Páginas

sexta-feira, 20 de abril de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, QUARTA 11 DE ABRIL DE 2012


MATÉRIAS DE HOJE

Professores hasteiam bandeira de sindicato e fecham Eixo Monumental
PORTAL G1 GLOBO.COM, 10/04/2012 - BRASÍLIA, DF
Bandeira do Sinpro-DF ficou ao lado da bandeira do Brasil e do DF. Categoria pede reestruturação salarial e isonomia com outras carreiras.
Brasil terá vaga permanente de professor visitante em Harvard
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
A Capes assinou nesta terça-feira um acordo que cria uma vaga permanente de professor brasileiro visitante por ano.
USP-Ribeirão vai investigar trote em que calouras juravam fazer sexo só com veteranos
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
A Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto informou em entrevista coletiva que repudia o trote no qual supostamente calouros foram submetidos a brincadeiras vexatórias e humilhantes.
Uerj cria aplicativo para celular com informações do vestibular 2013
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
A partir deste ano, a Uerj disponibiliza para seus vestibulandos um aplicativo para smartphones e tablets com sistema operacional android, para que possam acompanhar as inscrições e demais informações referentes ao vestibular.
Deputados vão discutir Plano Nacional de Educação com ministro da Fazenda
PORTAL APRENDIZ, 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
Deputados integrantes da comissão especial criada para analisar o PNE vão discutir a proposta com o ministro da Fazenda.
Feiras virtuais permitem saber sobre intercâmbio universitário sem sair de casa
UOL EDUCAÇÃO, 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
Futuros intercambistas podem pesquisar cursos de graduação e pós-graduação fora do Brasil sem botar os pés para fora do quarto.
Alunos da Unirio suspeitos de fraude faltam à sindicância
PORTAL G1 GLOBO.COM, 10/04/2012 - RIO DE JANEIRO, RJ
Os cinco alunos da Escola de Medicina e Cirurgia suspeitos de fraude, convocados pela Comissão de Sindicância para prestar esclarecimentos à universidade sobre uma possível venda de vagas na instituição, não compareceram.
Informações ambientais em exploração de petróleo e gás terão rigor científico e apoio de universidades
AGÊNCIA BRASIL, 10/04/2012 - BRASÍLIA, DF
Informações ambientais a serem usadas na definição das futuras áreas de exploração de petróleo e gás devem ter caráter científico.

EDITORIAIS, ARTIGOS E OPINIÕES

O que é que Harvard e o MIT têm?
FOLHA DE SÃO PAULO, 11/04/2012 - SÃO PAULO, SP
Conheça estudantes beneficiados pelo 'Ciência sem Fronteiras' nos EUA
FOLHA DE SÃO PAULO, 11/04/2012 - SÃO PAULO, SP
"Busquei no estudo uma vida melhor", diz 1ª travesti doutoranda do país
PORTAL G1 GLOBO.COM, 11/04/2012 - FORTALEZA, CE

MATÉRIAS

PORTAL G1 GLOBO.COM, 10/04/2012 - BRASÍLIA, DF
Após votar pela manutenção da greve iniciada há 30 dias, em assembleia realizada no fim da manhã desta terça-feira (10), os professores do Distrito Federal hastearam a bandeira do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) em um dos três mastros localizados à frente do Palácio do Buriti, sede do governo local. O símbolo ficou ao lado da bandeira do Brasil e do Distrito Federal.
Por volta das 12h30, os professores fizeram protesto e fecharam o Eixo Monumental em frente ao Palácio do Buriti. No mesmo horário, o engarrafamento se estendia do Setor Hoteleiro Norte ao Palácio do Buriti, no sentido Rodoferroviária (N1).
Do outro lado (S1), o trânsito se estendia da Catedral Rainha da Paz até a altura do edifício do Ministério Público. O Parque da Cidade e o Setor Militar Urbano foram utilizados como vias alternativas, mas também apresentavam lentidão por causa do volume de veículos.
Após a assembleia, uma comissão de professores foi recebida pelo secretário de Governo, Paulo Tadeu. A reunião terminou sem acordo, mas o governo agendou outro encontro com os docentes para a manhã desta quarta-feira (11). Cerca de 8 mil pessoas, entre professores e estudantes, acompanharam a assembleia e fazem parte da manifestação, calcula a Polícia Militar.
Negociação
A greve dos professores da rede pública do Distrito Federal completa 30 dias nesta terça-feira (10) sem qualquer avanço nas negociações entre governo e docentes. De acordo com estimativas do Sindicato dos Professores (Sinpro), 70% da categoria está parada.
A Secretaria de Educação estima que 40% dos profissionais não estejam dando aula. Ao todo, o DF tem cerca de 540 mil alunos em 649 escolas.
O GDF declarou que não pretende entrar na Justiça contra a greve, mas promete cortar o a folha de pagamento dos docentes que aderiram ao movimento. Nesta segunda-feira (9), governo e sindicato se reuniram para discutir a pauta de reivindicação dos docentes, mas o encontro terminou sem acordo.
Segundo o secretário de Administração Pública, Wilmar Lacerda, o reajuste salarial para qualquer categoria éestá descartado por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal. "Não vamos colocar o governo na ilegalidade e superar os limites permitidos por lei", afirmou Lacerda.
Reivindicações
Os professores pedem reestruturação do plano de carreira com isonomia salarial em relação aos demais cargos de nível superior do GDF e reajuste gradual até 2014. Eles também reivindicam a implantação do plano de saúde e contratação dos profissionais aprovados no último concurso da Secretaria de Educação.
O GDF diz ter reajustado o auxílio-alimentação em 55%, elevando o valor para R$ 307. No DF, um professor apenas com graduação tem remuneração inicial de R$ 3.069,08 por 40 horas semanais, somado o salário-base a gratificações.
Se estiver no regime de dedicação exclusiva, o salário inicial, com as gratificações, é de R$ 4.226,47. Se o professor tiver mestrado, a remuneração sobe para R$ 3.572,60 (R$ 4.923,65 em dedicação exclusiva). Com doutorado, o professor ganha R$ 3.732,27 de salário inicial (R$ 5.144,73 em dedicação exclusiva). Os dados se referem ao início de carreira.
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) assinou nesta terça-feira (10), com a Universidade de Harvard, um acordo que cria uma vaga permanente de professor brasileiro visitante por ano. A seleção será feita pelo órgão.
Durante palestra nesta terça na universidade, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o país "precisa de Harvard", assim como "é bom para Harvard se aproximar do Brasil". Mais cedo, o ministro Aloizio Mercadante já havia anunciado a abertura de um escritório do MIT (Massachusetts Institute of Technology) no Brasil.
Durante a palestra, a presidente disse que o interesse do país é colocar estudantes brasileiros nas melhores instituições de ensino do mundo. "O que nos interessa? Primeiro, garantir que estudantes tenham acesso às melhores instituições, além dos alunos, professores e doutores que possam utilizar as oportunidades de uma bolsa bancada pelo país", afirmou.
Dilma também afirmou que um dos objetivos do programa Ciência sem Fronteiras, que dá bolsa de estudos a estudantes brasileiros, é trazer também "pesquisadores seniors e juniors" para ter uma "relação" com o Brasil. "O Brasil tem de correr muito para estar à altura dos desafios que se apresentam em ciência, tecnologia e inovação."
Patentes
Segundo Dilma, o país precisa dar mais importância a patentes e não só a publicações. "Não que elas não sejam importantes [as publicações]", afirmou. "Não podemos ter mais uma visão dos países de origem ibérica que dá mais importância a uma publicação do que a uma patente". De acordo com a presidente, as patentes "ampliam oportunidades".
JOSÉ BONATO - DO UOL, EM RIBEIRÃO PRETO (SP) - FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
A Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto (313 quilômetros de São Paulo) informou em entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (10), que repudia o trote no qual supostamente calouros foram submetidos a brincadeiras vexatórias e humilhantes. Ignácio Maria Poveda Velasco, diretor da Faculdade de Direito, afirmou que será feita uma apuração do episódio e que alunos poderão ser punidos com advertência oral, por escrita ou, eventualmente, com expulsão. “A apuração dará a todos o direito ao contraditório”, afirmou.
Segundo nota distribuída à imprensa por alguns calouros, os alunos novatos teriam sido obrigados a ler um juramento no qual as mulheres se comprometiam, durante o curso, a somente fazer sexo com veteranos e, os rapazes, a abdicar do pênis.
O trote teria ocorrido fora da dependência do campus, em março, numa república de estudantes e recebeu o nome de “Festa da Coroação”. Na festa, os calouros recebem uma coroa de louros que são obrigados a usar até o dia 13 de maio, quando se comemora a libertação dos escravos.
Velasco declarou que a universidade vem promovendo discussões no sentido de acabar com a “cultura de excessos”, mas que “fatos pontuais” acabam acontecendo. “Não podemos aceitar que logo nesta faculdade se pratiquem atos que desrespeitem a dignidade da pessoa humana”, disse.
"Ninguém foi obrigado a ir à festa"
As críticas do diretor da faculdade ocorreram quatro horas após cerca de 500 estudantes do curso de direito repudiarem, em assembleia, a nota distribuída à imprensa por alunos que se sentiram ofendidos pelo trote. Para Danilo Sérgio de Souza, 25, presidente do Diretório Acadêmico, a manifestação dos calouros, que recebeu apoio de professores e entidades, foi um fato isolado e não representa a realidade na instituição de ensino, criada em 2008.
“Ninguém foi obrigado a ir à festa, e quem foi sabia que lá haveria trote”, disse. Souza admitiu que costumam ocorrer abusos nas festas de recepção dos ingressantes, mas que isso vem sendo discutido pelos alunos, no intuito de evitá-los.
Entre esses abusos estaria uma brincadeira denominada “Bixete pega o disquete”, no qual as calouras são obrigadas, após desfilar para os veterenos, a se abaixar para pegar um disquete e, com isso, deixar partes do corpo à mostra.
Adriane Cristina Branco de Oliveira, 18, afirmou que participou da brincadeira e não viu nada demais. “Foi tudo muito leve quando comparado com o que acontece em outras faculdades”, afirmou. Segundo ela, ninguém foi obrigado a fazer nada que não gostasse na festa. “Quem não curtiu não devia ter ido à festa, pois todo mundo sabia o que ia rolar.”
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
A partir deste ano, a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) disponibiliza para seus vestibulandos um aplicativo compatível com smartphones e tablets com sistema operacional android, para que possam acompanhar as inscrições e demais informações referentes ao vestibular 2013.
O aplicativo pode ser baixado no site da universidade e, em breve, estará disponível para os principais sistemas utilizados em smartphones.
As inscrições para o 1º Exame de Qualificação poderão ser realizadas até o dia 25 de abril, pelo site da universidade. A taxa de inscrição é de R$ 45.
A prova será realizada no dia 17 de junho. O exame terá questões objetivas, de múltipla escolha, sobre o conteúdo das seguintes áreas: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências da natureza, matemática e suas tecnologias; e ciências humanas e suas tecnologias.
O gabarito oficial será publicado no mesmo dia de realização da prova. A divulgação do resultado do primeiro exame de qualificação está prevista para o dia 25 de junho.
PORTAL APRENDIZ, 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
Deputados integrantes da comissão especial criada para analisar o PNE (Plano Nacional de Educação) vão discutir a proposta com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta terça-feira (10), às 16h, no gabinete do ministro.
O encontro foi proposto pelo deputado Artur Bruno (PT-CE) durante reunião da comissão. “Precisamos discutir os números [do projeto] com ele. Investir 7,5% do PIB em educação é um avanço, mas precisamos ouvir o ministro”, afirmou. O deputado Izalci (PR-DF) concordou com a sugestão.
O deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), por sua vez, reforçou o pedido para que o ministro da Fazenda seja envolvido na discussão e afirmou que outras áreas, principalmente as ligadas ao setor financeiro, são privilegiadas em detrimento do PNE. “Não há restrição fiscal para destinar os 10% do PIB para a educação. O relatório simplesmente enquadra a proposta que veio do Palácio do Planalto”, disse.
A deputada Fátima Bezerra (PT-RN) também destacou a necessidade de envolver o ministro da Fazenda, “que tem a chave do cofre”, no debate. “Podemos criar um grupo para examinar esse assunto, mesmo que seja no ministério. O local não importa”, defendeu.
UOL EDUCAÇÃO, 10/04/2012 - SÃO PAULO, SP
Futuros intercambistas podem pesquisar cursos de graduação e pós-graduação fora do Brasil sem botar os pés para fora do quarto. Somente neste mês de abril, há pelo menos duas feiras virtuais apresentando universidades dos Estados Unidos e de países de língua latina.
A primeira delas é uma feira permanente. O 1º Campus Ibero-Americano Virtual de Estudos de Pós-Graduação oferece cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado, doutorado e pós-doutorado) e lato sensu nas áreas de exatas, humanas e saúde.
Estão em exposição mais de 80 universidades na Espanha, Portugal, Argentina, El Salvador, Peru, Colômbia, Equador, Bolívia e Paraguai. Segundo a Universia, outros 14 países terão seus “pavilhões” na feira em breve, entre eles o Brasil.
A segunda feira é a Latin America Virtual Student Fair, com representantes de mais de 60 universidades estadunidenses. Ela acontece apenas no dia 21 de abril (sábado) --depois o site sairá do ar.
Haverá possibilidade de trocar mensagens com estudantes que já estão fazendo intercâmbio, assistir e baixar “webcasts” de estudantes e concorrer a bolsas de estudo.
A “entrada” para ambas as feiras é gratuita.
JANAÍNA CARVALHO - PORTAL G1 GLOBO.COM, 10/04/2012 - RIO DE JANEIRO, RJ
Os cinco alunos da Escola de Medicina e Cirurgia (EMC), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), convocados pela Comissão de Sindicância para prestar esclarecimentos à universidade, nesta terça-feira (10), sobre uma possível venda de vagas na instituição, não compareceram. De acordo com a assessoria de comunicação social da Unirio, só dois funcionários foram ouvidos nesta terça e, caso os alunos não compareçam para prestar informações à Comissão, "caberá à Polícia Federal intimá-los para depoimento".
O objetivo da sindicância é averiguar o uso indevido de números de matrículas canceladas por estudantes que não foram regularmente matriculados na Unirio. Os cinco suspeitos de fraudar o processo estavam assistindo às aulas, apesar de seus nomes não estarem na relação de convocados com base no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), única forma de acesso à universidade. Dos cinco alunos, quatro nem sequer chegaram a fazer o Enem.
A Unirio informou ainda que "esses alunos alunos foram previamente afastados, mas só após a conclusão dos trabalhos da sindicância é que serão definidas as penalidades do ponto de vista administrativo".
Nesta terça, segundo os alunos do primeiro período ouvidos pelo G1, quatro novos estudantes ingressaram no curso.Alguns deles pediram à equipe de reportagem para não ter o sobrenome divulgado. “Tem quatro pessoas novas que começaram a faculdade hoje. Elas podem ter perdido vagas para essas pessoas que compraram. Essas pessoas estão pagando por um erro que não é delas. Hoje começam as provas e eles terão que fazer segunda chamada. Nem sequer assistiram a uma aula”, criticou o paulista Arthur, aluno do 4° período de medicina.
Uma das jovens que começou a estudar na universidade nesta terça acredita que o escândalo pode ser uma forma de acabar com esse tipo de irregularidade. “O fato de a reitoria fazer essa denúncia já é uma coisa boa. É sinal que isso pode ter jeito, que pode melhorar”, explicou a mineira Luísa, que veio da cidade Montes Claros, para cursar medicina no Rio.
Segundo ela, somente na quinta-feira (5) ligaram para informar que ela tinha sido aprovada. “Fique muito feliz. Estudei três anos para passar para medicina. Estava viajando, minha mãe que atendeu a ligação e me avisou”, comemora a jovem, que agora vai ter que recuperar o tempo perdido. “Agora é só estudar”, afirmou Luísa.
No turno da manhã, o clima entre os alunos do curso de medicina da EMC ainda é de indignação. "O problema não é só com relação aos alunos que compraram, mas quem vendeu também. Não deve ser o primeiro ano que esse tipo de coisa acontece. Semestre passado também sobraram vagas. A reitoria não está vendo isso?”, contestou o aluno Marco Aurélio, do 4° período de medicina da Unirio.
Aluna do 1° período do curso de medicina, a mineira Karina Persona, 30 anos, que desde o início de ano assistia às aulas com os 5 jovens suspeitos de fraude, afirma que a turma toda ficou muito chocada com a situação. “Ficamos muito tristes e chateados com tudo isso. Todo mundo na sala já era amigo, já tinha um vínculo. Essa coisa da compra de vaga a gente escuta desde a época do cursinho e em várias universidades. Parece que esse tipo de coisa já está no DNA brasileiro, só que nunca tinha presenciado isso de fato. Foi uma surpresa infeliz”, revela Karina, que fez cursinho durante três anos e prestou cerca de 36 vestibulares até passar para o curso de medicina da Unirio este ano.
Para Arthur, o fato de a EMC estar comemorando seu centenário e sua imagem ser veiculada a esse esquema fraudulento representa uma desvalorização para o curso. “Hoje é o centenário da escola e a gente está sendo lembrado não por esse motivo, mas por causa dessas fraudes. Isso me envergonha”, destaca o jovem.
A fraude foi descoberta pela direção da escola de medicina durante a atualização de matrículas canceladas, ou seja, alunos que se matricularam, mas depois desistiram de fazer medicina na Unirio. Em fevereiro, esse número era de 15 cancelamentos e em março passou para 10, o que chamou a atenção. Numa checagem geral no sistema, a direção encontrou cinco nomes de alunos que não teriam passado no Enem. Uma das alunas estava na posição número 2.217 da lista de espera.
CAROLINA GONÇALVES - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL - AGÊNCIA BRASIL, 10/04/2012 - BRASÍLIA, DF
Brasília - Informações ambientais a serem usadas na definição das futuras áreas de exploração de petróleo e gás devem ter caráter científico. A exigência foi feita hoje (10) pela ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante a posse do novo presidente do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Roberto Vizentin.
Izabella Teixeira defendeu a associação com universidades brasileiras para estes levantamentos. “Precisamos trabalhar com excelência. As informações não vão ser produzidas por empresas de consultoria, mas têm que acontecer a partir de processos técnicos e científicos robustos, com redes de universidades que possam gerar esta informação”, disse.
As áreas de meio ambiente e de minas e energia passaram, a partir de hoje, a ser responsáveis pela elaboração de estudos sobre exploração de petróleo e gás, segundo portaria conjunta dos Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia.
O objetivo da portaria é identificar impactos socioambientais e classificar as áreas como aptas ou não aptas para as atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural.
“É esta casa (ICMBio) que tem que definir que critérios são estes, quais são as áreas sensíveis, quais as áreas prioritárias de conservação, onde há sobreposição e mediacão de conflitos. Essa casa trabalha pouco com conflitos e tem que ter técnicos”, afirmou Izabella Teixeira.
Segundo a ministra, durante reunião com a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Magda Chanbriand, hoje, em Brasília, as duas áreas começaram a definir ações conjuntas. “Vamos trabalhar uma agenda ambiental. Já temos definidas questões de licenciamento e de áreas de gestão de acidentes. Agora estamos avançando para o monitoramento e planejamento das concessões”, explicou.
Izabella Teixeira também cobrou do novo presidente do ICMBio a revisão de modelos de concessões utilizados em áreas protegidas do país. Segundo ela, é preciso melhorar os sistemas de uso público das unidades de conservação (UCs). “Temos que inovar nos modelos de concessão de serviços. É inaceitável termos mais de 300 UCs federais e que menos de 1% da população tenha acesso a estas unidades”.
Roberto Vizentin disse que assume o instituto com outros desafios, como a ampliação de áreas protegidas no país e a regularização fundiária nessas regiões. “Nas unidades que não permitem a permanência das pessoas precisamos desapropriar, indenizar e realocar. Esse é um passivo muito grande. A primeira medida que vou adotar é levar políticas públicas para áreas de preservação e entorno. Não podemos mais aceitar Brasil como potencia econômica e não ter energia, escola e saúde nas unidades de conservação. Aquelas pessoas que vivem e cuidam da riqueza do país vivem na pobreza hoje”, disse o novo presidente do Instituto Chico Mendes.

EDITORIAIS

ELIO GASPARI - FOLHA DE SÃO PAULO, 11/04/2012 - SÃO PAULO, SP
Andrew Carnegie ensinou que 'quem morre rico morre desgraçado', e os bilionários americanos aprenderam.
ONTEM A DOUTORA Dilma esteve em duas das melhores universidades do mundo, Harvard e o Massachusetts Institute of Technology. Uma nasceu em 1686, de uma doação de um pastor/taverneiro. A outra veio da iniciativa de um grupo de homens de negócios de Boston. No início do século passado o MIT ganhou vigor com o patrocínio de George Eastman, uma espécie de Steve Jobs de seu tempo. Se um criou o iPhone, o outro popularizou as máquinas fotográficas Kodak. As duas instituições devem muito aos projetos de pesquisa financiados pelo governo, mas nada devem à burocracia pedagógica de Washington. Pelo contrário, Harvard e o MIT influenciam as políticas educacionais do país. Graças à filantropia do andar de cima e à qualidade da gestão de seus patrimônios, as duas têm um ervanário de US$ 42 bilhões.
O Brasil pode ser beneficiado por um movimento renovador do ensino superior. A doutora Dilma quer dobrar as conexões internacionais da melhor escola de engenharia do país, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Do ITA saiu a Embraer, cujo faturamento atual equivale a 102 anos do orçamento da escola. Em São Paulo, com o apoio de empresários, o Insper anunciou que em 2015 abrirá uma faculdade de engenharia voltada para a produção. É bom, mas ainda falta.
O Brasil tem 36 bilionários em dólares na lista da Forbes. Juntando-se os donos das grandes empreiteiras e os homens do agronegócio que escaparam ao radar da revista, passam de 50. Juntos, têm pelo menos US$ 200 bilhões, mas só uns 20 patrocinam filantropias relevantes.
Nos Estados Unidos o nome de Andrew Carnegie, que foi o homem mais rico do mundo, não está associado à ruína da vida dos operários de suas minas e siderúrgicas, mas às doações que fez. Ele dizia: "Quem morre rico morre desgraçado". Em vida, acumulou algo como US$ 200 bilhões em dinheiro de hoje. Quando morreu, 1919, distribuíra US$ 150 bilhões, criando escolas técnicas e bibliotecas. Bill Gates deixou de ser o sujeito que cobra caro pelo Windows. Em vez de ser conhecido pelo que ganha, tornou-se notável pelo que dá. Ele já distribuiu algo como US$ 30 bilhões.
Os magnatas brasileiros podem se juntar, oferecendo ao país duas grandes escolas, mais uma de engenharia e outra de medicina. Com folga, R$ 500 milhões pagam essa conta. Ou seja, R$ 10 milhões de cada um.
A avareza da plutocracia nacional é uma explicação insuficiente. Ela não doa porque sabe quanto custa ganhar um dinheiro que, passando pelo governo ou por instituições semioficiais, acaba malbaratado. Em 1930, Eufrásia Teixeira Leite, uma grande mulher, que namorou Joaquim Nabuco e multiplicou uma herança do baronato do café, deixou sua fortuna para educar e assistir os pobres de Vassouras. Em dinheiro de hoje, seriam pelo menos R$ 170 milhões. Cadê? Restam um centro de tecnologia de alimentos e poucas lembranças.
O dinheiro de Eufrásia sumiu porque ela amarrou mal sua gestão. Os bilionários de hoje podem blindar suas doações, como fizeram os americanos. De quebra, melhorarão a qualidade da memória nacional, pois nela há mais nomes de grandes bandidos, como Lampião e Chico Picadinho, do que de grandes empresários admirados pela benemerência.
LUÍS GUILHERME BARRUCHO - DA BBC BRASIL EM SÃO PAULO - FOLHA DE SÃO PAULO, 11/04/2012 - SÃO PAULO, SP
Selecionados pelo programa 'Ciência sem Fronteiras', lançado em julho do ano passado pelo governo federal, sete estudantes brasileiros, vindos de diferentes regiões do país, terão uma oportunidade única nos próximos meses nos Estados Unidos.
Paralelamente aos estudos na Catholic University of America (CUA), em Washington D.C., eles vão estagiar no centro de formação da agência espacial americana, o NASA Goddard Space Flight Center, na cidade de Greenbelt, no estado de Maryland, a uma hora de distância da universidade.
O pequeno grupo faz parte de um contingente maior, de 650 estudantes brasileiros, que chegou aos Estados Unidos em janeiro desse ano para uma graduação-sanduíche que termina em dezembro.
De diferentes formações ligadas às ciências exatas, os sete estudantes têm em comum o fato de terem se submetido a um rigoroso processo de seleção, que incluiu, além de uma redação em inglês, a aprovação em um exame de proeficiência, para comprovar o nível de fluência no idioma.
Atualmente, eles moram no alojamento da universidade, recebem alimentação gratuita e ganham uma bolsa de US$ 300 mensais.
"Trata-se de uma rara oportunidade para o amadurecimento pessoal e profissional desses jovens, que voltarão ao Brasil com o conhecimento necessário para desenvolver áreas da ciência carentes de mão de obra especializada", afirmou à BBC, Duília de Mello, astrônoma brasileira de projeção internacional, que dá aulas na CUA e foi responsável pelo programa de estágio na NASA, onde faz pesquisas.
Ciências exatas como prioridade
O programa 'Ciência Sem Fronteiras' prevê distribuir 100 mil bolsas de intercâmbio para estudantes de universidades brasileiras, da graduação ao pós-doutorado, até 2015.
O objetivo é, principalmente, suprir o déficit de profissionais ligados às áreas de ciências exatas.
Embora tenha recentemente conquistado o posto de sexta maior economia do mundo, o Brasil ainda está na 47ª posição entre 125 países em termos de produção de inovações científicas e tecnológicas, segundo um levantamento elaborado pela Confederação da Indústria da Índia, em parceria com o Instituto de Administração Europeu Insead e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).
Fernando Jaeger
Aos 23 anos, Fernando Jaeger é natural de Guarapuava, no Paraná e estudava Engenharia Mecânica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, São Paulo. Tinha concluído o terceiro ano da faculdade, quando decidiu se inscrever no programa "para melhorar o inglês, crescer pessoal e profissionalmente, além de conhecer uma nova cultura".
Jaeger sempre quis fazer intercâmbio. Sabia falar inglês, mas não tinha domínio no idioma. "Hoje, já falo fluentemente", diz.
Logo depois de chegar aos Estados Unidos, conta que se surpreendeu com a receptividade dos americanos. "O pessoal aqui tem sido bastante acolhedor", diz.
Ele e os outros brasileiros têm participado dos eventos de confraternização promovidos pela faculdade, ainda "que não sejam tão numerosos".
Em seu tempo livre, ele frequenta a academia da faculdade. "Também aproveito para visitar o lado cultural da capital americana", diz.
Jaeger está entusiasmado para o início do estágio na NASA, onde vai trabalhar no projeto DMV Dust Migitation Vehicle, uma espécie de veículo aeroespacial que usa energia solar para reduzir a poeira lunar que se acumula e se espalha quando há um pouso na Lua.
Como "bom paranaense", Jaeger diz estar sentindo falta do "churrasco".
Guilherme Cruzatto
De família de classe média, Guilherme Cruzatto é paulistano e tem 23 anos. Estudava engenharia elétrica na Universidade Cruzeiro do Sul, na capital. "Decidi me inscrever porque estudar no exterior por um ano me pareceu uma oportunidade única que ainda não tive", disse. "Já tinha planos para fazer isso com meu próprio dinheiro, mas ainda não tinha conseguido juntar a quantia necessária", acrescenta.
Cruzatto já sabia falar inglês, mas hoje se considera "quase fluente".
Segundo ele, "nós, brasileiros, procuramos ficar juntos em grande parte do tempo, mas sempre estamos abertos para conhecer alunos daqui e interagir com a cultura americana".
Cruzatto vai trabalhar em um projeto da NASA chamado Cosmology Large Angular Scale Surveyor (CLASS), "através de um balão que tenta buscar o entendimento da origem do universo".
Diz que "sente saudade do Brasil", mas que considera isso "normal". "Acredito que esse programa será uma das experiências mais enriquecedoras de nossas vidas, e toda saudade que sentimos ou sentiremos no futuro será muito bem recompensada", conclui.
Lucas Oliveira
Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, Lucas Oliveira estudava engenharia mecatrônica na Universidade de Brasília (UnB). Aos 21 anos, nunca tinha viajado de avião para fora do país. "O máximo a que cheguei foi à Venezuela, de carro", diz.
Sem condições financeiras para pagar a anuidade de uma universidade americana, Oliveira decidiu se inscrever no programa que viu como "uma oportunidade incrível de aprimorar o idioma e a minha carreira".
O resultado veio pouco antes do recesso do fim do ano. "Já estava de malas prontas para visitar minha família quando chegou a carta da faculdade", diz. "Foi um dos melhores dias da minha vida", acrescenta.
Em julho do ano passado, ele já havia feito parte de um pequeno grupo de estudantes selecionado para um curso de quatro semanas no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Brasília.
Segundo ele, os americanos foram "receptivos" e "as aulas de engenharia daqui têm mais mulheres, ao contrário do Brasil", o que segundo ele, "é ótimo; foi uma das primeiras coisas que perguntamos".
"Mas não sou muito chegado a festas, mas aproveito meu tempo livre para jogar basquete e, às vezes, futebol com a galera", diz.
Matheus Teixeira
Nascido em Porto Velho, Rondônia, Matheus Teixeira, de 22 anos, mudou-se com a família para Brasília aos oito, cidade que seu avô, potiguar, ajudou a construir na década de 50.
Teixeira estudava Engenharia Mecatrônica na Universidade de Brasília (UnB) quando, a um ano de terminar a faculdade, decidiu aplicar para o programa.
"Estava pessimista; achava que não seria chamado, quando recebi a carta da faculdade comunicando minha aceitação", conta.
Segundo ele, a faculdade nos Estados Unidos é bem diferente da do Brasil. "Eles passam mais dever de casa", diz. "Sinto que estou aprendendo mais", acrescenta.
Teixeira vai estagiar no projeto Primordial Inflation Polarization Explorer (PIPER), um balão que medirá a polarização da radiação cósmica de fundo, que ajuda a explicar a origem do universo.
"Amo meu país e quero voltar logo para a minha terra, onde vou colocar em prática tudo o que aprendi aqui", resume.
Pedro Henrique Nehme
Natural de Brasília, Pedro Henrique Nehme tem 20 anos. Estudava Engenharia Elétrica na Universidade de Brasília (UnB) quando decidiu se inscrever no programa. "Sempre quis estudar nos Estados Unidos, país que acumula a maior quantidade de prêmios Nobel do mundo", disse. Também ficou motivado porque "fazia iniciação científica e tinha um amigo que havia estudado no MIT".
Dos dez estudantes de sua faculdade que pleitearam uma vaga no programa, Nehme foi um dos quatro selecionados.
Para Nehme, as aulas nos Estados Unidos são "complementares às do Brasil. Aprendo aqui o que não aprendi no Brasil e vice-versa". "Mas eles passam muito dever de casa", afirma.
Segundo ele, os colegas americanos são "de maneira geral, acolhedores". "Como há poucos brasileiros por aqui, eles querem nos conhecer", conta. "Não sabem muito do Brasil, e, vez ou outra, me perguntam se eu falo português ou brasileiro". As festas são "poucas", porque "a universidade é católica e não permite esse tipo de evento dentro do campus, onde nós, estudantes, moramos", alega.
Embora fluente no idioma, ainda sofre "com o sotaque dos funcionários do restaurante da universidade, que são do interior dos Estados Unidos. São pessoas mais humildes, que nem sempre nos entendem. Normalmente, acabam colocando mais comida no prato do que eu peço", brinca.
Tito Fideles
Não é a primeira vez que Tito Fideles, de 25 anos, carimba seu passaporte. Em 2001, ele passou uma temporada de seis meses na casa da tia nos Estados Unidos. Dez anos depois, em 2010, voltou ao país de férias e, no ano passado, resolveu fazer trabalho voluntário no México.
Ela já havia concluído dois anos de Engenharia Mecânica Aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, São Paulo, quando aproveitou para embarcar numa experiência que, segundo ele, "nos dá a oportunidade de estudar em uma faculdade de alto nível nos Estados Unidos e vivenciar novas culturas, com alunos de todo o mundo".
Fideles domina com facilidade o inglês, embora o sotaque acabe por revelar, vez ou outra, sua origem brasileira. "Daí começam a falar espanhol comigo e, educadamente, eu peço para conversar em inglês, pois quero treinar mais o idioma", brinca.
Na NASA, Fideles trabalhará junto com Jaeger no projeto DMV Dust Migitation Vehicle, o veículo espacial que usa energia solar para reduzir a poeira acumulada e lançada por aeronaves que exploram a Lua.
Do Brasil, ele sente saudades dos amigos e da família, além de "poder voltar de uma festa de madrugada porque aqui tudo fecha muito cedo", brinca.
Victor Addono
Aos 21 anos, Victor Addono já conhecia os Estados Unidos, onde havia feito parte do Ensino Médio numa escola em Chicago, no Estado americano de Illinois.
Ele estudava Matemática Aplicada e Computacional na Universidade de São Paulo (USP) havia dois anos, quando decidiu aplicar para o programa por ser "extremamente tentador em função do lado financeiro e outras oportunidades futuras".
Quando chegou à CUA, conta que teve dificuldade em assimilar o conteúdo - em algumas áreas, mais avançado do que o no Brasil. "Precisei correr atrás do que não aprendi, mas fui muito ajudado pelos professores", diz.
Addono, que já tinha amigos dos tempos de escola nos Estados Unidos, confirma a receptividade dos americanos. "A comunidade de estudantes foi muito acolhedora e amigável".
Na NASA, ele vai estagiar em simulações matemáticas voltadas para a física aplicada. "Nosso objetivo é desenvolver métodos com os quais poderemos analisar o material estudado sem danificá-lo ou destruí-lo", resume.
GABRIELA ALVES - DO G1 CE - PORTAL G1 GLOBO.COM, 11/04/2012 - FORTALEZA, CE
Mesmo na infância em Morada Nova, a 163 km de Fortaleza, a discriminação não foi barreira para a cearense Luma Nogueira de Andrade, que nasceu com o nome de João. Filha de agricultores analfabetos, ela resolveu abrir caminhos e enfrentar a pobreza e o preconceito com o conhecimento. Aos 35 anos, Luma será em julho a primeira travesti a apresentar uma tese de doutorado no Brasil. “Canalizei toda a energia para os estudos e, assim, fui conquistando respeito de todos. Busquei no estudo uma alternativa de vida melhor”, diz.
A doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) estuda a realidade de travestis nas escolas. Nas páginas da tese, ao relatar casos de estudantes que vivem situações de aceitação ou total repressão, Luma faz um paralelo com a própria história.
A cearense conta que, nas primeiras séries escolares em Morada Nova, chegou a ser agredida por outros alunos por “ser diferente e sempre preferir brincar com as meninas”. “Uma vez, quando cheguei na sala de aula chorando, ouvi da professora: 'Bem feito. Quem mandou você ser assim?' ”, recorda. O menino João não se sentia bem para ir ao banheiro masculino e não podia frequentar o feminino. “Sentia dores abdominais porque preferia não ir ao banheiro. Muitas vezes, saia correndo para casa quando terminava a aula para urinar”, conta.
Em vez de desistir de assumir quem era ou se rebelar, Luma repetia para si mesma: “Eu vou superar isso”. E, assim, foi vencendo o preconceito dos alunos e professores, sendo sempre o destaque da turma. “A estratégia era eu ser a melhor aluna. Eu fazia um acordo, eu ajudava, dava aulas particulares e eles me aceitavam”, diz. Aos 18 anos, quando passou no vestibular na primeira tentativa para o curso de Ciências da Universidade Estadual do Ceará (Ceará), no campus de Limoeiro do Norte, os olhares de reprovação por se vestir com roupas femininas e estar maquiada não diminuíram. “Eu me enganei. Na faculdade, eu sofri tanto quanto na educação básica”.
De cabelos compridos, mas ainda assinando como João, Luma voltou para a sala de aula. Dessa vez, como professora de Ciências da Natureza. “No primeiro dia, os diretores da escola ficaram atrás da porta para observar como eu dava aula”, lembra. Ao contrário do que pensavam, a professora era uma das mais queridas e reconhecidas pelo ensino. “Por entender as dificuldades de ser diferente, eu me identificava muito e me aproximava dos alunos. Muitos deles, de alguma forma, se viam diferentes”, conta.
Em 1998, Luma Andrade passou para concurso de professor efetivo da rede municipal de Morada Nova e também começou a ensinar em escolas estaduais e particulares. Quando passou no Mestrado em Desenvolvimento do Meio Ambiente em Mossoró, no Rio Grande do Norte, apesar de ser vista por colegas de trabalho com “mau exemplo”, não abriu mão de continuar a ensinar e pediu transferência para uma escola de Aracati, município mais próximo de onde estudava.
Com o título de mestre, em 2003, ela prestou concurso para a rede estadual de ensino de Aracati e, de quatro vagas, foi a primeira e única aprovada. Na hora de ser lotada, os diretores disseram que não havia vagas e Luma teve de pedir a intervenção da Secretaria de Educação do Estado (Secult) para assumir o cargo. Em Aracati, Luma passou a dar palestras e aulas de cursinho pré-vestibular e desenvolveu, em 2005, o projeto “Intimamente Mulher” que incentivava alunas e professoras a fazer exames de prevenção. A iniciativa ganhou o primeiro lugar no Estado e Luma recebeu o prêmio no Ministério da Educação.
Mesmo com reconhecimentos e títulos, a educadora continuava encontrando discriminação. Ao colocar próteses de silicone nos seios, a travesti conta que foi enviada uma denúncia à Secretaria de Educação. “Eles diziam que estava mostrando os seios para os alunos, mas provei que não era verdade. Ia até com uma bata para não chamar atenção”. Em 2007, passou em uma seleção e mudou-se para Russas para ser supervisora de 26 escolas estaduais em 13 municípios do Ceará. No cargo, a travesti pode acompanhar e ajudar mais de perto as histórias de outras “Lumas” agredidas na escola ou em casa. “Eu via nelas eu mesma. Toda a dificuldade que passei”.
Mudança de nome
Aos 33 anos, Luma ainda tinha nos documentos o nome de João Filho Nogueira de Andrade. No dia da mulher de 2010, ganhou o presente de ser a primeira travesti a ter o direito de mudar os documentos sem a operação de mudança de sexo no Ceará. As histórias de vitórias e de superações que já chamaram atenção de cineasta e políticos não vão parar. Luma não se cansa de seguir e abrir os caminhos em defesa da diversidade humana. “Quero combater todo o preconceito. Cada passo que eu dou, cada degrau que eu subo, sei que estou contribuindo para mudar pessoas e não posso deixar de buscar novos espaços. A própria travesti pensa que não existe outro caminho sem ser a prostituição”, afirma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário