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Folha - Qual será o maior desafio da sua gestão? Marco Antonio Raupp - É estabelecer uma parceria com o setor produtivo para dar consistência à pesquisa tecnológica no país.
Mas poucas empresas fazem ciência no Brasil.
Temos exemplos de empresas que fazem pesquisa de ponta. O sistema de pesquisa e inovação da Petrobras levou à superação de questões importantes na produção de petróleo. Importávamos petróleo e, hoje, somos exportadores. Também temos o bom exemplo da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]. Hoje, produzimos no Centro-Oeste, que até há pouco tempo não tinha nada. Isso sem falar na Embraer [Empresa Brasileira de Aeronáutica]. Temos de seguir esses exemplos. Há propostas que quero implementar para isso.
Quais propostas?
A Embrapii [Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial], que o [Aloizio] Mercadante deixa para eu implementar. O que a Embrapa fez para a agricultura a Embrapii tem de fazer para a indústria. Nesse momento em que as exportações estão caindo, isso é vital. As empresas têm de investir também. Precisamos criar condições para que elas vejam que poderão ter benefício econômico a partir de pesquisa. Esse é um grande desafio para o plano plurianual que vou desenhar para os anos de 2012 a 2015.
Falta pesquisador no Brasil?
Sim. Nossa pós-graduação se concentrou em formar pessoas para as próprias universidades. Agora, precisamos de gente para trabalhar nas empresas e nas instituições governamentais. Temos uma brutal necessidade de engenheiros. É preciso formá-los e trazer gente de fora. O programa Ciência sem Fronteiras possibilita justamente isso.
Embrapii e Ciência sem Fronteiras são projetos da gestão de Mercadante. Seu governo será de continuidade?
É o mesmo governo. Não vou reinventar a roda. Minha missão é acelerar a roda.
Há grandes projetos aprovados ainda sem recursos, como o reator multipropósito do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), o novo anel de luz síncrotron e a parceria com o ESO (Observatório Europeu do Sul). Qual será a sua prioridade?
Esses projetos são importantes para a ciência brasileira. É preciso viabilizá-los mesmo que tenhamos de distribuir o orçamento em vários anos. E há outros, como o programa espacial.
O programa espacial será o foco da sua gestão?
Sempre foi prioridade, mas existem muitos problemas. Sempre fui crítico à maneira como o sistema espacial está articulado, com duas instituições concorrendo entre si: a AEB e o Inpe. No ministério, olharei para essa questão.
Inpe e AEB serão unificados?
Não, a ideia é manter as instituições de maneira que AEB e Inpe não concorram entre si. Não podemos misturar política espacial com fazer satélite. Mas Inpe e AEB têm de atuar juntas. O governo não quer as duas trabalhando separadamente porque isso é perder dinheiro.
O Inpe tem sofrido para contratar pessoas após a aposentadoria de funcionários. Como resolver essa questão?
Temos de ter um aparato legal para conseguir contratar de maneira mais flexível. Mas me pergunto se é o Estado que deve contratar todas as pessoas para fazer pesquisa no país. É evidente que não. Por isso insisto nas parcerias com o setor privado.
As parcerias com o setor produtivo são a sua estratégia para aumentar os recursos para ciência?
Hoje temos 1,1% do PIB em ciência. A meta para 2010 era 1,5%... Não adianta a gente ficar falando que precisa de mais recursos para fazer um projeto se não justificamos a proposta. E precisamos buscar o dinheiro. Não podemos ficar parados esperando alguma coisa acontecer.
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