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sábado, 11 de fevereiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, QUINTA O9 DE FEVEREIRO DE 2012



Matérias de Hoje
  • Estudantes irregulares no Enade 2011 tem até 20 de fevereiro para solicitar dispensa ao Inep> Correio Braziliense - Brasília DF
  • Educação profissional é pouco atraente, aponta pesquisa > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Graças à classe C, cresce no Brasil procura pela educação profissional > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Detentos de MG recebem bolsas do ProUni e vão fazer faculdade > Portal G1
Editoriais, artigos e opiniões
  • Empregos de qualidade > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Desastre na educação > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Dentro da escola > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • O gargalo do ensino > O Tempo - Belo Horizonte MG


Matérias
> Correio Braziliense, 08/02/2012 - Brasília DF
Estudantes irregulares no Enade 2011 tem até 20 de fevereiro para solicitar dispensa ao Inep
Quem não tiver o pedido de dispensa deferido fica impedido de colar grau até participar da próxima edição do exame
Assessoria de Comunicação do Inep
Os estudantes inscritos no Enade 2011, que não participaram da prova e também não tiveram seu pedido de dispensa deferido pela instituição de ensino, têm até 20 de fevereiro para solicitar dispensa diretamente ao Inep. Os documentos exigidos são: requerimento de dispensa, devidamente assinado pelo estudante; declaração de estudante regular, devidamente assinada por representante da IES; e cópiaautenticada do documento comprobatório do impedimento da participação. O requerimento de dispensa e o modelo de declaração de estudante regular encontram-se disponíveis no linkDispensaEstudante. Toda a documentação deverá ser digitalizada em formato PDF e anexada no mesmo endereço eletrônico. Como o Enade é, por determinação legal, componente curricular obrigatório, os estudantesficam impedidos de colar grau enquanto não demonstrarem o cumprimento dessa obrigação. Assim, os estudantes que não participaram do Enade 2011 e não tiverem seus pedidos de dispensa deferidos pela IES ou pelo Inep, permanecerão em situação irregular, até que participem da próxima edição do Exame, em 2012.

> O Estado de São Paulo, 09/02/2012 - São Paulo SP
Educação profissional é pouco atraente, aponta pesquisa
77,5% dos entrevistados nunca fez curso profissionalizante; a maioria, por falta de interesse
Lisandra Paraguassú, da Agência Estado
BRASÍLIA - Uma das políticas centrais do governo de Dilma Rousseff, a educação profissional não tem interessado tanto aos jovens como se poderia esperar. Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 77,5% dos entrevistados nunca frequentou algum curso profissionalizante, seja de nível básico, médio ou tecnológico. A maioria deles por falta de interesse. A pesquisa mostra que, entre 2004 e 2010, o número de pessoas com cursos profissionalizantes aumentou 77%. Ainda assim, o porcentual é baixo: 23% dos jovens apenas passaram por alguma formação, excluindo-se aí o ensino superior. "O grande problema é afalta de interesse. Talvez falte conhecimento por parte dos jovens. Hoje, quem faz um ensino médio profissionalizante tem um ganho salarial 14% maior do que quem fez apenas o ensino médio regular. Um jovem com uma graduação tecnológica de três anos recebe 24% mais do que alguém com três anos de bacharelado", afirma o economista da Fundação Getulio Vargas Marcelo Neri, responsável pela pesquisa.

A falta de interesse é apontada como razão principal para não buscar um curso profissional em todas as classes entrevistas, e cresce na medida em que a renda também aumenta. Apenas nas classes D e E a falta de recursos
surge como importante para mais de 20% dos entrevistados. "Nesses casos, uma bolsa do tipo ProUni (Programa Universidade para Todos) pode ajudar. Mas o que a pesquisa mostra é que é preciso conquistar o jovem", afirmou Nery. A pesquisa mantém o padrão de outro estudo sobre o ensino médio, que mostra a falta de interesse como o principal motivo para que os jovens deixem a escola. O levantamento, feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que 3,4 milhões de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos não estudam nem trabalham. Dois terços deles por falta de interesse na escola.


> O Globo, 08/02/2012 - Rio de Janeiro RJ
Graças à classe C, cresce no Brasil procura pela educação profissional
Mas ainda há grande falta de interesse, revela pesquisa feita pela FGV, CNI e Senai
André de Souza
BRASÍLIA - A quantidade de pessoas que frequentam cursos profissionalizantes aumentou entre 2002 e 2010, principalmente na classe C, mas a maioria da população brasileira ainda não tem interesse pela educação profissional. Ou seja, a oferta de novos cursos não vai levar necessariamente a uma demanda maior no país. As conclusões são da pesquisa "As Razões da Educação Profissional", feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelo Senai e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e divulgada na manhã desta quarta-feira. O levantamento revelou ainda que o pico de procura por cursos profissionalizante se dá aos 15 anos. O maior salto na procura dos cursos profissionalizantes se deu entre 2004 e 2007. Nesse período, o número de pessoas com dez anos ou mais que frequentavam ou já tinham frequentado cursos de educação profissional saiu de 14,5% para 23,78%. O índice chegou a 24,81% em setembro de 2010. Atualmente, na classe C, 7,99% das pessoas entre 15 e 29 anos estão frequentando cursos de educação profissional. Nas classes A e B, são 7,13%, na D, 5,55%, e na classe E, 3,85%.

O diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, acredita que o crescimento da educação profissional na classe C reflete uma mudança cultural. A nova classe média, em sua avaliação, vê o ensino profissionalizante como
caminho para a mobilidade social. - A classe C está buscando novas conexões. Ela está procurando seu próprio enredo de mobilidade social. Entre as pessoas que não fizeram esse tipo de curso, a principal razão é a falta de interesse, com 68,8% das respostas. Em seguida vem a falta de renda (14,17%). Em terceiro lugar, está a falta de cursos disponíveis (10,47%), destacando-se a falta de escolas (8,64%), de cursos (1,4%) e de vagas (0,43%). Quanto maior a renda, maior o peso da falta de interesse - 82,16% nas classes A e B e 52,37% na classe E. Por outro lado, quanto menor a renda, maior o peso da falta de cursos na região - 16,43% na classe E e 2,03% na classe AB.

Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV, destacou que a falta de interesse pode ser explicada pela falta de informação, uma vez que as pessoas com curso profissionalizante têm remuneração maior do que aquelas que nunca frequentaram um. Ele acredita que existe um estigma no Brasil contra a educação profissional e que não adianta apenas atacar a falta de oferta. - Como diria Mané Garrincha, falta combinar com os russos. Se você não tiver convencido os jovens, não vai resolver. Você tem que conquistar os jovens. Já entre as pessoas que começaram a fazer cursos de educação profissional, 8% não concluíram. Novamente, a falta de interesse pelo curso foi o principal
motivo (54,6%), seguido de problemas familiares (34,8%), relacionados à renda (8,9%) e a distância até o local onde o curso é oferecido (1,9%). O levantamento também revelou que 62,58% dos egressos dos cursos de qualificação profissional trabalham na mesma área. Segundo a pesquisa, esse percentual é maior entre os cursos do sistema S do que nos cursos privados ou públicos.

Entre os que não trabalham na área do curso que frequentaram, os principais motivos são melhores oportunidades em outros setores (31,86%), e a falta de vagas na área de formação (30,7%). Por estado, Roraima é proporcionalmente o lugar onde há mais alunos frequentando cursos de educação profissional: 5,62% da população com 10 anos ou mais. Entre as capitais, Boa Vista é a campeã, com um índice de 6,48%. Já a maior falta de interesse entre os que não frequentam cursos profissionalizantes se dá no Rio de Janeiro: 83,6%. As principais bases de dados usadas no levantamento foram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, a Gallup World Poll, que reúne dados de famílias de 132 países, e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Tanto a Pnad quanto a PME são feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


> Portal G1, 08/02/2012
Detentos de MG recebem bolsas do ProUni e vão fazer faculdade
Cinco presos vão ter aulas a partir deste mês. Curso será feito nas modalidades presencial e de ensino à distância
Do G1 MG
A partir de fevereiro deste ano, cinco detentos de unidades prisionais de Minas Gerais que receberam bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) vão cursar a faculdade. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), eles fizeram as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em novembro de 2011 e foram aprovados. Os presos vão ter aulas presenciais e também na modalidade de ensino à distância. Dos cinco vestibulandos, quatro cumprem pena na Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Outro homem está no Presídio de Pouso Alegre, no Sul do estado. Segundo a Seds, os presos da Grande BH têm aulas na Escola Estadual César Lombroso, localizada na penitenciária. A secretaria também informou que ainiciativa faz parte do processo de ressocialização dos detentos. Com isso, eles podem aprender uma profissão e não se tornam um “peso” para a sociedade. Os cursos escolhidos pelos presos são Ciências Econômicas, Comunicação Assistiva, Gestão de Tecnologia da Informação e Marketing. Eles foram aprovados na Faculdade de Estudos Administrativos (FEAD), Faculdade Anhanguera, Pontifícia Universidade Católica (PUC) Minas; campus Coração Eucarístico, e Universidade Paulista (UNIP). Três detentos da Penitenciária José Maria Alkimin vão ter aulas na unidade, por meio de computadores e com acompanhamento de uma pedagoga. Um dos presos aguarda permissão judicial para ter as aulas.

Educação - De acordo com a secretaria, cerca de 5,5 mil presos
estudam em Minas Gerais, sendo que, destes, 17 estão matriculados em faculdades e universidades. Com isso, os detentos têm redução de pena. Segundo a Seds, a cada 12 horas de aulas, é reduzido um dia da pena. Outro sete presos mineiros também passaram no Enem, mas não tiveram pontos suficientes para receberem uma bolsa do ProUni. As provas do Enem Prisional foram aplicadas nos dias 28 e 29 de novembro de 2011 dentro das próprias unidades. No primeiro dia de prova foram avaliados os conteúdos de Ciências Humanas e Ciências da Natureza. No segundo dia, o conteúdo foi de Linguagens, Códigos, Matemática e Redação. As provas eram diferentes daquelas do Enem regular, mas apresentavam o mesmo nível de dificuldade, de acordo com a secretaria.


Editoriais, artigos e opiniões
> Estado de Minas, 09/02/2012 - Belo Horizonte MG
Empregos de qualidade
A inovação que gera negócios e empregos deixará impressa em Minas a marca do presente e do futuro, exorcizando o fantasma do desemprego
Fábio Veras Secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, mestre em direito econômico e doutor em direito constitucional
Perguntando a pessoas das mais diferentes classes sociais o que é o emprego de qualidade, as respostas sempre convergem para uma síntese bem simples: é aquele que paga bem, respeita o empregado e fica perto de casa. Considerando que nem todas as pessoas serão privilegiadas com a possibilidade de trabalhar próximo às suas casas, o que compromete a qualidade de vida e o tempo de convívio com a família, e também considerando que são as regras de mercado que determinam as políticas de remuneração da iniciativa privada, a maior geradora de empregos, impõe-se uma segunda e desafiadora pergunta: como o Estado pode e deve atuar para potencializar ao máximo a geração de empregos de qualidade?

O governo de Minas tem plena consciência desse desafio e trabalha para deixar como legado, até 2014, uma estrutura composta por políticas públicas reunidas em um conjunto de programas, sistêmicos e consolidados, que se fundamentam em vetores muito bem estabelecidos – educação de base, crescimento das empresas e adequada qualificação dos trabalhadores, em uma alquimia que resulte em bem-estar para as pessoas e suas famílias e para mostrar ao empresário que vale a pena, cada vez mais, investir em empreendimentos que, de forma crescente, gerem empregos de qualidade.

Como fator estratégico para a expansão dos negócios em Minas, o governo trabalha na consolidação de uma estrutura de suporte para que empresas e empresários possam superar o gargalo representado hoje pela escassez
de mão de obra. A aliança entre a concepção moderna do Programa de Educação Profissional (PEP), que disponibiliza formação profissional para os jovens mineiros, e o ensino médio em todas as regiões do estado com os programas adicionais de qualificação da Secretaria do Trabalho – com apoio do Senai e do Senac –, é a expressão mais avançada desse modelo, que é semelhante ao que encontramos nas regiões mais competitivas do mundo, como Cingapura, China e Finlândia.

É por esta razão, com certeza, que a Unidade de inteligência da revista inglesa The Economist destaca Minas Gerais como um dos estados brasileiros mais preparados para receber o fluxo recorde de investimentos estrangeiros programados para os próximos anos. A publicação atribuiu a Minas nota máxima, numa escala de 01 a 100, em oito dos 25 quesitos específicos analisados: estabilidade política, incentivos para investimento, políticas para o capital estrangeiro, número de graduados em universidades, incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento (P&D), estratégia de preservação ambiental transparente. Minas Gerais lidera em duas das oito categorias gerais analisadas: sustentabilidade e políticas para investimentos estrangeiros.

Nessa caminhada promissora, um passo importante foi dado quando o governo estadual, trabalhando com interlocutores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Harvard, identificou uma metodologia avançada para mapear a estrutura econômica de sua indústria,
agroindústria e comércio, propiciando a vertebração de conceitos avançados e que muito contribuirão para agregar valor aos produtos mineiros. Conseguimos, enfim, aliar, na prática, inovação com emprego. Esse binômio simples – inovação e emprego – torna os empreendimentos com maior intensidade tecnológica em porto seguro exatamente para a criação de empregos que exigem mais qualificação e, via de consequência, oferecem melhores salários e condições de crescimento na vida profissional. São diferenciais que ajudam a irradiar a modernização empresarial por toda a cadeia produtiva, dos maiores aos menores, somando força e sinergia com parceiros que já têm grande e bem-sucedida experiência nessa ação, entre eles o Sebrae, Fiemg, Fecomércio e Associação Comercial de Minas (ACMinas).

Na verdade, esse legado de inovação que gera negócios e empregos deixará impressa em Minas a marca do presente e do futuro, exorcizando o fantasma do desemprego, permitindo aos pais sonharem, com realismo, em ver seus filhos bem empregados. Em tudo isso, a âncora é a obsessão com a contínua evolução tecnológica dos produtos das empresas mineiras, o que significa maior intensidade de tecnologia e maior agregação de valor. É um percurso que também alavancará a presença das empresas mineiras no mercado internacional, conquistando espaços, aumentando vendas. Maiores vendas exigem aumento de produção e mais produção significa maior geração de empregos. Esse é o círculo virtuoso que estamos trilhando em Minas.


> O Estado de São Paulo, 09/02/2012 - São Paulo SP
Desastre na educação
Editorial
Com 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola e padrões de ensino muito ruins, o Brasil terá muita dificuldade para se manter entre as maiores e mais prósperas economias, diante de competidores empenhados em investir seriamente em boa educação, ciência e tecnologia. Para dezenas de milhões de pessoas, o atraso educacional continuará limitando o acesso a empregos modernos e a padrões de bem-estar comparáveis com aqueles alcançados há muito tempo nas sociedades mais desenvolvidas. Mesmo a criação de vagas será dificultada, porque as empresas perderão espaço - como já vêm perdendo - para indústrias mais eficientes, mais equipadas com tecnologia e operadas por pessoal qualificado. Oportunidades de emprego são oportunidades de bem-estar e de vida melhor para o trabalhador e sua família.

Más políticas para a educação põem em risco esses valores e ainda condenam os indivíduos, por seu despreparo, a uma cidadania muito rudimentar. Não há como evitar pensamentos pessimistas depois de conhecer o último relatório do movimento Todos pela Educação, divulgado nessa terça-feira. O relatório confirma, com dados assustadores, as piores avaliações das políticas educacionais seguidas nos últimos nove anos - marcadas por prioridades erradas e orientadas por interesses populistas. A partir de 2003 o governo federal deu ênfase à criação de faculdades e à ampliação do acesso ao chamado ensino superior, negligenciando a
formação básica das crianças e jovens e menosprezando a formação técnica. Só recentemente as autoridades federais passaram a dar atenção ao ensino profissionalizante.

Por muito tempo ficaram concentradas no alvo errado, enquanto os maiores problemas estão nos níveis fundamental e médio. A progressão dos estudantes já se afunila perigosamente antes do acesso às faculdades. Segundo o relatório, em apenas 35 cidades - 0,6% do total - 50% ou mais dos estudantes têm conhecimentos matemáticos adequados à sua série. No caso da língua portuguesa, aqueles 50% ou mais foram encontrados em apenas 67 municípios. Criada como entidade não governamental em 2006, a organização Todos pela Educação definiu metas finais e intermediárias para o período até 2022. Talvez fosse mais apropriado falar de "marcos desejáveis", já que a fixação de metas deve caber a quem dispõe dos instrumentos e dos poderes para a formulação de políticas. O confronto dos dados efetivos com esses marcos - nenhum deles muito ambicioso - permite uma avaliação dos avanços, em geral muito modestos, da atividade educacional brasileira. O quadro é constrangedor.

Em 2010, 80% ou mais das crianças no final do terceiro ano fundamental deveriam dominar a leitura, a escrita e as operações matemáticas básicas. No caso da escrita, 53,3% alcançaram o padrão desejado. No da leitura, 56,1%. No
da matemática, 42,8%. As porcentagens melhoram, em algumas séries mais altas, mas, em contrapartida, há um sensível afunilamento. Só 50% dos jovens com até 19 anos concluem o ensino médio. Destes, apenas 11% aprenderam o mínimo previsto de matemática. Não tem muito sentido prático alargar as portas de acesso às faculdades, como fez o governo durante vários anos, quando poucos estão preparados para enfrentar um bom ensino universitário.

Não há, neste momento, grandes perspectivas de melhora. Porque a legislação do ensino médio continua desastrosa, como deixaram bem claro, em artigo publicado no Estado de ontem, os especialistas João Batista A. Oliveira, Simon Schwartzman e Cláudio de Moura Castro, analisando a Resolução 2 do Conselho Nacional de Ensino, publicada em 30/1/2012, que "alarga o fosso que existe entre as elites brasileiras e o mundo das pessoas que dependem de suas decisões". Além disso, a vertente profissionalizante do ensino médio é oferecida não como alternativa real, mas como um caminho mais trabalhoso, com adição de 800 horas ao currículo. Diante desse quadro, as inovações propostas pelo governo - como a distribuição de tablets aos professores - parecem piadas de mau gosto. Engenhocas podem ser muito úteis, mas nenhuma pode produzir o milagre de tornar eficiente um sistema fundamentalmente mal concebido e orientado.


> Folha de São Paulo, 09/02/2012 - São Paulo SP
Dentro da escola
País alcança algumas metas para chegar a 2022 com educação de qualidade, porém alunos e professores ainda têm muito a aprender
Editorial
Nenhuma nação, de que tamanho seja, pode conformar-se com 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola. No Brasil isso representa menos de 2% da população, mas é como se um Uruguai inteiro de 4 a 17 anos fosse esquecido na margem da estrada. Tal foi a cifra que mais chamou a atenção no balanço periódico do ensino no Brasil feito pelo movimento Todos pela Educação. O número absoluto assusta, mas oculta que o acesso à escola no país vem melhorando: de 89,9% da população em idade escolar, em 2006, chegamos a 91,5% em 2010.

Não deixa de ser um progresso, mas lento. Nesse ritmo, será difícil atingir a primeira de cinco metas fixadas pelo movimento para 2022: toda criança e jovem na escola. O objetivo intermediário para 2010 era 93,4% -e ficamos aquém. Na avaliação da segunda meta (toda criança alfabetizada até os oito anos de idade), generalizou-se a
nota vermelha. O desejado era chegar a 80% do total em 2010. Nem o Sudeste, com o melhor desempenho do país, chegou a 70% de alunos com domínio de leitura, escrita e contas básicas.

O monitoramento do terceiro objetivo (todo aluno com aprendizado adequado à sua série) revela um desastre: nenhum nível de ensino, em nenhuma região país, obteve mais que 46% de alunos com rendimento satisfatório em português ou matemática, em 2009 (último dado a ser colhido). O acúmulo de problemas e deficiências alcança o paroxismo no ensino médio, fulcro da quarta meta (todo jovem com esse diploma até os 19 anos). Pouco mais da metade (50,2%) chegou lá em 2009. Mais que a cifra determinada para aquele ano (46,5%), é verdade, mas com desempenho pavoroso em matemática -só 11% dos formandos aprendem o que deveriam dessa matéria essencial
para usar produtivamente os conhecimentos e as ferramentas da ciência e da tecnologia.

O quadro é acabrunhante e não pode ser explicado apenas por falta de verbas, justificativa tradicional de quem só consegue ver a questão pelo ângulo material (prédios, tecnologia) ou corporativista (salários). Já se gastam 4,3% do PIB no Brasil com educação, perto dos 5% estipulados na quinta meta, sem que isso se traduza na revolução de que o país necessita. Trata-se de um dever nacional resgatar aqueles 3,8 milhões de jovens e crianças que estão fora da escola. É dentro dela, porém, que falta dar os passos cruciais: qualificar melhor o corpo docente, remunerá-lo de forma condizente, atrair os melhores profissionais e dotá-los com os conteúdos e métodos para que ensinem o que os alunos precisam aprender.


> O Tempo, 09/02/2012 - Belo Horizonte MG
O gargalo do ensino
Editorial
Consenso existe. É generalizada a convicção de que todo o resto que faz uma sociedade alcançar altos níveis de desenvolvimento depende da educação. Com frequência, são citados os exemplos de países que fizeram opção pela educação e pularam, em poucos anos, várias etapas de desenvolvimento econômico e social. Da mesma forma, à educação ou à falta dela é atribuída a principal causa de nossos males. Constitucionalmente, a educação é direito do cidadão e dever do Estado. No entanto, esses objetivos encontram muitas dificuldades para se completarem. O último balanço, da ONG Todos pela Educação, o prova. Mais de 3,8 milhões de jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola no Brasil.Esse número equivale à população do Uruguai. A universalização da educação fundamental, apesar de oferecida, não se concretizou. Nenhum Estado conseguiu que 80% de seus jovens até 8 anos estivessem alfabetizados em 2010. Governos, educadores e famílias tentam superar os entraves a essa meta, realizando experiências e implantando programas que despertem o interesse dos alunos no aprendizado. Uma dessas providências foi a abolição da reprovação, que colocava em xeque a competência da própria escola em aprovar o aluno.

Verificou-se também que, quanto mais cedo o aluno frequenta a escola, menos ele se evade dos
estudos. O gargalo estaria, então, na pré-escola. Cerca de 20% das crianças brasileiras entre 4 e 5 anos estão ainda fora da escola. Comparados os últimos censos, não houve aumento de matrículas na pré-escola. O ensino médio atende a 83% da população entre 15 e 17 anos. Não obstante, só 50,2% concluem os estudos até os 19 anos. Os motivos alegados para a evasão são a falta de interesse e a necessidade de trabalhar. Este é frequentemente incontornável, mas o defeito do primeiro está na família, nos educadores e na escola. Uma prova: de dezenas de professores que o leitor teve, quantos o ajudaram efetivamente na sua educação?

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