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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, QUARTA 08 DE FEVEREIRO DE 2012


Matérias de Hoje
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  • Mercadante anuncia mudanças no 1º escalão do MEC > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Brasileiro deve gastar R$ 62,8 bilhões com educação em 2012, diz estudo > Portal G1
  • Pesquisa diz que 3,8 milhões de jovens estão fora da escola > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Números põem ensino em xeque > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Só 42% dos alunos do 3.º ano do ensino fundamental têm bom desempenho em matemática > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Mais de 220 mil crianças e jovens fora da escola > Folha de Londrina - Londrina PR
  • Rio de Janeiro tem 229 mil crianças e jovens fora da escola > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Quase 40 mil crianças e jovens do DF estão fora da escola, aponta estudo > Portal G1
  • Das seis mil creches prometidas por Dilma, nenhuma saiu do papel > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • MEC pode implantar projeto em que professores visitam alunos > Folha.com
  • Mercadante diz que vai criar comissão para aprimorar o Enem > Folha.com

Editoriais, artigos e opiniões

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  • Volta às aulas > A Notícia - Joinville SC
  • Mais falhas na educação > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • CNE e o pesadelo do ensino médio > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • O que existe é uma educação bipolar > O Tempo - Belo Horizonte MG

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Matérias
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> O Estado de São Paulo, 07/02/2012 - São Paulo SP Mercadante anuncia mudanças no 1º escalão do MEC
Além do Inep, quatro das seis secretarias da pasta têm novo comando
Estadão.edu
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou na tarde desta terça-feira, 7, os nomes dos novos ocupantes de quatro das seis secretarias da pasta. Luiz Cláudio Costa saiu da Secretaria de Educação Superior e assumiu a presidência do Inep, órgão responsável pelo Enem. Para o lugar de Costa será nomeado Amaro Pessoa Lins, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). César Callegari, integrante do Conselho Nacional de Educação, substituirá Maria do Pilar Lacerda na Secretaria de Educação Básica. Carlos Abicalil deixa a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino. No lugar dele assume o ex-governador do Acre Arnóbio Marques (PT).

Por último, a secretaria de Educação Profissional e Tecnológica será comandada por Marco Antonio de Oliveira, ex-secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Permanecem nos cargos os secretários Luís Fernando Massoneto (Regulação e Supervisão da Educação Superior) e Cláudia Dutra (Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão). Também serão mantidos o secretário executivo do MEC, José Henrique Paim, e os presidentes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), José Carlos Dias de Freitas, e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães.



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> Portal G1, 07/02/2012 Brasileiro deve gastar R$ 62,8 bilhões com educação em 2012, diz estudo
Valor representa alta de 7,53% sobre os gastos de 2010, de R$ 58,4 bilhões. Participação da classe média nos gastos totais com educação sobe
Do G1, em São Paulo
Brasileiros deverão gastar R$ 62,8 bilhões neste ano com educação, valor 7,53% maior (já descontada a inflação) que o registrado há dois anos, aponta pesquisa divulgada nesta terça-feira (7) pelo instituto Data Popular. Em 2010, os gastos foram de R$ 58,4 bilhões. Segundo o instituto, a pesquisa não foi realizada para o ano de 2011. De acordo com a pesquisa, quanto maior a renda, mais se gasta proporcionalmente com matrículas e mensalidades do que com livros e material escolar. Neste ano, o estudo aponta que os gastos com educação nas classes AB serão de R$ 32,4 bilhões, sendo 85,19% com matrículas e mensalidade e 14,81% com livros e material escolar. Nas classes DE, por exemplo, os gastos caem para R$ 2,3 bilhões, sendo 52,17% com mensalidade e matrículas e 47,83% com livros e material escolar. Na classe C, o valor estimado é de R$ 28,1 bilhões, com participações de 76,16% e 23,84%, respectivamente. A pesquisa aponta, ainda, que enquanto aumenta a participação da nova classe média brasileira nos gastos totais com educação, a contribuição da alta renda recua. A participação da nova classe média no total de gastos dos brasileiros com educação deverá saltar de 38,9% em 2010 para 44,7% neste ano, estima o instituto. De acordo com a pesquisa, a alta renda será o grupo social que mais perderá participação, que era de 57,7% em 2010 e será de 51,6% neste ano.



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> O Estado de São Paulo, 07/02/2012 - São Paulo SP Pesquisa diz que 3,8 milhões de jovens estão fora da escola
Porém, entre 2000 e 2010, houve um aumento de 9,2% na taxa de acesso à escola, aponta estudo
Agência Brasil
SÃO PAULO - Estudo feito pelo Movimento Todos pela Educação aponta que 3,8 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estavam fora da escola em 2010. Na década (2000-2010), entretanto, houve um aumento de 9,2% na taxa de acesso à escola, segundo o estudo De Olho nas Metas 2011, divulgado nesta terça-feira, 7. A Região Norte registrou o maior aumento na frequência ao sistema de ensino, com crescimento de 14,2%, o que possibilitou o atendimento de 87,8% das crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos. A Região Sudeste teve o menor avanço na década, expansão de 8%. Ainda assim, é a parte do País com maior índice de jovens matriculados, 92,7%. No Brasil, a taxa de inclusão escolar chega a 91,5%.

Mesmo com o acréscimo nas taxas de frequência, o relatório aponta que o País não conseguiu superar a
meta intermediária (de 93,4% de acesso) estabelecida para o ano de 2010. Com o maior número de jovens em idade escolar (17,3 milhões), a Região Sudeste registra o maior número de crianças e adolescentes fora da escola (1,27 milhão). Desses, 607,2 mil estão no Estado de São Paulo, unidade da federação com maior número de jovens sem estudar. Porcentualmente, no entanto, apenas 7% dos paulistanos entre 4 e 17 anos não frequentam a escola. Na Região Norte são 579,6 mil jovens que não estão estudando. O Acre é o Estado com a pior taxa de inclusão, 85%, o que representa 35 mil crianças e adolescentes fora do sistema de ensino.

As taxas de acesso à pré-escola permanecem em patamares muito mais baixos que os estabelecidos pelas metas. Crianças de 4 e 5 anos têm a menor taxa de
atendimento (80,1%). Na Região Norte, apenas 69% das crianças que deveriam estar na pré-escola estão estudando. O ensino médio também apresenta uma taxa de frequência menor do que a média. Na faixa de 15 a 17 anos, apenas 83,3% estão inseridos no sistema de ensino, o que representa 1,7 milhão de jovens fora da escola. O menor percentual de acesso é registrado novamente no Norte (81,3%). O estudo De Olho nas Metas é um relatório anual cujo intuito é acompanhar indicadores educacionais ligados às cinco metas estabelecidas pelo Todos Pela Educação para serem cumpridas até 2022. A primeira meta é chegar ao índice de 98% ou mais das crianças e jovens de 4 a 17 anos matriculados e frequentando a escola no prazo de dez anos.



> Estado de Minas, 08/02/2012 - Belo Horizonte MG Números põem ensino em xeque
Levantamento de ONG mostra que faltam vagas para quase 364 mil estudantes em Minas. Dos que estão matriculados, 84,8% concluem o ensino médio sem dominar matemática
Glória Tupinambás
Pedro recebeu de sua mãe uma nota de R$ 10 para pegar o ônibus e, com o troco, comprar a merenda. Quanto vai sobrar para ele depois de pagar a passagem de R$ 2,65? A resposta deveria estar na ponta da língua do menino de 12 anos, aluno do 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública de Belo Horizonte, mas o que se vê, diante da pergunta, é uma cara de espanto seguida de silêncio. Pedro – nome fictício de um personagem real – simplesmente não conhece bem as quatro operações básicas da matemática: somar, subtrair, multiplicar e dividir. Nas salas de aula de todo o Brasil, ele não é exceção. Mais da metade dos alunos que concluem o 3º ano do nível fundamental não atingem o conhecimento esperado em matemática. Em Minas, o cenário mais preocupante está nas séries finais, em que 76,2% dos jovens do 9º ano do fundamental e 84,8% dos que estão no 3º ano do ensino médio estão abaixo do nível adequado em matemática.

O domínio dos números e dos cálculos foi apontado como o grande desafio nas escolas pelo Movimento Todos pela Educação. Estudo divulgado ontem pela organização não governamental faz um diagnóstico da defasagem no ensino nos estados e municípios do país e traz números sobre o acesso de crianças e adolescentes às salas de aula. Segundo a pesquisa, o Brasil tem 3,8 milhões de jovens entre 4 e 17 anos fora da escola. Em Minas, são 363,9 mil sem matricula garantida. Apesar dos avanços da última década, o estado tem média de 91,8% de atendimento escolar nessa faixa etária, não atingindo a meta prevista para 2010, de 93,4% da população entre 4 e 17 anos na escola. O levantamento se baseia no cruzamento entre dados do Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e testes aplicados pelo Ministério da Educação (MEC), como a Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização (Prova ABC). O Movimento Todos pela Educação acompanha indicadores com base em metas a serem cumpridas até 2022, data estabelecida pela ONG tendo como marco as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil.

Em Minas, o principal obstáculo para a inclusão nas salas de aula está na adolescência. Mais de 170 mil jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola, o que equivale a 16,5% da população nessa faixa etária. A educação infantil responde pelo segundo maior déficit, com 121.544 crianças de 4 e 5 anos sem vaga garantida, o que equivale a 22,3% da população nessa faixa etária. QUALIDADE Mas a falta de vagas está longe de ser o maior problema da educação. Enquanto o país atinge a marca
de 91,5% de atendimento escolar da população entre 4 e 17 anos e caminha para a universalização do ensino, a qualidade ainda é um obstáculo real nas salas de aula. Em Minas, metade dos alunos do 5º ano do ensino fundamental está abaixo do nível adequado de aprendizagem em português. Em matemática, o índice é de 48,5%. O déficit atinge patamar mais ainda preocupante no último ano do ensino fundamental, em que 64,8% dos alunos sabem menos que o esperado em português e 76,2% estão aquém do desempenho adequado em matemática.

Em Belo Horizonte, apenas 16,5% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental atingiram nota maior que 300 pontos em matemática (média considerada adequada) na Prova Brasil aplicada pelo MEC em 2009. Os dados, referentes ao somatório das redes municipal, estadual e particular da cidade, acendem o sinal de alerta em escolas como a Municipal Professor Pedro Guerra, no Bairro Mantiqueira, Região de Venda Nova. Com 1,2 mil alunos de nível médio, a instituição aposta em projetos de reforço escolar e aulas de xadrez para melhorar os índices de aprendizado. “Muitos estudantes não conhecem as operações básicas da matemática e têm muita dificuldade em desenvolver o raciocínio lógico. Com essa defasagem, eles têm problemas para acompanhar todas as matérias. Por isso, usamos um programa de intervenção pedagógica para ajudá-los a se recuperar”, explica a vice-diretora Maria Elizabete Luzzi. Frequentador das aulas de reforço escolar em matemática, o estudante Ruan Adriano Botelho, de 14 anos, do 9º ano do ensino fundamental, conta como se livrou do trauma de uma reprovação no 7º ano. “Na intervenção são menos alunos na sala e o professor senta do nosso lado para explicar tudo com mais calma. Consigo tirar todas as dúvidas e no ano passado não perdi nenhuma média.” Nas aulas de xadrez, jovens como Gabriela Fonseca e Ivan Rodrigues, ambos de 13 anos e alunos do 6º ano do fundamental, treinam o raciocínio lógico e trilham caminho em busca de melhores notas em matemática. “Nas partidas, exercitamos muito a concentração e isso se reflete na sala de aula”, conta Ivan, que já conquistou medalha de prata numa competição de xadrez da rede municipal de ensino.

Mesmo mal, Minas está entre os melhores - Apesar do mau desempenho dos estudantes mineiros em português e matemática, o estado ostenta um dos melhores indicadores de ensino no país, segundo levantamento do Movimento Todos pela Educação. Entre as unidades da Federação, Minas tem o maior percentual de municípios que atingiram as
metas do 5º ano do ensino fundamental para aprendizado nas duas disciplinas avaliadas. No 9º ano, o estado fica em quarto lugar no ranking nacional, sendo que 58% das cidades atingiram a meta em matemática e 90,4%, em português. Os números dão a medida do desafio a ser enfrentado pelo ensino público no país.

A Secretaria de Estado de Educação preferiu não comentar dados específicos da pesquisa, divulgada na tarde de ontem. Mas, numa análise geral, afirma que o levantamento falha por não fazer a distinção entre as redes estadual, municipal e particular. “Respeito muito o trabalho da ONG e acho que os indicadores são importantes para que a sociedade acompanhe a realidade da educação. Mas não sabemos quais elementos foram usados por eles para construir as metas e as projeções de crescimento. Além disso, na rede estadual, as avaliações não são apenas para dizer se o ensino está bom ou ruim, e sim para fazer diagnósticos e determinar os rumos da intervenção pedagógica, a fim de que a educação básica melhore”, afirma a secretária adjunta de Estado de Educação, Maria Céres Pimenta. Procurada pelo Estado de Minas, a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte não se pronunciou sobre o assunto.

Ministério tem mineiro no olho do furacão - O mineiro Luiz Cláudio Costa é o novo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pela organização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A nomeação dele para o cargo – considerado o olho do furacão dentro do Ministério da Educação, devido ao histórico de problemas e à importância do Enem – foi publicada ontem no Diário Oficial da União. Reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) entre 2008 e 2011, Luiz Cláudio fazia parte do alto escalão do MEC desde janeiro do ano passado, quando assumiu a chefia da Secretaria de Educação Superior do governo federal. A indicação do mineiro para o Inep já era considerada certa desde a posse do atual ministro, Aloizio Mercadante, há duas semanas. No novo cargo, Luiz Cláudio vai enfrentar desafios como o de melhorar o sistema de correção da redação do Enem, que provocou uma série de ações judiciais no início deste ano, e melhorar a aplicação do pré-teste da prova, fonte de vazamento no ano passado. Graduado em matemática e mestre em agronomia pela UFV, o cientista é líder da equipe de especialistas em mudanças climáticas e eventos extremos da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e, em 1994, recebeu título de doutorado em agrometeorologia pela University of Reading (no Reino Unido).



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> O Estado de São Paulo, 07/02/2012 - São Paulo SP Só 42% dos alunos do 3.º ano do ensino fundamental têm bom desempenho em matemática
Nível dos estudantes foi medido pela Prova ABC, aplicada em 250 escolas de todo o País em 2011
SÃO PAULO - Apenas 42,8% dos alunos que concluem o 3.º ano do ensino fundamental têm as habilidades em matemática esperadas para a série, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira, 7, pelo Movimento Todos Pela Educação. O nível dos estudantes foi medido pela Prova ABC, aplicada em 250 escolas de todo o País em 2011, avaliando o desempenho em escrita, leitura e matemática. Para a escrita, 53,3% dos alunos tiveram desempenho considerado satisfatório, com base nas escalas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), metodologia do Ministério da Educação. Em relação à leitura, o índice de estudantes com as habilidades esperadas ficou em 56,1%. A Região Norte obteve o pior resultado em matemática, apenas 28,3% dos estudantes tiveram o resultado esperado para a série. O Sul conseguiu o melhor resultado na disciplina, com 55,7% dos alunos apresentando bom desempenho.

Em relação à redação, o Nordeste teve o desempenho mais baixo: só 30,3% dos estudantes apresentaram domínio da escrita de acordo com a série que cursavam. A Região também teve o menor percentual de alunos (42,5%) com habilidade de leitura satisfatória. O Sudeste é a Região com o melhor resultado para a prova de escrita (65,6%).

Na rede particular de ensino, o porcentual de alunos com bom resultado em matemática foi 74,3%, mais do dobro do verificado na rede pública, 32,6%. Na prova de redação, 80,7% dos estudantes do
ensino privado tiveram desempenho satisfatório, contra o percentual de 44,3% verificado entre alunos das escolas públicas. Proporção semelhante foi apresentada na avaliação de leitura, em que 79% dos alunos da rede particular se saíram bem e apenas 48,6% dos estudantes do ensino público tiveram bom resultado. Um dos fatores apontados pela pesquisa para a diferença entre os alunos do ensino privado e o público é o acesso à educação pré-escolar. “Uma explicação para esse resultado é que a maior aprendizagem na rede privada está relacionada ao fato de seus alunos terem melhores condições sociais e econômicas e de terem cursado a pré-escola. Tais condições ajudam a explicar, mas não deveriam justificar tal diferença entre as redes”, ressalta o estudo.



> Folha de Londrina, 08/02/2012 - Londrina PR Mais de 220 mil crianças e jovens fora da escola
Número representa 9,5% da população entre 4 e 17 anos no Paraná; em todo o País são 3,8 milhões nessa situação
Rubens Chueire Jr. Equipe da Folha
Curitiba - As aulas nas escolas estaduais e municipais do Paraná começam hoje. Entretanto, muitas crianças e jovens entre 4 e 17 anos ainda não frequentam aulas no Estado, mais precisamente 227.803. Este número representa 9,5% do total da população nessa faixa etária, que soma 2.934.523 pessoas. É o sétimo maior registrado entre todas as unidades da Federação, ficando atrás de São Paulo (607.238), Minas Gerais (363.981), Bahia (277.690), Pará (256.323), Rio Grande do Sul (246.254) e Rio de Janeiro (229.488).

Os números fazem parte do estudo De Olho nas Metas 2011, divulgado ontem, pelo movimento Todos pela Educação, entidade que avalia e acompanha as ações e políticas públicas dos governos no setor. Dos mais de 220 mil paranaenses fora da sala de aula, 81.032 são crianças de 4 a 5 anos; 37.559
crianças e jovens de 6 a 14 anos; e 109.212 jovens de 15 a 17 anos, que nunca frequentaram uma escola. Em todo o País são 3,8 milhões de crianças e jovens nessa situação (1.156.846 estão fora da educação infantil - 4 a 5 anos; e 1.728.015 são jovens entre 15 e 17 anos), representando 9% do total da população brasileira. Os dados utilizados na pesquisa são referentes ao Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2010 e do Censo Escolar do IBGE 2010. Entre 2000 e 2010 houve um aumento de 9,2% nas taxas de acesso à escola. Entretanto, nenhum Estado conseguiu atingir a meta intermediária de atendimento escolar para 2010, estipulada pelo movimento. No caso do Paraná, esse número chegou a 90,5%, mas a meta intermediária era de 92,6%.

Para alcançar a educação que o Brasil precisa, foram definidas cinco
metas específicas que englobam a garantia da permanência da criança na escola; alfabetização plena; qualidade do aprendizado; conclusão do Ensino Médio e investimentos. Estas metas devem ser atingidas até 2022. ''Essas crianças e jovens que ainda estão fora da escola representam a população mais difícil e complicada de atender e garantir sua permanência. Normalmente são moradores de zonas rurais e de comunidades mais afastadas dos grandes centros. Por isso insistimos para que o governo desenvolva políticas públicas para esses 3,8 milhões de brasileiros'', afirmou Andrea Bergamaschi, coordenadora geral do Todos pela Educação. A Equipe da Folha entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação (Seed) para comentar os dados do Paraná no estudo, entretanto não obteve resposta até o fechamento da edição.



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> O Globo, 07/02/2012 - Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro tem 229 mil crianças e jovens fora da escola
Secretario de Educação do Estado, Wilson Risolia, reconhece que número é “muito alto”
Carolina Benevides
RIO - O relatório De Olho nas Metas 2011, divulgado nesta terça-feira pelo Todos pela Educação, mostrou que o Estado do Rio ainda não conseguiu cumprir a Meta 1: toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola. Segundo o relatório, 229.488 crianças e jovens dessa faixa etária estão fora das salas de aula. A taxa de atendimento no estado, no ano passado, foi de 93,2%. A meta para 2011 era de 95,5%. Secretario de Educação do Estado do Rio, Wilson Risolia reconhece que o número de crianças e jovens fora da escola é “muito alto”:- É um número muito alto. Ter uma criança fora da escola já é um número alto, mais de 200 mil então... É fundamental recuperar essas crianças e jovens e levá-las para a escola. Essa realidade precisa ser enfrentada.

Segundo Risolia, em 2010, a rede estadual fez um diagnóstico dos estudantes matriculados e viu que o índice de reprovação era o maior do Brasil e que os índices de evasão e distorção idade-série eram muito elevados: - Quando você reprova, estimula o abandono. Além disso, tínhamos turma com alunos entre 15 e 75 anos. Então, para evitar a distorção idade-série, começamos a corrigir o fluxo escolar, criamos reforço escolar para que eles não abandonassem e também fizemos pesquisa para entender as expectativas do jovem em relação ao ensino médio.

Coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
Daniel Cara acredita que é preciso saber quem são as crianças e os adolescentes que não estão na escola: - Elas estão no campo, são indígenas, têm alguma deficiência, são muito pobres? A violência as afasta? Para garantir o acesso, o poder público tem que conhecê-las. E tem que haver política pública que permita que estudem. Para Risolia, é mais fácil traçar esse perfil no interior, onde visitadores vão até quilombolas e indígenas. Na capital, desde a pacificação de comunidades, já foi possível observar o “fenômeno da volta para a sala de aula”: - Em algumas áreas, percebemos o retorno do jovem. Mas temos mesmo que identificar, buscar e estimular todos os que não estão na escola.



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> Portal G1, 07/02/2012 Quase 40 mil crianças e jovens do DF estão fora da escola, aponta estudo
Pesquisa diz que DF atinge metas de aprendizado apenas no 5º ano. Levantamento foi divulgado nesta terça pela ONG Todos pela Educação
Do G1 DF
O Distrito Federal tem quase 40 mil crianças e jovens entre 4 e 17 anos fora da escola, revela estudo divulgado nesta terça-feira (7) pela ONG Todos pela Educação. O número representa quase 7% da população nessa faixa etária, segundo o Censo 2010. O levantamento mostra também que o Distrito Federal supera as metas de aprendizado adequado em língua portuguesa e matemática apenas no 5º ano/ 4ª série. No 9º ano do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio, as taxas da capital do país ficam abaixo do esperado. Segundo os dados, as metas para o DF no 5º ano em 2009 eram 52,6 para língua portuguesa e 47,6 para matemática. Ambas foram superadas. A capital do país atingiu 52,8 na primeira e 52,1 na segunda. Nessas mesmas disciplinas no 9º ano do ensino fundamental, as taxas eram 34,9 e 31,3, respectivamente. Os valores alcançados na capital do país foram 34,7 e 22,6. Na 3ª série, os índices de referência foram 44,1 e 27,9 e o DF atingiu 38,4 e 17,7.

Dados nacionais - O estudo feito pela ONG mostra que o país tem 3.853.317 crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola, o que representa 8,5% da população nesta faixa etária, segundo o Censo 2010. . Entre as regiões, o Sudeste detém os maiores números absolutos de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola, com mais de 1,2 milhão de indivíduos fora dos sistemas de ensino. Já o Centro-Oeste tem o menor total de
indivíduos fora da escola com 325,9 mil.Em termos proporcionais, no entanto, o Norte tem 12,2% da sua população de 4 a 17 anos ausente do sistema de ensino básico. Em seguida estão Sul (9,8%), Centro-Oeste (9,6%), Nordeste (7,8%) e Sudeste (7,3%). As taxas de acesso à pré-escola permanecem em patamares muito mais baixos com 80,1% da população de 4 e 5 anos atendida. O Norte tem a menor taxa de atendimento nesse nível de ensino, com 69% das crianças de 4 e 5 anos com acesso aos sistemas de ensino e mais de 201 mil fora da escola. Já o atendimento às crianças e jovens de 6 a 14 anos no país é de 96,7%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, idade regular para o Ensino Médio, 83,3% frequentam a escola. O menor percentual de acesso, novamente, é do Norte (81,3%).

Problemas de aprendizado - O levantamento mostra ainda que em 56,1% dos municípios brasileiros, os alunos do 9º ano do ensino fundamental da rede pública de ensino (federal, estadual e municipal) não aprendem o conteúdo adequado para sua série na disciplina de matemática. O índice corresponde a 3.117 cidades, de um total de 5.557. A meta foi atingida por 41,8% dos municípios, e no restante (2,1%) não foi possível verificar o cumprimento da meta. Na disciplina de português, o cenário é mais animador: em 81,9% dos municípios brasileiros, os alunos do 9º ano dominam o conteúdo
indicado para sua série. Na contramão, 16% não cumpriram a meta. No quinto ano do ensino fundamental, a situação se inverte e a maior deficiência dos alunos aparece em português. Segundo dados apresentados pelo Todos pela Educação, em 53,9% dos municípios os alunos da rede pública não dominam o conteúdo em português ideal esperado para a série que frequentam. A meta foi cumprida em 36,7% das cidades, e no restante (9,4%) não foi possível analisar a situação. Na disciplina de matemática, em 68% dos municípios os estudantes dominam o conteúdo, enquanto a realidade é diferente em 21,7% das cidades. Para chegar aos índices foram usados dados da Prova Brasil 2005, 2007 e 2009 fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O exame avalia somente as redes públicas de ensino (federal, estadual e municipal). Não há indicador para o 3º ano do ensino médio para os municípios.

Metas - O Todos Pela Educação elegeu 2022, ano em que se comemora o bicentenário da Independência do Brasil, como data limite para o cumprimento de cinco metas monitoradas a partir da coleta sistemática de dados e da análise de séries históricas dos indicadores educacionais. Elas servem como referência e incentivo para que a sociedade acompanhe e cobre a oferta de educação de qualidade para todos. São elas:
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- Meta 1: Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola;
- Meta 2: Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos;
- Meta 3: Todo aluno com conhecimento adequado à sua série;
- Meta 4: Todo jovem com ensino médio concluído até os 19 anos,
- Meta 5: Investimento em educação ampliado e bem gerido.



> O Globo, 07/02/2012 - Rio de Janeiro RJ Das seis mil creches prometidas por Dilma, nenhuma saiu do papel
Ministro reconhece que meta estabelecida pela presidente pode não ser cumprida
Demétrio Weber
BRASÍLIA - A promessa da presidente Dilma Rousseff de construir seis mil creches até 2014 ainda não saiu do papel e fez acender a luz amarela no Ministério da Educação (MEC). Em 13 meses, o governo assinou 1.507 convênios com prefeituras de todo o país, mas nenhuma nova unidade entrou em funcionamento. O ministro Aloizio Mercadante admitiu nesta terça-feira o risco de que a meta não seja cumprida, se nada for feito.Ele anunciou que estuda medidas para acelerar o ritmo e disse que o problema não é falta de dinheiro, mas demora das prefeituras para executar as obras:

- Estamos sentindo que o tempo de construção está lento - disse Mercadante. Para dar mais velocidade ao programa, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do ministério, planeja realizar uma ata nacional de preços. A ideia é selecionar construtoras aptas a erguer creches e pré-escolas nas cinco regiões do país, dentro de padrões de qualidade atestados pelo Inmetro. Assim, as prefeituras só precisariam aderir ao pacote. - O governo federal libera o recurso, desenha o projeto, mas depende
dos prefeitos. Além de liberar integralmente os recursos e assinar os convênios, nós vamos desenvolver novos métodos construtivos que são muito mais rápidos para a construção. Queremos ser parceiros para acelerar esse processo e poder cumprir as metas físicas - disse o ministro.

Ele estima que o novo modelo permitirá reduzir em até dois anos o prazo de construção das unidades. Atualmente, a burocracia para a assinatura dos convênios e a execução das obras consomem cerca de dois anos e meio. Com a ata nacional de preços, esse período poderia cair para até seis meses, segundo o ministro. Uma das possibilidades é construir unidades pré-moldadas, o que economizaria tempo. O ritmo das obras é lento mesmo entre as creches e pré-escolas conveniadas no governo Lula, no período de 2007 a 2010, no programa batizado de ProInfância. De um universo de 2.528 unidades, somente 25% (628) foram entregues e já têm crianças matriculadas. Uma delas foi inaugurada por Dilma e pelo então ministro Fernando Haddad em Angra dos Reis, no mês
passado, dias antes de Haddad deixar o cargo para disputar a prefeitura de São Paulo.

Em 2011, o ProInfância foi incluído na segunda fase do PAC-2, com previsão de R$ 7,6 bilhões para erguer e equipar 6.427 escolas de educação infantil até 2014. Essas unidades oferecem creche e pré-escola, atendendo crianças de até 5 anos. Nesta terça-feira, Mercadante comentou o relatório divulgado pelo Todos pela Educação. O ministro disse que o problema de crianças e jovens fora da escola se concentra na pré-escola e no ensino médio, e que o governo trabalha em duas frentes: de um lado, quer acelerar o ProInfância, de outro, a aposta é na oferta de ensino técnico-profissionalizante para quem cursa o ensino médio. Segundo o relatório, as crianças de 4 e 5 anos têm a menor taxa de atendimento (80,1%). - A pré-escola prepara a criança para alfabetizar. Ela já chega pronta (ao fundamental) para aprender a ler e fazer contas. Em relação ao ensino médio, ele disse que é preciso reduzir a evasão:- Vamos juntar o ensino técnico-profissionalizante com o ensino médio, para que eles tenham condições de continuar estudando.



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> Folha.com, 07/02/2012 MEC pode implantar projeto em que professores visitam alunos
RENATO MACHADO DE BRASÍLIA
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta terça-feira que pretende implantar um projeto no governo federal no qual os professores visitam os alunos em suas casas. A medida foi citada por Mercadante ao apresentar o novo secretário de Educação Básica do MEC, César Callegari. Quando era secretário da Educação de Taboão da Serra, na região da Grande São Paulo, Callegari instituiu um programa que pagava uma remuneração extra aos professores por cada aluno visitado. Os resultados apontaram que os estudantes visitados tinham desempenho até 80% acima dos demais alunos que não receberam os professores em casa. "Eu tive a oportunidade de conhecer de perto a experiência que ele esteve a frente do município. Algumas coisas chamaram muito a atenção, principalmente uma ideia inovadora que nós queremos trazer para o ministério", disse o ministro, que logo em seguida explicou o programa. "Eram professores que ajudavam no acompanhamento pedagógico e trabalhavam inclusive visitando a casa dos alunos, procurando aproximar mais as famílias da escola e com isso tendo um processo de aprendizado muito mais equilibrado, muito mais homogêneo, muito rico", completou.



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> Folha.com, 07/02/2012 Mercadante diz que vai criar comissão para aprimorar o Enem
RENATO MACHADO DE BRASÍLIA
O ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirmou nesta terça-feira que vai criar uma comissão técnica para trabalhar no aprimoramento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e que espera fazer o "melhor exame possível". As declarações foram dadas durante cerimônia em que foi apresentada a sua equipe no MEC, entre eles o novo presidente do Inep --órgão responsável pelo exame--, Luiz Cláudio Costa. "Nós estamos montando também uma comissão técnica de alto nível no Inep, com profissionais da área de avaliação, que vão contribuir no aprimoramento", disse o ministro. Ele destacou que o órgão vai completar 75 anos e quer ser um "centro pensante, formulador de política, um grande interlocutor em tudo o que diz respeito à avaliação pedagógica".

Mercadante evitou dar mais detalhes sobre a atuação do Inep e declarou que em breve será apresentado um plano de atuação do órgão, inclusive com medidas relativas ao Enem. O ministro afirmou que sua equipe vai trabalhar intensamente para aprimorar o exame, mas não descartou que possam ocorrer falhas durante a sua realização, no
fim do ano. "Nós temos de aprimorar o Enem? Temos de aprimorar. Ele vem sendo aprimorado e nós vamos nos debruçar ao longo deste ano até novembro para fazer o melhor exame possível", disse o ministro, que relembrou que outros exames tiveram problemas, como o da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e de concursos da Polícia Federal. "Nós podemos ter problemas? Podemos. Mas vamos trabalhar intensamente para corrigir qualquer equívoco que ainda existe no Enem até novembro", completou.



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Editoriais, artigos e opiniões
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> A Notícia, 08/02/2012 - Joinville SC Volta às aulas
Alfredo Leonardo Penz
Nesta semana, crianças e professores começaram a voltar às aulas e, como um flashback, comecei a lembrar do meu primeiro dia de aula. Foi, literalmente, uma aventura muito cansativa, diga-se de passagem. No primeiro dia de aula, geralmente os pais levam seus filhos para a escola. Mas comigo não foi assim: o seu José (meu pai) e a dona Ieda (minha mãe) não me levaram. Havia um amigo, o Chimia, que estava iniciando a quarta série e eu o acompanhei. Lembro também do que meu pai falou: quando a professora chamasse meu nome, eu deveria falar “presente”. Fiquei muito feliz e perguntei se todos os dias eu ganharia um presente da professora. Doce ilusão. Se fosse verdade, eu, como professor, atualmente, estaria falido quando fizesse a chamada dos meus alunos.

Não me lembro exatamente o que estudamos. Lembro-me, sim, do nome da minha primeira professora: a dona Joice. Uma mulher alta e
muito bonita. A escola: o Colégio Dom Bosco – Casa do Pequeno Operário, em Porto Alegre. Uma escola de padres salesianos. Lá, estudei o que seria hoje os ensinos fundamental e médio. Lembro que a professora Joice organizou um quadro, com o nome de todos os alunos da turma, e, quando algum de nós conseguisse uma nota 9,5, ou mesmo 10, receberia uma estrela ao lado do nome. Antes de entrarmos na sala de aula, cantamos o “Hino Nacional” e rezamos. Isto, aliás, era um costume diário. Já na sala de aula aprendemos que, quando alguém batesse na porta e adentrasse ao recinto, deveríamos nos levantar como respeito. Naturalmente, o silêncio imperava. Ai de quem ousasse conversar.

Havia uma igreja na escola, bem ao lado do saguão no pátio, que eu costumava visitá-la quase que diariamente, mas, especialmente, nos dias de provas. Nestes dias, as visitas eram obrigatórias. Pedia a todos os santos e em especial a
Dom Bosco. Prometia que se tirasse boas notas nas avaliações, lhe daria um “presentinho”. Confesso que até hoje estou, digamos, em débito com o “bom moço”. Ao final do meu primeiro dia de aula, iniciou-se então minha “cansativa aventura”. Ao descer no pátio da escola para encontrar meu amigo, me deparei com a escola completamente vazia. Eu era o único aluno. Pensei: o que fazer? Não sabia voltar para casa sozinho. Fui para a frente do colégio e fiquei a pensar... De repente, vi a solução passando pela minha frente. Há algumas quadras da minha casa havia o ponto final de uma linha de ônibus e, daquele ponto em diante, eu sabia chegar em casa. Não me restou outra opção. Saí correndo atrás do ônibus. Quando ele estava se distanciando, e eu quase chorando, me lembrei que eventualmente ele iria parar para as pessoas descerem, aí então eu o alcançaria. E foi assim que eu consegui chegar em casa.



> Estado de Minas, 08/02/2012 - Belo Horizonte MG Mais falhas na educação
Pesquisa revela que são ruins o aprendizado e o número de alunos
Notícias de que a educação vai mal no Brasil, em todos os níveis, viraram rotina nos últimos anos. Também se sabe que o país conseguiu avançar no processo de universalização do acesso ao ensino fundamental e que o gargalo do ensino médio – quantidade e qualidade – continua colocando o desempenho da educação em xeque. Mesmo assim, toda pesquisa ou estudo realizado com seriedade e embasamento técnico deve ser levado em conta e (pelo menos deveria) pesar na formulação das políticas públicas para esse setor prioritário, do qual depende nossa capacidade de competir por uma posição de destaque entre as nações que podem se dizer desenvolvidas. É sob esse enfoque que precisa ser encarado o relatório divulgado ontem pela Movimento Todos pela Educação.

Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo De olho nas metas, dessa respeitada entidade chama atenção para necessidade de o país redobrar os esforços para cumprir metas relativamente
modestas no campo dos ensinos médio e fundamental. Segundo essas metas, até 2022 toda criança e jovem de 4 a 17 anos deve estar na escola; todas deverão ser plenamente alfabetizadas até os oito anos; todo aluno deve ter conhecimento adequado à sua série escolar; e todo jovem deve concluir o ensino médio até os 19 anos. Reportagem de hoje do Estado de Minas revela que o cumprimento dessas metas está ainda comprometido. Segundo o estudo divulgado pelo Movimento Todos pela Educação, o Brasil tem 3,8 milhões de jovens com idade entre 4 e 17 anos fora da escola. E essa realidade não ruim só nas regiões mais deprimidas do Norte ou Nordeste do país. Em Minas, são 363,9 mil jovens sem matrícula garantida. Apesar dos avanços da última década, o estado tem média de 91,8% de atendimento escolar nessa faixa etária, não atingindo a meta prevista para 2010, de 93,4% da população entre 4 e 17 anos na escola.

O problema é ainda mais grave quando se examinam as conclusões sobre a qualidade do ensino que está sendo oferecido, medido pelo aproveitamento médio
dos estudantes. Mais da metade dos alunos que concluem o 3º ano do nível fundamental em todo o país não atingem o conhecimento esperado em matemática. A tal ponto que o domínio dos números e dos cálculos foi apontado como o grande desafio nas escolas pelo Movimento Todos pela Educação. Em Minas, o cenário mais preocupante está nas séries finais, em que 76,2% dos jovens do 9º ano do fundamental e 84,8% dos que estão no 3º ano do ensino médio estão abaixo do nível adequado em matemática.

Agora que o Ministério da Educação (MEC), órgão máximo do setor no país, está sob nova administração, com a troca do ministro e de vários responsáveis por áreas importantes do órgão, é um bom momento para a realização de um amplo esforço para reverter esse quadro de vexames. Para começar, é hora de deixar de lado a arrogância e a prepotência que vinham balizando a relação de certos setores do MEC com os educadores de estados e municípios. Os números mostram o insucesso de qualquer política que abriu mão desse diálogo desarmado e construtivo.



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> O Estado de São Paulo, 08/02/2012 - São Paulo SP CNE e o pesadelo do ensino médio
João Batista A. e Oliveira, Simon Schwartzman e Cláudio de Moura Castro
Há um abismo separando o ensino médio no Brasil do que se faz no resto do mundo. Exemplo dessa distância é a Resolução 2, de 30 de janeiro de 2012, do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ali se alarga o fosso que existe entre as elites brasileiras e o mundo das pessoas que dependem de suas decisões. Comecemos com a realidade: muitos dos alunos que vêm da escola pública e entram no ensino médio não conseguem ler e escrever com um mínimo de competência. De fato, 85% chegam com um nível de conhecimentos equivalente ao que seria de se esperar para o 5.º ano. Desse total, 40% se evadem nos dois primeiros anos e menos de 50% concluem os cursos, com média inferior a 4 na prova objetiva do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e acumulando nas costas uma média de um ano e meio de repetência.

Além dos suspeitos usuais (por exemplo, mau preparo dos professores), várias pesquisas confirmam o que todos sabíamos: o ensino médio é chato! Os temas estão muito longe do mundo dos alunos, não permitindo que vislumbrem um bom uso para tais conhecimentos, e é descomunal a quantidade de assuntos tratados, não deixando entender nada em profundidade e obrigando os alunos a memorizar fórmulas, listas, datas e princípios científicos. O prazer do estudo é a sensação de entender, de decifrar os mistérios do conhecimento. Se as matérias fluem freneticamente, não há como dominar o que quer que seja. Convidamos o leitor a folhear um livro de biologia do ensino médio e contar os milhares de bichinhos e plantinhas citados.

Uma fração ínfima dos egressos de escola pública prossegue para o ensino superior. Para estes é ensino técnico ou nada. Mas os que querem fazer ensino profissional precisam concluir primeiro a barreira do ensino médio. Ou, então, têm de estudar em outro turno, para aprenderem uma profissão. Isso contrasta com o que fazem muitos países, onde as disciplinas de cunho mais prático
ou profissionalizante substituem as disciplinas acadêmicas - mantendo a carga horária. Dos que vão para a escola técnica, dois terços estudam em instituições particulares pagas e sem subsídios públicos. São os cursos voltados para alunos mais modestos. Por que as bolsas e os créditos educativos não vão para os cursos que matriculam os menos prósperos?

Nos países desenvolvidos, o ensino médio tem três características. Em primeiro lugar, é diversificado, não existindo um currículo mínimo único ou obrigatório para todos. O grau de diversificação varia entre países, podendo ser diferente entre tipos de ensino médio e escolas. Muitas das alternativas oferecidas preparam para o trabalho. De fato, entre 30% e 70% dos alunos cursam uma vertente profissionalizante. A segunda característica é o ganho de eficiência. Com a existência de múltiplos percursos, os alunos podem escolher os mais apropriados para seu perfil e suas preferências. Assim, o índice de perdas é mínimo. Em contraste, a deserção ocorre com maior intensidade nos países onde há menor diversificação. A terceira característica é que, consistente com a diversificação, muitos países não utilizam um mesmo exame de fim de ensino médio, padronizado para todos. Os alunos tampouco precisam fazer provas em mais de quatro ou cinco disciplinas para obter um certificado de algum tipo de ensino médio.

O estilo gongórico da resolução do CNE dificulta sua compreensão. Por exemplo: "O projeto político-pedagógico na sua concepção e implementação deve considerar os estudantes e professores como sujeitos históricos e de direitos, participantes ativos e protagonistas na sua diversidade e singularidade". Já que alguma força profunda empurra para esse linguajar, por que não publicar, simultaneamente, uma versão inteligível para o comum dos mortais? E tome legislação: são quatro áreas de conhecimento e nove matérias obrigatórias - apelidadas de "componentes
curriculares com especificidades e saberes próprios construídos e sistematizados" -, que são subdivididas, sempre na forma da lei, em 12 disciplinas. Não admira que os alunos abandonem os cursos. Como dizia Anísio Teixeira na década de 50, tudo legal, e tudo muito ruim! Mas o pior está por vir. A resolução não define o que seja "educação geral", mas no inciso V do artigo 14 afirma que "atendida a formação geral, incluindo a preparação básica para o trabalho, o Ensino Médio pode preparar para o exercício de profissões técnicas". Instrutivo notar que a profissionalização é vista como um "pode", e não como um caminho natural que alhures é seguido pela maioria.

Essa profissionalização se obtém adicionando 800 horas ao curso (o equivalente a um ano letivo). Ou seja, em primeiro lugar, é preciso sofrer as 2.400 horas da tal "educação geral". Depois, para a profissionalização, são mais 800 horas de estudo. Na prática, os alunos dos cursos técnicos têm uma carga de estudos mais pesada do que os que fazem o acadêmico puro. Difícil imaginar maior desincentivo para a formação profissional. Nos países mais bem-sucedidos em educação os cursos técnicos têm carga horária igual ou menor que o acadêmico. Para valorizar o lado profissionalizante, o texto diz que o "trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e como mediação do processo de produção da sua existência". Deu para entender? Traduzindo do javanês, é preciso aumentar a "educação geral". O novo ministro da Educação encontra-se diante de uma oportunidade ímpar. Ou seja, alinhar o ensino médio à realidade de seus alunos, de sua economia e à luz da experiência de quem fez melhor do que nós. Ou, então, perpetuar o genocídio pessoal e intelectual que caracteriza um ensino médio unificado e, por consequência, excludente.



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> O Tempo, 08/02/2012 - Belo Horizonte MG O que existe é uma educação bipolar
MANOEL MESSIAS SANTOS SOBRINHO / Mestre em educação tecnológica
Sou professor da rede municipal de ensino em Belo Horizonte há quase 20 anos. Entra prefeito, e sai prefeito e a educação sofre mudanças conforme a cabeça do comandante de plantão. Iniciei minha carreira trabalhando num sistema de ensino tradicional, ou seja, para ser aprovado, o aluno deveria ter 60% de aproveitamento em todas as matérias. Dois ou três pontos abaixo disso, mesmo que apenas em uma disciplina, e o estudante corria risco de repetir toda a série. Alunos fazendo cada série em dois anos eram comuns. Tempos depois veio a Escola Plural. Era proibido reprovar. Soubesse ou não o que estava sendo ensinado, participasse ou não das atividades, todo estudante estava pré-aprovado. A situação ficou tão surreal que o tema foi pauta, devido à pressão da população, da última eleição municipal em BH, e a Escola Plural deixou de existir.

Hoje, trabalho com a educação de jovens e adultos. O projeto pedagógico de minha escola prevê que a avaliação, e a consequente aprovação dos alunos, será feita ao longo do ensino, observando os
avanços alcançados pelos estudantes. Nada de aprovações automáticas ou retenções desenfreadas. Alunos trabalhadores e com ampla bagagem de vida são, dessa forma, estimulados a prosseguir com os estudos, um fator primordial para a ascensão social. Parte da máquina burocrática da prefeitura de Belo Horizonte, no entanto, entende de outra forma. Ela exige que apenas deva ser aprovado o estudante que tirar "nota azul" em todas as provas. Devemos instituir novamente a exclusão escolar?

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