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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CLIPPING EDUCACIONAL, SEXTA, 03 DE FEVEREIRO DE 2012

Matérias de Hoje

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  • Luiz Cláudio Costa assumirá Inep sob desconfiança de servidores > O Globo - Rio de Janeiro RJ
  • Faculdades devem informar valor de mensalidades em local público > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • 'Foreign Policy' recomenda USP para atletas reprovados em Harvard > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Produção de conhecimento pede uma agenda ciência-tecnologia-sociedade na pesquisa e pós-graduação brasileiras > Correio Braziliense - Brasília DF
  • Espanhóis pioram currículo para concorrer a empregos de baixa qualificação > O Estado de São Paulo - São Paulo SP
  • Escolas incluem tablet em lista de material > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Docente precisa saber dominar tecnologia, dizem especialistas > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Agora, ministério promete máquina para professores > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Programa de laptop na rede pública tem falhas, diz estudo > Folha de São Paulo - São Paulo SP
  • Pernambuco vai distribuir tablets a alunos do 2º e 3º anos > Folha.com
  • Aprovação das novas diretrizes é pouco para melhorar o ensino, dizem especialistas > O Globo - Rio de Janeiro RJ


Editoriais, artigos e opiniões

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  • Universidade Corporativa > Estado de Minas - Belo Horizonte MG
  • Mais dinheiro federal na educação básica > Folha de São Paulo - São Paulo SP




Matérias
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> O Globo, 03/02/2012 - Rio de Janeiro RJ Luiz Cláudio Costa assumirá Inep sob desconfiança de servidores
Funcionários do órgão do MEC estão preocupados com rumos da nova gestão
Lauro Neto
RIO - Apesar de o Ministério da Educação (MEC) não confirmar, o secretário de Ensino Superior, Luiz Cláudio Costa, deve assumir a presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaionais Anísio Teixeira (Inep) nesta sexta-feira (03). Sob clima de desconfiança e preocupação por parte dos servidores do órgão, Costa substituirá a ex-presidente Malvina Tuttman, que voltou ao Rio de Janeiro na noite desta quinta-feira (03). Em carta aberta a Aloizio Mercadante, novo ministro da Educação, a Associação dos Servidores do Inep (Assinep) manifestou “sua preocupação com a possibilidade de mais uma substituição da alta gestão comprometer a continuidade de todo o processo de oxigenação, reestruturação, fortalecimento e aprimoramento científico e metodológico do órgão”.

O documento faz menção à gestão de Malvina Tuttman, em 2011, como um momento de importante mudança: “A abertura do diálogo da nova gestão com os servidores ensejou a revitalização das relações de trabalho. Ao lado disso, criaram-se ou ampliaram-se espaços de interlocução com os Sistemas de Ensino, as associações ligadas à educação, a comunidade acadêmica, os movimentos sociais”, descreve a carta

Outro trecho lembra que, nos últimos três anos, o órgão sofreu sucessivas e abruptas substituições de presidentes, “o que dificultou o aprimoramento contínuo de suas
ações para atender a crescente demanda da sociedade”. O novo presidente do Inep terá que lidar com as insatisfações salariais que paralisaram o instituto em greves em 2009 e 2010. A própria Assinep reconhece que “o órgão apresenta fragilidades e ainda não sustenta condições favoráveis para o pleno desenvolvimento de estudos, pesquisas e avaliações de acordo com suas finalidades institucionais. Ademais, os salários pouco atrativos e as carreiras muito longas não representam um estímulo para a permanência de servidores. A perda de quadros impõe-se como uma difícil realidade e compõe o rol dos grandes desafios ao cumprimento das finalidades do órgão”.



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> O Estado de São Paulo, 02/02/2012 - São Paulo SP Faculdades devem informar valor de mensalidades em local público
Portaria do MEC veda tratamento discriminatório entre pagantes e beneficiários do ProUni e do Fies
Estadão.edu, com Agência Brasil
Todos as universidades que aderiram ao Programa Universidade para Todos (Prouni) e ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) terão que divulgar aos alunos, em comunicados fixados em locais de grande circulação de estudantes, os valores dos encargos mensais para cada curso e turno. A determinação consta de portaria publicada na edição desta quinta-feira, 2, do Diário Oficial da União. As novas regras vêm depois de reportagem do portal de notícias iG revelar que a Faculdade de Artes, Ciência e Tecnologia (Facet), de Salvador, ter uma tabela de preços diferente para bolsistas do ProUni, não garantindo desconto por pontualidade. O Ministério da Educação (MEC) anunciou esta semana que vai processo administrativo contra a instituição, que poderá ser descredenciada do programa. De acordo com a portaria, as informações deverão aparecer também no site da instituição de ensino superior, que deverá prestar contas de todos os descontos regulares e de caráter coletivo oferecidos, inclusive os concedidos a título de pontualidade ou antecipação do pagamento das mensalidades.

O comunicado terá de informar ainda o teor da portaria de hoje, o número da Central de Atendimento do MEC (telefone 0800-61-61-61), além dos meios eletrônicos que podem ser consultados pelos alunos. De acordo com a portaria, será considerado pagamento
pontual aquele feito pelo estudante até o último dia do mês fixado pela instituição de ensino superior, inclusive para pagamento com descontos regulares e de caráter coletivo. Todos os alunos deverão ser igualmente regidos pelas normas e regulamentos internos da instituição de ensino, vedado o tratamento discriminatório entre alunos pagantes e beneficiários do Prouni ou do Fies, inclusive quanto à concessão de bolsas de mérito acadêmico, estágios e desconto pontualidade. Quem não cumprir a determinação estará sujeito à instauração de processo administrativo, que poderá incluir a desvinculação do ProUni e a impossibilidade de adesão ao Fies por até três processos seletivos consecutivos.



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> O Estado de São Paulo, 02/02/2012 - São Paulo SP 'Foreign Policy' recomenda USP para atletas reprovados em Harvard
Site da revista americana indica universidades de acordo com a 'panelinha' frequentada no ensino médio
Cedê Silva - Especial para o Estadão.edu
O site da revista Foreign Policy publicou na terça-feira uma lista de nove universidades boas e baratas para quem foi rejeitado por Harvard ou não quer pagar R$ 68 mil ao ano para frequentar uma escola de qualidade média nos Estados Unidos. O curioso é que as universidades estão divididas de acordo com o perfil do aluno. Quem é festeiro ("the party people"), por exemplo, deve considerar a Universidade de Barcelona; os fanáticos pelo meio ambiente ("the tree-huggers") devem se matricular na Universidade de Tóquio. Já a USP é recomendada para os "jocks" - gíria americana para alunos que gostam de praticar esportes, têm boas habilidades sociais e não são muito brilhantes. Segundo uma das definições do UrbanDictionary.com, site de referência para gírias, jocks são "dumbass athletes who get all the chicks in high school", isto é, "atletas burros que ficam com todas as garotas no ensino médio".

"Localizada em uma cidade de mais de 20 milhões de pessoas, a USP é quase uma cidade em si", diz o texto. "Exibe quatro hospitais e quatro museus, e recebe meio milhão de visitantes por ano. Seus 86 mil alunos são mais bem conhecidos por sua pesquisa qualificada - 45% de toda a pesquisa publicada no Brasil - e, fiéis às suas raízes sul-americanas, pela paixão pelo futebol e um time bem-sucedido desse esporte. A USP está localizada numa cidade que inventou sua própria forma do
belo jogo, o futebol de salão, disputa de ritmo mais intenso jogada com uma bola menor, para aprimorar habilidades técnicas."

Os outros perfis são: - "astros completos" (Universidade de Hong Kong) - "os próximos Alan Greenspans" (ex-presidente do Banco Central americano) (Universidade de Melbourne, na Austrália) - "livres pensadores" (Universidade da Cidade do Cabo) - "geeks da tecnologia" (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique) - "acadêmicos multidisciplinares" (Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá) - "os que têm pretensão artística" (Escola de Arte e Design Cardiff, no Reino Unido).



> Correio Braziliense, 02/02/2012 - Brasília DF Produção de conhecimento pede uma agenda ciência-tecnologia-sociedade na pesquisa e pós-graduação brasileiras
UnB Agência / Ricardo Toledo Neder
Desde os anos de 1980 os Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (C&T), a Sociologia e a Filosofia da Tecnologia, associadas às correntes sócio-construtivistas de C&T, tem colocado a Universidade contemporânea em posição de interpretar as tendências avassaladoras de crescimento da chamada tecnociência (que nada mais são do que a pesquisa gerada como desenvolvimento tecnológico pelas grandes corporações e transnacionais) que penetram na pesquisa e na pós-graduação. No Brasil, esses estudos nos ajudam a entender porque o regime de produção de conhecimento está relacionado com o que foi apontado há 35 anos: “na América Latina instalam-se, em regra geral, filiais de empresas industriais que se limitam a montar ou a fabricar produtos protegidos por patentes e pelos quais temos que pagar preços elevados (…). Descobertas e inovações são realizadas nos grandes laboratórios dos Estados Unidos e Europa”. Continua atual esta afirmação do físico e cidadão brasileiro José Leite Lopes (Ciência e Libertação: Paz e Terra, 1977).

Para ele – cuja produção de conhecimento foi integrada como de grande relevância na física das interações fracas (passou a maior parte de sua vida profissional na França, exilado durante o regime militar) – “como a ciência não é universalmente aplicável, seus métodos não são necessariamente únicos e ela não é politicamente neutra”. Os sistemas universitários dos países hegemônicos, lembra Leite Lopes, não podem estimular em países dependentes o desenvolvimento de equipes que possam eventualmente competir com aquelas instaladas nos países centrais. Este é um dos significados da luta pela autonomia da Universidade brasileira e latino-americana. Tenho lido as Cartas do Reitor da UnB; especialmente a de 27 de janeiro de 2012 chamou-me atenção por incidir sobre este grande tema da produção de conhecimento pela Universidade diante da Sociedade à serviço de seu povo. Afirma o Reitor que “sem a autonomia o nosso conhecimento perde diversidade, pluralidade e compartilhamento. E não há autonomia total da universidade enquanto suas prioridades não sejam integralmente definidas no seio de sua comunidade, por demandas internas, como projeto de produção de conhecimento, que a realize institucionalmente e que sirva à sociedade, ao país e à humanidade”.

Esta posição lembra a defendida não só por Leite Lopes, mas também por Amilcar Herrera, Oscar Varsavsky, Darcy Ribeiro, Renato Dagnino e muitos outros pesquisadores brasileiros, argentinos, cubanos, venezuelanos e demais latino-americanos a favor da autonomia e da vinculação da pesquisa e pós-graduação às
demandas da população. Contudo, esta constatação nos obriga a explicar como esta perda de autonomia se dá também e, sobretudo, no plano cognitivo (no regime da produção do conhecimento em si mesmo). Para tomar um exemplo notório, por que a pesquisa e a pós-graduação brasileiras nas engenharias não conseguiram superar os baixos índices de saneamento básico que aflige o povo no Brasil após 100 anos de urbanização? Não é verdade que faltam recursos. Não há novas formas de abordar o problema tecnológico da escala ou universalização do saneamento? Sabe-se que sim, mas não é ensinada nas Escolas de Engenharia: trata-se de uma tecnologia que atende pelo nome de Saneamento Condominial (a qual reduz em 40% as despesas de um projeto de saneamento simplesmente por não incorporar os modelos cognitivos de tecnologias dos europeus e estadunidenses).

Desafios na produção do conhecimento também se colocam na hora de garantir que a agricultura familiar brasileira tenha o fomento de políticas duráveis de ciência e tecnologia com a cara dos assentados da reforma agrária ou da agricultura familiar semi-tecnificada na Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste. 75% de nossos produtores familiares não tem acesso a assistência técnica e bases sociotécnicas adequadas para viver, morar e gozar a vida, mas sub-remunerados, produzem 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. Para entender estes bloqueios a melhor expressão é ainda “o cachimbo faz a boca torta”. Como 90% da produção de conhecimento é repetição do que está produzido em centros tecnocientíficos de pesquisa e ensino europeus ou estadunidenses, por que vamos gastar com a produção de conhecimento próprio? Os estudos sócio-construtivistas de C&T aliados às análises de avaliação da nossa política de ciência e tecnologia demonstram que a Universidade brasileira formula a Política de Ciência e Tecnologia do País como reflexo de uma produção do conhecimento definida endogenamente, algo como um Espelho de Próspero.

As abordagens sócio-construtivistas da política de ciência e tecnologia no Brasil estão maduras o suficiente como base de diagnóstico e análise a partir dos quais podem ser extraídas diversas reflexões, estudos e recomendações que irão ou poderão ser convertidas em insumos para a elaboração de ações e políticas públicas concretas na área de C&T e desenvolvimento social. Tal como está estruturado hoje, o arranjo institucional que dá sustentação ao MCTI brasileiro (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) pouco tem a ver com as
demandas por políticas implícitas de ciência e tecnologia de desenvolvimento social da população. Dos quatro macro-áreas do Plano de Ação de 2007-2010 do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, três são direcionadas para inovação empresarial (competitividade e patentes). A quarta área foi criada em 2006: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social. Esta tem sido reconhecida como o que mais intensamente deve ser apoiado com vistas à sua consolidação. Trata-se, prioritariamente, de comprometer a universidade pública brasileira com a produção de resultados científico-tecnológicos para o desenvolvimento social como algo vital para as práticas de democratização nos últimos 20 anos. Tal processo, para ser executado de forma eficaz, terá que basear-se na atividade da pesquisa e pós-graduação orientada para uma profunda associação com os trabalhos de extensão. Tal como está, a extensão é o primo pobre em todas as universidades públicas.

Um exemplo concreto dessas possibilidades é o cenário que se desenha em torno da demanda tecnológica associada aos projetos da inclusão produtiva do programa Brasil sem Miséria (tirar da linha da pobreza 16 milhões de brasileiros). Com a tecnologia tradicional será impossível fazer isto porque ela é intrinsecamente poupadora de mão-de-obra; as soluções só poderão advir de uma abordagem do tipo tecnologia social. Isto exigirá também a formação de fomento de redes e arranjos de empreendimentos da economia solidária (ES). Estes empreendimentos vêm sendo formados ainda reativamente no bojo do processo de precarização do mundo do trabalho. Este é apenas um exemplo de um campo de atuação no qual a pesquisa e a extensão podem dar as mãos. O fomento a uma economia solidária que constitua um setor de empresas cooperativadas, associações e cooperativas que irão demandar conhecimento tecnocientífico é uma necessidade política e socialmente dramática para o País. Um início tímido para isto foi dado com a criação de 88 ITCPs nas universidades brasileiras: Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares. Esta política representa uma estrela polar de oportunidades a ser seguida pelas pró-reitorias de Pós-Graduação e Pesquisa, com a Extensão nas Universidades. É o espaço que se desenha mais apropriado para nuclear atividades de ensino, pesquisa e extensão na direção de um regime de conhecimento que reconheça que o trânsito CTS para o desenvolvimento social é tão prioritário quanto pavimentar avenidas da competitividade ou patentes.



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> O Estado de São Paulo, 02/02/2012 - São Paulo SP Espanhóis pioram currículo para concorrer a empregos de baixa qualificação
Crise e falta de emprego leva profissionais a omitir qualificação para aumentar chances de conseguir trabalho
De Madri para a BBC Brasil - Para aumentar suas chances de conseguir emprego, profissionais na Espanha estão escondendo qualificações em seus currículos, segundo uma pesquisa de consultorias e sindicatos. Pesquisas anteriores diziam que um em cada dez espanhóis mentem nos seus currículos, no sentido de melhorar suas qualificações. Mas a grave crise econômica que atinge o país com a maior taxa de desemprego da União Europeia (22,9%), está levando engenheiros, administradores de empresa, técnicos de informática e até ex-diretores a 'piorar' currículos em busca de empregos de baixa qualificação. É o caso de José Ángel Silvano, economista. Em 2010 fechou sua própria empresa de logística e desde então não tem trabalho. Atualmente, no seu currículo consta pouco mais de "responsável, com iniciativa e experiência".

"Tirei os cargos de direção, a graduação universitária e deixei só os idiomas e conhecimentos variados para ver se assim encaixo em outros perfis. Para mim não é mentir, mas ocultar informação que possa dar imagens prejudiciais: que sou qualificado demais ou incapaz de cumprir postos considerados menores", contou ele à BBC Brasil. O caso dele não é uma exceção. "Você se surpreenderia com a quantidade de universitários que estão procurando trabalhos em supermercados" afirmou à BBC Brasil, Martín Sanchez, estudante de Filosofia. "Uma degradação absoluta", disse ele, membro do grupo Juventude Sem Futuro, que organiza protestos em Madri por
causa da falta de perspectivas. A cada dia, 10% dos desempregados lançam no mercado currículos profissionais ocultando dados, segundo a pesquisa das consultoras Adecco, Manpower e sindicatos Comissões Operárias e União Geral dos Trabalhadores (UGT) apresentada em janeiro.

A estratégia de mentir nas referências tem nome: Currículo B. Mas o fato de dar uma imagem pior é um fenômeno novo e que está aumentando, de acordo com os especialistas em Recursos Humanos. "Mentir não costuma ser boa saída, nem para os que inflam, nem para os que ocultam", explicou à BBC Brasil a diretora de análise de mercado da UGT, Adela Carrión. "Embora neste caso possa ser visto com uma opção de não dar mais detalhes do que o necessário. Uma adaptação do currículo aos requisitos específicos da oferta". A pesquisa indica que a maioria dos que escondem dados é de profissionais experientes do setor de serviços que estão mais de um ano sem emprego e de universitários recém-formados com alto nível de qualificação. A situação dos mais jovens traz à tona um contraste inusitado à realidade do mercado de trabalho espanhol. Essa mesma geração, dos nascidos a partir de 1980, é considerada a que teve menos oportunidades nos últimos 40 anos, é tida como a com o mais elevado grau de educação da história do país, segundo a Pesquisa Nacional de População Ativa. Pelos dados oficiais, 39% dos espanhóis entre 25 e 35 anos tem diploma universitário, enquanto a média da U.E. é de 34%. Ao mesmo tempo a
taxa de desemprego para este grupo na Espanha é de 48.7%. Entre os qualificados que trabalham, 44% tem empregos abaixo do seu nível de formação.

Repercussões psicológicas - Para o catedrático em Economia Aplicada da Universidade Pompeu Fabra, José Montalvo, esta situação pode ter repercussões psicológicas nos trabalhadores. "O perigo de que estes jovens tão qualificados permaneçam em empregos abaixo de seus padrões é que acabem aceitando isso como realidade. Psicologicamente se verão afetados, deixando de desenvolver estímulos e metas". Os autores da pesquisa concordam. Desvalorizar os currículos "gera frustração a longo prazo" e se a empresa descobre o engano "se romperá a relação de confiança, porque fica claro que assim que o profissional encontrar uma oportunidade de acordo com sua formação, abandonará a empresa", diz o documento. Uma solução pode ser emigrar. Além da alta taxa de desemprego, 37,7% dos jovens espanhóis têm contratos de trabalho temporários, média salarial de 800 euros (R$ 1.900) e 62% se dizem tão desmotivados que não veem futuro profissional no país. Para o sociólogo Eusébio Megías, a questão é mais complexa porque "a crise modificou muitos conceitos". "Um deles é que já não se procura o trabalho maravilhoso. Agora simplesmente o fim é encontrar um trabalho. E o horizonte do mercado já não é a sua própria cidade. Mas qualquer parte do mundo. Tudo está globalizado", concluiu. BBC Brasil.



> Folha de São Paulo, 03/02/2012 - São Paulo SP Escolas incluem tablet em lista de material
Em alguns casos, equipamentos portáteis são vendidos junto com livros didáticos virtuais pelo próprio colégio
Órgãos de defesa do consumidor dizem que pais precisam ser avisados sobre item antes da matrícula
DE SÃO PAULO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Colégios particulares do país passaram a incluir tablets nas suas listas de material escolar. Em alguns casos, esses computadores portáteis com acesso à internet e tela sensível ao toque são vendidos nas próprias escolas. No colégio Sigma, de Brasília, o tablet é obrigatório: os pais dos 1.200 alunos do 1º ano do ensino médio tiveram de comprar os aparelhos, que podem chegar a R$ 2.000. Além disso, desembolsaram mais R$ 1.200 em programas que substituem os livros didáticos -no Sigma, a mensalidade ultrapassa R$ 1.000. Segundo o professor André Fratezzi, do colégio, o material digital "é interativo, tem vídeos, músicas, animação" -a idade da maioria dos estudantes fica entre 14 e 16 anos.

Já o Colégio Cristão de Jundiaí, no interior paulista, vende tablets por R$ 1.000. Até agora, a escola diz que cerca de 40% dos pais compraram. A escola MV1 Anderson, do Rio, dá a opção aos
alunos que quiserem substituir as apostilas de papel pelo material virtual. "O tablet é uma sugestão", diz o coordenador Miguel Bastos. "O material eletrônico tem um custo 30% menor para o aluno", afirma. Na Dínamis, também carioca, há empréstimo dos aparelhos. "Os tablets são da escola, o aluno usa e devolve ao fim do dia", afirma o coordenador Raphael Barreto. O colégio São Paulo, de Salvador, comprou iPads, da Apple, e subsidiou metade do valor para os alunos. O preço por pessoa ficou em R$ 825.

DIREITO DO CONSUMIDOR - O colégio Antônio Vieira, também na capital baiana, vende os tablets com apostilas por R$ 1.067. E o material didático só funciona naquele tipo de aparelho. Por causa disso, a escola é alvo do Procon. O colégio diz que tenta solucionar o problema. Órgãos de direito do consumidor ouvidos pela Folha não são consensuais sobre a legalidade de incluir os tablets no
material escolar. O Procon do Distrito Federal diz que não há problema, desde que os pais sejam avisados antes da matrícula. O de São Paulo concorda e acrescenta que a escola só pode propor atividades em aula com o tablet se todos tiverem o material, para evitar "diferenciação pedagógica". Já na Bahia, onde a venda "casada" do aparelho e do material pelo colégio Antônio Vieira está sob questionamentos, o Procon diz que é proibido obrigar os pais a comprar o tablet e que a escola tem de oferecer o material didático de várias maneiras, em apostilas e em meios digitais. "Não vejo por que a escola obrigar [a compra de um] tablet como material didático", afirma a superintendente do órgão, Cristiana Santos. A maior parte das escolas diz que a aquisição não é obrigatória e que quem não comprar pode acompanhar as atividades no equipamento dos colegas ou imprimir a lição antes. (LUIZA BANDEIRA, LUISA PESSOA E PAULA BIANCHI)



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> Folha de São Paulo, 03/02/2012 - São Paulo SP Docente precisa saber dominar tecnologia, dizem especialistas
DE SÃO PAULO
Especialistas em educação e tecnologia afirmam que o fator mais importante para que o uso do tablet seja bem sucedido em sala de aula é a preparação dos professores. "Todo o trabalho, com tablets, netbook, notebook, sempre vai depender do professor", diz Maria da Graça Moreira da Silva, coordenadora do curso de graduação de Tecnologia e Mídias Digitais da PUC-SP. Para ela, é possível fazer atividades em sala de aula mesmo que só alguns alunos tenham o aparelho. O professor Gilberto Lacerda dos Santos, especialista em tecnologia de educação da UnB (Universidade de Brasília), também afirma que os professores precisam estar preparados. "As vantagens não vêm automaticamente, elas dependem da intervenção do professor. Se você não tem professor formado e com competência para desvendar o aparelho, não há impacto pedagógico possível", diz. O professor acrescenta que, caso isso não ocorra, não vale a pena tirar do docente um meio que ele já domina (papel, caneta e livros didáticos) e dar um que ele não domina, como o tablet. INTERATIVO - Se o professor estiver bem preparado, diz, o aparelho pode trazer vantagens por ser interativo, ampliar as possibilidades de pesquisa devido à conexão com a internet e permitir que o aluno produza conteúdo. Como desvantagem, ele cita o risco de dispersão dos estudantes, principalmente se usarem a internet e as redes sociais na sala de aula. Os especialistas ressaltam que o tablet é uma tecnologia nova e que ainda é cedo para saber qual será o impacto do uso do aparelho nas escolas.



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> Folha de São Paulo, 03/02/2012 - São Paulo SP Agora, ministério promete máquina para professores
DE BRASÍLIA
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou ontem que até 600 mil dos tablets que o governo vai comprar serão destinados a professores -e não para alunos, como era o objetivo inicial do MEC ao lançar a licitação, ainda sob o comando de Fernando Haddad. Como a Folha revelou na terça, o MEC conclui licitação para comprar até 900 mil tablets a um custo previsto de R$ 330 milhões. Agora, a atual gestão decidiu ficar com dois terços dos equipamentos, deixando 300 mil para Estados e municípios. No início da semana, o ministério havia informado que a divisão seria na proporção inversa. O ministro agora diz que há estudos de universidades federais sobre o uso pedagógico da máquina e que os professores serão treinados. Antes, o ministério dizia que uso seria aprendido na prática. Apesar de estar no cargo há dez dias e de não ter lançado a licitação, Mercadante disse que o programa foi todo formatado na sua gestão e que os equipamentos começarão a ser distribuídos a partir do segundo semestre deste ano.



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> Folha de São Paulo, 03/02/2012 - São Paulo SP Programa de laptop na rede pública tem falhas, diz estudo
Projeto piloto da União esbarra na falta de capacitação de professores
ANTONIO GOIS DO RIO
Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municípios, esbarrou em problemas de coordenação, capacitação de professores e adequação de infraestrutura. O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas públicas. Às cidades, o governo federal prometeu infraestrutura para acesso à internet e capacitação de gestores e professores. Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instáveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais públicos.

FIM DO ENTUSIASMO - Segundo a pesquisa, os professores se mostravam entusiasmados no início, mas, um ano depois, 70% relataram não ter contado com apoio para resolver problemas técnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedagógicas para os alunos. Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de
técnicos que soubessem consertá-los. Além disso, um quinto dos docentes ainda não havia recebido capacitação, e as escolas não tinham incorporado o programa em seus projetos pedagógicos. Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domínio de informática. O programa foi mais eficiente para alunos de escolas que permitiram levar o laptop para casa. Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Cecília do Pavão (PR), São João da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo não deram entrevista.



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> Folha.com, 02/02/2012 Pernambuco vai distribuir tablets a alunos do 2º e 3º anos
FÁBIO GUIBU DE RECIFE
A Secretaria de Educação de Pernambuco vai distribuir tablets aos 170 mil estudantes do 2º e 3º anos do ensino médio das escolas estaduais. A licitação, no valor de R$ 170 milhões, foi concluída nesta quinta-feira, e a entrega dos aparelhos será feita em março, disse o secretário estadual da Educação, Anderson Gomes. Segundo ele, os recursos são do Estado, e a decisão de investir nos equipamentos foi tomada porque o governo optou por "olhar para o futuro". "Trata-se de uma mudança de paradigma. Vamos colocar nosso ensino no século 21", disse. Dados divulgados em abril de 2011 pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco revelaram que 96,3% das 163 escolas públicas consultadas pela entidade se queixavam de problemas estruturais, como falta de professores nas salas de aula e de segurança. O secretário disse que novos professores foram contratados e que, desde 2007, "praticamente todas as escolas do Estado foram recuperadas".

"Naturalmente, vamos encontrar problemas pontuais, mas existem programas de manutenção, de construção de escolas e é preciso investir mais na qualidade." Os aparelhos doados permanecerão com os estudantes após a conclusão do ensino médio, o que
obrigará o Estado a adquirir novos aparelhos todos os anos. Os tablets terão teclado físico, tela touch screen, memória de 4 GB e sistema operacional Windows. Parte do material pedagógico será inserido nos aparelhos. De acordo com o secretário, 88% das 1.100 escolas estaduais pernambucanas têm acesso à internet com velocidade de 2 GB, e 40% delas possuem rede sem fio. Desde 2008, os 26 mil professores da rede estadual recebem créditos para a compra de notebooks. Os docentes do ensino médio, segundo Gomes, serão treinados para trabalhar com os tablets.


Aprovação das novas diretrizes é pouco para melhorar o ensino, dizem especialistas
Medida só valerá a partir da aprovação do Currículo Nacional da Educação Básica
Leonardo Cazes / Rodrigo Gomes
RIO - Aprovadas em maio de 2011 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), as novas diretrizes curriculares para o ensino médio só foram homologadas na semana passada pelo Ministério da Educação (MEC) e publicadas no último dia 31 no Diário Oficial. Elas buscam dar uma direção para o segmento que apresenta os piores resultados nas avaliações educacionais, sofre com a falta de identidade e de motivação dos jovens que não encontram nele o reflexo de suas aspirações. Especialistas ouvidos pelo GLOBO acreditam que a determinação de novas diretrizes é o primeiro passo, mas pode ser pouco para transformar o ensino médio.

O projeto prevê que o currículo deve ser estruturado em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. As escolas devem abordar todos, mas podem ter um enfoque maior em um dos temas. Está prevista também uma flexibilização curricular, de forma que o estudante tenha autonomia para escolher as disciplinas que deseja estudar. Outra mudança é a possibilidade de o ensino noturno durar mais que três anos, pois
neste turno a duração das aulas costuma ser menor. No texto original, estava previsto que, neste caso, 20% da carga horária poderiam ser ofertadas na modalidade de ensino à distância, mas o MEC vetou. Além disso, as diretrizes exigem que as escolas ofereçam obrigatoriamente o ensino de língua espanhola, ainda que seus alunos possam optar por não cursar a matéria.

Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Bertha do Valle, há um risco grande das diretrizes ficarem no papel. - Eu lamento que uma mudança como essa tenha demorado tanto porque o ensino médio, hoje, é voltado para quem quer fazer curso superior, não prepara para o mundo do trabalho. É uma continuidade do ensino fundamental e deixa os estudantes desmotivados. Contudo, acho que isso só muda as coisas no papel. É preciso também preparar os professores para essas mudanças. Na formação deles, eles não são preparados para isso. Se não mudar a formação dos docentes também, além da questão salarial que é grave, fica difícil -
afirma a professora. Já a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, afirma que, apesar de tardia, a resolução é o primeiro passo no longo caminho para melhorar a realidade do ensino no Brasil.

- Agora a prioridade é aprovar o Currículo Nacional da Educação Básica, só a partir daí é que as escolas serão obrigadas a cumprir as novas diretrizes, que até agora servem apenas como sugestões de como as escolas devem elaborar sua grade curricular - explica. Priscila também destaca que a mudança vai melhorar o cenário do ensino médio, etapa vista como a mais problemática da educação básica devido aos altos índices de evasão. - Dados do IBGE mostram que a grande maioria dos jovens de 15 a 17 anos abandona a escola por desinteresse. Além disso, os estudos elaborados pelo Todos Pela Educação mostram que somente 11% dos estudantes que terminam o terceiro ano do ensino médio estão tendo aprendizado apropriado em matemática, e cerca de 28% se formam com conhecimento de português - destaca.

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Editoriais, artigos e opiniões
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> Estado de Minas, 03/02/2012 - Belo Horizonte MG Universidade Corporativa
Para muitas organizações já é preciso mais do que programas de treinamento do pessoal
Jiane Ribeiro Amaral - Gerente geral da Sisloc Softwares, mestre em educação tecnológica, pós-graduada em gestão de pessoas e graduada em psicologia
Atualizações tecnológicas, adequações às mudanças do cenário econômico, atenção a um mercado cada vez mais competitivo: essa é a realidade atual do mundo corporativo. Em função disso, empresas demandam, para sua continuidade, uma política estratégica de desenvolvimento de pessoas focada na obtenção de resultados. Com seus recursos humanos cada vez mais debilitados, empresas buscam novas estratégias para não permancerem entre os 69% das organizações que sofrem com a falta de qualificação da mão de obra. Os dados são de pesquisa realizada em 2011 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A tentativa de convergência dessas ideias leva as corporações a reagir quebrando paradigmas. Um deles é o da educação de seus trabalhadores. Pelo menos 78% das empresas brasileiras optaram por oferecer a capacitação necessária no próprio local de trabalho, segundo a CNI. Algumas organizações já perceberam que é preciso mais do que programas de treinamento para aumentar a participação dos empregados. As universidades corporativas (UCs) se apresentam como a melhor opção para o desenvolvimento dos talentos humanos na gestão dos negócios.

As UCs diferem das acadêmicas tradicionais principalmente por seus objetivos, que estão sintonizados com os interesses e estratégias das empresas. Com múltiplas formas de aprendizagem, tanto em estruturas presenciais quanto não presenciais – via web, as UCs buscam desenvolver a excelência humana e profissional de seus públicos, estimulando a criatividade e a inovação. Além disso, favorecem o desenvolvimento da cultura empresarial, criando uma base corporativa de conhecimentos, assegurando a competitividade e expandindo oportunidades. As UCs surgiram nos Estados Unidos na década de 1970, chegaram ao Brasil no fim dos anos de 1990 e só agora vêm ganhando força. Representa uma forte evolução qualitativa da tradicional área de treinamento e desenvolvimento que, longe de caracterizar um rótulo ou um modismo, é um poderoso instrumento potencializador do conhecimento humano, capaz de sustentar o desenvolvimento das empresas, clientes, fornecedores e comunidade.
Aprendizado e desenvolvimento passam a ser vinculados a metas específicas, oferecendo melhor sustentação aos objetivos do negócio. A customização das necessidades de desenvolvimento e qualificação são dispostos em concordância com as políticas e estratégias das empresas, o que reduz custos em comparação com o treinamento convencional e obtém rapidez na formação da mão de obra. Esse grande projeto acrescenta novas maneiras de se pensar e aplicar, na prática, as teorias da ciência da administração. Pesquisa realizada pelo Programa em Estudos de Gestão de Pessoas, denominada RH2010, aponta que 64,2% das empresas entrevistadas consideram que atrair, capacitar e reter talentos são os maiores desafios estratégicos da gestão de pessoas nas organizações. Com as UCs levadas à frente com cuidado, planejamento e decisão, a expectativa é de que o projeto apresente resultados nunca antes vistos pelas instituições. Afinal, a sociedade do conhecimento é marcada pelo uso da tecnologia e da informação, mas, acima de tudo, pela capacidade de pensar que só os seres humanos têm.

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> Folha de São Paulo, 03/02/2012 - São Paulo SP Mais dinheiro federal na educação básica
A União arrecada mais do que Estados e municípios somados, mas é responsável por só 20% do investimento em educação; é necessário redividir a conta
Daniel Cara
Ao assumir o comando do MEC (Ministério da Educação), Aloizio Mercadante terá pela frente um conjunto considerável de problemas a serem enfrentados. Para resolver boa parte deles, há consenso sobre quais devem ser as prioridades na educação básica: é urgente a necessidade de valorização dos profissionais da educação (em termos de formação, remuneração e carreira); é imprescindível tornar dignas as condições de infraestrutura das escolas; e é necessário avaliar melhor a qualidade do ensino, além de ser pertinente uma boa reforma curricular. Apesar da tensão gerada pelas diferentes visões sobre como resolver cada um desses problemas, há um fator estrutural que necessita ser equacionado: a inexistência do regime de colaboração. Em respeito aos dispositivos constitucionais e como consequência da própria organização histórica da administração do ensino no Brasil, as redes públicas municipais, distrital e estaduais são responsáveis por mais de 43 milhões de matrículas de educação básica, gerindo cerca de 85% de todas as vagas ofertadas nesse nível. Ou seja, a resolução da maior parte dos problemas educacionais passa por políticas a serem implementadas pelas administrações públicas locais, distrital e estaduais.

No entanto, segundo dados de 2010 do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, a União retém 57,1% dos recursos disponíveis arrecadados, sobrando 24,6% para os 26 Estados e para o Distrito Federal e apenas 18,3% para os mais de 5.000 municípios. Mas, segundo dados de 2009 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, a cada R$ 1 público investido em educação, Estados e o Distrito Federal despenderam R$ 0,41, os municípios investiram R$ 0,39 e a União colaborou com só R$ 0,20. Sendo a concentração de recursos no governo federal um problema histórico, a Constituição de 1988 determina que os entes federados organizem um regime de cooperação (artigo 23) para gerir diversas políticas públicas, especialmente as políticas sociais. No caso da educação, também no artigo 211, é determinada a necessidade de implementação de um regime de colaboração, cabendo à União prestar assessoria técnica e financeira a Estados e
municípios. Até hoje, nenhum dos dois dispositivos constitucionais foi devidamente regulamentado.

As recorrentes notícias sobre as diversas redes municipais que descumprem a lei do piso do magistério -que alcançou o irrisório valor de R$ 1.187,00 em 2011- se devem, em grande medida, ao esgotamento das possibilidades orçamentárias das prefeituras. Falta apoio da União. O importante debate em voga na tramitação do Plano Nacional de Educação, dedicado a deliberar se o Estado brasileiro deve investir 7%, 8% ou 10% do PIB em educação pública, torna-se inócuo se não vier acompanhado da precisa determinação de como vai ser dividida a conta entre os entes federados. O desafio é complexo, o problema é histórico. Até o momento, nenhum ministro da Educação quis ou soube enfrentar a espinhosa agenda para regulamentar o regime de colaboração. Cabe a Mercadante decidir se quer fazer história. DANIEL CARA, 34, mestre em ciência política pela USP, é coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e membro titular do Fórum Nacional de Educação (FNE)

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