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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, QUARTA 15 DE FEVEREIRO DE 2012





Matérias de Hoje
  • Faculdades poderão ser obrigadas a emitir diploma provisório > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Faculdade em Duque de Caxias não abre turmas e prejudica vários inscritos no ProUni > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Escola proíbe mães de cuidar de filhos com deficiência > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Criança que se atrasar na escola irá à delegacia em bairro sul-africano > Portal G1
  • USP fica entre as 20 melhores do mundo; UFRGS está entre as 100 > Terra Educação
  • Acordo prevê ingresso de brasileiros em 6 universidades belgas > Terra Educação

Editoriais, artigos e opiniões
  • Mais uma vez, a volta às aulas > A Notícia - Joinville SC
  • Salas de aula da rede municipal lotadas > A Notícia - Joinville SC
  • Universidade e inserção > Estado de Minas - Belo Horizonte MG




Matérias



> Correio Braziliense, 14/02/2012 - Brasília DF
Faculdades poderão ser obrigadas a emitir diploma provisório
Agência Câmara
A Câmara analisa o Projeto de Lei 2995/11, do deputado licenciado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que obriga as instituições de ensino superior públicas ou privadas a fornecer ao aluno uma declaração provisória gratuita imediatamente após a conclusão do curso universitário. Essa declaração teria validade até a emissão do diploma definitivo e poderia ser utilizada para comprovação de escolaridade em concursos e empresas. O deputado lembra que a emissão do diploma definitivo, em geral, leva meses, prejudicando o ingresso de recém-formados no mercado de trabalho. “É absolutamente necessário que os interessados, após o término dos cursos, recebam documentos provisórios que os habilitem a exercer sua profissão ou a comprovar a conclusão dos estudos junto a órgãos, entidades e instituições que assim o exijam”, afirma. A instituição que descumprir a norma, de acordo com a proposta, estará sujeita a multa e, em caso de reincidência, detenção do responsável por três meses ou prestação de serviços. Hoje, a legislação não estabelece prazo para entrega do diploma por instituições de ensino superior. Segundo informações do Ministério da Educação, nesses casos, são aplicadas as punições previstas no Código Civil, e a instituição pode entrar em situação de descumprimento culposo mediante interpelação formal do interessado. Tramitação - O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e Constituição e Justiça e de Cidadania.


> O Globo, 15/02/2012 - Rio de Janeiro RJ
Faculdade em Duque de Caxias não abre turmas e prejudica vários inscritos no ProUni
Ministério Público Federal vai tomar as medidas necessárias para o remanejamento dos alunos inscritos no Prouni
Agencia Brasil
RIO - O Ministério da Educação (MEC) acatou a recomendação expedida pelo Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro e vai tomar as medidas necessárias para o remanejamento dos alunos inscritos no Programa Universidade Para Todos (ProUni) que foram prejudicados pela falta de turmas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Educacional de Duque de Caxias (Feuduc), que fica na Baixada Fluminense. A recomendação ocorreu depois que diversos alunos aprovados na Feuduc, para receber bolsas do ProUni, reclamaram que, ao comparecem na faculdade para as inscrições, foram informados que não seriam abertas as turmas de 2012, devido a uma possível falência da instituição. De acordo com o procurador da República Renato Machado, os alunos que apresentaram outras opções de universidades não serão tão prejudicados quanto os que só escolheram a Feuduc. - Esses alunos tiveram a participação garantida nas próximas fases de seleção, só depende deles e das opções que eles fizeram. Quanto aos alunos que só se inscreveram na Feuduc, eles terão que esperar o término do processo seletivo para o MEC avaliar para onde serão encaminhados e se estarão de acordo - disse.

O MPF também instaurou um inquérito civil público para apurar falhas no ProUni, já que
funcionários da faculdade alegaram que a instituição sequer se inscreveu para receber alunos do programa este ano. Também de acordo com o procurador, a universidade está com problemas financeiros e está sendo investigada. -Recebemos informações de alunos de que alguns professores estavam faltando porque não estavam recebendo o salário, mas isso ainda está sendo apurado - disse. De acordo com o MEC, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Feuduc estava inscrita no programa Prouni e essa denúncia foi isolada. Desde a criação do ProUni, em 2004, não há denúncias graves sobre falhas no funcionamento do programa, garantiu o ministério.


> O Estado de São Paulo, 14/02/2012 - São Paulo SP
Escola proíbe mães de cuidar de filhos com deficiência
Unidade, da rede estadual de SP, não tem profissionais para ajudar esses estudantes
Paulo Saldaña
A Escola Estadual M.M.D.C., na Mooca, zona leste da capital paulista, proibiu as mães de crianças com deficiência a permanecer na unidade para cuidar dos seus filhos. Apesar da regra, a escola não conta com profissional contratado para a função. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê a prestação de serviços de apoio especializado na escola regular quando necessário. Como a rede estadual ainda não oferece os chamados cuidadores, as mães precisam auxiliar os filhos na escola. São alunos com deficiências que os impedem de ter autonomia para se locomover, ir ao banheiro e, em alguns casos, comer. Na M.M.D.C., porém, as mães de sete alunos estão obrigadas a ficar do lado de fora. O intervalo é uma exceção, quando podem passar 20 minutos auxiliando-os com a alimentação. Quando há falta de professores, as crianças ficam sozinhas. As mães relatam que uma das crianças urinou na roupa em uma aula vaga porque estava sem companhia.

Os alunos, seis com paralisia cerebral e um tetraplégico, estudam à tarde. Na entrada, que ocorre às 13 horas, as mães só podem deixar as crianças na escola e depois têm de sair. Como dependem do horário do Atende, serviço de transporte especial, as mães e crianças chegam muitas vezes com uma hora de antecedência. Para não deixar os filhos sozinhos no pátio, aguardam o sinal com eles na calçada. Expulsos. Às 12 horas da quinta-feira passada, sob um sol escaldante, Olga Bispo, de 35 anos, tentava acomodar a cadeira de
rodas da filha Karina, de 15, em algum canto de sombra da calçada. "Quando chegamos antes, ficamos aqui. Não vou deixar ela sozinha lá dentro", diz Olga, grávida de 5 meses de gêmeos.

Karina também reclama do calor, apesar de manter o sorriso no rosto. Ela tem paralisia cerebral, consegue comer sozinha, mas depende de alguém para ir ao banheiro. "Antes a gente podia ficar com eles até começar a aula e depois, em uma salinha com sofá. Agora fomos expulsas. É humilhante sofrer isso." No mesmo dia, às 12h30, a van do Atende chega com Jefferson, de 14 anos. Também com paralisia cerebral, desce do carro com a mãe, Ana de Oliveira, de 47, e fica na calçada. O estudante depende da mãe para tudo. "Eu não me importo de cuidar dele, é meu filho, mas podiam respeitar a gente." Eliete Mendonça, de 47, é mãe de Mateus, que hoje completa 15. O estudante é tetraplégico e precisa de auxílio até para comer. "Quando têm aulas vagas, às vezes duas seguidas, eles ficaram lá dentro, perto da porta, sozinhos, e a gente sem entrar."

Em dias de chuva, as mães têm se refugiado em bares na vizinhança. A situação é um sacrifício ainda maior para Eliete. "Eu sou renal crônica, faço hemodiálise três vezes por semana. Vou ao hospital às 5h10 e volto para casa às 10 horas. Chego aqui só o pó e tenho de ficar na rua." 'De cima.' Às mães, a diretora da escola afirmou que a ordem veio "de cima". Ela se recusou a falar com a reportagem.
O ativista Valdir Timóteo, do Movimento Inclusão Já, também esteve na escola na semana passada. "O Estado não oferece as condições mínimas, não contrata cuidadores. As crianças estão sofrendo constrangimento. Nas aulas vagas, ficam num cantinho, jogadas, abandonadas." Na sexta-feira, a Secretaria Estadual de Educação negou, por meio da assessoria de imprensa, que a situação ocorresse, apesar dos fatos presenciados pela reportagem e dos relatos das mães. Ontem, a pasta voltou atrás e informou que vai apurar as denúncias para que sejam tomada as medidas cabíveis. A pasta afirmou que, a partir de hoje, os responsáveis pelos alunos serão acomodadas em um espaço, com assentos, dentro da escola.

PARA LEMBRAR - A figura do cuidador já existe desde 2010 na rede de ensino da Prefeitura de São Paulo. No município, são chamados Auxiliares de Vida Escolar (AVE). Segundo o cadastro mais atual ao que o Estado teve acesso, há 500 AVEs na rede, responsáveis pelos cuidados de 1.540 alunos com deficiência que dependem de auxílio. Esses alunos estão em 463 escolas na cidade. A Secretaria Municipal de Educação deve contratar neste ano mais 150 auxiliares. Para o projeto, a Prefeitura firmou parceira com uma entidade ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O Estado também está em busca de instituições interessadas em firmar convênio para oferecer esse tipo de apoio.



> Portal G1, 13/02/2012
Criança que se atrasar na escola irá à delegacia em bairro sul-africano
Atrasos são comuns em escolas da periferia da Johanesburgo. Alunos ficarão em delegacia de Soweto até pais irem buscá-los
Agencia EFE
Os alunos do subúrbio de Soweto, em Johanesburgo, serão enviados para a delegacia se chegarem tarde na escola, informou nesta segunda-feira (13) a agência sul-africana de notícias 'Sapa'. O Departamento de Educação da província de Gauteng, à qual pertence Johanesburgo, anunciou a medida após comprovar, em uma visita surpresa, que 700 alunos e professores não chegaram na hora certa à escola de ensino médio de Lavela, em Soweto. Os menores serão transferidos a uma delegacia de Soweto, onde permanecerão até que seus pais compareçam para buscá-los, afirmou a Conselheira de Educação de Gauteng, Barbara Creecy. 'É hora de mudar as coisas', afirmou Creecy, após comprovar que alunos e professores chegaram entre 30 minutos e uma hora mais tarde ao colégio de Lavela.

Segundo o comunicado do Governo provincial, os professores asseguraram que chegaram tarde ao centro de ensino por engarrafamentos inesperados, enquanto os alunos reconheceram
que se levantaram tarde. Apesar da taxa de escolarização na África do Sul superar 80% da população infantil, apenas metade dos alunos consegue completar os 12 anos de ensino obrigatório, segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento da África do Sul. Soweto, lar durante alguns anos do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e um dos bairros negros durante o regime de segregação racial do apartheid, tem uma população de mais de um milhão de habitantes.


> Terra Educação, 14/02/2012
USP fica entre as 20 melhores do mundo; UFRGS está entre as 100
A Universidade de São Paulo (USP) ficou entre as 20 melhores universidades do mundo no ranking divulgado no início deste ano pela Webometrics Ranking Web of World Universities, que avalia a visibilidade na internet das instituições de ensino superior. No último ranking, divulgado em julho de 2011, a instituição aparecia na 43ª colocação e hoje está em 20ª. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que chegou a 71ª colocação nesta publicação é a segunda instituição brasileira a aparecer entre as cem melhores.

A USP continua sendo a instituição brasileira mais bem colocada no ranking geral e lidera entre as melhores na América Latina. Confira aqui o ranking mundial. As universidades americanas lideram as primeiras 16 posições. Aliás, entre as 20 melhores do mundo há apenas uma brasileira e uma canadense (University of Toronto, que ocupa a 17ª posição). As três primeiras colocadas são a Harvard
University, Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Stanford University. Harvard e MIT inverteram as posições em relação ao último ranking. A mais bem colocada universidade da Europa é a Swiss Federal Institute of Technology, em 24ª posição.

UFRGS aparece pela primeira vez entre as 100 melhores - No ranking das universidades latino-americanas, a USP lidera em primeiro lugar, seguida da Universidad Nacional Autónoma de México e da UFRGS, que subiu 79 posições desde o último levantamento - de 150º para 71º lugar. Entre as 100 melhores da América Latina há 45 instituições do Brasil, sendo que no top 10 estão também a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em 4º; a Universidade Federal de Santa Catarina, em 5º; Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 7º; Universidade de Brasília, em 8º; Universidade Estadual de Campinas, em 9º; e Universidade Federal do Paraná,
em 10º.

Sobre o ranking - O Webometrics Ranking Web of World Universities é promovido pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC, na sigla em espanhol) da Espanha. Estatísticas relacionadas ao número de visitantes em páginas da internet pertencentes a universidades são consideradas. Outro aspecto é o número de publicações em citações bibliográficas dentro do banco de dados Google Scholar, que tem boa cobertura dos repositórios institucionais das universidades em todo o mundo. A ideia do ranking é motivar as instituições e pesquisadores a estarem presentes na web, divulgando com precisão suas atividades. Além disso, de acordo com a organização do ranking, se o desempenho da universidade na web estiver abaixo da posição esperada em função da excelência acadêmica, deveria haver um esforço maior por parte da universidade na divulgação das publicações no âmbito online.


> Terra Educação, 14/02/2012
Acordo prevê ingresso de brasileiros em 6 universidades belgas
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) firmou acordo esta semana com o Conseil Interuniversitaire de la Communauté Française (Ciuf), da Bélgica, para intercâmbio educacional e científico de estudantes por meio do programa Ciência sem Fronteiras. O Ciuf é formado por seis universidades belgas. O acordo prevê como mecanismos para a cooperação, além do intercâmbio de estudantes, o de pesquisadores e a organização de seminários, workshops, simpósios e eventos em ciência e tecnologia, a troca de informações sobre políticas e estratégias conjuntas em pesquisa e desenvolvimento e o acesso a instalações e recursos. Ao assinar o acordo, o presidente da Capes, Jorge Guimarães, propôs a inclusão de institutos tecnológicos e de empresas belgas no rol de instituições participantes da cooperação. Segundo ele, inclusões semelhantes ocorreram com Itália e Reino Unido. Também firmaram o acordo o embaixador belga no Brasil, Claude Misson, e o diretor de relações internacionais da Capes, Márcio de Castro.

Participam do intercâmbio a Université de Liége (ULE), Université Libre de Bruxelles (ULB),
Université Catholique de Louvain (UCL), Université de Mons (Umons), Facultés Universitaires Saint-Louis (FUSL) e as Facultés Universitaires Notre-Dame de Paix (Fundp). O número de bolsas que serão oferecidas nas instituições não foi detalhado. O Ciência sem Fronteiras foi criado pelo governo federal para promover a expansão da ciência e da tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio de estudantes de graduação e de pós-graduação e da mobilidade internacional. O programa prevê a concessão de mais de 100 mil bolsas de estudos no exterior em quatro anos.




Editoriais, artigos e opiniões
> A Notícia, 15/02/2012 - Joinville SC
Mais uma vez, a volta às aulas
Alfredo Leonardo Penz
Apesar de ter escrito na semana passada sobre a volta às aulas e de não gostar de repetir um tema em tão breve espaço de tempo, não posso deixar de relatar um bate-papo entre dois irmãos: o Juan, 12, e o Erick, nove anos. Tudo começou quando eles ficaram sabendo que as férias estavam acabando. O mais velho disse: “Só temos mais uma semana de vida”. Confesso que arregalei os olhos. Pensei que não havia entendido bem e pedi que repetissem. Mas era isto mesmo que ouvi (ipsis verbis): só temos mais uma semana de vida.

Tentei saber um pouco mais e perguntei: só mais uma semana de vida por quê? Aí a resposta foi mais alertadora: “Por que vemos a escola como um inferno. A escola não agrada aos alunos. Todo dia é a mesma coisa. Os professores sempre mandam a gente abrir o caderno e mandam escrever um monte de coisas. Podia ter mais variação”. Foi uma atrás da outra: frase após frase, depoimento após
depoimento, e eu tentando juntar as palavras. Não sei se reflete a verdade da maioria ou da minoria. Mas uma coisa nós temos que levar em consideração: é o depoimento de um aluno típico do século 21 e que nos diz respeito. Por que será então que a escola não agrada aos alunos?

A escola como instituição de ensino está bem diferente de algumas décadas – e por que não dizer séculos? Se antes o professor era o detentor do conhecimento, aquele que carregava toda a sabedoria acumulada de séculos nos seus ombros, hoje não é mais assim. A sabedoria está disseminada e quem quiser buscar pode encontrá-la na palma da mão, na ponta dos dedos. Basta abrir o computador ou até mesmo um celular, e o conhecimento está à disposição sob forma de hipertexto. Quanto mais procuramos, mais achamos. É tudo muito rápido, dinâmico, interativo, e melhor ainda: acessível a todos. Mas, então, por que a escola é chata?
Se ela é chata é porque não está conseguindo encantar aos alunos. Aquele sistema bancário de educação não comporta mais; aquele no qual o professor ditava a matéria e os alunos a “engoliam”. O momento é outro. É momento para educadores e pais refletirem sobre o tipo de educação que a escola possa dar para contribuir para a tão almejada “mudança de comportamento” e consequente “aprendizagem” – e deixar de ser chata. Atualmente, o professor, ao entrar em uma sala de aula, deve ter em mente as palavras do educador Paulo Freire: “Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender”. A escola é uma mão de via dupla. Quando entramos na sala, temos de ter em mente que temos um aluno diferente, com muito mais conhecimento. Hoje, o professor deve ser visto como um facilitador, aquele que irá despertar no seu aluno a vontade de aprender. Sem variação nas aulas, elas continuarão chatas.


> A Notícia, 15/02/2012 - Joinville SC
Salas de aula da rede municipal lotadas
Igara Félix da Silva
A reportagem “Ano letivo começa com boas-vindas”, publicada no dia 6 de fevereiro em “A Notícia”, expôs a expectativa de profissionais da educação com o retorno às aulas. Destacou, ainda, o empenho dessas mesmas colegas de profissão quanto à decoração das salas de aula e, de uma delas, a distribuição de guloseimas para seus alunos, pois “a escola pode ser um ambiente acolhedor”.

Entretanto, nem tudo são flores para outras escolas da rede. O ambiente não é tão acolhedor assim. Em duas delas onde trabalho (Professor Saul Sant’Anna de Oliveira Dias e Prefeito Luiz Gomes), alunos e professores
vivenciam condições desumanas de convivência a que foram expostos: salas de aula lotadas com 40 alunos, em média, no ginásio, e 30 alunos, em média, no primário. Como estamos no verão, com temperaturas elevadíssimas, essa situação torna-se insuportável.

Minha indignação maior é pelo fato de existirem, nessas mesmas escolas, salas de aula ociosas, que foram desativadas pela própria Secretaria de Educação de Joinville, segundo a direção de cada uma delas, porque não é permitido ter menos alunos que a capacidade-limite prevista em lei – 25 no primário e 35 no ginásio. No 
entanto, na Escola Municipal Magdalena Mazzolli, no Jardim Sofia, citada na mesma reportagem, é possível ter de 15 a 20 alunos em sala. O secretário de Educação, Marcos Fernandes, que em seu discurso diz defender a qualidade na educação, deveria permanecer por cinco minutos nessas salas de aula para, só assim, conhecer o estresse causado nas pessoas nesse ambiente insuportável. Assim, não acredito que a decoração das salas de aula e os pirulitos para adoçar a meninada irão amenizar essas condições desumanas a que foram expostos alunos e professores dessas outras escolas.




> Estado de Minas, 15/02/2012 - Belo Horizonte MG
Universidade e inserção
Em que medida nossas instituições de ensino superior são universidades que seguem uma direção, um enfoque dialógico, um projeto pedagógico estratégico?
Frei Betto - Escritor, autor de Alfabetto Autobiografia escolar (Ática), entre outros livros
Por que dizemos universidade e não pluriversidade? Trata-se de uma instituição que comporta diferentes disciplinas. Multicultural, nela coabita a diversidade de saberes. O título universidade simboliza a sinergia que deveria existir entre os diversos campos do saber. Característica lamentável em nossas universidades, hoje, é a falta de sinergia. Carecem de projeto pedagógico estratégico. Não se perguntam que categoria de profissionais querem formar, com que objetivos, de acordo com quais parâmetros éticos. Ora, quando não se faz tal indagação, é o sistema neoliberal, centrado no paradigma do mercado, que impõe a resposta. Não há neutralidade. Se o limbo foi, há pouco, abolido da doutrina católica, no campo dos saberes ele nunca teve lugar. Um cristão acredita nos dogmas de sua igreja. Mas é no mínimo ingênuo, senão ridículo, como assinala o filósofo Hilton Japiassu, um mestre ou pesquisador acadêmico crer no propalado dogma da imaculada concepção da neutralidade científica.

Em que medida nossas instituições de ensino superior são verdadeiramente universidades, ou seja, se regem por uma direção, um enfoque dialógico, um projeto pedagógico estratégico? Ou se restringem a formar profissionais qualificados destituídos de espírito crítico, voltados a anabolizar o sistema de apropriação privada de riquezas em detrimento de direitos coletivos e indiferente à exclusão social? A universidade, como toda escola, é um laboratório político, embora muitos o ignorem. E a política, como a religião, comporta um viés opressor e um viés libertador. Como diria Fernando Sabino, são facas de dois legumes.
Um dos fatores de desalienação da universidade reside na extensão universitária. Ela é a ponte entre a universidade e a sociedade, a escola e a comunidade.

As universidades nasceram à sombra dos mosteiros. Estes, outrora, eram erguidos distantes das cidades, o que inspirou a ideia de câmpus, centro escolar que não se mescla às inquietações cotidianas, onde alunos e professores, monges do saber, vivem enclausurados numa espécie de céu epistemológico. Como assinalava Marx, dali contemplam a realidade, tranquilos, agraciados pelas musas, encerrados na confortável câmara de uma erudição especializada, que pouco ou nada influi na vida social. Essa crítica à universidade data do século 19, quando teve início a extensão universitária. Em 1867, a Universidade de Cambridge, Inglaterra, promoveu um ciclo de conferências aberto ao público. Pela primeira vez, a academia abria suas portas a quem não tinha matrícula, o que deu origem à criação de universidades populares. Antonio Gramsci estudou numa universidade popular na Itália. A experiência o fez despertar para o conceito de universidade como aparelho hegemônico que se relaciona com a sociedade de modo legitimador ou questionador. Para ele, uma instituição crítica deveria, através dos mecanismos de extensão universitária, produzir conhecimentos acessíveis ao povo.

Na América Latina, antes de Gramsci houve o pioneirismo da reforma da Universidade de Córdoba, em 1918. A classe média se mobilizou para que as universidades controladas pelos 
filhos dos latifundiários e pelo clero se abrissem a outros segmentos sociais. Fez-se forte protesto contra o alheamento olímpico da universidade, sua imobilidade senil, seu desprezo pelas carências da comunidade entorno. A proposta de abrir a universidade à sociedade alcançou sua maturidade, na América Latina, no 1º Congresso das Universidades Latino-Americanas, reunido na Universidade de San Carlos, na Guatemala, em 1949. O documento final rezava: “A universidade é uma instituição a serviço direto da comunidade, cuja existência se justifica enquanto desempenha uma ação contínua de caráter social, educativo e cultural, aliando-se a todas as forças vivas da nação para analisar seus problemas, ajudar a solucioná-los e orientar adequadamente as forças coletivas. A universidade não pode permanecer alheia à vida cívica dos povos, pois tem a missão fundamental de formar gerações criadoras, plenas de energia e fé, consciente de seus altos destinos e de seu indeclinável papel histórico a serviço da democracia, da liberdade e da dignidade dos homens.” Neste mundo hegemonizado por transnacionais da mídia mais interessadas em formar consumistas que cidadãos, nossas universidades, 62 anos depois do alerta de San Carlos, ainda não priorizam o cultivo dos valores próprios de nossas culturas nem participam ativamente do esforço de resistência e sobrevivência de nossa identidade cultural. O que deveria se traduzir no empenho para erradicar a miséria, o analfabetismo, a degradação ambiental, a superação de preconceitos e discriminações de ordem racial, social e religios.

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