiro. 

É evidente que, do ponto de vista
de cada família isoladamente, nada mais justo e positivo que buscar uma escola melhor para seus filhos. Aliás, esse fato demonstra, contra o que muito se diz, inclusive na mídia, o quanto as famílias se preocupam com a educação de seus filhos. No entanto, do ponto de vista coletivo ou político-cultural de um projeto de nação, o fato de as camadas médias e, agora, as camadas trabalhadoras com maior escolaridade e melhores salários estarem saindo da escola pública é um desastre. 

Ao abrir mão do direito à educação pública, ao abandonar a luta por uma escola pública de qualidade, esses grupos não apenas estão gastando recursos financeiros que poderiam suportar o usufruto de outros bens culturais – como livros, teatros, cinemas, viagens etc. –, mas também estão relegando a um segundo plano uma das dimensões fundantes das democracias modernas: o direito de todos os cidadãos a uma mesma educação pública de qualidade. Contra esse fato, de nada valem as pirotecnias oficiais no campo da educação e, muito menos, a passividade do conjunto da sociedade brasileira.


> O Estado de São Paulo, 13/02/2012 - São Paulo SP 
Tecnologia sem pedagogia 
Editorial
Embora a presidente Dilma Rousseff tenha prometido converter a educação em prioridade de sua gestão, seu governo vem mantendo, neste setor, a tradição iniciada por seu antecessor, de agitar bandeiras muito mais vistosas do que eficazes. A última iniciativa do Ministério da Educação (MEC ) é prova disso. Sem análises técnicas aprofundadas sobre o uso pedagógico de aparelhos eletrônicos em sala de aula, o órgão acaba de abrir uma licitação para adquirir 900 mil tablets, que serão distribuídos na rede pública de ensino básico. Indagadas a respeito de como o material será utilizado, as autoridades educacionais limitaram-se a afirmar que o método pedagógico será definido depois da chegada das máquinas. Em outras palavras, o MEC pretende gastar mais de R$ 330 milhões num projeto de contornos imprecisos e metas vagas. A ideia é que, depois de aprenderem a manusear os tablets, os professores da rede pública disseminem em sala de aula tudo o que aprenderam em matéria de tecnologias digitais. 

Contudo, de que adianta dar material eletrônico de última geração a alunos que mal sabem escrever o nome, não são capazes de escrever uma redação e, em matemática, não conseguem ir muito além das quatro operações aritméticas? Faz sentido gastar com tablets e outros equipamentos de informática quando as instalações físicas de muitas escolas da rede pública se encontram deterioradas
por falta de recursos para manutenção? Não seria mais eficiente valorizar o objetivo básico do sistema educacional - que é ensinar a ler, a escrever e a calcular -, do que desperdiçar recursos com modismos pedagógicos? Por que gastar tanto dinheiro em técnica de comunicação se o conteúdo do que é comunicado continua sendo objeto de livros didáticos medíocres, muitos dos quais com erros elementares, falhas conceituais e nítido viés ideológico? 

Até mesmo os educadores favoráveis ao uso de tecnologias digitais nas salas de aula da rede pública de ensino básico criticam o açodamento das autoridades educacionais na aquisição dos 900 mil tablets. Eles lembram que, para fundamentar a decisão, o MEC realizou apenas uma audiência pública, em agosto do ano passado. E, mesmo assim, os debates giraram mais em torno de aspectos técnicos - como tamanho de tela - do que de questões educacionais. O fato é que a compra de 900 mil tablets poderá ter a mesma trajetória do projeto Um aluno por Computador, lançado pelo presidente Lula. Inspirado nas ideias do americano Nicholas Negroponte, que propôs no Fórum Econômico de Davos de 2005 a distribuição de computadores pessoais de baixo custo nos países em desenvolvimento como o primeiro passo para uma revolução educacional, o projeto era oportuno, mas foi implantado com graves falhas de gestão. Relatório feito
pela UFRJ, a pedido da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), afirma que o projeto está em situação "caótica". Dos 600 mil computadores que foram oferecidos no ano passado a Estados e municípios, só a metade foi comprada. Uma parte dos computadores adquiridos encontra-se subaproveitada. O índice de laptops quebrados é alto. 

Diz ainda o relatório que, como não passaram por programas de capacitação para utilizar tecnologia digital em sala de aula, os professores receberam a inovação como "ameaça". Cerca de 20% dos docentes guardaram o equipamento numa gaveta ou num armário. "O desenho do projeto subestimou as dificuldades de apropriação da tecnologia pelos professores do ensino fundamental e médio em comunidades relativamente carentes, o que levou a um subaproveitamento dos computadores em sala de aula", diz o relatório da SAE, depois de afirmar que o projeto teve "custos elevados" e que seus resultados ficaram "aquém do esperado". Ninguém põe em dúvida a importância da tecnologia como instrumento de educação. O que se pergunta é se não seria mais urgente cuidar dos gargalos da educação pública, como a melhoria do ensino de disciplinas básicas, nas quais o desempenho da maioria dos estudantes nas avaliações do MEC continua abaixo da crítica.
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> Folha de São Paulo, 12/02/2012 - São Paulo SP 
Estado da educação 
Enem, currículo mínimo, ensino infantil e qualificação de professores são os desafios que Mercadante encontra no MEC como legado de Haddad
 
Editorial
A troca de ministros na pasta da Educação renova oportunidades e temores quanto ao setor apontado como o mais estratégico para o desenvolvimento do país. Após seis anos e meio, Fernando Haddad deixou o MEC em janeiro para candidatar-se a prefeito de São Paulo pelo PT. Foi o terceiro ministro que mais tempo permaneceu no cargo. Perde só para Paulo Renato Souza (1995 a 2002) e Gustavo Capanema (1934 a 1945). Nos padrões brasileiros, foi tempo suficiente para deixar alguma marca, e Haddad o fez. Qualquer análise do que acontece na educação, no entanto, precisa considerar que sucessos e fracassos de hoje resultam, principalmente, da acumulação de erros e acertos no passado. O descaso histórico com o setor não poderia resultar em diagnóstico diverso do formulado pelo movimento Todos Pela Educação, que mostra apenas 11% dos formandos do ensino médio com nível de aprendizado adequado em matemática e 8% da população entre 4 e 17 anos fora da escola. No entanto, mesmo diante de fotografia tão lamentável, é urgente evitar a autoflagelação estéril. 

Os indicadores nacionais e internacionais de avaliação mostram que houve alguma melhoria na qualidade da educação, especialmente no começo do ensino fundamental. O Ideb, índice que combina numa escala de 0 a 10 o desempenho dos alunos e as taxas de aprovação, aumentou 0,8 ponto. Foi de 3,8 para 4,6 -ainda uma nota vermelha- no antigo primário, entre 2005 e 2009. Os últimos resultados do Pisa, um exame internacional padronizado, mostram que se reduziu a distância diante dos países desenvolvidos, mas o
abismo permanece. O país é o 53º colocado numa lista de 65 nações comparadas, e um jovem de 15 anos na escola está, em média, dois anos atrasado em proficiência de leitura, na comparação com estudantes da mesma idade em países ricos. É preocupante a quase estagnação do ensino médio no país. Além de ser o setor em que menos se avançou, é também um nível de ensino cujo acesso ainda não foi universalizado, pois quase metade dos jovens de 15 a 17 anos estão ausentes de suas salas. Melhorar o desempenho médio dos alunos, ao mesmo tempo em que os jovens pobres sejam incluídos na etapa final do ensino básico, é um desafio que exigirá esforço maior do que o realizado até agora. 

As marcas mais visíveis deixadas por Haddad foram a criação do ProUni, que deu 920 mil bolsas para jovens frequentarem a universidade, a eleição de metas de qualidade no ensino básico, a serem atingidas em colaboração com municípios e Estados, e a ampliação do investimento público em educação, de 3,9% para 5% do PIB. Acertou também ao dar continuidade a políticas herdadas do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Foi o caso da distribuição e da avaliação de livros didáticos, das avaliações educacionais e do Fundef, fundo de financiamento do ensino fundamental ampliado em 2007 para abranger também a educação infantil e o ensino médio, depois rebatizado como Fundeb. Deixa para o seu sucessor, o também petista Aloizio Mercadante, vários e enormes problemas por resolver. O mais notório é o Enem. Trata-se de uma boa ideia, que deveria ajudar a nortear o ensino médio, mas que se revelou um verdadeiro fiasco, com
sucessivas falhas. É também imperioso avançar na formulação de um currículo mínimo nacional, que, ao contrário dos parâmetros curriculares atualmente em vigor, seja preciso e enxuto. Os professores de hoje carecem de orientações claras sobre o que a sociedade espera que os alunos aprendam em cada série. 

Dar mais recursos ao ensino infantil, ampliar programas para reciclar e pagar melhor os docentes, reformar currículos de cursos universitários de formação de professores -eis alguns dos outros desafios que precisam de mais atenção do governo federal. A União tem a responsabilidade de liderar Estados e municípios nessa matéria. Os desafios são muitos, mas o atual e os futuros ministros da Educação contarão com uma ajuda preciosa da demografia. Nos últimos 30 anos, a queda nas taxas de fecundidade levou à diminuição do número absoluto de crianças nascidas a cada ano. Isso facilitará a inadiável tarefa de aumentar os investimentos per capita na infância. Além do mais, os alunos que hoje ingressam nas escolas são filhos de mães com maior instrução. Em 1981, apenas um quarto das mulheres em idade fértil tinha completado o ensino fundamental. Em 2009, a proporção passou a ser de 70%. Como essa é uma das variáveis de maior impacto no desempenho do aluno, isso significa que, pela própria inércia demográfica, há condições para dar um salto no aprendizado. Mas, para que o futuro nos aproxime das nações desenvolvidas, os governantes do presente precisam agir com o discernimento de quem enxerga muito além do calendário eleitoral.


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